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Capítulo 1: O início?

Abril, é nesse mês do ano em que as flores das árvores de cerejeiras desabrocham, é no 4° mês do ano que eu consigo apreciar as cerejeiras presencialmente, e sinceramente, eu amo ficar observando a beleza dessa espécie. 

Atualmente estou fazendo isso, mas enquanto caminho para o Centro Acadêmico Especial de Yokohama (CAEY), onde começarei o ensino médio.

Estou caminhando em direção à escola para verificar se eu consegui passar os exames de entrada, que são a única forma de ser aceito na escola para alguém da minha classe socioeconômica.

O tempo passa tão rápido que nas férias eu completamente esqueci que já estou no ensino médio, como se eu estivesse avançado no tempo.

Não diria que eu estou nervoso sobre o início das aulas, mas nunca se pode ter a certeza de que eu vou fazer amigos, receber notas aceitáveis ou praticar alguma atividade extracurricular com excelência.

Como essa escola fica perto da minha casa, caminhar para a mesma não é uma tarefa tão difícil quanto poderia ser. Nesse caso demoraram por volta de 15 minutos para chegar no destino.

Entrando na escola, percebo que algumas pessoas estão extremamente emocionadas, tais indivíduos provavelmente conseguiram entrar na escola, que por sinal, é uma grande conquista.

A escola é incrivelmente bonita, para dizer o mínimo. A junção de madeira com mármore faz dela ser uma das mais estilosas do Japão no meu ponto de vista.

Algo para ressaltar é que o quadro com os nomes dos alunos é surpreendentemente menor do que eu imaginava, passar nesses exames realmente deve ser um trabalho árduo.

Meu sobrenome começa com a letra U. Logo, posso inferir que meu nome deve estar entre os primeiros do quadro.

"Encontrei meu nome, posso dizer que passei no exame." Eu disse quando o nome Ayato Unten estava no quadro com todos os alunos que passaram nos exames de entrada.

"Nossa, você realmente não parece estar tão animado por passar em uma das escolas de ensino médio mais concorridas do Japão inteiro.", diz alguém desconhecido atrás de mim logo depois de eu ter falado aquilo.

Essa pessoa começa a dar pequenas risadas enquanto eu tento pensar se a reconheço pela sua voz.

Ela suspirou levemente enquanto me esperava olhar em direção à mesma.

Eu viro em direção dessa pessoa, e percebo que na minha frente há uma garota da minha idade. Ela é radiante, demonstra muita confiança e claramente tem a habilidade de chamar a atenção de todos por perto, principalmente os meninos.

Com seu cabelo loiro e chamativo, o seu corpo elegante e também suas pupilas com um tom de rubi, não é à toa que as pessoas ao meu redor estão subconscientemente encarando ela. 

Fico alguns segundos sem falar absolutamente nada, apenas olhando para ela enquanto as flores das cerejeiras continuam a desabrochar.

Percebo que enquanto seus cabelos são tão claros quanto o rosa das flores de cerejeiras, seus olhos vermelhos dão um contraste muito aparente no cenário.

Finalmente decidi respondê-la, para não deixá-la no vácuo e também para perguntar mais sobre o motivo de alguém como ela vir falar comigo

"É apenas porque eu tinha um pressentimento que ia passar desse exame de qualquer jeito. Mas gostaria de perguntar, quem é você?"

Com o vento ficando ainda mais forte, e com uma postura um pouco mais confiante que antes, essa garota fala com um tom alto: "Meu nome é Akari Hashimoto, muito prazer em conhecê-lo. Pelo que me parece, você é o tal gênio chamado Ayato Unten que está entrando nessa escola nesse ano, estou certa?"

Gênio é um apelido que não me chamam com tanta frequência quanto antigamente, considerando que era muito comum receber esse adjetivo quando eu ainda era uma criança.

"Eu não me lembro de ser considerado um gênio por ninguém, e como você sabe quem eu sou?"

"É… é que você é bem famoso aqui, tá?", foi o que a senhorita Hashimoto falou, com um tom defensivo e ao mesmo tempo de incerteza. Ela inesperadamente começou a ficar nervosa logo depois do que disse.

Por que será que uma pessoa como a senhorita Hashimoto veio falar comigo? Ela precisa me avisar de algo? Ela quer fazer uma pergunta para mim, ou só gostaria de ter uma conversa casual com um estudante aleatório da mesma escola?

"Eu receio que não sou tão famoso quanto você pensa. Mas a senhorita tem algum motivo para vir conversar comigo? Me parece que você veio com um outro propósito em mente."

A expressão facial dela muda drasticamente, muda para uma de preocupação ou de receio. Sinto que ela não vai falar algo prazeroso para ela. 

"Na verdade, sim. Gostaria de falar sobre o que aconteceu há alguns dias atrás." Com hesitação, ela continua. 

