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~ SASHA ~
A van era uma maravilha. Como algo saído da caverna do morcego. Atrás do banco dela uma plataforma foi erguida até o teto que ela suspeitava ser uma cama. Mas aí terminava qualquer tipo de atualização normal.
O exterior das janelas tinha sido borrifado com logotipos e sinalizações, como se fosse um veículo de manutenção verdadeiro. Mas isso apenas impedia que o interior fosse visível para quem olhasse de fora. E este interior precisava ser escondido.
A parede inteira do lado oposto era pouco mais do que um banco de telas de computador e tecnologia, com um tablet encaixado em um suporte ao lado de fones de ouvido e vários pedaços de tecnologia que ela não conseguia identificar. Havia pequenos apoios e dobradiças em vários pontos que diziam a ela que aquilo era mais do que apenas uma parede de veículo. E em cada extremidade, armários seguros quase grandes suficientes para ela rastejar para dentro estavam soldados, com teclados numéricos para abrir.
O que havia dentro daqueles?
O chão era laminado que a fazia lembrar de sua cozinha, e uma cadeira de escritório com rodinhas estava amarrada à porta traseira.
Pela primeira vez, estava ficando claro para Sasha que Zev poderia não ter a deixado só porque queria. Que ele talvez não tenha ido viver uma vida normal em outro lugar.
Que ele poderia ser perigoso — mesmo para ela.
"Zev—"
"Apenas fique quieta, Sash," ele murmurou. "Se conseguirmos sair daqui sem que eles saibam, estaremos mais seguros. Depois eu posso falar. Mantenha a cabeça baixa e reze." A van arrancou para frente e ele xingou, mas continuou num ritmo tranquilo, embora estivesse olhando pelo estacionamento enquanto dirigia.
Ela segurou a respiração.
Havia homens perseguindo-os — ele? Ela? Ambos? Homens que, presumivelmente, também tinham vans com computadores e...
"Em que você está envolvido, Zev?" ela murmurou em voz baixa. Ela não achava que ele conseguiria a ouvir acima do rugido da van. Mas os ombros dele se tensionaram.
"Eu vou explicar, prometo. Só seja paciente."
Ela encarou a parte de trás da cabeça dele. Paciente? Ela tinha esperado cinco anos! Mas engoliu a reclamação. Se aqueles homens eram tão perigosos quanto ele dizia, ela não queria distraí-lo.
Eles rolaram pelo estacionamento e subiram a rampa em espiral até o nível da rua, onde havia uma fila de dois carros esperando para passar pela barreira para a rua.
Ela não falou e nem Zev, embora ele tenha verificado cada centímetro do estacionamento — e a verificou no espelho retrovisor.
Por uma fração de segundo, seus olhares se encontraram novamente, e o fôlego dela escapou. Havia um apelo no olhar dele. Apelo, e aviso, e medo e... calor. O calor suave e quente que ela reconhecia, que ele sempre tinha ao olhá-la antes.
Esse olhar a atingiu na parte baixa da barriga e fez seu coração acelerar ainda mais. Mas ele desviou o olhar e voltou a examinar o estacionamento escuro ao redor deles. Então o carro à frente passou pela barreira e ele avançou até a cabine e abaixou a janela, descansando o braço sobre a porta casualmente e entregando um bilhete.
Sasha olhou para trás. Não havia ninguém esperando atrás deles.
"Ei," uma voz masculina disse fora do campo de visão de Sasha.
Zev inclinou a cabeça. "Cadê o Patrick?" ele disse, amigável, sem ameaças. "Ele tá doente? Ele parecia bem ontem."
"Ah, a mulher dele tá tendo neném," o cara respondeu.
"É?" Então Sasha sentiu aquilo, aquela tensão estranha, pressão no ar — poder. Assim como de volta no apartamento, algo emanava de Zev que a fazia se mexer na cadeira. Ele ainda tinha o braço sobre a janela aberta da van, mas ela viu os músculos na parte de trás de sua mandíbula tremerem. "Patrick não tem esposa. Ele é gay."
Houve um segundo gelado onde o coração de Sasha pulou na garganta, então o caos se instaurou.
Ele era tão rápido. Incrivelmente rápido. E forte.
Fortíssimo.
Zev fluía pela janela e meio que para fora da van, um rosnado gutural surgindo de sua garganta. O cara gritou algo e o corpo de Zev balançou, então, impossibly, ele estava se puxando de volta para o carro, os ombros quase não se esforçando enquanto ele arrastava a metade superior do cara consigo, deixando as pernas do estranho ainda na cabine, seu corpo meio dentro e meio fora da janela da van, mas preso porque a janela era pequena demais para mais do que se contorcer.
Socos voaram, e a van tremeu. Sasha tentou saltar do assento, mas estava presa pelo cinto de segurança. Ela o desafivelou e se arrastou para a frente.
"Volte!" Zev rosnou para ela enquanto ele torcia o pescoço do cara para cima na própria camisa.
Os ruídos estranhos vinham da garganta do cara e seu rosto estava vermelho-sangue, virando roxo. Ele batia os punhos em Zev, ou tentava, mas no espaço apertado da van, ele não conseguia se preparar — e aparentemente, dado o jeito que seu rosto estava inchando e as veias estavam saltadas em sua testa, ele também não conseguia respirar.
O homem começou a se debater como um peixe, alcançando o pescoço de Zev, os dedos cavando a traqueia de Zev até que ele foi forçado a soltar a camisa que usava para estrangular o homem com uma mão, para agarrar e torcer o pulso do cara.
Sasha ouviu um estalo doentio.
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