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Reino da Lua

"Três dias?" Alícia perguntou alarmada, se sentando para olhar pela janela novamente, e a princesa balançou a cabeça afirmativamente.

'Não! não! não! não!' Ela gritou em sua cabeça.

Três malditos dias? O que ela era suposta a fazer numa carruagem por três dias? Ela sempre odiou viagens longas. E por viagens longas, ela queria dizer voos que durassem mais de 2 horas. Mas lá estava ela, sentada em uma carruagem que levaria três dias antes de chegar no Reino de Sty ou seja lá como eles chamavam aquele lugar?

Talvez ela pudesse fugir de lá à noite, quando todos adormecessem? Talvez esse fosse um plano melhor.

Harold a observava pelos cantos dos olhos, e podia dizer que muitos pensamentos ocorriam em sua cabeça, a julgar pelas rugas em sua testa. Ele duvidava que ela ficasse um momento sequer sem pensar ou dizer nada.

Ele tentou não deixar que ela o incomodasse por enquanto. Ele tinha um problema muito maior com o qual em breve iria se confrontar. E tinha certeza de que quem quer que tivesse planejado matá-lo alguns dias atrás, tentaria novamente.

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No terceiro dia de sua viagem, Alícia finalmente admitiu para si mesma que fugir era impossível. Nas primeiras duas noites de viagem, ela havia tentado esperar que todos adormecessem ou que a carruagem parasse para que pudesse sair sorrateiramente, mas parecia que as pessoas não dormiam. Nem uma vez a carruagem parou para descansar à noite.

Apenas algumas vezes, quando a Princesa Tyra ou ela própria queriam se aliviar ou terem uma criada limpando-as com uma tigela de água e uma toalha, eles paravam e isso não durava mais que alguns minutos.

Era servido comida dentro da carruagem, e Alícia não fazia ideia de como haviam preparado.

A única coisa estranha era o Príncipe Harold. Durante o dia, o maldito Príncipe parecia nunca fechar os olhos. À noite, ele sumia. Sempre que voltava de madrugada, parecia completamente exausto e desgastado, mas ainda mantinha uma expressão séria e raramente falava com ela.

Ela estava grata por Tyra lhe fazer companhia, ou então ela teria morrido de tédio antes de voltar para o futuro.

Com um olhar melancólico no rosto, ela observava o homem que estava sentado à sua frente. Era estranho como ele era seu marido, mas parecia muito desinteressado nela. A única vez em que ela sabia que ele prestava atenção em suas conversas com a Princesa Tyra era nas poucas ocasiões em que ele resmungava ou grunhia em resposta a algo que ela dizia.

"Estamos prestes a entrar na cidade," Princesa Tyra anunciou com entusiasmo em sua voz enquanto olhava pela janela da carruagem, e Alícia rapidamente se moveu para a outra janela para observar.

Diferente da cidade de onde vinham, não havia um alto muro ou portão da cidade. As pessoas andavam sem parecer ter preocupações com o mundo. Havia um tom de arrogância nisso, quase como se desafiassem outros reinos a atacá-los. Ela percebeu como as pessoas se ajoelhavam e baixavam a cabeça assim que viam as carruagens, e virou-se para dar uma olhada rápida no Príncipe Harold.

Seu rosto tinha uma expressão de tédio enquanto olhava à sua frente sem se importar em ver o que acontecia pela janela. Agora que estavam na cidade, ele ficava ainda mais preocupado sobre o que fazer com a mulher com quem havia se casado. Ele estava apenas planejando confiá-la aos cuidados de Tyra e ficar o mais longe possível dela.

Ele também precisaria dormir em um quarto separado dela, já que não poderia passar a noite com ela, e ele não estava pronto para responder suas perguntas ou dar qualquer explicação.

Uma vez que a carruagem parou em frente ao que Alícia suspeitava ser o palácio, Harold desceu rapidamente e, sem lançar um olhar a sua noiva ou à meia-irmã, ele se afastou como se estivesse ansioso para colocar alguma distância entre si e elas.

Alícia se voltou para olhar para a Princesa Tyra, "Ele é sempre assim? Esse... esse insuportável?" Ela perguntou incrédula, se perguntando por que ele se incomodou em se casar com ela se ia agir como se ela nem existisse.

"Insuportável?" Princesa Tyra perguntou, claramente intrigada com a nova palavra.

Por que ela seguia esquecendo que essas pessoas eram de uma época diferente? Alícia fechou os olhos e soltou um suspiro suave antes de abri-los, "Sim. Ele é sempre tão irritante?" Ela perguntou, e Princesa Tyra soltou uma risadinha suave.

"Tenho certeza de que você tem muito a aprender a respeito do seu marido. Não se preocupe, estarei aqui para responder às suas perguntas. Devemos descer agora," Princesa Tyra sugeriu enquanto largava seu romance no assento antes de sair graciosamente da carruagem com a ajuda de um guarda.

Curiosa para ver onde seria sua casa pelos próximos dias até que ela conseguisse encontrar o caminho de volta até o rio, Alícia levantou seu vestido e pulou fora da carruagem de modo nada gracioso sem esperar que alguém a ajudasse.

Assim que seus pés tocaram o chão e ela olhou à sua frente, ela notou o homem que havia segurado uma adaga em sua garganta anteriormente, a encarando, e ela deu de ombros antes de se focar no gigantesco edifício de tijolos que estava orgulhosamente à sua frente.

De um olhar ao design arquitetônico do prédio e ela podia dizer que as pessoas deste reino eram mais inteligentes e ricas do que o outro reino. Bem, se ela não tinha escolha e tinha que ficar presa nesta época, ela preferiria viver em um lugar como este, do que o outro reino que estava cheio daqueles estúpidos e mimados chamados príncipes.

"Minha Princesa," Paulina sussurrou atrás dela, lembrando-a de sua presença, e Alícia virou-se para olhar para ela com um sorriso. Ela estava feliz que pelo menos tinha Paulina em quem recorrer. Madama Grace com certeza não deixaria saudades. Pelo menos não por ela.

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