New York, 2020
São quase 4 da madrugada e Steve ainda está de vigia, na sacada de um grande prédio da cidade de Nova Iorque, no bairro do Bronx. O frio não é um grande problema para ele, pois usa um uniforme especial, da cor preta com alguns detalhes em laranja, que mantém o seu corpo em uma temperatura ideal e que foi projetado por um velho amigo seu, Billy Stones.
A poucas horas atrás ele acordou em seu apartamento no Brooklyn, com o seu alarme de crimes disparado, apontando para a mesma região em que ele está agora, sinal de que haveria algum crime acontecendo por ali. Mas, depois de muito tempo esperando algo acontecer, frustrado, ele então decide ir embora e tomar café em uma padaria próxima de seu prédio, como de costume. Porém, ao usar um de seus equipamentos, um binóculos que trazia em uma mochila vermelha e preta, notou algo totalmente estranho na rua.
Próximo à um mini ônibus preto, que estava estacionado na rua, havia um grupo de jovens ajoelhados no chão da calçada, com alguns homens armados e vestidos com uma roupa preta atrás deles. Deveriam ter acabado de chegar, pois Steve ainda não os havia visto ali. Ele retirou uma tirolesa que possuía em sua mochila e mirou em uma barra de ferro, em seguida, desceu do prédio até o chão, para ver o que ocorria.
Ao colocar os pés no asfalto da rua, Steve percebeu que aquilo se tratava de um sequestro, pois os jovens estavam amarrados e com fita adesiva na boca, alguns deles até choravam e estavam assustados com a situação. Ele olhou ao redor e não viu mais nenhum daqueles homens com roupa preta por ali, pois certamente, os criminosos viram ele descendo pela tirolesa e logo sairam dali, levando o mini ônibus junto com eles. Steve ligou para a polícia e desamarrou os quatro jovens, que eram dois rapazes e duas moças e começou a procurar pelos possíveis sequestradores. Depois de alguns minutos procurando pelas ruas e esquinas próximas dali, não encontrou nada suspeito e como já se passava das 5 da manhã, ele resolveu ir tomar café na padaria, logo depois que a polícia chegou, para ajudar aquelas pessoas.
-- E aí, Steve? Noite difícil? -- Perguntou Billy Stones, um amigo de Steve e também detetive da polícia, que sempre tomava café naquela mesma padaria. Ele estava vestido com o seu tradicional sobretudo preto e usava um chapéu marrom sobre seu rosto pálido e enrugado. Era um cara de caráter, um incrível detive de 59 anos de idade. Steve porém, era um jovem robusto, com 25 anos de idade. Era alto, de pele clara e cabelos pretos, fazendo contraste com os seus olhos castanhos.
-- Pra falar a verdade, foi uma madrugada para lá de difícil! -- Respondeu Steve, tomando uma xícara de café logo em seguida.
Steve pegou um jornal que havia sobre a mesa e começou a folheá-lo.
-- Impressionante! -- Disse Steve olhando para uma certa materia, na qual o título dizia: " 13 de agosto de 2020, Quinta-feira - Guangue de sequestradores é avistada no bairro do Bronx. O Justiceiro de Nova Iorque parece não dar conta desses tais criminosos."
-- O que foi, Steve? -- Perguntou Billy.
-- Os jornais ja estão falando sobre os tais sequestradores do Bronx!
-- É sempre assim! A mídia sempre chega primeiro! -- Billy falou, tomando um gole de café em seguida.-- Foram eles que tiraram o seu sono?
-- Foi. Eu só não tive a oportunidade de ver quem eles eram! -- Steve disse, colocando o jornal sobre a mesa. -- O que eu não entendo é o por quê que eles deixarem os reféns e foram embora no ônibus?
-- Vai ver, eles só querem chamar atenção.-- Billy comentou. -- Esses caras estão sendo um grande problema lá no departamento, sem contar com os contrabandos da fronteira.
-- E de quem eles querem chamar a atenção? -- Perguntou Steve.
-- Vai saber! Respondeu Billy -- A sua talvez! Ou quem sabe a da mídia né? -- Completou Billy, dando um pequeno sorriso.
Os dois ficaram por alguns minutos em silêncio, apenas degustando umas rosquinhas de chocolate que faziam um enorme sucesso na região e tomando o café, pra acompanhar. Billy então, quebrou o silêncio, fazendo uma pergunta que Steve odiava responder:
-- Então, Steve, e o seu irmão? Não vai atrás dele?
-- De novo essa pergunta, Águia? -- Respondeu Steve, franzindo a testa. Águia era o apelido de Billy, inventando por Steve, devido à ele ser um detive muito bom. -- Eu já falei um monte de vezes... O Vincent está melhor sem mim!
