Capítulo 1: O princípio do Caos
Nemesis Town, Oregon, uma bela cidade de médio porte, uma cidade com uma aura um tanto quanto noturna, acinzentada e pesada, paradoxalmente também muito bela, tinha seus charmes, arborização de pinheiros exuberantes. A cidade em si era bem simpática até, com vários parques, feiras e comércios, o clima ali era muito peculiar, como se não pertencesse ao resto dos Estados Unidos, mas sim fosse um mundo em si mesmo.
No bairro de Raven's Shadow ficava a casa nº5467, uma bela casa de tijolos escuros, dois andares, estrutura moderna, faixada de mogno cor de ébano, essa era a casa dos Umbros. Por dentro o ambiente era minimalista, belo e elegante, uma coloração cinza queimado, móveis escuros e bem detalhados, nas paredes alguns quadros. Na sala estavam dois jovens garotos.
Damon Umbros, 16 anos, seus olhos são castanhos, sua pele pálida, seus cabelos negros como carvão fartos. Ele era um jovem com uma beleza peculiar, mas ao mesmo tempo estranho, um jeito acanhado, mesmo em sua própria casa, um jeito de quem convive diariamente com insegurança e medo. Ele estava usando uma calça escura, camiseta regata branca básica e camisa escura leve aberta de manga curta.
Com ele na sala estava Ethan McKnight, 16 anos, olhos azuis, pele clara, cabelos loiros, ele usava uma camiseta azul com detalhes brancos, uma calça branca e uma jaqueta leve verde piscina. Seu jeito era bem calmo e pacifico, ele tinha um jeito bem amigável. Parecia já bem acostumado com o colega.
– Então Damon, pronto para ao colégio já? – Perguntou Ethan.
– Quase, só reunindo paciência para aturar aquele povo do Nemesis High. – Disse Damon com um humor ácido como se tivesse suas razões para sua amargura.
– Vamos, se anima, já estamos no Senior Year, não vamos precisar aturar eles por muito mais tempo. – Riu Ethan com seu jeito simpático.
– Eu sei, mas aquele povo... Principalmente o grupinho do Hunter. – Disse Damon comendo uma torrada como se estivesse devorando a cabeça do referido garoto.
– Deixa eles de lado, eles agem como crianças, você não precisa se rebaixar ao nível deles. – Disse Ethan preocupado com o amigo.
– Se fosse tão fácil assim, aqueles cretinos não largam do meu pé. – Disse Damon com um olhar perdido, como se houvesse algo que não tivesse contado para o amigo, algo tão intimo e pesado que não teve coragem de dizer.
– Você quem sabe... Melhor não nos atrasarmos, a professora Iliriana vai dar o primeiro tempo hoje, melhor não nos atrasarmos. – Disse Ethan preocupado com o horário.
– A mamãe vai dar uma carona. – Comentou Damon que pega sua mochila como que marcha pelo corredor da morte.
Então entra na sala Teresa Umbros, mãe de Damon, seu filho tinha puxado seus traços dela evidentemente, seus longos cabelos negros sedosos, sua pele clara e olhos castanhos amendoados, mesmo por volta dos seus quarenta anos, parecia uma jovem adulta no começo de sua juventude, tinha uma vivacidade, como se tivesse certeza que algo olhava por ela e pelo seu filho, seu jeito era muito sereno. Teresa usava uma calça executiva, camisa social branca e um blazer negro feminino muito elegante.
– Meninos, prontos para irmos? – Perguntou Teresa pronta para sair.
– Só esperando você, mãe... Não que eu esteja morrendo de amores pela ideia de ir para o colégio. – Disse Damon.
– Se você quer ir para a Yale ano que vem, sugiro que continue com suas boas notas. – Comentou Teresa.
– Isso é o de menos, você sabe que minhas notas são perfeitas. –Comentou Damon que era muito convencido e orgulhoso de suas notas e desempenho acadêmico, até por que, dada sua experiência escolar, suas notas eram quase sempre um ponto de paz e salvação em meio a tantos problemas.
– Vamos dramático, não podemos perder o primeiro período de aula. – Riu Ethan.
– Isso mesmo... Vamos meninos, tenho uma reunião na farmacêutica hoje de manhã, só vou deixar vocês. – Disse Teresa com um sorriso acalentador.
