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Talok VIII.

Na minha primeira viagem relativamente longa até nosso primeiro planeta a sensação e emoção de viajar numa nave espacial ficou um pouco entorpecida pelo tédio constante e a sensação de claustrofobia, o motivo disso é por estar preso nessa pequena nave por horas e mais horas sem quase nada para se fazer, ou pelo sem nada o que quero fazer, mas não posso por vários motivos. Agora multiplique isso por mil, e você vai ter exatamente o que sinto agora viajando direto sem paradas há vinte e quatro dias.

Fiquei arrependido ao insistir que a Ravena, fica-se congelada e não o Dick, com ela acordada eu pelo menos teria com quem conversar sobre magia ou ela poderia me ajudar a passar por isso por meio da meditação, coisa que não sou nada bom em fazer sozinho, minha mente não desliga, a não ser com ajuda para isso, e esse é exatamente um dos agravantes da situação, sem dormir, tenho muitas mais horas a minha disposição do que os outros.

A rotina ajuda um pouco, mas sem poder dormir como o Dick, para relaxar e também para passar o tempo, e sem saber se é dia ou noite a não ser olhando para um relógio, isso está começando a pesar cada vez mais mentalmente, e eu não sou o único, Dick, também não está gostando nada dessa viagem, ainda bem que nossa parada obrigatória está se aproximando. Temos que repor os suprimentos e fazer uma verificação geral da nave com ela pousada, só para garantir, a fama do sistema Vega, é grande, e não temos certeza se vamos encontrar um lugar relativamente calmo para fazer isso tudo, provavelmente vai ser uma fuga louca atrás da outra, por isso escolhemos um planeta calmo e seguro no fim do setor 2827, o sistema Talokite.

"Estamos bem?" Assim como todos os dias desde o início dessa viagem, disse até a parte de baixo do Javelin, e entrei no corredor que leva até o motor para encontrar a Galateia, presa com cabos saindo do seu corpo, conectados diretamente ao motor e todos os outros sistemas da nave.

"Todos os sistemas funcionando perfeitamente." Respondeu minha construção.

Verificações como essa não são necessárias, Galateia, pode perceber e avisar se algo estiver errado com nosso transporte no exato momento que o evento aconteceu, mas Dick, se preocupou que algo possa acontecer com ela, por isso essas verificações, nem fui contra, só de vir aqui em baixo gasta alguns minutos do meu dia, faço de tudo para passar o tédio que me dominou, já que minha ideia para um novo feitiço foi completamente jogada para depois, falta material didático para fazer pesquisa.

"Quanto tempo até nosso destino?" Perguntei com um pouco de animação demais na voz.

"Oito horas até nosso destino, como calculado anteriormente."

"E a análise da tecnologia que te pedi?"

"O tradutor universal foi de grande ajuda para análise da tecnologia que encontramos, mas sem absorver ainda não vou poder recriar ou entender completamente o funcionamento dela, o controle da mente dos gordanianos é algo muito avançado, mas graças aos dados que consegui captar conectada a nave naquele momento, consegui suas respostas."

"Aquela coisa vai funcionar em nós?" Perguntei preocupado, já que estamos indo para o sistema Vega, lar dos gordanianos.

"Nenhum ser biológico está livre do controle, mas para eles conseguirem controlar indevidos tão únicos como alguns de vocês, eles teriam que os sequestrar e fazer uma grande gama de testes, tentando identificar que ondas psíquicas se conectam ao seu cérebro, assim como eles fizeram com as outras raças, pelos meus cálculos, o único que pode ser pego no controle com facilidade, é o Dick."

Não duvido que os gordanianos, já passaram pela Terra em algum momento da nossa história, afinal, aquele planeta é um ímã gigante para as outras raças do universo, acho que quase todas elas que conseguiram alcançar a tecnologia para viajar pelo espaço mais rápido que a luz, já pisaram no planeta em algum momento.

"Resumindo, vamos ficar bem se nenhum de nós se permitir ser capturado e passar por toda essa parte da análise e testes?"

