O Caminho das Sombras.
O céu acima do Império Solariano estava tingido de um vermelho profundo, como se o próprio sol tivesse se retirado, deixando apenas uma sombra inquietante. As forças de Aranden haviam avançado, e no campo à frente, onde as terras férteis de Heliópolis começavam a dar lugar à vastidão do deserto solariano, Heitor se aproximava com um propósito sombrio. Seus olhos agora eram negros como a noite mais profunda, refletindo o vazio de sua alma e a escuridão que se fundira ao seu ser após o despertar.
Sua armadura Defesa Absoluta, agora fusionada ao seu corpo, parecia pulsar com uma energia crescente. O peso da armadura era inimaginável, centenas de toneladas a mais que sua forma original, mas ele se movia como uma sombra, seus passos ressoando como trovões no solo. Cada golpe de sua espada, Estrela do Amanhã, agora poderia destruir montanhas inteiras, tal era o poder que ele havia adquirido. O que antes era um jovem mago de potencial promissor, agora era uma força imparável, uma tempestade prestes a varrer tudo à sua frente.
Heitor chegara à fronteira do Império Solariano com um único objetivo: vingança. O rosto do Imperador Andrew Solarian pairava em sua mente, um homem que, em sua última encarnação, estivera em sua vida, e que agora pagaria por suas transgressões. O desejo de justiça queimava em seus ossos, e cada passo que dava em direção ao Império Solariano era um passo mais perto de sua vingança.
A cerca de um quilômetro da fronteira, um grupo de guardas, altamente treinados, sentiu a mudança no ar. Uma pressão mágica crescente e implacável, como se o próprio tecido da realidade estivesse sendo distorcido ao redor de Heitor. Os feitiços de proteção do Império Solariano estavam sendo ativados, os escudos mágicos preparados para enfrentar qualquer ameaça, mas algo estava errado. O ar ao redor de Heitor estava carregado de uma energia elemental tão poderosa que os próprios escudos começaram a tremer.
"Preparem-se! Ele está vindo!", gritou um dos guardas, o medo refletido em seus olhos, mas já era tarde demais.
Heitor não precisava mais de palavras. Ele levantou a mão, e dois feitiços de Aniquilação Elemental se formaram em seus dedos, como esferas negras que sugavam toda a luz ao redor. Com um gesto rápido e sem piedade, ele lançou as esferas em direção aos escudos. A energia de sua magia era tão intensa que as esferas não apenas colidiram com os escudos, mas os consumiram, desintegrando-os em um piscar de olhos. Não havia defesa contra tal poder.
Os guardas, embora prepararam suas defesas e ativaram os escudos mais poderosos, não tinham ideia do que estavam enfrentando. Antes que pudessem reagir, as esferas de aniquilação rasgaram o espaço e se fundiram com a terra, fazendo com que o chão abaixo deles se desfizesse em um abismo de pura destruição.
O impacto foi devastador.
Os escudos mágicos se desintegraram como se fossem feitos de papel, e as forças elementares do fogo, gelo, terra e vento, combinadas de forma letal pela mão de Heitor, engoliram tudo. Não havia sobreviventes. As linhas defensivas do Império Solariano caíram em um instante, e o poder de Heitor estava além da compreensão de qualquer um.
Com os guardas caídos, Heitor avançou sem parar, seus olhos negros fixos no horizonte, onde as imponentes torres de Heliópolis ainda podiam ser vistas, embora já longe de sua mente. O Império Solariano havia caído em seu caminho, mas ele não se sentia satisfeito. Sua vingança estava apenas começando.
O som de sua armadura, que parecia um trovão em cada passo, era o único som que se ouvia, enquanto ele avançava mais e mais para o coração do Império, em direção ao trono do imperador. A cidade de Heliópolis estava agora em alerta máximo, mas para Heitor, tudo era apenas uma questão de tempo.
Ao longe, os magos do Império Solariano começaram a se reunir, ativando feitiços de proteção e invocando as barreiras mais poderosas que tinham, mas Heitor não estava mais preocupado com esses obstáculos. Sua força transcendia tudo o que o Império poderia oferecer. Seus olhos brilharam com uma luz interna, uma chama alimentada pela fúria de sua vingança.
"Imperador Andrew Solarian", murmurou ele para si mesmo, enquanto se aproximava da capital. "Prepare-se, pois o sol que você tanto adora está prestes a se apagar. Não há lugar para você se esconder."
O Império Solariano, que havia governado com o poder do sol, agora sentia o frio da escuridão.
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