webnovel

CAPÍTULO 30 - RESGATANDO MINHA FORMA DE ATAQUE

– "Este é o momento para celebrar a vida!"

Ao centro de uma roda de pessoas, um homem levantou sua voz, chamando a atenção de todos que o rodeavam. Logo, todos pararam para ouvir suas palavras.

– "Esse nascimento representa algo maior que apenas um número. Aqui é representado uma nova geração que surge para povoar este mundo que vivemos."

Levantando as mãos para o alto, o homem vestido formalmente levou a atenção de todos ao redor para o pequeno bebê que dormia num cesto ao centro da multidão.

Suas palavras poéticas e profundas tocaram profundamente sobre o coração de todos que o ouviam. Alguns choravam, outros se mantinham da mesma forma, porém todos viam aquela pequena criança como algo diferente.

– "Contemplamos hoje o nascimento!" – Gritou um dos homens que povoavam a multidão.

– "Sim! Contemplamos!"

Rapidamente, todos os que estavam em volta seguiram a ação do primeiro homem e celebraram com gritos a nova vida formada naquele local.

O clima que pairava sobre aquele lugar era de festa. Todos pulavam e contagiavam o ambiente com gritos e cantos sobre a vida.

"Isso é… Isso sou é?"

Perdido em meio a profundidade do que via, Mizu percebeu se ver em sua própria mente, a qual percebeu ser apenas um sonho.

Abrindo os olhos, tudo o que viu antes deixou de ter forma de repente. Logo, tudo que podia ver a sua frente era o brilho do sol que se refletia na janela do quarto.

– "Esses sonhos de novo…"

Carregando em seu rosto um semblante cansado, levantou da cama para abrir as cortinas, permitindo que o sol entrasse no quarto levemente escuro.

– "Mesmo quando eu durmo por pouco tempo ainda tenho sonhos e pesadelos confusos."

Mizu reclamou, enquanto apertava seus olhos para despertar de seu sono.

O sol que surgia da janela ajudava em seu despertar o fazendo sentir seu corpo de forma completa, podendo alinhar seus pensamentos para seguir seu dia.

– "Pensando bem, meus sonhos se parecem com lembranças… Não não, uma criança recém nascida não poderia lembrar de seu nascimento."

Balançando a cabeça para os lados de forma repetitiva, completou todas as ações que lhe eram necessárias para que estivesse totalmente acordado.

Saindo de perto da janela do quarto, Mizu caminhou em direção a sala da casa, passando pela porta do quarto em passos lentos.

– "Isso está um vazio." – Caminhando sem pressa, comentou para si mesmo sobre o silêncio da casa.

Chegando ao sofá da sala, não percebeu nem mesmo sinal de algum tipo de forma viva naquele ambiente, nem mesmo haviam marcas recentes no sofá.

– "Ninguém esteve aqui antes de sair? Mas a porta está claramente aberta… Eles realmente saíram?"

Alinhando em sua mente uma decisão sobre o que visualizava, expressou forte desconfiança e caminhou em direção a porta de entrada da casa.

– "Onde você está indo a essa hora, Mizu?"

Segurando a maçaneta da porta para abri-la, Mizu foi convidado a voltar por uma voz reconhecida instantaneamente por seu coração, o qual disparou de forma diferente.

– "Luna?"

– "O que você estava fazendo saindo a essa hora? Você tem que nos avisar sempre que decidir fazer algo, lembra?"

– "Não é nada, me desculpa por isso."

Mizu nem mesmo tentou explicar sua situação, preferindo aceitar a imposição feita por Luna naquele momento.

Largando a fechadura da porta, caminhou de volta para dentro da casa, se sentando no sofá.

Logo, foi acompanhado por Luna, que caminhou da cozinha para se sentar no sofá.

– "Você fez algo para nós?" – Mizu perguntou, encarando levemente Luna.

– "Não. Eu estava procurando no momento em que te vi saindo."

– "Ah, tudo bem."

Tirando de seu rosto a expressão de desconfiança, Mizu relaxou no sofá, se afundando em meio a sensação de maciez.

Luna por sua vez, mantinha em seu rosto a mesma expressão de seriedade rotineira, porém com algo diferente. Pela primeira vez, os olhos de Luna não condiziam com sua expressão, revelando insegurança.

"Isso foi por pouco." – Pensou Luna, aliviando de seu olhar a forte ansiedade que sentia.

O motivo da ansiedade de Luna era por seu retorno a casa, no qual entrou pela janela da cozinha segundos antes que Mizu pudesse abrir a porta e lhe perceber.

– "Vocês já estão acordados?"

Em meio ao ambiente relaxado e aos pensamentos inseguros de Luna, uma nova voz surgiu naquela manhã. Era Linn, que saia do quarto carregando um forte sorriso em seu rosto.

Chamando a atenção imediata de Mizu com sua voz, Linn foi recebida por grandes sorrisos amarelados de Mizu.

– "Você finalmente despertou. Acho que estamos prontos para começar nosso planejamento."