"Correto." Afirmou Galateia.

"Ótimo! Agora tenho que acordar as meninas." Comentei sarcasticamente, me levantando do chão dando as costas para Galateia, indo na direção da saída do corredor.

Odeio controle mental, clones e tudo que envolva ou se pareça com isso nos enredos das HQs, mas estou num mundo real, e isso é verdade agora, uma preocupação bem seria, uma que não me preocupei até agora, já que minha mente é brindada até mesmo para um dos maiores telepatas do universo, mas a forma de controle dos gordanianos é biológico, isso quer dizer que minha mente está livre enquanto meu corpo faz o que o inimigo desejar.

Em resumo, não seja capturado, uma boa dica para qualquer situação envolvendo inimigos.

Assim que saio do corredor, dou de cara com as capsulas uma do lado da outra e um conjunto de caixas empilhadas do lado delas, nossos suprimentos. Vou até a primeira capsula e a deligo, deixando seu processo acontecer, ando até a próxima e faço o mesmo, vai demorar um pouco para as duas ficarem cem por cento, por isso sempre temos que as acorda antes do nosso destino, oito horas é o bastante para isso, e agora, tenho que preparar uma boa refeição para elas, ou pelo menos uma boa refeição levando em conta que só temos um micro-ondas para esquentar comida congelada ou já pre congelada, e não posso reclamar sobre isso, se não fosse por alguns feitiços de preservação, não teríamos nem mesmo isso, já que não há nenhuma geladeira grande o bastante para conter os suprimentos, se não fosse por esse feitiço, teríamos que transformar algum canto dessa nave num frigorífico.

Ah, as maravilhas de uma viagem interestelar.

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{Saindo do hiperespaço, em quatro, três, dois, um!}

Assim que o aviso da Galateia acabou, a nave saio do belo túnel de energia entrando mais uma vez no espaço normal bem de frente numa distância respeitosa para nosso planeta destino, era um belo planeta de cor predominante rosa, azul, verde e vermelho, era noite, mas havia luz por todo lugar, seu tamanho é duas vezes maior do que a Terra, com uma atmosfera semelhante, mas a diferente gigante nele é o tempo que uma noite dura, cerca de dois anos de noite e uma semana de sol, mesmo assim, o mundo é rico em vegetação e vida e sua raça se adaptou perfeitamente a isso.

Os Talokites, tem três planetas ocupados nesse sistema, Talok III, Talok IV e Talok VIII, só que por muitos motivos que não temos todos os detalhes, eles não tem um governo unido, nem gostam um do outro, eles sequer tem as mesmas culturas, por exemplo, Talok III, tem uma cultura de invasão e conquista, os outros dois planetas são mais calmos, o que está na nossa frente é Talok VIII, um planeta conhecido por seu comércio e turismo noturno.

Por que escolhemos esse planeta?

Tirando o fato da sua localização, o Lanterna Verde desse setor não veio desse sistema, então podemos ficar mais relaxados, mas não se engane, esses três planetas podem não ter o mesmo governo ou mesmo se entenderem, mas os três tem um guardião planetário, um campeão poderoso que os ajuda contra invasões de fora, esse campeão é escolhido a cada geração, ganhando assim o poder de manipular e gerar sombras, e esse guardião é bastante conhecido, e também o motivo para não haver nenhuma invasão de fora, o que deveria acontecer com frequência, dado a proximidade com os sistemas Vega.

Então, é melhor não irritar os Talokites.

"Eles estão perguntando qual é o nosso proposito por texto." Falou Kori, sentada do meu lado na cadeira do piloto, apontando para uma das telas na minha frente.

"Por que não uma comunicação de vídeo?" Perguntei confuso, sabendo muito bem que eles são avançados.

"Estamos longe demais, não a estações espaciais ou satélites aqui como em Ungara." Falou Kori, digitando a resposta no teclado da tela, ainda bem que o tradutor universal foi instalado na nave pela Galateia.

