Ravina seguiu de volta para seu quarto com as mãos cerradas. Se ela tivesse um revólver nas mãos, de fato teria atirado nele na cabeça. Dragão sortudo, mas logo ele se tornaria azarado. Porque sua arma favorita não era um revólver. Era sua mente.
Chegou ao seu quarto onde Ester esperava como de costume. O rosto dela se iluminou com a chegada de Ravina.
— Minha Senhora. — Ela pegou suas mãos e a levou para se sentar na cama. — Como foi? — Perguntou ela, animada.
Ravina se lembrou do Lorde Steele e do beijo que ele depositou em seu pulso. Um beijo possivelmente não poderia ter aquele efeito. Pelo menos não nela. A assustava que ele pudesse fazer com que ela reagisse daquela forma.
— Foi tudo bem. —
— Eu quero detalhes. — Ester balançou as mãos dela de forma implorante.
— Tudo bem. Deixa eu ficar confortável primeiro. —
Talvez ela precisasse conversar com Ester para saber mais sobre os homens. Em termos de experiência.
Ester a ajudou a se trocar e então se sentaram confortavelmente em sua cama. Ravina contou o que aconteceu para ver a reação de Ester. Era normal para os homens serem tão ousados com uma mulher? Ele estaria talvez se aproveitando de sua inocência? Ester poderia lhe oferecer algum insight.
— Oh, — disse Ester, com os olhos arregalados. Certo, ele foi muito ousado. — Isso é ousado, minha Senhora, mas eu não sei por que gosto. Faz meu coração bater rápido. — Ela colocou a palma da mão no peito.
Ravina também tinha sentido aquele efeito em que seu coração acelerava.
— O que você acha dele? — Perguntou Ravina.
— Bem, se ele pretende se casar com você talvez ele se sinta capaz de ser ousado. Talvez vocês dois compartilharão um beijo em breve. —
Um beijo? Isso também aconteceria. Todo esse contato físico a deixava desconfortável. Ela nem mesmo gostava de abraços. Como ela deveria suportar isso? Mas então ela se lembrou dos lábios dele em sua pele. Será que seria o mesmo nos seus lábios?
Ela engoliu, ainda um pouco horrorizada.
— Minha Senhora, eu sei que você não gosta de pessoas se aproximando de você mas ele será seu marido, — Ester disse, um tanto triste por ela.
— Eu sei, — disse Ravina.
— Você pode gostar. Ele parece atraído por você. —
Talvez. Ele prometeu que faria com que fosse prazeroso, mas ela duvidou disso.
— E se me permite dizer minha Senhora, ele é bastante bonito. — Ela sorriu.
Ravina podia reconhecer a aparência de um homem e seu modo de se vestir e comportar, mas nunca se sentiu atraída por nenhum. Ela era morta por dentro.
— Ele é, — ela concordou.
— Imagine como seus filhos seriam, — Ester disse sonhadora.
Ter filhos seria um pesadelo mas ela não tinha escolha. Vinha com o casamento e um homem como Lorde Steele certamente queria que seu nome continuasse. Ele também não parecia querer mudar de ideia.
Bem, ela teria apenas que aceitar o bom com o ruim.
— Bem, eu vou deixar você dormir. Me avise se precisar de alguma coisa. —
— Obrigada, Ester. Boa noite. —
— Boa noite. —
Depois que Ester saiu, Ravina acendeu mais algumas velas e tirou os cadernos do Professor Ward.
Hoje à noite ela tinha ido até Malachi para testar a teoria dos odores, mas ele parecia ter recuperado o controle sobre suas emoções. Ela ainda não podia concluir que ele não era afetado pelo seu aroma.
Abrindo o caderno, ela folheou até a página que estava lendo antes da festa. Em seguida, encontrou a última linha que leu e continuou.
O macho geralmente encontraria sua companheira de criação durante os anos mais férteis dela, e ele seria o mais atraído por ela e ansioso para acasalar durante seus dias férteis.
Fértil? Esta palavra a fez sentir-se de um jeito que não conseguia descrever.
Virou as páginas para encontrar algo que pudesse ajudá-la. Quando a palavra atração chamou sua atenção, ela parou.
O título era "Como atrair sua companheira de criação".
Assim como os animais, certas cores e sons eram usados para atrair companheiros de cria. Outras formas eram exibir poder e força.
Os machos exibiriam suas habilidades no combate, força física e resistência para atrair sua companheira de cria. As fêmeas usariam cores vivas a seu favor e seduziriam com suas vozes.
Voz? Oh, Deus. Se Ravina alguma vez cantasse, as pessoas ficariam surdas, então a sedução pela voz estava fora de cogitação. Vamos ver as cores, ela pensou.
