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CAPÍTULO 23 - PERCEPÇÃO DE ORGULHO

– "Devo confessar de forma sincera, sua despreocupação é uma qualidade invejável."

Com a voz firme que ouviu ecoar em sua alma, Mizu acordou daquele que tinha sido seu melhor sono dos últimos dias.

Se pondo sentado no banco branco de forma repentina, deu espaço para que o grande homem de cabelo branco se sentasse novamente da mesma forma na qual estavam antes dele partir para dentro dos prédios.

Em suas mãos, o homem de cabelo branco e aparência amedrontadora carregava uma grande xícara junto a bolos brancos que Mizu não podia reconhecer apenas pelo cheiro e aparência.

– "Muito obrigado por isso." – Mizu segurou tudo que estava sendo dado pelo homem.

Se sentando ao seu lado, o homem também bebia aquilo que estava na xícara. Se tratava de um chá comum feito com uma planta de efeito relaxante, algo comum no país estado dos grandes muros.

– "Então, estamos prontos para o próximo passo." – O homem levantou novamente a fala, completando: – "Seja bem vindo ao meu mundo, eu sou o Polano."

Levantando os braços em alta vangloria, o homem aumentou ainda mais sua presença firme que pairava naquele lugar como um peso ao ar que rodeava toda a cidade.

Com o olhar baixo, Mizu se defendia para que pudesse ter a certeza de viver ao final de toda a situação onde estava.

Aproveitando do Chá, provou também do bolo, algo que tinha o gosto similar a algo feito a partir do mel

– "Isso é realmente bom." – Mizu disse, emanando brilho em seus olhos.

– "Fico feliz que tenha gostado, costumava fazer para comer sozinho e não tive retrospectos assim recentemente."

Mesmo sendo uma fala despreocupada e com tom leve, aquele homem por nome Polano, tirou de Mizu uma expressão de dúvida em relação a sua fala.

Deixando de lado todo o medo que ainda o consumia pelo peso da presença do homem à sua frente, Mizu se virou de forma reta ao olhar penetrante e firme do homem de cabelos brancos.

– "Não é querendo ser inconveniente mas, você está sozinho aqui todos os dias?"

Sorrindo, o homem estendeu seus braços para o alto como se estivesse os esticando.

– "Dias são um conceito diferente em cada lugar. Acho que você mesmo percebeu que aqui não é o mesmo mundo no qual você vive normalmente, certo?"

Olhando ao redor, Mizu hesitou em responder de forma rápida a pergunta do homem. Ao mesmo tempo que sua resposta parecia óbvia, se tornava duvidosa ao observar com cautela tudo ao seu redor.

Por mais da diferença de pessoas e clima, aquela era uma cidade completa. Eram prédios enormes que rodeavam a praça, assim como também era no país dos grandes muros de onde tinha acabado de sair.

– "Julgando pela forma como vim parar aqui, acredito que esse não seja meu mundo."

– "Você está certo, porém não totalmente." – O homem disse, se pondo lentamente de pé.

Estalando os dedos, tudo ao redor do banco onde eles estavam sumiu, se tornando apenas aquela mesma luz branco que Mizu tinha percebido ao ser lavado para aquele lugar a pouco tempo atrás.

Diferente da última vez, aquela luz não queimava ou fazia doer a vista. Era uma luz comum como a de um candelabro que iluminava as mesas de jantar de sua vila de infância.

– "Onde estamos?" – Mizu se afundou no banco, evitando deixar qualquer parte de seu corpo para fora dele.

O homem à sua frente parecia pisar no vazio e mesmo assim se manter de pé. Não era como se ele voasse ou flutuasse, era praticamente como pisar em algo invisível aos olhos do garoto de cabelo azul.

– "Você está com medo mesmo? Você parece legal e ridículo ao mesmo tempo." – O homem zombou de Mizu, o encarando de forma firme.

Mudando tudo ao redor deles, o homem deu forma a toda a luz branca. Aqueles lugares que antes eram prédios tinham se tornado casas de madeira e poços de água. Basicamente transformando a cidade tecnológica em uma vila simples e carismática.

– "Seu trono, sumiu…?" – Aquela foi a primeira coisa que Mizu pôde perceber.

– "Ah, aquilo não é importante agora. Eu sou um 'Rei' apenas para os arrogantes."

A única coisa que foi levada do cenário antigo para esse novo cenário era o banco branco no qual Mizu estava sentado com seu corpo totalmente abraçado em si mesmo.

Se sentando novamente ao lado de Mizu, o homem estalou seus dedos para que o banco virasse para o lado onde estavam as casas da vila.

– "O tempo aqui passa independente de qualquer coisa, porém no seu mundo normal está praticamente parado. Acredito que enquanto espero por alguém durante anos, para vocês se passaram alguns dias ou horas." – O homem disse de forma leve, relaxando o corpo sobre o assento do banco.

– "Isso quer dizer que você vai morrer antes de ver muitas pessoas na sua vida?"

– "Ha ha ha ha, você é engraçado."

Mizu se viu confuso após ser respondido com risos fortes e incontroláveis pelo homem, que lançava seu corpo para todos os lados enquanto ria.

Se mantendo daquela forma por minutos, o homem não conseguia parar de rir, chegando ao ponto de soluçar com tantos risos agudos que tampava sua respiração

– "Ai garoto, você ainda não percebeu?" – Controlando o riso, o homem se virou para Mizu, o encarando de forma fixa.

