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Legado das Ninfas: A Nova Geração

Capítulo 1: O despertar de Gaia

Local desconhecido no universo 11, noite, era uma área de encantadora beleza, um verdejante pulsante que restava protagonista absoluto, com adorno de cores múltiplas que se estabeleciam secundárias e encantadoras, sentir a natureza não era difícil ali. Contudo nem tudo eram "flores", essa natureza pulsante era resultado de um esforço advindo do coração daquele lugar.

No coração daquele lugar havia um verdadeiro palácio erguido em vários materiais, diversos tipos de madeira e minerais, um palácio colossal erigido em meio à natureza com plena harmonia e consonância, muito templos e palacetes secundários recobertos por vegetação, mas essa vegetação não era tão mais verdejante ou vívida quanto em seus tempos áureos, alguns desses templos e palacetes subjacentes restavam em ruínas e com seus elementos naturais em tons mais mortos e enfraquecidos.

Em um dos jardins suspensos do palácio estava uma figura feminina, alta, magra, de belos e fartos cabelos cacheados em estilo afro, seus olhos verdes, sua pele negra e com linhas verdes como a relva recém-molhada, ela usava um vestido que parecia ser feito por folhas mágicas em um estilo grego alongado, tinha guirlandas de rosas na cabeça, sua beleza era aterradora, mas igualmente aterrador era seu semblante de desconcerto e indignação. Essa divindade fazia carinho em um carvalho que estava no centro do jardim, além dos pequenos pássaros e animais que estavam ao redor. Tudo estava calmo e silencioso.

Havia ali naquele lugar ainda outra presença que ali pertencia, de longe menos poderosa do que a entidade que estava nos jardins, essa era uma ninfa de pele alva, olhos estrelados, cabelos longos, fartos e que refletiam um dourado ímpar, usava um vestido de alças caídas e um diadema na testa, ela estava cuidando de alguns afazeres na parte mais interna daquela área. Suas asas eram enormes, três pares de asas para cima e dois para baixo, belas e aerodinâmicas, reluziam como luz dourada.

Tudo estava tão sereno e pacato como sempre. Aquelas duas pareciam ser as únicas criaturas vivas inteligentes que habitavam aquele lugar, de repente um portal se abriu no espaço, era um portal que reluzia um roxo obsidiano intenso e de lá saíram dois vultos, um parecia se dissipar no ar, não aparecendo naquele momento, mas o segundo vulto, se dirigiu ao jardim onde estava a entidade da natureza.

Esse ser era uma divindade do universo primordial, um deus menor servo do clã das Sombras, seu nome era Káko, seus olhos verdes, sua pele pálida, cabelos de um dourado escuro fartos e arrepiados; ele trajava uma roupa pomposa e elegante, calças negras justas, uma camisa social branca ao estilo vitoriano e um casaco no estilo blazer alongado e esguio, era mesmo muito elegante.

– Não pense que pode entrar em meus domínios sem que eu perceba, deus arrogante. – manifestou-se a divindade da natureza no centro do jardim que prendia o convidado indesejado por vinhas mágicas que o imobilizaram sem nem ao menos se esforçar.

– Calma, senhora Gaia, venho em missão de paz, nossos inimigos são outros. – disse o deus subalterno.

– Não é desse universo, consigo sentir, também consigo sentir que é muito poderoso, o que queres? – disse Gaia soltando o deus.

– O mesmo que você, a glória dos deuses, sei que isso é uma prisão, pior, que os humanos estão destruindo o planeta, não veneram mais aos deuses, pelo menos não aos certos, precisam reaprender o seu lugar. – disse Káko com seu tom malicioso.

Ao ouvir aquilo, a ninfa luminosa que residia no interior do palácio já se punha em alerta, fazia tudo para não chamar atenção e ser bem discreta, percebia que Gaia também não estava com tanta confiança no estrangeiro. A ninfa foi para perto de um baú de freixo que continha seis cristais de várias cores.