– "Planejamento?" – Luna e Linn questionaram juntas, misturando suas vozes em apenas uma enquanto encaravam Mizu de forma sincronizada.

Sorrindo ao ouvir a inesperada combinação das vozes femininas, Mizu se ajeitou no sofá para iniciar uma fala mais longa.

– "Não preciso discutir meus planejamentos com você. Não estamos na mesma equipe de ação."

Antes que Mizu pudesse abrir sua boca para falar, foi interrompido por Luna, que o repreendeu com palavras duras, que foram seguidas por uma saída repentina e brusca daquele ambiente.

Desnorteados com a reação explosiva da garota de cabelos negros, Linn e Mizu se encaram com olhares inseguros. Suas expressões diziam mais sobre o que sentiam do que seus próprios pensamentos.

Daquele momento em diante, tudo que sobrou para aquele ambiente foi o som do estalo dos móveis, o qual ofuscava o profundo silêncio.

– "Hunf"

Em meio a sensação insana do silêncio, Luna suspirou fundo, demonstrando em sua voz fraca sua decepção. Saindo dali sem olhar para trás, deixou que sobrasse naquele ambiente apenas Mizu e Linn, os quais não podiam expressar palavras para renovar o clima que havia dominado sobre aquele local.

Vendo Luna sair em direção ao quarto de Uzur, o garoto de cabelo azul se pôs de olhar baixo, encarando profundamente o chão.

Logo, Luna saiu totalmente daquele ambiente, deixando que sobrassem apenas Linn e Mizu.

"Porquê ela está assim?"

Torturado pela insegurança que pairava sobre sua mente, não podia pensar em nada que pudesse explicar sua situação. Sua mente o torturava por se negar a pensar profundamente.

Aquela sensação de bloqueio não era algo novo, porém dessa vez doía. Uma dor da mesma intensidade dos machucados que sobraram em seu corpo após as batalhas no prédio de pesquisa.

– "Argh!"

Sinalizando a raiva que sentia de si mesmo, mordeu os lábios inferiores até que eles sangrassem.

– "Mizu?"

Logo, a voz de Linn foi ouvida profundamente em meio a mente bagunçada do garoto. Não era como um alívio, porém era o necessário para o resgatar novamente para o mundo real.

– "Você está sangrando."

Apressadamente, Linn estendeu sua mão e usando seus dedos, limpou o sangue que escorria do lábio de Mizu.

– "Está tudo bem. Eu posso fazer isso sozinho."

Percebendo que Linn estava próxima demais de seu rosto, Mizu a afastou de seu corpo usando o cotovelo.

– "Agradeço por sua preocupação."

Levantando antes que Linn pudesse negar sua imposição de distância, saiu daquele ambiente para ir ao banheiro.

Deixando Linn para trás, se negou a olhar de canto de olho para o semblante dela.

– "Hunf" – Abrindo a porta do banheiro, suspirou profundamente.

Andando em direção ao espelho, observou o corte de sua boca, que ainda sangrava em vermelho escarlate. Nele, havia uma evidente marca de seus dentes, os quais causaram grande profundidade ao ferimento.

– "Fuh…"

Por mais de seu machucado que sangrava, seu principal foco ao olhar o espelho foi em ver seus próprios olhos, os quais estavam vazios, assim como ele já esperava os ver.

– "O que está acontecendo? Eu estou errado em pensar assim sobre mim?"

Encarando sua própria figura no reflexo a sua frente, suspirou profundamente por mais uma vez.

– "Não. Linn está correta. Eu tenho que pensar nos meus objetivos. Amizades não importam nesse caminho. Posso deixar tudo isso para depois. Eu preciso de pessoas que estejam lutando pelo mesmo objetivo que eu."

Suspirando novamente, abaixou a cabeça e lavou o rosto na pia. Ao levantar novamente o rosto para o espelho, viu no reflexo uma nova expressão. Uma expressão renovada em relação ao que tinha visto antes.

Finalmente, ele tinha entendido sua própria mente e voltava a pensar da mesma forma de antes. O alívio de sua mente foi lançado para seu corpo, o qual tinha uma nova expressão e olhar renovados.

A única coisa que não havia mudado era a marca que se mantinha em sua boca, a qual se sujava de sangue independente de quantas vezes fosse limpa.

– "Dúvidas e arrependimentos são marcas que não valem a pena serem levadas para a vida."

Encarando novamente seus próprios olhos no espelho, sorriu, limpando por mais uma vez o machucado de sua boca, o qual se cobriu de sangue por mais uma vez.

– "Deixe isso pra lá, Mizu!" – Balançando a cabeça em forma de negação, sorriu independente do sangue em sua boca.

Finalmente se sentindo bem, saiu do banheiro para retornar a sala. Ao passar por Linn, que estava sentada no sofá, não disse nenhuma palavra, andando diretamente para a porta da casa.

– "Vamos logo, não podemos nos atrasar."

Abrindo a porta, olhou para trás e encarou Linn rapidamente, a qual lhe respondeu com um sorriso de confirmação, o seguindo imediatamente para fora da casa.