Dois minutos depois esperando parados com o planeta a nossa frente, a resposta veio.

"Temos autorização." Falou Kori, movendo o manche para frente nos levando em direção do planeta, na mensagem que recebemos, também havia um mapa e o local que devemos pousar.

Quantos mais nos aproximamos do planeta, mas percebi que ele não é tão avançado quanto Ungara, seu trafego também não era tanto, mas ainda assim constante, com uma infinidade de naves dos mais variados estilos e tamanhos indo e voltado do planeta.

Entramos na atmosfera sem problemas, foi uma entrada perfeita, segundos após passar pelas nuvens, ficamos de frente para uma cidade, e que cidade.

"Isso brilha mais do que cem Las Vegas!" Gritou Dick, em pé atrás de nós, com o braço em cima da poltrona da sua namorada.

Ele não está errado, e faz muito sentido, num mundo aonde a escuridão é constante, é claro que eles gostam de luz. A cidade é enorme, com vários edifícios de muitos andares, todos construídos no seu próprio estilo arquitetônico, mas todos eles têm algo em comum, luzes de várias cores, elas não eram lâmpadas presas as construções na parte de fora, o material da construção dos prédios de alguma forma estavam brilhando, gerando sua própria luz como vaga-lumes. Não foi uma luz muito forte, mas junte centenas de edifícios num só lugar, e você pode ter uma ideia do quanto brilha. E não para por aí, também havia imagens holográficas de propagandas ou simplesmente imagens luminescentes de animais, ou pessoas por todo lugar. As naves também passavam por esses hologramas, causando uma certa confusão nas imagens. Era tudo muito bonito, só que demais.

E assim como nosso primeiro mundo visitado, pousamos em cima de um hangar no telhado de uma prédio gigante do lado de muitas outras naves, e todos quase que pularam para fora dos seus lugares querendo aproveitar um pouco da cidade e principalmente, sair da nave, todos menos a Ravena, que sempre matem o controle.

Após mudar a cor da pele e cabelo da Kori, dessa vez para cinza, o que ela gostou muito, saímos pela porta já aberta do Javelin, e como das últimas duas vezes, o cheiro de uma novo mundo me acertou, um aroma forte de algo parecido com lavanda, esse é o cheiro predominante desse mundo. Passei a amar sentir isso, mas não parei para apreciar essa sensação por muito tempo, descemos pelas escadas e andamos até um dos elevadores, que vai nos levar até a parte baixa da cidade, agora num elevador ativado por voz com um tradutor, não tivemos dificuldade de dizer o que queríamos, como também acessar por meio da Galateia, o mapa da cidade, escolhemos um lugar popular para relaxarmos um pouco, uma boate noturna não muito distante de onde estamos. Combinamos que vamos nos divertir por algumas horas, antes de mover os suprimentos da minha Casa para a nave e fazer a verificação de tudo, e assim seguir viagem.

Quando as portas se abriram e saímos do prédio hangar, nos demos alguns segundos para nós adaptarmos a tanta luz vinda de todo lugar, percebi então um pouco da mesma diversificação de espécies, só que o movimento aqui é muito inferior ao de Ungara, mas não era pouca gente, só tive a sorte de pisar num mundo super movimentando de primeira, por isso essa impressão. De todas as raças, foram os Talokites que me chamaram atenção agora, eles são muito parecidos com os humanos fisicamente, fora sua pele azul e olhos totalmente pretos, seus cabelos são roxos fortes, quase negros, todos eles eram bonitos, todos, vestidos com roupas que se parecem, mas não são reveladoras, e sim algo um pouco antes disso, relaxadas, essa é a melhor forma que encontrei para as descrever, e mesmo variando no tecido ou modelo delas, o preto, parecia ser a única cor.

Outra diferença de Ungara, é que aqui mesmo com tanto movimento acima e no chão, todos não estavam correndo apressados para fazer negócios, comprar ou vender, na verdade, eles pereciam estar se divertindo, rindo, conversando, brincando e até mesmo namorando, era uma festa no meio de fortes luzes e um conjunto de músicas dos mais variados tipos tocando ao nosso redor.

