Carnavais: Reivindicado pelo Príncipe Alfa Desvairado [BL]

"Bem, bem, bem... Quem temos aqui?" Um estudante imponente sobre a minha mesa arrastou as palavras, um brilho doentio nos olhos enquanto me olhava de cima. Eu olhei para ele e notei o cheiro que estava exalando, ele era um dragão.

Soltei uma respiração lenta enquanto me mexia na cadeira, eu tinha me preparado para um encontro como este durante a noite inteira, na qual fiquei acordado, atormentado pela ansiedade de voltar a essa escola hoje.

Eu já sabia que ia atrair atenção assim que colocasse os pés na escola... porque, era algo que eu sempre conseguia fazer sem nem tentar, e eu odiava isso em mim, especialmente agora, porque atenção desnecessária é a última coisa que preciso na minha vida em toda essa situação.

Um segundo estudante apareceu ao lado do primeiro que ainda estava sobre a minha mesa, ele passou o braço pelos ombros do dragão antes de focar sua atenção em mim com toda a força. Esse novo estudante era um vampiro, se a ponta dos seus dentes aparecendo não fosse indicativo suficiente, a palidez de sua pele junto com o cheiro de queimado que todos os vampiros possuem.

Como eu ainda não tinha respondido, o dragão bateu a mão na minha mesa, balançando minhas canetas e lápis e fazendo-os espalhar pela mesa. Xinguei em minha mente enquanto olhava lentamente para cima até estar encarando os dois alunos.

Eu lentamente limpei a garganta e minha pele começou a formigar porque eu podia sentir o resto da sala me olhando agora. O cheiro da curiosidade deles estava forte no ar.

"Uh, eu… eu…" Comecei, inseguro sobre o que deveria dizer.

Isso era outra coisa que eu havia ensaiado cuidadosamente durante a noite, mas agora, minha mente estava subitamente em branco.

O dragão e o vampiro trocaram um olhar e então eles dois começaram a rir, e em pouco tempo, a sala inteira estava rindo.

"Como diabos você foi aceito nesta escola? Você tem sequer alguma habilidade sobrenatural?" O vampiro exigiu e eu senti meu coração parar por um instante com a pergunta dele.

Demorou alguns minutos para eu conseguir respirar de novo.

"Ele é retardado?" ouvi um dos alunos murmurar curioso, e outro respondeu rindo.

"Eu não sei, cara. Acho que ele está apenas com medo."

"Ele realmente deveria estar com medo." O primeiro afirmou.

"Um, minha- minha família se mudou recentemente, então eu fui matriculado aqui o mais rápido possível porque eu já estava ficando pra trás em..." Finalmente comecei a falar, repetindo cuidadosamente as palavras que tinha ensaiado durante a noite, mas minha frase foi cortada antes que eu pudesse terminá-la.

"Esta escola não aceita alunos no meio do período. Todo mundo no país sabe disso. Então, como é possível que você tenha conseguido se matricular aqui tão rapidamente?" O dragão exigiu, boca em uma linha fina enquanto me encarava.

Dei de ombros e limpei a garganta mais uma vez. "Eu... Eu realmente não sei, meu histórico escolar era impecável, e..."

"Ah, por favor. Todos sabemos que essa escola não dá a mínima para isso." O vampiro interveio desta vez com um resmungo divertido e eu o olhei confuso, sem entender o que ele queria dizer com isso.

Antes que eu pudesse juntar meus pensamentos, um terceiro aluno que eu não tinha notado ao lado do vampiro e do dragão de repente estava na minha cara, olhando para mim de perto e cheirando ao meu redor tentativamente.

"O que você é?" Ele exigiu, nariz franzido enquanto se afastava até ficar em pé. Esse era um lobo, um beta, a julgar por quão suave e diluído era o seu cheiro.

O dragão inclinou a cabeça para o lado, sobrancelhas se unindo enquanto falava. "Você é... humano?!

~~~

Onde tudo começou?

Certamente não aqui.

Então, vamos recapitular juntos.

Meu verdadeiro nome é Labyrinth... Labyrinth Blaise, e eu costumava ser um bruxo.

Bem, até dois dias atrás.

Como eu perdi de repente uma habilidade com a qual nasci? Eu entrarei nisso daqui a pouco. Mas me deixem começar desde o começo.

~~~

Era uma noite quente.

Eu estava em um dos amplos salões de baile aqui no palácio, tentando dominar uma habilidade mágica conhecida como se conectar com minha magia interior, e deixá-la tocar o piano através dos meus dedos. Era muito mais difícil do que esperava, principalmente porque nunca consegui me conectar totalmente com minha magia interior como o resto dos meus irmãos. Minha irmã favorita e imediatamente mais velha, Anya, estava atrás de mim, com um olhar concentrado no rosto.

"Isso é tão malditamente difícil." Eu resmunguei baixinho enquanto parava de tocar pela centésima vez, a boca formando um bico inconsciente.

Anya riu baixo enquanto me empurrava de lado e deslizava para o meu lugar vago, os dedos delicados já sobre as teclas incolores do piano.

"Na verdade, não é. Você só precisa se entregar à magia dentro de você e deixar que ela flua pelos seus dedos sem problemas." Ela murmurou, sempre paciente. Soltei um resmungo enquanto tirava o cabelo do meu rosto ao falar.

"Acredite, eu tenho feito exatamente isso, mas ainda não está funcionando!"

Meu Pai tinha me pedido para dominar isso por mais de duas semanas, mas eu nunca me dediquei de verdade a aprender, até que ele de repente me informou durante o café da manhã desta manhã que eu estaria apresentando minhas habilidades recém-adquiridas no baile que ele estava organizando esta noite. É por isso que eu estava tentando dominar uma arte que levava pelo menos três semanas para todos os outros seres mágicos dominarem.

Eu nunca vou acabar com as alegações idiotas nesse ritmo.

"Você precisa respirar fundo e segurar antes de começar." Anya continuou e eu me forcei a focar, porque minha vida dependia dessa lição.

Meu Pai realmente odiava decepções, e se eu o envergonhasse esta noite errando na frente de seus convidados importantes, eu sabia que minha punição não seria branda.

Depois de praticar por horas até que meus dedos parecessem estar prestes a cair, Anya me forçou a parar, dizendo que eu tinha aprendido o bastante e teria que seguir com tudo o que tinha conseguido dominar. Eu queria protestar, mas sabia que precisava me arrumar para o baile, então cedi e me apressei pelos corredores espaçosos, indo para o meu quarto.

Eu passei por um dos meus cinco irmãos no corredor, o que veio logo antes de Anya. Ele passou o dedo na minha testa enquanto passava e eu virei e xinguei, mas ele só riu sem me olhar. Todos os meus irmãos eram bastante irritantes, bem, exceto Anya. Quanto ao resto deles, às vezes me pego querendo estrangulá-los por causa de quão irritantes eram.

Enquanto me arrumava depois de um banho rápido, mandei uma prece rápida aos ventos, rezando para que eu não estragasse a noite, e também para que o baile de hoje fluísse bem e terminasse de forma positiva.

Mas, eu não fazia ideia de que a noite não terminaria bem.