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A Terra de Warine fica mais ao Norte de Runalia. A estrada para a Terra levou quase dois dias inteiros para chegar. De vez em quando, Elise dormia no colo de Ian e às vezes se deitava no assento à frente. O que ela aprendeu com sua jornada na carruagem é que um assento acolchoado tornava toda a viagem mais confortável do que quando estava na carruagem dos escravos. Ela também anotou que, como nas palavras de Ian, ele não comia nem bebia nada. Ele também é um dorminhoco, falava menos e só o fazia quando necessário. Mas sempre que falava, suas palavras eram gentis e amáveis.
Quando chegaram ao portão de Warine, a saúde de Elise finalmente melhorou e seu rosto recuperou a cor viva que perdeu por anos. Colando o rosto na janela da carruagem, seus olhos viram a estrada dos campos verdes lentamente se transformar em caminho de pedras. Ian, que aos poucos se acostumava com a expressão da garotinha, agora a considerava como um divertimento, como assistir a um teatro sem fim que Alex costumava levá-lo em Hurthend.
"É hora do seu remédio, filhote." Ele tirou outro frasco do bolso. Elise olhou para ele, fez um biquinho mas ainda assim caminhou até o assento dele do outro lado. Decepcionada, ela fechou os olhos com força e abriu a boca.
Ian deu uma risada enquanto dava o remédio na boca de Elise. Ela corajosamente tomou tudo de um gole e, como esperava, não conseguiu se acostumar com o gosto amargo, enquanto outra camada de lágrimas se formava em seus olhos, mas rapidamente desapareceu quando viu um doce na outra mão de Ian. Ian provocava desenrolando o papel externo do doce com uma girada em ambos os lados e olhava para a menina que havia aberto a boca às pressas.
"Você sabe que é a primeira pessoa a ter a oportunidade de fazer isso?" Ele riu da garota que acenou com a cabeça, sem entender suas palavras. Enquanto comia o doce e o rolava em sua boca para bater com seus pequenos dentes, Elise viu Ian desviar o olhar para o espelho antes de abrir a janela para falar com algo que ela não conseguia ver.
"...Eles chegaram?" Ian continuou a desaparecer em sua conversa e notou Elise assistindo-o em total desconcerto. Ele sorriu para terminar de falar com o ser invisível que flutuava no ar antes de deixar a janela da carruagem novamente. Virando seus olhos, ele encontrou os olhos azuis de Elise e perguntou. "Você não consegue ver com quem estou falando?" Ele moveu a mão para indicar que a criatura invisível deveria partir.
Elise balançou a cabeça e viu Ian olhando para a pulseira dela. "Deve ser por causa disso." Ele estendeu a mão e a tirou gentilmente da mão dela. "Agora, você deveria poder vê-los." Ian abriu a janela do outro lado dela.
Naquele momento insignificante, os olhos de Elise pareceram finalmente se abrir. Como uma porta fechada que estava trancada com várias trancas, o vento soprou sobre seus cabelos e uma sensação avassaladora invadiu seu coração, fazendo com que o que estava adormecido em seu coração voltasse a viver.
Piscando duas vezes, ela focou a vista na luz cegante que lentamente desaparecia e pequenos seres humanos com cabelo e olhos coloridos, asas emplumadas de diferentes cores, chifres pequenos em suas cabeças, orelhas pontudas e pernas como as de um pintinho apareceram diante de seus olhos.
Eram seres além dos fantasmas que ela muitas vezes viu no passado. Observando com fascinação, ela olhou para trás e perguntou a Ian. "O que são eles?"
"Aqueles?" Ian estendeu a mão rudemente e segurou a criatura para mostrá-la mais de perto. "Estas são fadas, são chamadas pelos seu tipo de Sulix, um par perfeito para feiticeiros que usam seu poder para magia."
Elise estava prestes a mostrar seu entendimento intrigado quando ouviu um Sulix gritar de seus pulmões enquanto se debatia para que Ian a soltasse. "Insolente! Mãos para baixo, seu brutamontes!"
"Oh, que fada de boca suja nós temos aqui, não concorda?" Os olhos vermelhos de Ian se estreitaram, insinuando que ele poderia arrancar as asas emplumadas dela se ela ousasse falar mais alguma grosseria diante da garota.
"Tch!" O Sulix estalou a língua, quase cuspindo nele de raiva mas desviou seu olhar fulo de Ian para a garota ao lado dele. "Aquela garota!" Ela empurrou a mão de Ian com muita força e voou até Elise, examinando seu rosto. "Oh céus! Essa garota não é a doce criança?!"
Elise encarou o Sulix que era do tamanho do seu rosto em um grande transe; ela não conseguia se lembrar claramente da sua infância, mas nunca tinha visto nada além de fantasmas e espíritos malignos tomando formas como sombras ou animais com olhos vermelhos ardentes. Ela nunca tinha visto fadas e ao contrário do que imaginava, elas falavam a língua humana muito bem.
O Sulix estendeu a mão em direção a Elise, mas Ian prontamente segurou suas asas e a afastou. "Com licença, pequeno ser. Esta garota é minha. Você sabe que eu realmente não gosto que ninguém toque nas minhas coisas, não é? Então, por favor, cuide de suas mãos." Ele falou com um sorriso leve, mas seus olhos não estavam sorrindo nem um pouco.
"Você!" O Sulix encarou com seus olhos verdes mas foi rapidamente afastado por Ian antes dele fechar a janela com um estrondo. A pequena mão do Sulix bateu poderosamente na janela e ela exclamou. "Maldito seja!"
"De nada. Também foi um prazer conhecê-lo." Ian ignorou as maldições do Sulix e voltou a sua atenção para Elise. "Então, o que você quer ver outra vez? Os Sulix estão por toda parte e você poderá vê-los de vez em quando, mas eles não são a melhor coisa para se ver. Você quer ver mais alguma coisa?" Ele olhou por cima do ombro dela e só viu outros três Sulixs e recostou-se em seu assento. "Ainda não há muito o que ver, você poderá ver os outros mais tarde. Quando chegarmos."
Os olhos de Elise brilharam enquanto ela acenava com um sorriso caloroso. Outra coisa que ela aprendeu ao observar Ian por uma semana era que ele é um homem de palavra. Se ele prometesse algo, não voltaria atrás e ela mal podia esperar para ver mais seres que seus olhos azuis pudessem ver.
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