"Acho que quase todo mundo aqui está mal-vestido." Falei brincando, olhando para meus amigos.

Não era só pela cor, o estilo das roupas deles mesmo sendo relaxados, mostrando um pouco de pele demais, eram de certa forma bem chiques, não entendo nada de moda para identificar o estilo, mas pareço está num desfile.

Então, estamos mal vestidos, ou pelo menos quase todos, Ravena, está usando seu manto longo roxo com penas e capuz, ela pode facilmente se misturar com os nativos, assim como a Galateia, já que sua armadura tem uma cor escura. Dick e eu, estamos usando roupas casuais de cores vivas, e a Kori, escolheu usar seu traje de batalha colado ao corpo.

"Não vou me trocar." Falou Dick, cruzando os braços.

"Você não precisa."

"Clap!" Falei para depois estalar os dedos.

Em vez de roupas casuais, agora estou usando um belo terno preto de corte italiano que me custou uma pequena fortuna, sem gravata, com uma camisa social branca por baixo, também mudei os sapatos para um all stars, porque bem, não estamos na Terra, e ninguém vai se importar. Dei um traje semelhante para o Dick, e coloquei uma ilusão na roupa da Kori, mudando sua cor para preto com detalhes dourados, pelo olhos brilhantes dela, ela gostou disso também.

"Agora sim, estamos vestidos a caráter." Falei brincando com as minhas abotoaduras de diamante.

Não sou o tipo de homem que gasta muito em roupas, joias masculinas, sapatos esportivos caros ou carros, mas todo homem tem uma lista, uma lista para caso ele venha conseguir dinheiro o bastante para a realizar, esse terno estava na minha, assim como uma boa moto e um ótimo carro, que continua sendo feito numa mágica e perfeita fabricante italiana.

"Vamos logo com isso!" Falou Dick, andando na rua, nos puxando para o local.

Andamos só alguns metros para encontrar a boate, não havia seguranças ou alguém cuidando da entrada, você só precisa entrar pela porta, mas claro, há outro tipo de segurança nos observando. Seguimos as pessoas de várias raças porta adentro, passamos por portas duplas negras feitas de pedra abertas e fomos acertados pelo som que não tinha escapado de dentro até aquele momento, algum tipo de tecnologia de anulação de som avançada.

A música era alta, e muita gente estava aqui.

Quanto ao som, era algo parecido com música eletrônica misturada com electro, bastante futurista e muito diferente do que já escutei até hoje, mas era bastante agradável.

"Isso é um pouco fora da minha zona de conforto!" Gritou Dick, olhando para casa notada à nossa frente.

"Vai dizer que você nunca foi a uma boate na Terra?" Perguntei surpreso, isso também não faz meu estilo, mas já visitei algumas junto da Lisa, e sozinho.

"Muito barulhento para mim!"

"Esse lugar é incrível!" Gritou Kori, flutuando alguns centímetros do chão em pura animação.

Ela não está errada, era um belo lugar construído como um círculo o chão do centro sendo mais fundo, aonde fica a pista de dança, o piso tem pequenos quadrados luminescentes de cor branca, e toda vez que alguém pisava num deles enquanto dançava, liberava um pequeno holograma de cores variadas que se parecia uma estrela, essas luzes voavam para cima criando uma cascata inversa até o teto, que parecia o telhado de Hogwarts, só que mostrando o universo. Havia mesas também, mesas sobre plataformas redondas flutuantes ao redor da pista de dança.

"Vem, vamos dançar!" Kori, não deu tempo para Dick, dizer qualquer coisa, ela agarrou ele pelo braço e o arrastou flutuando na direção da pista de dança quase que lotada para o desgosto dele.

"Que tal a gente conseguir uma mesa primeiro?" Perguntei para minhas duas companhias, que aceram confirmando.

Estou um pouco preocupado com a Ravena, mas ela disse que ficaria bem, o sono dela até nosso destino parece ter a recuperado de uma forma que ela não imaginou ser possível ficar.