***
Teresa levou os dois jovens para o colégio, era Nemesis High, um colégio muito elegante e imponente, um design clássico, parecia uma fortificação de tijolos cinzas, lembrava até mesmo a engenharia de uma basílica, cheia de arcos, pátios, torres de tijolos com relógios no topo, alguns jardins, um refeitório coberto grande e amplo. Na parte traseira do colégio havia grandes campos de futebol americano com iluminação de primeira qualidade, arquibancadas frondosas, vestiários equipados com o suprassumo da engenharia sanitária e higiênica, era um colégio espetacular, quanto à infraestrutura, não havia muito que pudesse se reclamar.
Teresa então deixa os dois na fachada do colégio e se despede, os dois então seguem para dentro do colégio, no hall principal havia fileiras e mais fileiras de armários, quadros de avisos e pôsteres de atividades extracurriculares. O lugar por óbvio se encontrava lotado por vários outros jovens alunos.
Damon e Ethan iam passando e vários dos colegas tinham olhares tortos ou de desdém para Damon, ele sofria com isso há anos, alvo de zombarias, pegadinhas e humilhações, não atoa ser tão retraído quanto era, ele passava direto por esses olhares, tinha desenvolvido uma espécie de "carapaça" de proteção psicológica, não só isso, tinha Ethan ao seu lado, seu amigo que sempre o animava, os dois eram inseparáveis e em muito era Ethan que ajudava o jovem Umbros a preservar sua sanidade mental.
– Vamos, não podemos perder o primeiro período. – Disse Damon que apenas ignorava os olhares desdenhosos.
– Sim, vamos. – Disse Ethan com um sorriso, estar ao lado do amigo, era tudo que ele precisava para ser feliz.
Pelos corredores estava um grupo de amigos, eles pareciam particularmente interessados em Damon Umbros.
Jason Hunter, 17 anos, seus olhos são castanhos claros, seus cabelos castanhos escuros e sua pele clara, um porte atlético muito belo. O belo jovem usava uma camisa de time de futebol americano com um "16" enorme pintando em branco com um logo de uma Quimera alçando voo. Jack Hunter é um Quarterback do colégio, um atleta bonito, forte e com um senso de humor um pouco obscuro, ao lado do melhor amigo Teseu vivem pregando peças, muitas envolvendo uso de sua sensualidade para pregar as peças e conseguir algum tipo de "diversão", mesmo assim ele é comprometido, namorado de Liza Hemingway, uma das alunas mais inteligentes do colégio e que também se diverte com as pegadinhas, não se importa com as "puladas de cerca", pois sabe que não passam de joguinhos para ele e é claro que ela não deixa barato e o namorado entende completamente, sexo com outros, amor entre eles.
Teseu McMillan, 17 anos, seus olhos são castanhos, sua pele clara e seus cabelos fartos loiros. Ele usava uma blusa azul escura da BML com um short cargo bege escuro. Teseu McMillan é um típico Quarterback colegial, bonito, charmoso e cobiçado, mas algo que ele também é, é ser travesso e adora apostas, desafios e pegadinhas, não é uma pessoa ruim, mas às vezes não pensa quando age, principalmente quando envolve satisfação sexual própria, ele namora com Hector Walls, mas não vê nada de errado em usar sua sensualidade e apelo sexual para pregar peças e pegadinhas.
Hector Walls, 16 anos, seus olhos são castanhos escuros, sua pele negra, cabelos escuros curtos. O jovem usava uma calça jeans justa, camisa preta com detalhes em branco, usava algumas pulseiras finas e um colar de pingente em espiral prateado. Hector Walls é um jovem estudioso e muito aplicado, esforçado e ao mesmo gentil com os outros, namora com o garoto mais cobiçado do colégio e isso sim lhe faz bem ao ego, sabe diferenciar sexo de amor por isso mesmo que briguem quando o namorado faz alguma de suas pegadinhas, também sabe que eles não passaram de objeto de uma pegadinha, que ele é o único que Teseu realmente ama, mas mesmo assim se incomoda de vez em quando, acha as pegadinhas um pouco pesadas, mas não pretende abandonar ele, e sim continuar ao seu lado.
William Lance, 17 anos, seus olhos são escuros, pele negra, cabelos negros encaracolados curtos, porte atlético. Ele havia ido para o colégio usando uma camiseta verde oliva com detalhe de folhas negras no fundo, além de uma calça escura com alguns rasgos elegantes. William faz parte do time do colégio, mas também um jovem estudioso e com um futuro promissor, seu problema é certa falta de confiança, ele acaba indo na onda dos outros para se sentir aceito e tem pesadelos até hoje sobre algo que ajudou Jack a fazer, ele não participou do ato em si, mas ficou responsável por ficar de olho na porta para ter certeza que ninguém iria entrar.