"Eu estava lá no acidente quando ele aconteceu, foi extremamente triste ver tudo aquilo simplesmente se desmoronar. Foi então que eu consequentemente te encontrei lá, no ápice do acidente. Conseguia perceber que você estava tão preocupado quanto eu. Apenas gostaria de saber se você e seus pais estão bem."

"Então você já sabe o que aconteceu com eles. Seria inevitável que várias pessoas saberiam sobre os meus pais, o que ocorreu naquele dia foi alvo de notícias em todos os jornais de Yokohama, afinal."

"Não foi isso! Foi que eu os encontrei lá naquela escola, mas não consegui fazer nada para salvá-los. Eu gostaria de ter feito algo, mas outra pessoa… o senhor Nagumo, chegou lá antes de mim, sinto muito."

A senhorita Hashimoto se curva como se estivesse se sentindo culpada de não conseguir socorrer os meus pais.

Lágrimas escorrem pelo rosto dela. Não é nada fácil ter memórias sobre o acidente. Até alguém como eu demorou a superá-lo, mesmo que ninguém tenha se ferido gravemente, sem contar com o– 

"Mas você sabe se o Senhor Nagumo está bem?", a Hashimoto perguntou logo depois de se curvar. Preocupada, ela continua a falar. "Eu não ouvi ninguém dizer sobre ele até agora, só gostaria de saber se o acidente causou algum problema maior que o blackout em Yokohama."

"Não se preocupe com isso. Ele agora está internado, mas eu o visitei várias vezes. E os meus pais não tiveram muitas dificuldades além de problemas respiratórios."

"Que bom, eu estou muito grata por você cuidar deles, Unten."

 A senhorita Hashimoto começa a sorrir de alegria e de alívio. Ela faz um sorriso muito chamativo e inocente, que só de ver o rosto contente dela, eu automaticamente também me sinto feliz.

Por um tempo, ficamos nos olhando. Sem pensar em nada, apenas sorrindo.

Quando finalmente volto aos meus sentidos, decido mudar de assunto considerando que estou com dúvida sobre algo que vi no quadro.

"Eu gostaria de perguntar, estamos na mesma sala? Seu nome é meio familiar do quadro que vi.

"É o que parece. Vamos ficar na 1-B a partir do dia 8 de Abril."

"Você conhece mais alguém que vai estar na nossa sala? Pelo que parece, só conheço mais uma pessoa."

A senhorita Hashimoto fica pensativa com a pergunta, mas depois de alguns segundos responde: "Não faço ideia de nenhum desses além de você."

Pensava que ela era popular o bastante para conhecer pelo menos alguma pessoa da nossa sala. 

Olho o horário no meu celular para saber se já está na hora de sair da escola.

"Suspiro… Enfim, está ficando tarde. Preciso voltar para a minha casa. Gostaria que eu te acompanhasse até onde você mora, senhorita Hashimoto?"

"Ah… não vou precisar neste momento. Mas me promete que depois vai fazer isso!" 

"Eu já ia oferecer minha ajuda de qualquer jeito, não preciso fazer nenhuma promessa." 

A senhorita Hashimoto começa a fazer beicinho por eu ter rejeitado sua oferta de fazer uma promessa. Logo depois, ela se recompõe e me impede de ir embora continuando a conversa.

"Antes de partir, gostaria que você começasse a me chamar pelo meu primeiro nome daqui para frente. Pode ser assim? Vai ser mais fácil para mim."

"Seu primeiro nome?"

Querer que outra pessoa te chame pelo seu primeiro nome é algo impensável quando vocês acabaram de se conhecer, isso deixa essa cena ainda mais fora de lugar.

"Não gostaria de ser grosseiro, mas é a primeira vez que nos conhecemos, não posso simplesmente te chamar pelo seu primeiro nome."

Ainda não consigo compreender as verdadeiras intenções dela, essa conversa já foi o bastante para a senhorita Hashimoto me considerar um amigo bem próximo? 

"C… como bem entender. Bom, agora eu também vou precisar sair daqui, mas foi muito bom te ver."

Logo depois de ter falado isso, a Hashimoto inesperadamente começa a se aproximar de mim para sussurrar no meu ouvido.

"Que bom que você está bem, Unten. Nós vamos nos ver de novo~"

Sem falar mais nada, ela vai andando até o portão da escola, sem virar mais a cabeça para me ver.

Eu sou deixado no meio da escola, paralisado logo depois de ouvir o sussurro dela. O que me resta é querer saber o motivo para a Hashimoto ter feito isso, mas pelo que parece, ainda vou demorar para descobrir.

Em um dia claro, enfeitado pelas cerejeiras e pelo canto dos pássaros, e em uma das escolas prestigiadas do Japão, eu conheci a Akari Hashimoto pela primeira vez.

"Hmm… Akari Hashimoto, ela é uma pessoa bem misteriosa, mas é nesse mistério que pode-se encontrar o charme dela."

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