43- futuro.

Enquanto a música diminuía, o silêncio que envolvia Heitor e Elara parecia carregar um peso novo, um pressentimento de algo que estava para acontecer. A visão do mundo ao redor deles, com a cidade distante e as estrelas brilhando acima, parecia desaparecer aos poucos, e tudo o que restava eram os dois, ali, tão próximos que podiam ouvir os batimentos acelerados de seus corações.

O olhar de Elara, profundo e cativante, encontrou o de Heitor com uma intensidade que fez o ar ao redor deles parecer mais espesso. O que estava acontecendo entre eles era indescritível, como se o destino, de alguma forma, tivesse selado esse momento. Ele podia sentir que Elara também sentia aquilo, aquela conexão silenciosa que os unia de uma forma que transcendia palavras.

Sem saber ao certo quem tomou a iniciativa, mas sentindo que ambos estavam prontos, Heitor se inclinou ligeiramente. A distância entre seus rostos diminuiu, até que ele pôde ver as sutis variações nas feições de Elara, como se ela estivesse esperando, desafiando-o a dar o próximo passo.

Seus olhos se fecharam lentamente, e, no mesmo instante, os lábios de Heitor tocaram os de Elara, de forma suave, hesitante no começo, como se ambos estivessem testando a profundidade do que estavam sentindo. A princípio, foi apenas um toque suave, mas logo a intensidade aumentou. O beijo foi doce e cheio de uma tensão inexplicável, como se o universo inteiro tivesse parado para observar.

O sabor dela era leve, como o frescor da noite, e o toque de seus lábios tinha uma suavidade que parecia fazer o tempo se esticar, prolongando aquele momento mágico. Heitor sentiu sua alma se aquecer, um calor crescente que se espalhou por todo o seu corpo, enquanto as mãos de Elara, ainda envoltas nas suas, se aproximaram de seu rosto, tocando-o com uma ternura inesperada.

Quando os lábios se separaram por um breve instante, ambos ficaram ali, ofegantes, ainda envolvidos no calor daquela troca silenciosa de sentimentos. O mundo ao redor parecia ter desaparecido completamente, e, por um momento, não havia mais nada além deles dois.

Heitor olhou nos olhos de Elara, e, pela primeira vez, sentiu uma sensação de paz. Ele sabia, sem qualquer dúvida, que aquele beijo não era o fim, mas o começo de algo muito maior. Algo que ele não podia compreender por completo, mas que estava destinado a mudar sua vida de uma maneira que ele jamais imaginou.

Elara, com um sorriso suave e os olhos brilhando como rubis, tocou o rosto de Heitor com a ponta dos dedos. "Eu sabia que havia algo em você, Heitor," ela sussurrou. "Algo que não posso explicar... mas que me atrai de uma maneira que eu não esperava."

Heitor, ainda sem palavras, apenas segurou sua mão, sentindo o coração batendo forte. "Eu também sabia, Elara," ele respondeu finalmente, com a voz carregada de emoção. "Eu também sabia."

E, enquanto o baile continuava em Damasco, com os convidados ao fundo alheios ao que acontecia no pequeno canto do salão, Heitor e Elara permaneciam ali, lado a lado, com o futuro à sua frente, agora irreversivelmente entrelaçado. O destino tinha se cumprido, e o amor que começava a florescer entre eles seria apenas o primeiro passo para algo maior.