Amanda Jones, 16 anos, seus olhos são castanhos como mel, pele parda e longos cabelos castanhos dourados, uma jovem bela e inteligente. Ela usava uma legging justa verde escura e uma blusa de malha fria verde que se estendiam pelas laterais como faixas de abcesso, usava belos brincos prateados, anéis de lua crescente, um cinto elegante cromado e um par de óculos de armação fina. Uma garota espoleta, alegre e "Good Vibes", sempre trata todos bem, uma garota com um caráter de ouro, é amiga próxima de Hector, Liza e Gina, e dos outros meninos também, mesmo que ela ache reprovável as brincadeiras que eles fazem. Ela guarda seus próprios segredos, de todos os membros do grupo, ela é a mais misteriosa e paradoxalmente, a mais transparente.
Elizabeth (Liza) Hemingway, 16 anos, cabelos castanhos claros médios, pele parda e olhos castanhos claros, um jeito doce e simpático, mas não se enganem. A jovem usava um vestido rubro de decote amplo, farto e baixo, a roupa delineava seu corpo de maneira singular e elegante, por debaixo do vestido a garota usava uma cropped branca que tampava seu busto. Liza é uma das mais inteligentes alunas do colégio, uma garota com um futuro promissor, extremamente progressista e mente aberta, tem um relacionamento aberto com seu namorado Jack que é muito bem estruturado, em parte isso é para Jack fazer suas pegadinhas de maneira mais confortável e ela tem passe livre pra aprontar por causa disso, não que ela se importe tanto em fazê-lo, ela é em parte conivente com as pegadinhas do namorado e dos amigos.
Gina Miller, 16 anos, seus olhos são esverdeados, pele clara com sardas e curtos cabelos ruivos naturais. A "It Girl" usava uma cropped preta em conjunto com uma saia xadrez que ornava de maneira perfeita com a sapatilha e o laço que usava, "perfeita" da cabeça aos pés. Gina é uma garota tão gentil, doce e que trata todo mundo bem, bem isso pelo menos é parte da verdade, Gina é um daquelas "Mean Girls" que sabe ser boa e má quando a convém, sendo uma amiga sincera e boa com os seus, ela também pode ser cruel com alguns alunos, principalmente com Damon, ela tem certa obsessão com o Status quo, mas em parte isso se deve em razão do furacão emocional que sofreu vivendo a separação problemática de seus pais muito nova e como eles a usaram de arma, ela se tornou mestra em manter as aparências, suas amigas entendem a razão dela ser assim.
Brandon Smith, 16 anos, cabelos castanhos claros, pele alva, cabelos fartos e escuros, era tão belo e esguio, parecia um anjo, mas estava mais para um demônio. Ele usava uma camiseta com estampa abstrata de chamas, um casaco verde oliva e uma calça escura fosca. Brandon Smith é parte dos líderes de torcida da escola, parte do grupo de Teseu ele é também muito travesso e capaz das mesmas pegadinhas que Jack e até coisas piores, ele sabia o que Jack tinha feito com Damon e o zoava com indiretas discretas sempre o atormentando com essa história, ele podia ser um babaca, mas esse comportamento vem de um lar igualmente agressivo e nocivo, não que isso justifique ou salve sua pele.
– Parece que o nosso brinquedinho favorito chegou! – Riu Jack que parecia adorar importunar o jovem Umbros.
– Qual é, Jack? Deixa o menino em paz um dia pelo menos, ele não te fez nada. – Disse Amanda demonstrando ser compassiva e empata com a dor do jovem complexado com tendências depressivas.
– É verdade, nem sei por que vocês pegam tanto no pé dele, o coitado não faz nada, sempre na dele. – Disse Hector que já estava cansado desse tipo de conversa sobre como humilhar Damon Umbros.
– Qual é? É divertido... Sem falar que ele é esquisito, estranho, tem algo nele que me dá arrepios, esquisitão. – Disse Brandon.
– É a ordem natural das coisas, os Cools comandam e os Weirdos são isolados, isso que dá não se adequar a todo o resto. – Disse Gina fria como gelo.
– Às vezes me pergunto se vocês são de verdade... Tá, das primeiras cinco vezes foi divertido, mas o coitadinho parece cada vez mais... Cadavérico, isso me assusta, se algo acontecer com ele, vocês podem se dar mal. – Advertiu Liza.
– Liza, não se preocupe, não vai acontecer nada... Se ele não disse nada depois de tudo, não é agora que aquele covarde vai dedurar o Hunter. – Disse William que estava tentando é se tranquilizar lembrando-se de quão pesado Jack já pegou com Damon e que ele era cumplice.
