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O Guerreiro da Matilha

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Rosina olhava pela janela da carruagem à medida que se aproximava de sua antiga casa. O lugar onde cresceu entre sonhos diurnos e pesadelos.

O corpo de Rosina estremeceu com as velhas memórias que fluíam em seus pensamentos. "Eu odeio isso!"

Rosina pegou uma pequena faca de suas botas e cortou seu pulso. A dor a fez sorrir e a impediu de pensar no passado.

Após alguns segundos, as feridas de Rosina curaram-se instantaneamente, graças a sua forte loba. Sua pele voltou ao normal como se nada tivesse acontecido.

"Senhora, chegamos," o cocheiro declarou e abriu a porta da carruagem.

Rosina sorriu e saiu elegante da carruagem com sua bolsa e pagou ao cocheiro um valor decente pela viagem de 10 horas.

Parada na entrada da floresta, Rosina inalou o ar fresco e curtiu a brisa fria batendo em sua pele.

Rosina piscou várias vezes enquanto seus olhos intensos e penetrantes suavizavam. Ela começou a massagear o rosto e tentou sorrir inúmeras vezes para ensaiar uma aparência de inocência e ingenuidade.

Rosina colocou a bolsa à frente de seu corpo, segurou-a com as duas mãos e começou a caminhar para dentro de seu antigo bando de lobos.

A matilha Palecrest era uma das 13 matilhas espalhadas pelo Reino Etéreo. Era um bando pequeno, com menos de 300 lobos vivendo na área.

A matilha era conhecida por ter ótimos caçadores e, por causa da vasta floresta que cercava o território, o comércio de carne era a fonte de sua renda.

Os caçadores rastreavam animais na floresta e os vendiam no mercado principal, que ficava no centro do reino, onde residia a matilha mais poderosa, a família real.

Rosina parou na linha onde estava localizada a fronteira da Palecrest, a entrada do território.

Respirando fundo, Rosina entrou no território, sinalizando sua chegada. Não demorou muito até que ela visse de longe uma carruagem esperando por ela.

"É isso," Rosina pulou para dentro e eles seguiram em direção à casa do bando. Ela pegou novamente a faca e começou a se cortar para acalmar seus nervos trêmulos.

Depois de uma curta viagem, Rosina chegou à casa do bando, onde sua mãe a esperava com um largo sorriso.

Rosina ensaiou seu sorriso inocente e expressão antes de sair do carro e abraçar sua mãe.

"Querida, você finalmente voltou depois de três anos!" Natale, sua mãe, beijou as bochechas de Rosina antes de puxá-la para dentro da casa do bando.

Vários lobos cumprimentaram a chegada de Rosina, enquanto alguns reviraram os olhos. Afinal, ela não era vista como uma loba forte.

No mundo dos lobisomens, a fraqueza é como lixo, inútil e indesejada por muitos.

Cleto, seu pai, a examinou de cima a baixo quando entraram em seu escritório. "Vejo que você continua sendo uma loba inútil mesmo depois de viver sozinha por anos."

"Marido, não seja assim. Ela acabou de chegar hoje para o evento anual. Deveríamos estar felizes," Natale declarou calmamente com um sorriso suave. Ela não queria irritar seu marido por uma bobagem.

"Feliz? Eu ficarei feliz se ela acasalar com um lobo mais forte para elevar nosso bando no ranking!" Cleto berrou e jogou os papéis de sua mesa. "Ainda somos o 12º em classificação!"

"Querida, vá para o seu quarto," Natale sussurrou e empurrou Rosina suavemente para fora antes de fechar a porta.

Rosina ficou do lado de fora e ouviu os gritos e súplicas de sua mãe enquanto Cleto a batia para descontar sua raiva.

Rosina fechou os olhos e suspirou profundamente antes de se afastar do escritório. Ela foi para seu quarto no primeiro andar, que estava intocado com poeira acumulada em cada canto.

Rosina largou suas bolsas no chão e sentou-se na cama, ignorando a poeira que voava por todo lado. Ela esfregou o rosto enquanto tentava se acalmar.

Rosina odiava sua mãe. Odiava-a por ser tão frágil e vulnerável e por permitir que um homem a agredisse para sua própria satisfação.

"Calma," Rosina sussurrou e seu sorriso inocente novamente escondeu sua verdadeira identidade. Ela deu tapinhas nas bochechas para evitar que pensamentos assassinos entrassem em sua mente.

Um forte toque interrompeu seus pensamentos.

Rosina abriu a porta e viu um jovem na casa dos 20 anos sorrindo para ela. Ela não abriu completamente a porta para ter alguma privacidade, mas o homem a empurrou mais para abrir.

"Oi, eu sou Emílio Consoli, um guerreiro do bando," ele se apresentou e estendeu a mão para Rosina.

"Rosina, prazer em te conhecer," ela declarou e pegou sua mão.

O sorriso de Emílio se alargou, puxando Rosina para mais perto de seu corpo. Ele se inclinou para baixo e sussurrou em seu ouvido. "Quero te conhecer melhor."

Nessa posição, Emílio não podia ver a expressão facial de Rosina, que mudou de inocente para uma vibração feroz.

Rosina continuou com sua atuação inocente. Ela gemeu e baixou a cabeça como se estivesse tímida com o convite repentino.

"Claro," Rosina respondeu suavemente.

"Ótimo, te vejo por aí às 22h30 na floresta do norte," Emílio tocou as bochechas de Rosina descendo até seus lábios antes de se afastar e olhar para o corpo dela, despi-la com seus olhares.

"Não conte a ninguém sobre isso, ou senão não poderemos nos encontrar. Meu pai é rigoroso com meus horários," Rosina disse suavemente enquanto mordia o lábio inferior e mexia nos dedos.

"Não contarei a ninguém. Não se preocupe," Emílio piscou para ela antes de partir com um sorriso satisfeito.

O sorriso suave de Rosina desapareceu, e ela riu com desdém do acontecido. Ela saiu do quarto, seguiu o cheiro de Emílio e o viu indo ao encontro de seu grupo de amigos do lado de fora da casa do bando.

Eles parabenizaram Emílio por ter sucesso na aposta de convidá-la para sair à noite.

Um sorriso sádico apareceu no rosto de Rosina enquanto ela os observava celebrar uma pequena vitória. Ela voltou para o seu quarto e pegou um velho caderno de sua bolsa.

Rosina puxou a chave de seu colar e usou-a para abrir o cadeado do caderno. Ela folheou as páginas e deslizou a mão pelo espaço em branco.

Rosina pegou uma caneta vermelha presa ao lado e escreveu o nome de Emílio em letra cursiva.

"Mais um para a minha lista," Rosina gargalhou enquanto abraçava o caderno em seu peito.

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