• • • • •

Após saírem juntos da casa, Linn e Mizu caminharam por toda a cidade, observando cuidadosamente cada loja na qual passavam em frente.

Em passos lentos, eles rapidamente saíram da área rica do país e continuaram caminhando por toda a grande extensão do país-estado. Se escondendo de forma sutil, Mizu observava minuciosamente cada uma das pessoas que passava ao seu lado.

– "Você nem parece um invasor. Está calmo como se isso fosse sua rotina."

– "Eu não quero levantar suspeitas apenas por andar diferente. No fundo, poucos sabem de verdade quem eu sou apenas por meu rosto."

Andando normalmente pela cidade, Mizu apenas cobria sua cabeça com um pano branco, usado como uma desculpa para que pudesse proteger a cabeça do sol que começava a ganhar força no céu.

Linn, que andava ao seu lado, estava totalmente normal, dando justificativa ao pensamento de um morador convencional do país.

– "Linn, você não conhece nenhum lugar no qual podemos ir?"

– "Agora que você me questionou, acho que sei onde podemos ir." – Linn sorriu, encarando os olhos brilhantes de Mizu.

– "Tudo bem, vamos para lá!"

Apressado, Mizu esperou ansiosamente, enquanto Linn tomava a dianteira no comando do caminho que seguiam. Em poucos passos em linha reta, a cidade deixava de ser coberta por casas e prédios e voltava a ser coberta de gramados e árvores. A região que entravam pouco a pouco era similar à que estava o prédio de pesquisas do país.

– "Esse lugar…"

– "É parecido, não é? Vim aqui várias vezes por engano antes de aprender a andar por esse país."

Linn riu, contagiando o semblante impressionado de Mizu, que ao abaixar a cabeça novamente para Linn, sorriu alegremente.

Tornando a andar em passos moderados, não demorou muito para que chegassem ao destino.

– "É aqui."

Tudo que viam ao chegar ao destino era um pequeno armazém de madeira simples coberto por uma alta vegetação.

Já em seu destino final, Mizu parou e observou todo o armazém. Seus olhos brilharam apenas ao ver as espadas que estavam penduradas na vitrine do lado de fora.

– "Isso é incrível Linn! Finalmente poderei ter…"

*Hunf*

Sem perceber imediatamente, Mizu caiu no chão.

Pouco a pouco, sua consciência que tinha se perdido de uma vez retornava, dando a ele visão e audição.

"Está tudo borrado…"

Tentando gritar por ajuda, percebeu sua voz não se projetar, se limitando apenas em pensar sobre sua situação atual.

"Eu não consigo falar também."

Respirando de forma profunda, Mizu recobrou forçadamente os sentidos de sua cabeça, os quais o permitiram entender o espaço onde estava.

"Esse é o chão. Tudo bem!"

Apoiando suas duas mãos no chão com força, Mizu se levantou. Recobrando a visão e audição, deixou de ver o mundo embaçado.

A frente de sua visão havia uma garota, a qual segurava algo em sua mão. Ao vê-la de forma vívida e clara, abriu em seu rosto uma expressão de temor.

– "Linn?! Ah, sua desgraçada!"

Quem estava de pé em sua frente era Linn, que segurava em suas mãos o cristal da defesa que tinha usado para o atacar.

– "Não me chame dessa forma. Diferente de sua amiga, eu não gosto de ser chamada de forma pejorativa."

– "Ah, você não disse isso…"

Mesmo irado, Mizu segurou seu corpo, expressando em seu rosto um forte desconforto, o fazendo desviar diretamente seu olhar para o chão.

– "Eu não entendo. Você não consegue escolher sobre querer ter amigos ou aliados."

Provocando da mesma forma que Luna fazia, Linn invadiu a mente de Mizu, o trazendo uma lembrança profunda.

• • • • •

– "Olha que coincidência boa." – Disse uma garota de cabelo escuro

enquanto surgia de trás de uma estrutura de tijolos em cima do prédio.

– "Me diga…" – Ela disse, parando sua fala na metade para aumentar a expectativa do garoto. – "Qual é o seu nome, garoto?" – Ela sorriu, finalizando sua pergunta de forma totalmente inesperada.

A expressão de Mizu mudou completamente e foi tomada por uma carreta totalmente caricata.

• • • • •

Recordando sobre o momento em que encontrou Luna pela primeira vez, Mizu não pôde conter suas lágrimas, as quais escorreram por seu rosto sem que ele percebesse.

– "Não é sobre amigos, ela não é mais importante para mim do que meu objetivo, porém ela é minha aliada e não permito que você fale desta forma de alguém que você mal conhece."

Preparando os pés no chão, Mizu se colocou em sua clássica posição de luta, esperando primeiramente pela iniciativa de Linn.

– "Não é nada pessoal, Mizu. Eu apenas não consigo confiar em você."

Logo, Linn partiu em direção de Mizu para um duelo entre uma portadora do cristal da defesa e um garoto de muito orgulho.