– Os humanos estão cada vez mais displicentes, há muito eles perderam o caminho, Zeus já se manifestou, nós somos eternos, já os humanos, irão chafurdar na própria desgraça, suas ações têm consequências, se aprenderem a viver com a natureza haverá um futuro, se não, irão eles mesmos se extinguir, o tempo dos deuses passou, estou agora na minha, preservando o quanto posso a natureza. – disse Gaia com um olhar sereno e austero se voltando finalmente para o deus alienígena.

– Nobre e digna como uma deusa deve ser, mas Zeus é um tolo, ao visto todos são, eu venho como emissário da senhora Maíra, do clã das Sombras, que por sua vez veio para esse universo sob as ordens de Pelupdus Eliandra, ela percebe que seu mundo precisa voltar à ordem, e quer ajudar. – disse Káko com seu ar convincente.

A menção do nome daquela deusa fez o ar ficar mais pesado, a ninfa no interior do palácio parecia ainda mais apreensiva e se apressava para colocar os cristais em sua sacola feita de vinhas para sair dali.

– "Aquela deusa", o que a senhora do universo primordial quer com esse mundo? Já não tem problemas demais com os deuses de seu mundo? – riu Gaia com certa descrença.

– Ela só está mostrando que ela é o caminho, enquanto os demais deuses podem e não fazem nada pelos demais universos, preocupados apenas em manter seu poder, minha senhora, mesmo com tantas dificuldades e oposição, se preocupa com os universos adjacentes do multiverso, os olimpianos desse mundo querem você assim, submissa e "aposentada", pregam que os humanos devem sofrer com as próprias consequências, agem, mandam e desmandam, enquanto você está aqui nesse paraíso, que por mais belo que seja, contínua a ser uma prisão. – argumentou Káko se aproximando graciosamente.

– O que está dizendo? Os olimpianos me preservaram aqui, me poupando da dor e sofrimento, minha força vital contínua a permear o mundo, e as demais entidades da natureza, mas estando aqui sofro menos ao ver quão egoístas e ignóbeis os mortais são, espero um dia ver uma era como na antiguidade, humanos respeitosos e temerosos à natureza e aos deuses. – afirmou Gaia.

– Se acredita nessas palavras... Vocês poderiam ter devastado o mundo e reiniciado, os deuses já não fizeram isso antes? Raça de ouro, prata, bronze e eis que estamos na de ferro, não se iluda nobre Gaia, eles querem você controlada aqui. – disse Káko sedutor em suas palavras.

– Chega! Não fique enchendo meus ouvidos com tais absurdos, eu já me revoltei contra os deuses e fui punida, aprendi que havia justiça em seus atos e palavras e que minha raiva cega quase custou a existência desse mundo, e custou a vida de muitas das minhas queridas ninfas. – disse Gaia pesarosa.

– Cara Gaia, não se iluda, eles tão poderosos poderiam ter aliviado sua dor e solidão, revivido suas queridas ninfas, não fizeram por que não se importam, apenas querem você controlada e te dou um gesto de boa vontade. – disse Káko que conjurou um selo mágico que acertou uma das oito torres que cercavam aquele jardim.

Desse feitiço surgiu uma ninfa cuja essência parecia derivar da torre acertada pelo feitiço, era uma ninfa com belas asas negras translúcidas de grande porte que cintilavam como o céu estrelado, sua pele pálida, cabelos negros longos e fartos, seu porte esguio, olhos ametista, e um vestido no estilo ninfa preto. Suas asas eram enormes, negras como o ébano, três pares superiores e dois pares inferiores.

– Stella! – exclamou Gaia emocionada, um rosto do passado que não via há milênios.

– Senhora Gaia! – disse Stella abraçando sua mestra.

– Eu pensei que nunca mais a veria novamente, criança. – disse Gaia com um olhar terno e compadecido.

– Se eu que sou apenas um estrangeiro nesse mundo consegui renascer uma de suas ninfas, por que os olimpianos de seu mundo não conseguiriam? Junte-se a nós, nos ajude a reformular o multiverso, começando por esse mundo, vamos colocar a humanidade em seu lugar e restabelecer a ordem entre os deuses. – disse Káko confiante.