Andamos pelo meio daqueles indo até a pista de dança pelo corredor central até chegamos numa das mesas vazias, que ficam à esquerda e direita da pista, assim que sentamos nas cadeiras brancas grudadas ao chão, a mesa se soltou e começou a flutuar indo para direita, nos elevando acima dos demais nos dando uma vista de tudo acontecendo abaixo.

Galateia, moveu sua mão tocando uma parte da mesa que brilhou em azul, não entende o porquê disso, até que uma bela talokite, apareceu flutuando do nosso lado, ela sim estava vestida de forma sedutora, com apenas uma pequena peça de roupa cobrindo seu busto parecido com um sutiã deixando seu abdômen liso amostra, a parte de baixo do seu corpo está coberta por uma longa saia preta.

"O que vocês querem pedir?" Ela sorriu para mim, e quase disse o que queria de verdade.

"Somos novos no planeta, então que tal três das suas bebidas mais pedidas, vocês fazem comida aqui?"

"Claro."

"O seu melhor prato da casa também, obrigado." Falei para ela.

"Já trago então." Ela se virou se afastando por onde veio, percebendo que seus pés estavam cobertos pela saia para esconder os sapatos antigravidade, que não eram muito discretos e não combinavam com a roupa.

"Você sabe que ela pode trazer um animal parecido com o que a Kori caçou, não é?" Perguntou Ravena.

Ela não compartilhava do meu desejo de provar comida de outros mundos, por isso não pedi um prato para ela também.

"Ela pode me trazer um rato/vaca, desde que ele não se pareça um rato/vaca, o segredo, é não perguntar." Falei isso rindo, porque era verdade.

Ravena, apenas balanço a cabeça para mim e voltou sua atenção para o teto, era realmente bonito.

"Estou curiosa sobre essa tecnologia de imagem, posso verificar?" Galateia, perguntou olhando para baixo.

"Claro, mas você não pode absorver nada aqui, e também não pode atrapalhar quem está se divertindo." Avisei para ela.

"Não se preocupe Dio, já analisei o padrão da dança e o ritmo de todos, veja!" Galateia, que estava sentada na ponta, se levantou e andou até o fim da mesa caindo em pé no meio do centro da pista de dança, mas para minha surpresa, não houve dano nenhum, sua queda quase não chamou atenção, já que assim que ela tocou o chão, começou a dançar loucamente como todos ao seu redor com passos próprios e belos balançando seu corpo e rebolando.

Preciso achar alguém para me divertir, estou achando minha robô sexy.

"Desculpem a demora!"

Ouvindo meus pedidos, a beldade de pele azul se aproximou agora carregando uma bandeja, com graça, ela colocou três bebidas na mesa e depois um prato na minha frente, tudo isso olhando para meus olhos.

A mulher não estava sendo descrita.

Depois de mais um sorriso, ela nos deixou com nossa comida e bebida.

"Eu não vou beber isso." Falou Ravena, olhando para sua bebida.

"Por que não?"

"Dio, está fumaçando!"

"Na Terra tem muito disso também, só colocar um pouco de gelo seco na bebida, e você tem fumaça." Falei isso para me enganar, já que a fumaça saindo do copo não era branca, e sim azulada, mas o cheiro era bom, assim como do meu prato, diferente, mas bom.

Sobre o olhar mortífero da Ravena, peguei meu copo e tomei um belo gole da bebida, quase não a saboreando.

Deuses, era forte.

"É muito bom, parece até um coquetel." Falei colocando o copo na mesa estranhando o efeito da bebida no meu corpo, acho que o álcool das bebidas alienígenas tem efeito sobre meu corpo, maravilha.