Neste instante, Billy terminou o seu café e as rosquinhas também. Olhou em seu relógio de pulso, no qual marcava quase 6 e meia da manhã, colocou um dólar na mesa para pagar o café e se levantou para sair, pois logo teria de estar na delegacia.
-- Sei não Steve, com esses sequestradores de jovens por aí... Seu irmão é um alvo fácil! Ainda mais, se eles descobrirem que ele é seu irmão! -- Billy disse, se levantando da cadeira. -- Mas de qualquer jeito, eu vou nessa, Steve, se cuida! -- E então, saiu.
-- Pode deixar, Billy. -- Falou Steve, olhando pro homem esquisito que saia pela porta, vestido com um sobretudo preto e um chapéu marrom, quase escondendo o rosto.
Steve colocou o jornal sobre a mesa e chamou uma das garçonetes, para pagar a conta. Ao pagar, agradeceu brevemente a moça, pegou a sua mochila e saiu do estabelecimento. Seria mais um dia normal na vida do justiceiro. Ele iria para sua oficina de motos, fazer uma grana extra e à noite, como sempre fazia, iria procurar criminosos, principalmente aqueles sequestradores, que não saiam de seus pensamentos.
Caminhando pela calçada, todas as pessoas o olhavam, pois sabiam quem ele era. Não com olhares de medo, mas sim, de admiração. A cidade inteira o considerava um super herói. Até mesmo o governo gostava dele, o ajudando com uma certa quantia em dinheiro por mês, para investir em equipamentos e moradia. Porém, o dinheiro não é suficiente para arcar com as suas despesas e por isso, Steve tem de trabalhar como mecânico, consertando motos e carros em sua pequena oficina no Brooklyn. Ele até tem uma moto, da cor vermelha com alguns detalhes em preto. Ele cuida dela como se fosse um filho e a usa com muita frequência, para chegar rapidamente em locais distantes da cidade, pois ela corre muito mais rápido do que qualquer outra no mundo. Obra de seu amigo, Billy Stones.
Steve deixou a moto estacionada à poucas quadras da padaria, em frente ao prédio em que ele morava. Seguindo em direção àquele prédio, ele pode ouvir umas sirenes de polícia, de algumas viaturas que estavam passando naquela avenida, por sinal, em alta velocidade. Ele então, começou a correr para ver se alcançava elas, obviamente, depois de pegar sua moto. Ele ligou a chave na ignição e pilotou ela, seguindo às viaturas, que pareciam estar em um racha na avenida.
-- Billy, qual o problema? -- Perguntou Steve, descendo da moto, ao chegar na famosa Ponte do Brooklyn.
-- A ponte foi interditada, Steve! -- Disse Billy Stones, dentro de uma viatura, pegando seu telefone do bolso da calça. As viaturas chegaram em seu destino, na ponte, onde estava acontecendo algo totalmente incomum. -- Era tudo parte do plano, Steve! Os sequestradores... A gangue do amanhã... Os roubos na fronteira...
-- Que plano? Do que você está falando, Billy? -- Perguntou Steve confuso.
-- Não dá para explicar agora, Steve, apenas confie em mim! Tire as pessoas da ponte e se proteja! -- Billy falou, se afastando do carro com o telefone no ouvido, falando com alguém. Steve subiu no capô do carro, para poder ver o que estava acontecendo na ponte e então, pode compreender...
Um homem estava voando sobre os carros, enquanto podia se ouvir os tiros da polícia contra ele. Steve desceu do carro, pegou sua arma na cintura e correu em direção ao meio da ponte, onde estava acontecendo isso.
Ao chegar, viu várias pessoas caídas no chão, algumas feridas, outras sem vida. Ele se aproximou e atirou algumas vezes contra aquele homem, mas as balas não o danificavam de forma alguma, parecendo possuir um tipo de escudo invisível.
-- Mas o que está acontecendo aqui, Denny? -- Perguntou Steve para um policial que estava a seu lado, Denny Klain, que era um amigo antigo dele. -- Quem é esse cara?
-- Não sei o que é isso Steve, mas...
-- Naaaaão!!!
QAntes que Denny pudesse completar o que ia dizer, ele foi puxado para o alto e jogado no rio. Steve ficou sem entendender o que acabara de ver, até que também foi puxado para o alto, mas desta vez, para perto do homem misterioso que estava voando. Perto de um carro, no asfalto da ponte, Steve viu um homem esquisito, apontando uma das mãos para ele, como se estivesse o fazendo levitar com a mente.