– Senhora Gaia, não sei quem é esse homem, mas concordo com ele, os deuses foram injustos com você, fui traída por minhas irmãs quando quis defender seu direito de punir a humanidade, elas que lutaram contra a senhora e ainda se dizem suas guardiãs, tem que recuperar seu lugar de direito. – afirmou Stella procurando pelas irmãs.

– Todas estão mortas, menos Hespéria, elas acabaram perecendo por minha culpa, tentando me acalmar. – disse Gaia com pesar.

– Elas foram traidoras, foram contra a senhora, mereceram o fim que tiveram, e quanto a Hespéria, ela é a culpada de tudo isso. – disse Stella com ódio na voz.

– Onde está essa ninfa que tanto falam? – disse Káko.

– Ela está dentro do palácio, mas não faça mal a ela, sei que só havia boas intenções em seu coração. – disse Gaia processando tudo.

– Você tem um coração nobre, acha que ela pode ser persuadida a nossa causa? – disse Káko.

– Duvido, ela sempre foi "certinha", abaixando a cabeça para todas as ordens de Zeus e sua laia, nesse exato momento deve estar tentando fugir, conheço aquela covarde. – disse Stella rancorosa.

– Stella, Hespéria é uma das minhas guardiães tanto quanto você, já passamos por tanto, não vamos mais brigar entre nós, vamos conversar com calma. – disse Gaia complacente.

– Se é assim que a vossa majestade quer, vamos ao encontro dela, sendo sua serva leal ela entenderá o posicionamento que tiver. – disse Káko.

– Eu nem disse se aceito ou não a proposta. – disse Gaia austera.

– Nem precisa, consigo ver a indignação por trás de seus olhos, de ver que foi privada de suas doces ninfas por éons pela crueldade olimpiana, trabalhei muito tempo para uma deusa rancorosa para saber o que é um olhar de vingança. – riu Káko com seu jeito teatral.

– Você é mais inteligente do que parece, mas não pense que não estou de olho em você, não confio tão facilmente, não serei um peão no jogo de sua senhora simplesmente, quero garantias que poderei reinar sobre esse mundo, o resto do multiverso não me importa. – disse Gaia.

– É claro, senhora Gaia. – disse Káko.

Assim os três adentraram o palácio da natureza, rumaram para onde Gaia pensava que Hespéria estaria, e a surpresa de Gaia fora enorme, mas não surpreendeu as outras duas entidades, lá a ninfa luminosa estava com os cristais elementais em sua sacola de vinhas pronta para fugir dali.

– Hespéria, o que significa isso?! – bradou Gaia decepcionada e irada.

– Me perdoe senhora Gaia, mas isso é para o seu bem e o bem de todos, essa corja maligna de Pelupdus não pode tomar esse mundo, você sabe que ela quer destruir os olimpianos de todos os mundos e isso traria o caos, não vou permitir isso. – disse Hespéria pronta para fugir com lágrimas no olhar.

– Você sempre foi uma covarde, Hespéria. – praguejou Stella.

– E você uma péssima influência, por isso te selamos, você instigava a destruição e o caos, não é assim que se ensina e redimi. – disse Hespéria que saiu dali voando janela afora e buscando uma saída daquele lugar.

– Stella, pegue ela, e os cristais, por favor. – disse Káko com um sorriso cruel, ele queria se livrar da ninfa celestial de toda forma.

– Com todo prazer. – disse Stella com um sorriso cruel nos lábios.

Gaia estava decepcionada com aquela traição e Káko sabia esconder sua satisfação, Stella já estava na perseguição contra a ninfa.

As duas ninfas voavam pelo céu estrelado, era uma perseguição feroz, a ninfa das sombras lançava dardos e disparos de escuridão, ao passo que a ninfa luminosa se defendia com barreiras de luz e revidava com agulhas de luz muito poderosas.

– Stella, você não pode cair nesse truque, vai se rebaixar tanto por ódio aos olimpianos? Entregar esse mundo de mão beijada para aquela deusa? – disse Hespéria.

