Capítulo 19: O Sol Nascente
A poeira ainda pairava no ar, e o campo de batalha, agora silencioso, refletia os ecos de uma cataclísmica colisão de magias. A vitória parecia certa, mas Heitor sabia que ainda restava o último desafio. O exército de Ethill e Westphalen não estava derrotado. Apesar da perda de seus magos arcanos, os soldados ainda estavam em pé, alguns abalados, outros irredutíveis. O semblante de desespero nos olhos de muitos havia se transformado em uma fúria cega, e a batalha ainda não estava decidida.
Heitor olhou para o horizonte, onde as forças inimigas se reorganizavam. Embora os magos de Ethill e Westphalen estivessem sem energia para mais feitiços, o exército de soldados ainda era grande e ameaçador. Ele sabia que, se não acabasse com aquilo de uma vez por todas, mais vidas seriam perdidas.
Em seu interior, o poder da torre e do núcleo de mana pulsava com força indescritível. Seus núcleos auxiliares, repletos de energia, estavam a ponto de explodir em um brilho tão intenso que poderiam rivalizar com o próprio sol. Heitor sentiu sua espada Estrela do Amanhã brilhar ainda mais forte, suas runas se intensificando enquanto ele se preparava para a última magia.
O feitiço , Sol Nascente, era de nível 6 — um feitiço lendário, uma técnica capaz de invocar a energia do sol em toda a sua magnitude. Era a culminação de tudo o que ele havia aprendido sobre magia, luz e poder. Ele sabia que esta magia exigiria tudo o que ele tinha, que drenaria sua força física e mental, mas era a única maneira de garantir a vitória e acabar com a ameaça de uma vez por todas.
Fechando os olhos por um momento, Heitor se concentrou. Sentiu o calor das runas em sua espada, o poder da torre crescendo ao seu redor e a energia de seus núcleos auxiliares fluindo para ele. Ele começou a conjurar o feitiço, seus murmúrios de poder ecoando no ar. A aura ao seu redor intensificava-se, brilhando com um resplendor intenso, quase cegante.
"Sol Nascente", ele sussurrou, e a terra sob seus pés pareceu tremer.
A magia começou a se formar. O ar se distorceu, e o céu se iluminou com uma luz dourada e escarlate, como se o próprio sol estivesse nascendo novamente no coração do campo de batalha. A espada Estrela do Amanhã se elevou, seu brilho se tornando tão forte que ofuscava até as estrelas no céu. O calor irradiava de sua lâmina, e os elementos ao redor começaram a se alinhar com a força da magia. Terra, fogo, água, ar, luz e escuridão — todos estavam presentes em uma harmonia caótica, prontos para serem canalizados em uma explosão devastadora.
A energia acumulada na espada foi transferida para o feitiço, formando um imenso disco de luz solar concentrada acima de Heitor. O exército de Ethill e Westphalen, já amedrontado pela destruição anterior, agora sentia a ameaça de uma força ainda maior. Seus soldados, mesmo os mais experientes, olhavam para cima com pavor, percebendo que não havia como escapar.
"Agora", Heitor murmurou para si mesmo, seus olhos fixos no exército inimigo.
Com um único movimento, ele desceu sua espada com força. A magia, agora em sua forma mais pura e poderosa, se lançou em direção ao inimigo com uma velocidade impossível de ser desviada. O feitiço de Sol Nascente foi liberado com toda a sua força, espalhando-se como uma onda de energia solar esmagadora.
A luz que emanou do feitiço foi tão intensa que cegou os que estavam na linha de frente. O calor foi insuportável, fazendo com que os inimigos sentissem como se estivessem sendo queimados pelo próprio sol. O poder de Sol Nascente não se limitava a destruir fisicamente, mas a corroer a essência das forças inimigas, desintegrando-as de dentro para fora.
Os soldados de Ethill e Westphalen começaram a cair, sendo consumidos pela luz e calor. Aqueles que não foram destruídos pela onda direta sentiram seus corpos cederem à pressão da energia. O campo de batalha, antes repleto de inimigos, agora se encontrava em ruínas, com corpos caídos e um silêncio profundo substituindo a gritaria da batalha. Apenas uma poeira dourada restava no ar, a marca de uma magia de poder imensurável.
Heitor, de joelhos agora, sentia sua energia sendo drenada. O feitiço havia sido um esforço colossal, e seu corpo estava exausto. Sua espada, ainda brilhando com resquícios do poder solar, caiu ao seu lado. A aura ao seu redor foi gradualmente se dissipando, e o brilho em seus olhos começou a enfraquecer.
Os poucos soldados restantes de Ethill e Westphalen estavam em fuga, muitos já perdidos pela magia de Heitor, outros caídos em estado de choque. O campo de batalha estava, finalmente, silencioso.
Com um suspiro profundo, Heitor levantou-se lentamente, seus músculos pesados, seus olhos fixos na devastação ao seu redor. Ele sabia que a guerra ainda não estava completamente acabada, mas essa batalha — a batalha que determinaria o curso de sua jornada — tinha terminado.
Ele olhou para o horizonte, onde o sol começava a nascer. Seu feitiço de Sol Nascente já havia eclipsado o brilho do amanhecer.