Tomei metade do meu corpo até levar minha atenção para o prato, parecia um bife, mas havia algo parecido com gelatina do lado dele na forma quadrada, quando fui cortar a carne, percebi que ela tinha textura de uma gelatina, e a gelatina tinha textura de uma carne, no final, misturei um pouco de tudo e levei a boca, e mais uma vez, fiquei surpreso com o sabor, era muito, muito bom, melhor que qualquer carne que provei na Terra, e sem nenhum produto químico para preservar ou hormônio de crescimento, sabores que sempre castigaram meu paladar aumentando, por isso mesmo gasto uma fortuna em comida natural, custa caro comer bem.

"Satisfeito?" Perguntou à minha única companhia que não tocou na sua bebida.

Depois de dez minutos comendo meu prato como um louco e tomando não só minha bebida, assim como a da Galateia, deixei meus talheres do lado do prato e olhei para ela dando um belo sorriso.

"Você sabe que sim." Afinal, acabei de riscar um dos itens da lista que fiz assim que comecei essa viagem espacial.

"Ótimo, agora vá salvar o Dick, antes que ele faça alguma idiote-se."

Fiquei tão concentrado na comida, que esquece os outros, foi um erro grave, por que meu companheiro de time está sendo torturado nesse exato momento na pista de dança. Kori, diferente do Dick, era um peixe na água, dançando com graça e sensualidade, até mesmo voando em alguns momentos chamando muito atenção para ela, mas seu namorado, só estava enrolando e tentando deixar a pista, mas sempre que ele ia tentar isso, Dick era agarrado por sua namorada e trazido de volta, infelizmente para ele, seu físico não se comparar ao dela, Kori, pode ficar dançando assim até amanhecer, e a noite nesse mundo dura muito tempo.

Ah, Galateia, também continua dançando, agora acompanhada de dois homens e duas mulheres ao seu redor. Minha criação é multitarefa, dançando como uma profissional enquanto analisa a tecnologia holográfica de uma raça avançada.

"Não é tão ruim, vamos deixá-lo se divertindo por mais alguns minutos, você vai beber isso?" Perguntei para a bebida intocada na frente dela, ainda soltando uma forte fumaça azulada que agora está se espalhando pela mesa como um pequeno nevoeiro.

Ravena, ficou olhando para mim com aqueles olhos julgadores, mas ela empurrou gentilmente com seus dedos sua bebida na minha direção.

Também não sou muito de dançar, mas quanto tem tanta gente num evento como esse, com essa incrível iluminação e música, você tem que fazer uma exceção e simplesmente se soltar, não tem nada mais incrível do que dançar sem se importar com ninguém ao seu redor ou som de uma boa música, é uma das coisas que recomendo qualquer um experimentar pelo menos uma vez na vida.

Após tomar a bebida dela em apenas um gole, o que me deixou meio tonto, o que amei, levantei-me da minha cadeira e andei até a beirada da plataforma flutuante, olhei para baixo e pulei.Foi bonito, muito bonito mesmo, e até mesmo gostoso a sensação de passar no meio da cascata reversa de luz que leva até o telhado das estrelas, são apenas hologramas é claro, mas possuíam um calor confortável, ou será que isso é apenas impressão minha? De qualquer forma, cai num espaço próximo do Dick e Kori, tocando o ombro do meu amigo para logo o teleportar para mesa acima. Kori, talvez nem mesmo tenha percebido, ela só ficou dançando sem parar com os olhos fechados, e para não ir contra a onda de todos, também comecei a dançar, isso vai ser divertido.

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"Bip!" "Bip!" "Bip!"

"Bip!""Bip!""Bip!"

Os bips vieram do meu comunicador, uma função de aviso sem palavras vindo dos outros, o que me acordou bruscamente, só não explodi tudo ao meu redor porque senti um peso e calor acima do meu peito nu. Com minha mão livre, toquei o comunicador, enviando um sinal desligando o barulho infernal que está fazendo minha cabeça latejar.

Agora finalmente acordado, pisco algumas vezes olhando para o teto desconhecido, deitado numa cama desconhecida, com apenas um lençol preto cobrindo meu corpo nu, tem a dor de cabeça e a sede também.

Ah sim, a boate e tudo que aconteceu depois.