– Isso mesmo, é só uma diversãozinha, sem falar que ninguém sai machucado, só assim para ele interagir com alguém, tão preso só com aquele amiguinho Ethan. – Disse Teseu com seu jeito irônico e com duplo sentindo.
– Às vezes eu me assusto como meu namorado fala como um hetéro top babaca. – Riu Hector.
– Você não reclama disso naquelas horas. – Retrucou Teseu.
– São duas coisas diferentes. – Riu Hector que sempre acabava passando pano para o namorado.
– Vocês precisam crescer, uma hora, uma hora esse garoto pode resolver revidar. – Comentou Amanda.
– Ele que tente, quebramos aquele varapau em dois tempos, ele não pode com a gente. – Disse Jack saboreando aquelas palavras como se já tivesse acertado Damon com seus punhos.
– Ai, garotos, por mais que eu ame ver as coisas em seus devidos lugares, não podemos perder a aula... Vamos indo meninas... Hector. – Disse Gina chamando seus amigos que compartilhavam o mesmo horário de aulas.
O grupo de amigos de Gina se dirigia para a aula de física e iam conversando.
– Gina, você não vai perder sua popularidade ser for um pouquinho humana... Sério, eu entendo que você está puta da vida com seus pais, mas Damon nunca te fez nada. – Defendeu Amanda.
– Fez... Fez sim, ele tem uma mãe que cuida dele e trás ele todos os dias para o colégio e mesmo assim age como se fosse um cadáver vivo, não demonstra gratidão por isso... Esse babaca merece sofrer. – Disse Gina lembrando de seus próprios problemas.
– Amiga, eu também não gosto daquele esquisitão, mas é meio injusto julgar ele pela sua métrica, não? – Comentou Liza.
– É justo, se ele tem uma mãe tão boa ele precisa agir assim, é o status quo... Eu vivo um caos em casa e estou sempre com esse sorriso, aquele babaca não pode demonstrar tristeza, estraga todo o clima do colégio. – Disse Gina controladora.
– Eu quero morrer seu amigo... Você leva essa coisa de Cools e Weirdos sério demais. – Disse Hector se sentindo um pouco ameaçado por aquela brutalidade de "felicidade coletiva" de Gina.
– E vai amigo, e vai... As coisas são assim, é preciso manter o padrão, se não tudo sai de controle. – Comentou Gina.
– Minha mãe sempre me ensinou que temos que ser quem somos, tratar todos com igualdade, sermos sinceros com nós mesmos, faz parte da nossa tradição familiar, compreender e respeitar as particularidades de cada individuo, sempre tentando construir um coletivo forte. – Disse Amanda.
– Isso é lindo, de onde é a sua descendência mesmo, amiga? – Perguntou Liza.
Amanda pareceu gelar por um instante pensando na resposta, ou melhor, em como dizê-la, ela tinha seus segredos afinal.
– Ela é grega, ela e a mãe vêm de uma família grega pela parte da mãe da Amanda. – Disse Hector que sabia bem quem, ou melhor, o que Amanda era.
– Exato! – Disse Amanda se sentindo aliviada e olhando para Hector com um olhar de "valeu amigo".
– É um lema interessante amiga, mas acho que não se aplica quando a pessoa é um desastre ou tão pateticamente estranho... Aquele garoto Umbros se sumisse, ninguém iria dar falta, acho até que a mãe se sentiria aliviada. – Disse Gina com sua frieza quando a questão era manter a ordem social e qualquer ameaça ao seu reinado de popularidade sobre o alegre corpo docente de Nemesis High. – Se ele ao menos se adequasse, mas já que não, vai aprender na marra. –
Liza, Hector e Amanda se entre olham, sabiam que Gina agia sim não por mal, mas por estar tentando lidar com sua família que desmoronou, ela tinha essa obsessão por controle, uniformidade, queria que todos seguissem sua cartilha, não queria sentir a sensação de outra coisa importante para ela sair de seu controle.
***
Ainda perto dos armários os meninos pareciam continuar com suas maquinações, eles pareciam ter bastante prazer em planejar maneiras de importunar Damon Umbros, sempre planejando e armando, era impressionante, se usassem isso para coisas produtivas e acadêmicas tanto quanto para suas pegadinhas, poderiam até mesmo trabalhar na CIA, FBI ou grupos de logística tática.
–... Entendeu Teseu? Tá na tua mão dessa vez, lembra o que tem que fazer? – Perguntou Jack escorado no pescoço do amigo com seu braço.
