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Vantagens do casamento

Algumas horas já haviam se passado e agora, com o novo integrante, o grupo se preparava para avançar. Kowalsk estava confiante de que ao menos os dragões daquela região eles exterminariam. Doutor Kaminski estava admirado com a história que o velho soldado acabara de contar. Gareno também achava incrível que Thilláila fosse tão poderosa. Troy, por sua vez, apenas observava a todos e parecia não gostar muito da ideia de ter um dreikis no grupo deles. No entanto, como um dragão que ele era, não podia ao menos opinar, nem mesmo se quisesse.

— Você sabe que temos que dar um nome para ele, não sabe? — perguntou Thilláila toda animada. — E que nome eu daria para um bicho desse?

O dreikis abaixou suas orelhas e pareceu ficar triste com aquele comentário de Kowalsk. — Eu acho que esse animal tem um sentimento muito forte por você, velho soldado — brincou Gareno. — Bem, caso vocês não tenham entendido direito, o que Thilláila fez na mente desse bicho foi convertê-lo em algo parecido com uma esposa.

Se o velho soldado tivesse pensado direito sobre o que iria falar, não teria dito essas palavras. Gareno começou a rir com tanta intensidade que rolou ao chão. O doutor Kaminski, um homem um tanto sério, também teve que disfarçar bastante para não passar vexame e sentiu até um pouco de inveja de Gareno, que podia ser espontâneo o quanto quisesse. Até mesmo Troy, o dragão de estimação, parecia estar disfarçando pelo que acabara de escutar. Somente Thilláila permanecia séria, já que o velho soldado não parava de encarar.

— Senhor Kowalsk, nem desconfia do porquê eu tive que fazer isso? — Para tirar onda da minha cara, Thilláila? — perguntou em tom de deboche. — Eu acho que o senhor não está entendendo a vantagem que tem sobre essa relação.

Ela nem mesmo terminou de explicar, e agora até mesmo o doutor Kaminski ria sem disfarçar. — Acho que não foi o suficiente o que já fez para me humilhar, Thilláila? — Senhor Kowalsk, não se esqueça quais eram suas opções contra esse dreikis. Eu fiz o que era melhor para o senhor.

Kowalsk olhou para Thilláila e depois para a fera e começou a coçar a cabeça. — Então, me fazer casar com um bicho horrível desse era uma boa opção? — Senhor Kowalsk, ao menos me permita dizer qual é a vantagem que o senhor teve sobre isso — continuou insistindo Thilláila.

Gareno segurava sua barriga com força, assim como o doutor Kaminski, que agora procurava disfarçar ao menos um pouco vendo que o velho soldado já estava começando a se irritar. Troy apenas disfarçava sua risada escabrosa de dragão com uma tosse, coisa que ninguém nunca viu um dragão fazer. — Bem, se realmente existe alguma vantagem sobre isso, fique à vontade, Thilláila. Mais envergonhado do que eu estou, não posso ficar. — Olhe bem para esse dreikis, observe a sua anatomia e tente identificá-lo.

Kowalsk olhou, apalpou, procurou e não viu nada de diferente do que teria um cachorro, exceto... — Essa é uma rainha dreikis ou, se quiser, podemos dar um nome para ela. Que tal Drakissa? São muito raras e, por ela estar do nosso lado, é realmente um grande achado. Ao fazer o seu suposto casamento com essa rainha, todos nós ganhamos proteção integral contra alguns de nossos inimigos. — Thilláila, eu acho que tem alguma coisa errada aí. Como assim "todos nós"? Quem casou fui eu — brincou Kowalsk.

De repente, seus companheiros ficaram sérios. — Qualquer dreikis que estiver próximo dessa região obedece diretamente às ordens de uma dreikis rainha. Ou seja, irão obedecer as ordens de nossa Drakissa. Porque cada vez que ela dá cria, é um número superior a 50 filhotes, e a gestação é curtíssima, de um mês a um mês e meio, no máximo. — Significa que, no ano, ela pode ter até 600 filhotes, que depois vão encontrar seus pares fêmea e reproduzir. Então, imagine só quantos dreikis existem sob o comando dessa rainha — disse o doutor Kaminski, fazendo rapidamente os cálculos.

Kowalsk, brincando, começou a arregalar os olhos e arreganhar os dentes num sorriso que dava até medo. — Me responde uma coisa, Thilláila, qual é o nível de entendimento entre essa rainha e eu? — Atualmente, 70%, com chances de chegar até 100%, senhor. Por que a pergunta? — Você não está vendo que nossa chance de acabar com esses dragões aumentou exponencialmente? O que eu preciso fazer para que ela tenha 100% de entendimento nas minhas ordens?

Ao ouvir isso, Gareno virou o rosto e pôs uma mão em sua boca porque sabia que lá vinha bomba. Igualmente, o doutor Kaminski o imitou, e até mesmo o dragão deu as costas e saiu andando como se tivesse encontrado algo interessante para fazer. — O senhor já foi casado, senhor Kowalsk? — perguntou Thilláila, envergonhada. — Que eu saiba, não. Mas por que a pergunta? — Esse animal à sua frente é uma rainha que você conquistou em combate e, mediante a isso, você conquistou sua eterna aliança. No entanto, por ela ser uma fêmea, se quiser sua plena confiança e entendimento, você terá que agir como um macho alfa. Você tem que conquistá-la, demonstrando o quanto você é forte. Não se esqueça de que em breve ela estará no cio. Então, você terá que vencer outros machos alfa entre os dreikis para consolidar seu direito sobre ela.

Nem mesmo Kowalsk conseguiu segurar o riso, que se transformou numa gargalhada contagiante em que todos, sem exceção, foram contagiados. Sentindo dores horríveis porque não conseguia controlar seu ataque de riso, doutor Kaminski também estava rolando de rir e nem lembrava mais de quão sério ele tinha que parecer naquele grupo. Troy, mais do que nunca, foi considerado um humano que havia se transformado num dragão porque, naquele momento, era o mais escandaloso entre os que estavam gargalhando. Thilláila também estava rindo bastante, pois sabia o tamanho da besteira que tinha falado, mas que era pura verdade. Até mesmo a Drakissa parecia sorrir e agradecer por aquele momento, lambendo a cara de Kowalsk.