Lenda Esquecida da Flor Ensanguentada

A temperatura estava fria e nevava. Na remota área montanhosa, mal havia alguém que quisesse viver. No entanto, foi exatamente nesse lugar que um magnífico conjunto de edifícios se ergueu.

Contudo, uma menina adolescente de aproximadamente 17 a 18 anos foi vista caminhando com roupas finas. Seus passos pareciam lentos, mas ao mesmo tempo rápidos. Com o cabelo preso em um rabo de cavalo, ninguém pensaria nela de maneira diferente de uma estudante do ensino médio comum, que pode ser encontrada em qualquer lugar.

No entanto, sua expressão indiferente e plácida fazia com que sua bela aparência se assemelhasse à de uma princesa do gelo.

A garota parou diante de um portão. Ela olhou para os dois guardas à sua frente com seus olhos de obsidiana escura.

"Senhorita Hua, você veio encontrar o Doutor Zhang?" Perguntou o primeiro guarda com um sorriso.

Hua não era seu verdadeiro nome. Na verdade, ela nem mesmo sabia qual era seu verdadeiro nome, pois esse foi o apelido que lhe foi dado depois que aquelas pessoas viram seu resultado no treinamento. E com sua bela aparência, ela realmente se parecia com uma flor jovem e florescente.

Erguendo a cabeça, Hua assentiu calmamente.

"O Doutor Zhang está aqui dentro." O segundo guarda já havia aberto a porta e permitiu que a Senhorita Hua passasse. Ele não se atreveu a ser negligente na frente dela, pois sabia que até o menor erro poderia custar sua vida.

Hua sequer prestou atenção em nenhum dos dois. Quando o portão foi aberto, ela entrou calmamente. Sua atitude parecia como se ela não pudesse ver que o local para onde estava indo era perfeitamente guardado e ninguém seria capaz de se aproximar.

O primeiro guarda olhou para o segundo e arqueou as sobrancelhas. "A Senhorita Hua sempre se comportou bem. Por que você parece tão assustado, ah?"

"Tsk, isso é porque você não conhece o verdadeiro passado dela." O segundo guarda estremeceu ao lembrar do olhar de Hua no vídeo antes de ele vir para cá. Ele estalou a língua. "Se você ousar ofendê-la, você não seria capaz de saber como irá morrer."

"Do que você está falando? Não há armas por aqui. Os militares já removeram todo material que possa ser usado para matar." O primeiro guarda ficou pasmo.

O segundo guarda bufou, mas se recusou a dizer mais alguma coisa. Sem arma? Heh, um verdadeiro assassino poderia matar mesmo sem essas coisinhas. Seu próprio corpo já era uma arma.

Enquanto os dois guardas conversavam, Hua naturalmente não prestou atenção, pois já havia entrado em um grande edifício cilíndrico. Não havia guardas por perto, como se fosse um lugar abandonado, mas como poderia não haver ninguém vigiando e monitorando-a? isso seria uma piada completa.

O primeiro andar estava vazio e Hua foi diretamente para o segundo andar. No momento em que ela empurrou a porta, pôde ouvir o som de gritos vindos de dentro.

"Que inferno! Não posso acreditar que Long Qian Xing entrou em coma por causa desse pequeno incidente! Que lugar de merda é esse?!"

Hua olhou para frente e viu um homem de meia-idade gritando com a televisão à sua frente. Ele parecia extremamente irritado e não parecia perceber que ela estava lá. Foi apenas quando ele se virou depois de xingar mais um pouco que percebeu sua presença.

"Oh, você chegou, Hua! Por que você não me avisou que estava vindo?"

Olhando para o homem de meia-idade, Hua não deu nenhuma reação. "Você foi notificado."

Sua voz era calma e indiferente, como se ela estivesse apenas mencionando que o tempo estava agradável. O homem de meia-idade, Doutor Zhang, suspirou, mas não refutou. Ele nunca poderia adivinhar como ela sempre conseguia saber, mesmo que ele nunca tivesse vazado nada.

"Tudo bem, eu estava apenas muito absorvido assistindo isso..." Doutor Zhang apontou para a televisão.

Hua conseguia ver a televisão pelo canto do olho, mas não deu nenhuma atenção particular a ela. Estava relatando notícias sobre alguém que foi ferido devido a algum assunto peculiar e Doutor Zhang estava prestando atenção nele.

Sentando-se, Doutor Zhang olhou para Hua com uma expressão peculiar. Ele estava curioso sobre a reação dela, já que ela não foi criada em um ambiente normal, mas sim, em um que estava cheio de perigos desde pequena. Ainda assim... ela acabou sendo uma menina tão indiferente.

"Por que você veio hoje? Está com saudades de mim?"

"Hoje é domingo."

Doutor Zhang sentiu vontade de tocar a testa diante de sua resposta direta. Seu trabalho era vir relatar a ele todo domingo, mas isso tornava as coisas tão formais. Essa menina de 17 anos… era realmente...

"Houve algum progresso novo? O que você acha deste lugar?"

Hua piscou os olhos. "Há 87 pessoas monitorando meu movimento. 40 estão observando através da câmera de segurança, o resto observa diretamente, 32 deles são atiradores apontando suas armas para vários pontos do meu corpo. E então…"

"Pare! Pare!"

Doutor Zhang sempre ficava sem palavras. Se ele a deixasse continuar, ela transformaria isso em um relatório militar. Mas, em primeiro lugar... como ela poderia saber quantas pessoas estão observando-a através da câmera de segurança, ah? Não era como se ela fosse um robô!

Ela era um ser humano!

Oh espera... de fato há 40 câmeras de segurança apontadas para cá neste momento, então talvez ela quisesse dizer isso.

"Estou perguntando sobre seus sentimentos!"

Hua estava excepcionalmente calma e simplesmente olhou para o Doutor Zhang sem nenhuma expressão. "Não sinto nada."

"Ainda...?" Doutor Zhang ficou sem palavras.

Claro, Hua não respondeu.

Nesse ponto, Doutor Zhang estava tão desamparado que desejava virar a mesa. De todos os pacientes que ele atendia, este caso era sem dúvida o mais complicado, porque a tarefa não era obter informações dela nem nada disso.

A ordem era descobrir o método para desfazer a mentalidade que já havia sido implantada nela pela organização.

Uma delas era pedir que ela vivesse pacificamente aqui, para que não voltasse à mentalidade caótica do campo de batalha.

Mas...

Como no mundo eles deveriam fazer com que ela baixasse a guarda se aqueles soldados continuavam em alerta contra ela?