--Quem é você? -- Perguntou Steve, flutuando sobre a ponte, de frente para o homem assustador, que também estava no alto.
-- Não está me reconhecendo, Steve? -- Disse esse homem, que estava usando uma capa roxa, com um capuz da mesma cor sobre o rosto. Sua pele era muito alaranjada e seu rosto, a parte visível debaixo do capuz, era todo deformado, com um sorriso meio que macabro nos lábios.-- Onde está o seu pequeno irmãozinho? -- Ele completou.
-- Eu não sei do que está falando, nem sei quem você é!
-- Não se faça de idiota Steve! Vai dizer que não se lembra se mim? -- Disse o homem, colocando a mão no capuz para tirá-lo. Ao mostrar seu rosto, com aquele sorriso perturbador, Steve quase desmaiou, literalmente. O monstro que destruiu a sua família estava de volta e iria destruí-lo também, ali mesmo, na Ponte do Brooklin. Seria o seu fim, o pior de todos, igual a seus pesadelos, até que...
Algo passa voando muito rápido, levando o monstro com ele. Steve caiu rapidamente no asfalto da ponte. Olhou a sua volta e viu que aquela pessoa que apontava para ele havia sumido também, pois certamente foi ajudar aquele monstro. Mesmo com muita dor, ele se levantou do chão e se apoiou em um carro que estava parado próximo dele. Ele subiu no capô desse carro, para ver aonde o monstro foi parar e ao longe, ele pode ver dois vultos brigando, um estava voando sobre a ponte e o outro no asfalto, atirando algumas coisas esquisitas que saia de suas mãos, parecidas com fogo.
Steve pensou em ir até lá, mas o bom senso o fez pensar que morreria no ato. Seguiu então, o conselho de seu amigo e começou a tirar as pessoas da ponte, juntamente com os policiais que estavam por lá. Haviam muitas pessoas na ponte e o congestionamento dos carros atrapalhou muito a saída deles.
Algumas pessoas choravam e outras até desmairam, por conta daquele show assustador: Os dois seres misteriosos lutando, os corpos das pessoas que morreram espalhados pelo chão e os gritos das que estavam com medo de ter o mesmo fim.
-- Vamos pessoal! Por aqui! -- Dizia Steve, mostrando um caminho seguro entre os carros para aquelas pessoas saírem. Pouco a pouco, com a ajuda de alguns policiais, ele retirou boa parte das pessoas da ponte, até que ouviu alguém gritar desesperado por ajuda: -- Socorro! Por favor, me ajuda Steve!
Era uma mulher, que estava dentro de um carro prestes a cair da ponte. Dentro deste carro estavam ela, seu filho adolescente no banco da frente e uma bebê na cadeirinha.
-- Por favor! Não me deixa morrer! -- A mulher dizia, olhando para Steve com o rosto molhado em lágrimas.
Steve sempre foi um cara bom e daria a sua vida, se fosse preciso, para salvar as pessoas, mesmo se não as conhecesse. Sem pensar muito, ele colocou as duas mãos no parachoque do pequeno carro, que estava escorregando aos poucos para fora da ponte e mesmo com a dor por todo o seu corpo, ele conseguiu manter o carro imóvel por tempo suficiente, para que a mulher saísse de dentro dele, com o seu filho mais velho. Steve não conseguiu ver a bebê que estava no banco de trás e quando a mãe dela gritou, já era tarde demais. O carro havia caído na água.
-- Minha filha! Ela estava no banco de trás! -- Gritou a mulher.
Steve olhou para ela e viu o desespero estampado em seu rosto. Sem raciocinar muito bem, ele pulou na água, na esperança de salvar a criança.
O impacto da água, quando Steve mergulhou, foi muito doloroso, mas ainda assim, ele se manteve firme. Avistou o carro logo abaixo dele, que por sorte, estava com uma das portas aberta e nadou bem rápido em sua direção. A água estava muito gelada e escura, porém, não incomodou muito ele, pois sua roupa era preparada para esse tipo de ocasião.
Ele entrou dentro do carro e destravou a cadeirinha em que estava a menina que, por mais incrível que pareça, estava viva e chorando, obviamente. Steve a pegou no colo, em um abraço maternal e começou a nadar para a superfície. Ao chegar em um pedaço de terra que estava à beira do rio, ele se deitou aliviado, ao ouvir o choro do bebê. A dor o encobriu neste momento e ele desmaiou, tendo como última visão, a mãe do bebê vindo para socorrer a menina. O tempo que ficou apagado, foi suficiente para ser levado ao hospital e também, para ter um de seus sonhos mais horriveis:
"Lá estava Steve, com cerca de 10 anos, brincando em seu quarto. Jony, o seu pai e sua mãe, Anne, estão deitados no quarto e Vincent, seu irmão mais novo, com menos de um mês de vida, estava dormindo em seu berço, em outro quarto. Era quase 8 da noite e era um costume da família dormir cedo, até porque, Jony, o pai da familia, tinha que sair para trabalhar muito cedo em uma fábrica de ferro, em Kansas City.