Vermelho. Os machos Dragão eram atraídos pela cor vermelha. De fato, uma companheira de cria usava vermelho em sua cerimônia de acasalamento.
Vermelho? Ela debochou. Ele havia ameaçado que ela estaria vestindo vermelho quando morta.
Um sorriso astuto curvou seus lábios enquanto ela fechava o livro. Está certo, rei Malachi. Você deveria me ver de vermelho antes de eu morrer, ela pensou.
Ravina foi dormir, ansiosa pelo seu novo experimento.
De manhã, enquanto caminhava pela janela, ela viu Tio e Lorde Steele. Ignorando-os, ela seguiu em frente e pediu a Ester para ajudá-la a se trocar e arrumar o cabelo. Quando passou pela janela novamente, eles ainda estavam conversando.
Ravina parou e caminhou mais perto para a janela. Seu tio e Lorde Steele estavam próximos um do outro como se falassem de algo secreto. Lorde Steele tinha um semblante sério no rosto e ouvia atentamente enquanto seu tio falava sem parar.
Lorde Steele disse algumas palavras e então seu tio continuou. Sobre o que eles estavam conversando há tanto tempo?
Lorde Steele falou novamente e dessa vez ela observou seus lábios cuidadosamente. Ela acreditava que ele disse, "não se preocupe".
Estaria seu tio dando palestras para ele sobre como cuidar dela? Ainda assim, eles não falar sobre ela por tanto tempo e Lorde Steele não pareceria tão focado. Certamente, eles estavam planejando algo. Sendo um governador nomeado por seu pai, eles poderiam estar discutindo algo político.
Ignorando-os, ela foi ao laboratório como de costume. Bram estava curioso sobre seu encontro com Lorde Steele. Ravina deu uma resposta seca dizendo que foi tudo bem.
— Você o conhece há muito tempo? — Ela perguntou depois de pensar por um tempo.
— Sim, — disse Bram.
— Ele é confiável? —
— Bem, ele era muito próximo ao seu pai, — Bram respondeu.
— Isso não responde à minha pergunta. —
— Eu não sei que tipo de confiança você quer dizer, Ravina. Eu só sei que ele te dará a proteção que você precisa. Ele é muito mais poderoso do que você pensa. —
Ela acenou pensativa.
— Você conseguiu alguma informação sobre companheiras de cria? — Ele perguntou.
— Sim. O Professor Ward trabalhou com mais dragões do que eu imaginava. Parece que muitos vieram até ele em troca de um favor. Eles queriam saber se a criação entre humanos e dragões é possível. —
— Isso não é surpreendente. Os dragões não são tão reprodutivos quanto os humanos, então eles poderiam estar procurando humanos para se reproduzirem. —
— Isso não causaria um problema com os outros dragões que não querem se misturar com humanos? —
— Talvez seja uma decisão do clã de trazer reprodutores humanos para manter o clã vivo. —
Ela se lembrou de como Malachi ameaçou torná-la uma reprodutora para seu clã. Talvez fosse uma coisa comum. Ela sentiu ânsia novamente pensando se sua irmã poderia estar nessa situação. Ela descascou a pele dos dedos novamente.
— Pare com isso! — Bram disse, andando ao redor da mesa. — Você está estragando suas mãos de novo. — Ele abriu a gaveta e puxou uma das suas pastas medicinais para colocar em seus dedos.
— É inútil. — Ela disse, mas ele a ignorou e aplicou a pasta em seus dedos brutos. Queimava como o inferno.
Depois, ele levantou a manga do seu vestido para examinar seus braços. Às vezes ela se cortava com sua caneta. Não intencionalmente. Simplesmente acontecia e ela não conseguia parar.
Ela notou alguns cortes que nem sequer se lembrava como obteve. — Eu não estou me cortando. — Ela assegurou a ele.
Ele apenas balançou a cabeça e entregou a pasta para ela usar em si mesma.
À tarde, Ravina se preparou para encontrar com Lorde Steele. Na noite passada, ele havia pedido para se encontrar com ela novamente e levá-la para sair e ela concordou. Ele a esperava dentro do portão com guardas e cavalos prontos quando ela chegou.
— Boa tarde, Sua Alteza. — Ele fez uma reverência curta e elegante.
— Boa tarde, Meu Senhor. — Ela fez uma reverência.
Lorde Steele veio e pegou sua mão ajudando-a a descer as poucas escadas à frente. Depois, puxou-a um pouco mais para perto e beijou seus nós dos dedos.
— Eu estive esperando para vê-la novamente. — Disse ele, olhando em seus olhos.
Ravina sentiu calor subir pelo seu rosto. O que era isso?
Quando ela não disse nada, ele a levou até os cavalos. — Está pronta para partir? — Ele perguntou.