– Eu faria qualquer coisa por vingança, eles negaram a cólera de nossa senhora, como pode defender eles? – bradou Stella lançando um bombardeio pesado de sombras.

– Eu sei que ela tinha razões para estar irritada, mas destruir tudo não iria resolver, não iria ensinar, ou não aprendeu nada com as reiteradas tentativas de Zeus com as raças de ouro até ferro? Não é uma questão de punição, mas de promover redenção. – disse Hespéria convicta, havia parado de fugir para tancar a investida de Stella com um feitiço cintilante que a protegia do bombardeio de sombras.

– Eles só entendem isso, destruição e poder, Gaia tem o direito de reformar o mundo, ela é o mundo, e ninguém negará isso a ela. – disse Stella.

– Querida irmã, nossas irmãs guardiãs morreram para preservar esse mundo, não permitirei que sua raiva e ressentimento desperdice isso, não permitirei que esse mundo chafurde na destruição e no caos. – disse Hespéria que conjurou um clarão extremamente potente e aproveitou a distração para fugir por um portal de magia divina, os deuses permitiram sua fuga e cobriram seus rastros para preservá-la de perseguição por algum tempo.

– COVARDE! – Bradou Stella causando uma explosão de trevas comparável com uma supernova de energia escura.

Os ânimos estavam exaltados, uma nova guerra declarada tacitamente, a revolta da natureza se ergueria novamente, e a linha tênue que garantirá a sobrevivência ou a extinção da humanidade havia sido traçada mesmo que de forma ainda abstrata e incerta, porém concreta aos olhos do destino.

***

Gaia estava reunida com Káko e Stella novamente no jardim onde conheceu o deus alienígena, seus Ânimos estavam exaltados, se sentindo traída, revoltada, contrariada novamente.

– Já chega, não vou aceitar mais isso, vou revidar, vou tomar meu lugar de direito, eu criei a vida nesse mundo, ela pertence a mim. – disse Gaia revoltada.

– Concordo plenamente, minha senhora, estarei ao seu lado para consolidar sua vontade. – disse Stella com um sorriso de contentamento.

– Excelente, vamos então. – disse Káko com um sorriso cruel.

– Não será tão simples, nem mesmo seu poder pode sobrepujar o poder dos doze olimpianos. – comentou Stella.

– Como assim? – disse Káko.

– Não achou que permaneci aqui por éons por mera vontade própria, achou? – riu Gaia.

– Exato, se o plano que os olimpianos tinham se concretizou, selaram a senhora Gaia nesse pseudo-paraíso, sua energia flui para o mundo mortal, mas ela não pode se manifestar plenamente, se manifestar lá exige muito, restrito, ela precisa recapturar esse poder para se libertar, os cristais que Hespéria roubou eram parte desse poder. – comentou Stella convicta.

– Exato, além de terem outras divindades que se alimentaram do meu poder, que preservam e protegem o mundo, uma vez já foram meus representantes, hoje lacaios covardes que não ousam contrariar os olimpianos, aquelas crianças ingratas, acharam mesmo que poderiam manter a mãe natureza submissa? – bradou Gaia furiosa.

– Compreendo, e não há problema, iremos atrás desses núcleos de poder, vamos recobrar isso e colocar esse mundo de joelhos. – sorriu Káko interessado.

– Não será fácil, Héspera sempre foi inteligente, cautelosa, imagino o que ela pretende fazer. – afirmou Gaia.

– Ela que tente, também pensei nisso, mas achar descendentes das ninfas não será fácil, muito menos descendentes dignos nesse mundo podre e corrompido. – comentou Stella.

– Ela pode tentar, mas no fim, é impossível conter a natureza. – afirmou Gaia que soltou uma pulsação de energia da natureza que parecia encher aquele paraíso de vida e saúde, quase como se sugasse do mundo comum.

Assim a mãe natureza despertava uma vez mais sua fúria, éons de passividade se corroíam perante aquela situação, mal sabia a deusa que personificava o planeta que tudo isso era parte de um plano maior, e que seu papel nisso seria de vital importância para o equilíbrio da luta entre o império pelupdiano e os olimpianos em escala multiversal.

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