– "O que eu devia ter visto?" – Mizu respondeu, encarando o homem de forma séria, devolvendo aquele mesmo olhar fixo.

– "Não é sobre ver, é sobre perceber. Normalmente a coisa mais fácil para quem vem até aqui é perceber que não sou uma pessoa viva."

O homem disse de forma leve, porém causou um grande medo no garoto de cabelo azul que o encarava. Era algo similar ao medo de sua presença, porém desta vez, era algo relacionado à percepção do garoto sobre o homem à sua frente.

Ouvindo a fala do homem, Mizu praticamente se lançou para fora do banco. Sua expressão evidenciava seu medo e sua insegurança sobre o homem à sua frente. No fundo, ele tentava aos poucos se colocar em posição de luta, porém tinha um medo que o impedia totalmente de mover bruscamente o corpo.

– "Sinceramente, você é bem mais imaturo do que imaginei." – O homem fechou sua expressão que antes era descontraída.

– "Vocês vivem repetindo isso, mas eu já cansei de ouvir coisas como essa!" – Mizu finalmente deixou seu medo para trás, se pondo em posição de luta.

– "Me lembro de você dizer que não tinha medo de mim por estar desarmado e não ter chance de vitória. Nesse momento é sua palavra contra sua ação."

Se levantando lentamente, Polano se sentou no braço do banco de madeira, encarando Mizu de forma firme e séria, transmitindo a forma mais sincera de sua decepção em relação às ações do garoto à sua frente.

Mizu por sua vez perdia cada vez mais o sentido em suas ações. Sua própria mente o mandava agir de outra forma, porém ele não podia se render a uma auto humilhação de assumir seu próprio erro.

– "Isso não importa mais, isso é minha honra em jogo."

– "É uma luta de honras?" – O homem perguntou, terminando de tomar do chá em sua mão

– "Sim." – Mizu respondeu de forma firme, se preparando de forma definitiva para lutar.

– "Então não tenho motivos para lutar com você."

Após dizer de forma firme, o homem se sentou novamente no banco de madeira, fazendo com que Mizu se visse em total dúvida e medo. Por mais de ter tecnicamente vencido a luta, Mizu sentia o sentimento de derrota bater forte a seu coração.

Dando uma chance para abrir sua própria alma e mente, Mizu deixou de lado sua pose de luta, caminhando para sentar novamente no banco.

– "Porque você desistiu de uma luta?"

– "Primeiramente, nós não somos inimigos, não há motivos para que eu aceite um combate com alguém que ainda admiro mesmo que a cada segundo ele perca um pouco disso."

O homem respirou fundo antes de terminar sua fala, porém somente aquilo que já tinha dito fez com que Mizu abaixasse sua cabeça para encarar o chão e desviar sua mente de um olhar fixo aos olhos do homem.

– "Segundamente, eu não estou vivo a muitos anos e também nem envelheço ou tenho fim nesse mundo criado para mim, não há uma honra para manter aqui."

Abaixando todo o clima de hostilidade e superioridade, o homem de cabelo branco e olhar firme se colocou como um verdadeiro humano, com medos, decepções e problemas. Mesmo não tendo a morte como uma preocupação, a eternidade parecia o corroer um pouco mais a cada dia que se passava.

Mizu, que ainda encarava o chão, chorou. Ele percebeu que assim como o homem ao seu lado, sua honra não existia. Diferente do motivo da morte, Mizu por conta própria feria sua própria honra e se tornava obcecado por seus objetivos a ponto de não entender a importância do caminho para chegar até eles.

– "Ah, eu sou um idiota."

– "Não seja patético em se condenar por apenas um momento de fraqueza."

– "Não é sobre agora, é sobre tudo que eu devia ter feito de outra forma até agora." – Mizu levantou seus olhos para admirar o céu azul, porém o que antes era o céu, agora se mantinha sendo apenas uma forte luz branca que preenchia toda a parte superior daquele mundo.

Acompanhando o olhar do garoto, Polano percebeu a falta que havia em ter um céu. Por conta de seu costume com seu novo mundo, ele tinha esquecido da importância de diversas coisas rotineiras para o mundo comum.

Levantando os braços, estalou os dedos, fazendo a luz branca do alto se transformar em um lindo pôr do sol avermelhado.

– "Agora a luz nos acompanha de forma leve novamente."

– "Você é o Rei daqui, porém te faltam príncipes." – Mizu manteve seu olhar alto mesmo com a mudança do céu.

– "Você mudou de postura repentinamente."

– "Não. Estou apenas percebendo as coisas que me trouxeram a essa insegurança de agora, porém não vai demorar para que eu volte a ser aquele garoto inconsequente."

– "Isso não é de todo mal, você pode mudar."

Abaixando o olhar para os olhos do homem, Mizu sorriu, evidenciando as lágrimas que caíam de seus olhos.

– "Tudo bem, eu agradeço por isso, Rei."

– "Não me chame de Rei, prefiro Majestade."

Sorrindo em resposta ao garoto, o homem se fez a disposição para um abraço, sendo respondido da mesma forma por Mizu, que firmemente o abraçou.

– "Você realmente não está vivo?" – Mizu perguntou ainda se mantendo no abraço.

– "Acho que está na hora de explicar para você o porque você veio para cá."

Saindo daquele caloroso abraço, os dois se mantiveram em uma grande distância, estando cada um em um extremo do banco. A partir daquele momento, Polano abriu sua boca para falar de forma séria com Mizu.

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