Todos os dias eram assim. Jony saia para trabalhar, a mãe cuidava do bebê e da casa e o garoto, Steve, ia para o colégio estudar. Mas, esse dia em específico, foi totalmente diferente e basicamente, o último da familia.
Primeiro, Jony ouviu um barulho na sala e saiu do quarto para conferir o que era. Mas, ao ascender a luz, não viu nada. Ele voltou a subir as escadas para o quarto e então ele percebeu que algo estava o observando da sala. Ele então se vira para conferir e dá de cara com um homem alto e assustador, de pele laranja e envolto em uma capa roxa, sorrindo para ele.
-- Quem é você, o que está fazendo em minha casa! -- Jony grita descendo as escadas.
Os gritos acordadaram Anne, que foi direto para os quartos dos meninos para ver se eles estavam bem. Anne pegou o telefone e ligou para a polícia a tempo, pois a coisa apareceu atrás dela, no quarto de Vincent. Com o susto, ela pegou o bebê e saiu em direção ao quarto de Steve.
-- O que tá acontecendo mamãe? -- Perguntou o garoto.
A mãe o puxou pelo braço, e o levou para fora da casa.
-- Me espere aqui, Steve! Eu ja volto! -- Disse Anne, entregando o bebê para o garoto.
Os últimos segundos do sonho, passam em câmera lenta. A cena da sua mãe entrando na casa em chamas, os bombeiros e a polícia chegando em seguida e o monstro rindo para ele de dentro da casa, com um sorriso macabro, são o suficiente para lhe despertar."
-- Calma está tudo bem, rapaz! -- Disse uma enfermeira, tentando fazer ele parar de se debater.
-- Onde estou? -- Perguntou Steve.
-- No hospital. -- Respondeu ela. -- Você sofreu muitos ferimentos. E pelo visto teve pesadelos com aquela coisa!
-- Como assim? Que coisa?
-- A coisa que fez isso com você há alguns dias atrás!
-- Por quanto tempo eu fiquei apagado? -- Perguntou Steve. Ele estava todo engessado e cheio de feridas pelo rosto.
-- Acho que você ficou em coma por uns 26 dias! Mas não se preocupe, logo estará melhor. -- Disse a enfermeira. Ela era bastante bonita, tinha os cabelos castanhos e a pele muito pálida, além de possuir lindos olhos azuis. Era bastante familiar para Steve, ele só não reconhecia que era.
Pouco a pouco, Steve foi se lembrando do que aconteceu e de como viera parar no hospital. Teimoso como era, ele começou a tirar os equipamentos hospitalares que estavam nele e tentou se colocar de pé, mas caiu rapidamente. Quando olhou para sua perna esquerda, viu que estava completamente engessada.
-- Acho que você não vai a lugar nenhum, por um bom tempo! -- Disse a enfermeira levantando ele.
-- Mas... A cidade presisa de mim! Eu tenho que enfrentar aquela coisa e...
-- Eu sinto muito Steve, mas não há nada que se possa fazer! -- Disse a enfermeira, esboçando um sorriso no rosto. -- Agora, tente se repousar e logo estará melhor. -- Ela então, saiu do quarto.
Poucos segundos depois, um homem estranho, vestido com um moletom preto, um capuz sobre os olhos e uma máscara na boca, entrou no quarto e venho em sua direção.
-- Ei, quem é você? O que está fazendo aqui? -- Gritou Steve.
-- Calma Steve, eu só vim ajudar você, confie em mim! -- Disse o homem mascarado, colocando uma de suas mãos na testa de Steve.
Steve apagou novamente e sua última visão, foi daquele homem o tirando da cama do hospital. Ao acordar, estava em seu apartamento no Brooklyn, deitado na cama e completamente curado, sem feridas e até mesmo sem o gesso. Ao seu lado estava um bilhete escrito: " Seu irmão corre perigo, se quiser ele vivo, sugiro ir atrás dele. Ass. VS19". Atrás do papel estava escrito alguns números, que certamente eram coordenadas, supostamente indicando onde estaria Vincent, o irmão mais novo de Steve. Ele pegou o notebook e colocou os respectivos números para ver onde seria a localização.
O local que indicava no mapa era em Chicaco, Ilinois.