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Primeira simulação

Xun Deyou suspirou, ajustando os pensamentos.

 — Entendo. Então, no fim, eu ainda vou precisar entrar nesses rasgos dimensionais para conseguir desbloquear novas dungeons... — murmurou, aceitando a explicação.

[ Exatamente, anfitrião. Vale ressaltar que você só poderá utilizar a simulação uma vez por dia devido ao consumo mental envolvido no processo. ]

— Consumo mental, hein...? — pensou Xun, refletindo sobre o custo dessa habilidade enquanto o diálogo mental com o sistema chegava ao fim.

De repente, uma luz intensa irrompeu do altar, preenchendo toda a sala com um brilho ofuscante. Logo em seguida, um grito enérgico ecoou:

— Rank B! — anunciou o professor, a voz carregada de entusiasmo e admiração 

— Rank B? — Xun pensou, surpreso. — Não era a vez do Gordo Fan?

Seus olhos logo foram atraídos para a figura corpulenta em cima do altar. Lá estava Mo Fan, seu amigo, com um olhar perdido e uma expressão de puro choque. Ele parecia paralisado no lugar, como se ainda estivesse tentando processar o que havia acontecido.

Enquanto o professor o parabenizava com entusiasmo, Mo Fan de repente desceu correndo do altar, sua movimentação desajeitada atraindo a atenção de todos. Ele correu em direção a Xun, mas, ao se aproximar, pareceu se lembrar de algo e parou abruptamente. Seu rosto transparecia arrependimento e tristeza.

— Xun, eu...

Antes que Mo Fan pudesse dizer mais alguma coisa, Xun o interrompeu, com um tom calmo e firme:

— Não precisa se desculpar, Fan. O fato de você ter despertado uma habilidade Rank B é incrível. Não pense nem por um segundo que é culpa sua eu ter despertado apenas uma Rank C.

Mo Fan hesitou, mas finalmente soltou um suspiro, ainda carregando certa culpa em seu olhar

Apesar de a transmigração ter ocorrido há pouco tempo, as memórias do dono original do corpo ainda estavam presentes. Xun sabia que seu velho amigo, Mo Fan, com certeza se culparia por ter despertado uma habilidade Rank B enquanto ele ficava com uma Rank C.

— Nós dois já despertamos, então que tal irmos comer um pouco de churrasco para comemorar? Hoje é por minha conta. — sugeriu Xun Deyou, com um sorriso tranquilo.

Ao ouvir a palavra "churrasco", a tristeza no rosto de Fatty Fan desapareceu instantaneamente. No lugar dela, surgiu uma expressão animada, acompanhada de um brilho nos olhos e um fio de baba escapando pelo canto da boca.

— Xun! A gente pode comer barriga de porco? — perguntou ele, enquanto limpava a baba de forma apressada, mas sem esconder a excitação.

Xun Deyou riu, divertido.

— Claro que sim! Hoje vamos comer tanta barriga de porco que vamos explodir.

Enquanto riam juntos, Xun Deyou pensou consigo mesmo: Em vez de ficar feliz por ter despertado como Rank B, ele está triste porque foi melhor que eu. Suspiro... Esse Fatty Fan é, sem dúvida, um bom amigo. Devo tratá-lo bem no futuro.

Quando a noite finalmente chegou, Xun Deyou conseguiu retornar para casa. Sua residência nesse mundo não era nada grandiosa: uma velha casa de madeira localizada na periferia da cidade. Era um lugar simples, mas relativamente barato em comparação com outros locais. No entanto, apesar de sua aparência modesta por fora, o interior era aconchegante e bem organizado.

— Hoje foi divertido, mas eu nunca pensei que o Fatty Fan pudesse comer tanto. — Xun riu, balançando a cabeça enquanto fechava a porta. — Acho que, depois dessa comemoração, vou precisar sobreviver à base de miojo por algumas semanas.

Ainda rindo da própria situação, ele caminhou para o banheiro.

Ao entrar, seus olhos foram imediatamente atraídos para o espelho. O reflexo diante dele era estranho, quase surreal. Apesar de compartilharem o mesmo nome, seu "eu" da Terra e o corpo que ocupava agora não tinham absolutamente nada em comum.

Na Terra, Xun Deyou havia sido um bodybuilder profissional, com músculos tão volumosos e definidos que era frequentemente chamado de "aberração genética" nas competições. Seu corpo era uma verdadeira fortaleza, projetado para intimidar.

Aqui, porém...

O que ele via no espelho era algo completamente diferente. Longos cabelos negros desciam como uma cascata de obsidiana líquida, brilhando com um reflexo quase sobrenatural. Seus olhos, tão profundos e escuros quanto o azeviche, pareciam capazes de absorver até mesmo a luz das estrelas, como se fossem pequenos buracos negros. Sua pele era incrivelmente branca, quase translúcida, com uma textura que lembrava porcelana delicada ou jade polido. Tudo nele exalava uma beleza frágil — o oposto da imagem intimidadora que ele ostentava em sua vida passada.

Xun suspirou, passando os dedos pelo cabelo e encarando o reflexo.

— Quem diria... De uma fortaleza ambulante para isso. — Ele riu baixinho. — Bem, pelo menos o rosto é bonito. Espero que valha alguma coisa nesse mundo.

Após o banho, Xun se jogou no sofá da sala, deixando o corpo relaxar enquanto sua mente revisitava os acontecimentos da manhã.

Nesse mundo, assim que ocorre o despertar, qualquer pessoa pode se inscrever para tentar uma vaga em uma universidade focada em cultivadores. Não havia um requisito de rank específico para a inscrição — bastava passar no rigoroso processo de seleção. Porém, era evidente que quanto mais alto fosse o rank do despertar, maiores seriam as chances de admissão.

Xun suspirou, seus olhos fixos no teto da sala.

— Devo me inscrever em uma boa universidade... — murmurou. — O problema é meu rank.

Ele permaneceu em silêncio por alguns instantes antes de tomar uma decisão.

— Sistema? Você pode iniciar a simulação de hoje?

[Preparando terreno... Gerando simulação dimensional...]

Uma voz robótica, fria e desprovida de emoção, reverberou na mente de Xun Deyou:

[Simulação iniciada.]

Antes que ele pudesse sequer processar o que estava acontecendo, o mundo ao seu redor começou a mudar. Num piscar de olhos, sua casa desapareceu, dando lugar a uma vasta floresta coberta por uma neblina densa e gelida.

As árvores se erguiam de forma ameaçadora, altas e retorcidas, como se fossem mãos deformadas tentando alcançar o céu. Suas copas cerradas bloqueavam a maioria dos vestígio de luz, mergulhando o ambiente em uma semi escuridao.

A vegetação era caótica, um labirinto vivo de cipós grossos que se enroscavam em tudo, lembrando uma gigantesca teia de aranha. O solo estava parcialmente coberto por musgo negro, úmido e pegajoso, exalando um odor de decomposição.