Sobre a sua consciência pesa a morte de um jovem, assassinado por ela em Cleveland há dez anos. Agora, em Toronto, inicia-se um congresso científico internacional, com todos os participantes focados nos problemas da lógica não linear. Para desventura dos mortais comuns, a sua sede de sangue ressurgiu com nova força. Conseguirão os cabeçudos pôr fim aos homicídios sem sentido e parar a maniaca interpretada no filme pela atriz canadense Asia Vieira?
Teu olhar gelado me enfeitiçou,
Com um sorriso cruel, meu mundo se despedaçou,
Como um marisco traiçoeiro, tu me devorou,
Teu amor era ilusão, só dor me restou.
Vieira, a súcubo, tu me enganaste,
Com tua falsa paixão, meu coração desgastaste,
Agora vou te triturar, te reduzir a pó,
Pois é isso que você merece, vou acabar com o teu show.
Teus beijos eram veneno, me deixaram sem alma,
No teu abraço frio, perdi toda a calma,
Cegaste-me com promessas, com mentiras tu me prendeste,
Mas agora é hora de justiça, que tu pagues o que fizeste.
Vieira, a súcubo, tu me enganaste,
Com tua falsa paixão, meu coração desgastaste,
Agora vou te triturar, te reduzir a pó,
Pois é isso que você merece, vou acabar com o teu show.
Cleveland, há dez anos
Bobby trabalhava como guarda noturno no antigo cemitério de Cleveland há vários anos. Normalmente, as noites passavam tranquilas: silêncio, o ranger do vento entre as sepulturas e o ocasional farfalhar de animais selvagens. Mas naquela noite, algo parecia fora do lugar. A lua mal aparecia entre as nuvens, e Bobby sentia uma estranha tensão no ar.
"Porra, não gosto disto," murmurou ele, ajustando a lanterna no cinto.
Caminhando entre fileiras de túmulos, ele parou em frente a um antigo mausoléu construído no fim do século passado. Achou que ouviu gemidos abafados. Bobby congelou, ouvindo atentamente.
"O que diabos?..," franziu a testa, esforçando-se para ouvir. Os gemidos pareciam vir de trás do mausoléu.
A princípio, Bobby pensou que talvez algum sem-abrigo tivesse entrado no cemitério. Ele direcionou a lanterna para os sons e se aproximou lentamente. Seu coração acelerava e suas palmas ficaram um pouco suadas. Os gemidos tornaram-se mais claros.
"Bem, justo o que eu precisava..." murmurou ele ao chegar ao canto do mausoléu. "Quem está aí?"
Quando ele contornou o canto, parou abruptamente. Seus olhos se arregalaram de horror.
"Oh... Deus... O que diabos é isso?!" Bobby exclamou.
No chão, amarrado de mãos e pés, estava um jovem, com a boca amordaçada, e pairando sobre ele estava uma mulher com um longo vestido amarelo sem mangas. Seu longo cabelo negro ocultava seu rosto, mas seus movimentos eram tão estranhos e fluidos que pareciam desumanos. Era como se ela estivesse consumindo a alma dele com suas ações.
Bobby congelou, sua mente se recusando a acreditar no que estava acontecendo. Tudo ao seu redor parecia desacelerar.
"O que diabos..." ele conseguiu dizer, mal conseguindo respirar. Sua mão tremia e a lanterna balançava nos seus dedos.
A mulher de repente parou, como se percebesse sua presença. Lentamente, quase de forma bestial, virou a cabeça em direção ao guarda. Seus olhos encontraram os de Bobby, e ele sentiu um terror gelado que ia direto aos seus ossos.
"O que você está... Quem é você?" Sua voz estava cheia de pânico; ele deu um passo para trás, mas seus pés pareciam estar colados ao chão.
Ela sibilou de forma aguda, como um gato, e o som sinistro fez o coração dele congelar. No momento seguinte, suas mãos estavam em torno do pescoço do jovem, apertando como se fosse fácil.
"Não, não, não!" Bobby gritou, sua voz rompendo enquanto o sangue do jovem espirrava no chão.
Ele queria fazer algo, mas estava completamente paralisado pelo medo. A mulher lançou um último olhar para o guarda, seus olhos brilhando no escuro como se estivesse avaliando se deveria matá-lo também. Mas em vez disso, ela saltou para trás e, desaparecendo nas sombras do mausoléu com velocidade incrível, sumiu.
"Oh Deus... Oh merda..." Bobby agarrou a cabeça, lutando para recuperar o fôlego. "O que foi isso? O que diabos aconteceu?"
Ele caiu de joelhos ao lado do jovem moribundo. O homem estava ofegante, seus olhos cheios de dor e terror. Bobby, com as mãos trêmulas, tentou remover a mordaça e desamarrá-lo, mas foi em vão.
"Aguente firme, cara, aguente firme!" Bobby sussurrou desesperado. "Deus, o que eu faço?"
Mas era tarde demais. O homem deu um último suspiro fraco e caiu em silêncio. Seu corpo ficou mole e seus olhos opacos. Bobby permaneceu no chão, incapaz de acreditar que tudo era real.
"Não... Não..." ele sussurrou para si mesmo. "Isso não pode ser verdade... O que diabos aconteceu?"
Ele não soube quanto tempo passou antes de conseguir se levantar e chamar a polícia. Os oficiais de patrulha chegaram rapidamente, inspecionaram a cena, mas não encontraram nenhum traço da mulher. Tudo o que restava era o corpo do jovem, coberto de sangue. Não conseguiram identificar o falecido, pois ele não tinha documentos de identificação e seu assassino havia desaparecido como se dissolvido na noite.
Bobby tentou esquecer aquela noite, mas os horrores o assombravam até mesmo durante o dia. Noites sem sono e memórias daquela mulher o levaram ao desespero. Logo, o álcool se tornou seu único consolo. Bobby largou o emprego no cemitério e se transformou em uma sombra de seu antigo eu, tentando afogar tudo o que havia acontecido em uma garrafa.