-Por enquanto treinar nas artes marciais vai me atrapalhar mais do que ajudar, é necessário ter uma base forte o suficiente para conseguir aguentar o desgaste de utilizar uma arte marcial por um longo período de tempo, fatores como falta de agilidade, flexibilidade e força também podem limitar meu desempenho e criar brechas em meus movimentos, o que em uma batalha se tornaria uma vantagem para o adversário.-
''Minha meta será atingir 2 pontos em físico e espiritual até o final do mês, é um resultado dentro do possível com os recursos que tenho em mãos agora.''
A média para qualquer estatísticas treináveis em um humano adulto, saudável e ativo é de 1 ponto, pessoas que possuem uma pontuação menor que isso normalmente são crianças e adolescentes que ainda estão em fase de crescimento, idosos, pessoas doentes ou sedentários, assim, é possível por exemplo que uma pessoa que uma pessoa com cinco pontos em físico que se encontre com alguma das situações anteriores tenha seu físico se deteriorando abaixo da média, em contra partida uma pessoa que já obteve cinco pontos em físico em algum momento da vida consegue chegar a esse nível de força novamente mais fácil do que uma pessoa que nunca chegou atingiu esse patamar, podemos chamar isso de memória muscular, isso também vale para outras estatísticas treináveis.
Apesar de que as estatísticas treináveis não possuírem um limite máximo, quanto mais alto são suas estatísticas, mais difícil fica para conseguir superar seus limites e chegar ao próximo nível.
-Meu corpo está muito enfraquecido pela falta de tensão nos últimos anos, assim o ideal é começar apenas com exercícios que utilizam o peso do corpo e alguns aeróbicos leves.-
Satisfeito com sua conclusão Marcus decide dividir seu treinamento em etapas, fácil, intermediário e difícil, sempre que uma dessas etapas ficar fácil de ser cumprida, pula para a próxima.
Para a primeira etapa ele decide montar um circuito dividido em flexão, abdominais, pular corda e barra fixa.
Com um total de cinco rodadas, é necessário realizar cada um desses exercícios durante cinco minutos intercalando entre eles até fechar as cinco rodadas, tudo isso dando um total de uma hora e quarenta minutos.
Como não possui nada que possa utilizar para fazer a barra fixa em casa, Marcus decide ir até um parque perto de sua casa que tem esse equipamento.
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Após meia hora de treino, Marcus encontra-se ofegando rapidamente, sentado em um banco olhando para o chão enquanto o suor pinga sem parar, fazendo uma pequena poça abaixo dele, seus músculos estão queimando e não importa o quanto tente, não consegue reunir forças nem para se levantar.
''Isso é mais difícil do que parece... Ainda tenho um longo caminho pela frente antes de recuperar o vigor da minha época como militar...''
Repentinamente uma voz infantil entra em seu ouvido ''Ei senhor, está tudo bem com você, quer um pouco de água?''
Olhando para o lado Marcus percebe a presença de um garoto olhando curiosamente para ele enquanto estende uma garrafa de água.
Um pouco hesitante ele pega a garrafa da mão do garoto, tomando grandes goles de água até esvaziar.
Sentindo-se constrangido por ter tomado toda a água Marcus devolve a garrafa ao garoto '' Obrigado garoto, me perdoe por acabar com toda sua água'' O garoto apenas acena enquanto pega novamente a garrafa.
Não percebendo nenhum sentimento de raiva por parte do garoto Marcus olha curiosamente para ele ''Qual seu nome garoto? Você não deveria estar na escola agora?''
''Meu nome é Gabriel, e não posso ir para a escola''
''Não pode? Por quê?''
''Meus pais morreram enquanto lutavam com monstros, então preciso trabalhar para conseguir sobreviver.''
Marcus observa mais calmamente o garoto, ele não aparenta ter mais de dez anos, olhos cor de caramelo e cabelos encaracolados de mesma cor, extremamente magro, com roupas extremamente desgastadas e com inúmeros remendos, é perceptível que ele utiliza a mesma roupa todos os dias, apesar disso seu rosto não transparece tristeza, muito pelo contrário, ele demonstra imensa felicidade como se não tivesse problemas para se preocupar.
Conversando por um tempo com o garoto Marcus conseguiu descobrir que ele trabalha como assistente em uma loja que vende suprimentos gerais para aventureiros, aparentemente o dono era amigo de seu falecido pai e resolveu ajuda-lo, a informação que mais surpreendeu Marcus foi a idade, ele possui doze anos mas por falta de nutrição ele tem um corpo bem menor que outras crianças de sua idade.
Conforme a conversa foi avançando Marcus foi se sentindo triste pela criança, talvez enxergando sua infância nele.
Quando a nova era começou, muitas pessoas foram pegas despreparadas, todos estavam acostumados com uma era de paz, assim, lidar com monstros sanguinários era algo aterrorizante e pela falta de preparo muitos morreram e com isso uma grande quantidade de crianças se tornaram órfãos, as ruas das cidades principais estavam cheias de crianças vagando sem rumo e sem a presença dos pais, muitos acabavam sendo explorados por pessoas mal intencionadas, assim o governo emitiu uma ordem em que se tornou prioridade a criação de orfanatos para retirar o máximo possível dessas crianças da rua, Marcus acabou por ser uma dessas crianças.
Infelizmente os orfanatos sofrem com a super lotação, e assim muitas crianças são obrigadas a sobreviverem por si mesmos, esse é o caso de Gabriel.
''Garoto, você está disposto a vir morar comigo? Posso cuidar de você''