– Tudo bem, deixa que eu cuido disso... Pelo menos ele vai se divertir um pouco antes do susto. – Riu Teseu que parecia animado pela pegadinha.
– Vocês tem certeza? Cara isso é provavelmente a coisa mais pesada que já fizemos com ele... E eu digo, a MAIS pesada, Jack. – Advertiu Brandon.
– Não se preocupa, é capaz daquele Weirdo agradecer de joelhos... Eu mesmo me candidataria, mas ele não iria nem cogitar. – Riu Jack que parecia uma bomba de felicidade pela próxima pegadinha.
– Deixa que eu cuido da parte de edição... Se vamos fazer isso, vamos fazer como profissionais... Ele não vai dar as caras no colégio por um bom tempo. – Riu William.
– Já tô vendo que o Hector vai ficar puto comigo. – Comentou Teseu.
– Qual é... Ele sabe que é só uma zoeira, e sem falar que todo mundo sabe, é só você dar uma traçada de jeito nele que o Hector se acalma, ele banca o independente, mas é louco por você. – Disse Jack que se mostrava altamente observador e atento aos mínimos detalhes das pessoas a sua volta, chegava a ser assustador, nenhum detalhe lhe escapava.
– Para Jack, você sabe que eu não gosto que fale assim do Hector, sério... Ele é meu namorado, não um objeto. – Disse Teseu que demonstrava consciência e empatia defendendo o namorado.
– Disse o cara que está animado para fazer o que vai fazer. – Riu William.
– Desculpa mano, não quis ofender ele, nem você... Mas todo mundo lembra da nosso acampamento no bosque perto do rio, ele tava sendo um chato querendo voltar logo para a cidade, você entrou na tenda, vocês conversaram, você comeu ele e ele ficou calminho o resto do final de semana, só estou dizendo que você é um homão da porra que sabe como lidar com os humores do seu namorado... Ou vai dizer que transar com ele para deixar ele calmo é sacrifício pra você agora? Se eu não tivesse com a Liza e ele fosse solteiro, já tinha traçado. – Disse Jack com seu jeito malandro.
– Olhando por esse lado. – Riu Teseu, mas logo depois deixou seu recado. – Eu te conheço Jack... Você e a Liza podem ter um relacionamento bem aberto, mas melhor não tentar nada com o Hector, se não vamos nos estranhar. –
– Eu nunca ousaria, man, você é meu brother, eu nunca te talaricaria assim, fica de boa... Temos é que planejar bem essa pegadinha, quero que ele nem perceba o que vai vir acertar ele. –Disse Jack.
– O papo está ótimo, mas se não se lembram, temos uma aula de biologia para irmos, eu que não quero cruzar com uma Gertrudes irritada, aquela mulher já deu aula para minha vó, nem sei como ela ainda tá dando aula. – Disse William preocupado com o horário.
– Vamos logo... Depois vamos terminar de planejar essa pegadinha épica... E Teseu, já vai pensando em como amansar o Hector. – Riu Brandon.
– Tem dias que eu me pergunto, por que eu ando com vocês. –Disse Teseu rindo.
– Por que você adora a gente... E somos amigos desde o primário. – Disse Jack.
– É, vocês são meu carma. – Brincou Teseu.
Assim os amigos seguiram para sua aula. As coisas estavam tomando forma, Damon não fazia ideia, mas um complô se formava contra ele, não que isso fosse uma novidade, mas ventos do mau agouro silvavam.
***
De seu assento na sala de aula, Damon parecia sentir algo, ele olhava para a janela e percebia uma coruja negra nos galhos de uma árvore velha e retorcida, havia aflição em seu peito, parecia sentir que algo o espreitava, mas ao mesmo tempo estava cansado de se preocupar tanto, depois de tantos anos, havia aprendido a não ligar para ser zoado. Não só isso, ele tinha suas esperanças secretas, gostava de alguém, mas não tinha muitas esperanças, estava mais para um sonho e era nisso que muitas vezes ele se concentrava para esquecer a dureza que era sua vida escolar. Damon sofre há muito tempo por ser diferente, e isso não por que ele seja gay, vários de seus colegas eram e eram dos populares, ele era perseguido por não ser como os outros, por ser diferente, por não se adequar a um padrão, por sentir conforto na calmaria, discrição, intimismo e no estudo ao invés do jogo social do flerte, esportes, superficialidade de cuidados estéticos e dos modismos, ele foi condenado ao ostracismo colegial por não querer ser como todo o resto e aos poucos foram destruindo seu espírito e talvez até sua humanidade.