Sim, agora está provado, posso me embebedar com bebidas alienígenas por mais tempo que as misticas, e foi exatamente isso que fiz, e depois voltei para pista de dança, na verdade, fiquei revessando entre as bebidas na mesa e a dança por quatro horas junto dos meus amigos mais animados, no final, conhece uma bela talokite de cabelos curtos, bem baixinha comparada a mim, mas o que ela não tinha de altura, compensava no corpo, dançamos, conversamos e no final, ela me trouxe para sua casa.

Agora, posso riscar outro item na minha lista, dormir com uma alienígena.

Quanto à experiência em si, foi boa, mas poderia ser muito melhor se eu não estivesse bêbado, mas ela também estava, então não houve nenhuma decepção.

Fechei os olhos para o quarto totalmente escuro, conjurando um feitiço simples para saber que horas são no fuso horário da Terra. Se passaram doze horas desde que chegamos nesse mundo, isso quer dizer que estou dormindo há oito horas, mais ou menos, e isso é incrível, faz muito tempo que não durmo tanto com tanta facilidade, a bebida realmente fez seu trabalho, se não fosse por ela, eu poderia ficar mais duas ou três semanas sem precisar dormir.

Quanto ao motivo da chamada pelo comunicador, é simples, está na hora de ir. Pelo menos eles foram educados o bastante para não gritar no meu ouvido.

Olhei para o lado e vi a bela mulher deitada em cima do meu ombro com um braço e perna passando por cima do meu peito e quadril, ela não estava tão coberta, me dando uma bela visão da sua pele azul magnifica enquanto dormia profundamente.

Agora vem o problema, não consigo lembrar do nome dela.

Na verdade, não perguntei o seu nome, e ela não perguntou o meu, só fomos no mesmo ritmo.

Sair da casa sem dizer nada depois de uma noite dessas parece errado, mas devido à situação nome, acho que vou fazer isso deixando apenas uma carta, mas me lembrei que também não sei escrever nada na língua dela, no final, deixei uma rosa negra que cresce no submundo em cima do meu travesseiro após ficar intangível para sair da cama para evitar acordar ela, essa é uma rosa do Submundo, que não tem nenhum valor a não ser beleza, estou tentando a fazer nascer em outros lugares, mas até agora não consegui, de qualquer forma, vendo que tudo nesse mundo só tem uma cor, acho que ela vai gostar do presente.

Vesti as mesmas roupas de ontem e saí do apartamento atravessando a porta como um fantasma, tive mais um problema, não faço a menor ideia de como voltar para o hangar, e nem de onde estou.

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"Olha quem voltou." Foi recebido pelo Dick, sentando no último degrau da escada que leva ao interior do Javelin.

"Desculpe o atraso." Falei com ele de cabeça baixa subindo as escadas lentamente, a famosa caminhada da vergonha.

"Está tudo bem, mas precisamos reabastecer para ir embora, a não ser é claro se você tiver se apaixonado, e decidiu ficar e casar." Ele vai brincar assim por muito, muito tempo.

"Isso é sério?" Perguntei, ele só abriu um sorriso em resposta se levantando assim que cheguei nos últimos degraus.

"Sim, e isso nem é o pior." Comentou ele entrando, fui logo atrás.

"Amigo Dio, você voltou, como foi sua noite, tão boa quanto a nossa?" Perguntou Kori, sentada numa das poltronas na frente do Javelin, ela está com um sorriso no rosto vestindo quase nada, apenas uma camisa do Dick, que é maior que seu corpo.

"O que você estava falando?" Perguntei virando para Dick, que ficou congelado.

"Amor, era para você ter se vestido." Comentou Dick, com vergonha.

"Onde estão a Ravena e a Galeteia?" Perguntei olhando para Kori, que foi até a parte de trás da nave para colocar algumas roupas.

"Ravena e a Galateia, sairão algumas horas atrás depois que fizemos uma analise total da nave."

"Claro que elas sairão, teria sido estranho se elas estivessem na nave com vocês dois."

"Ravena, foi atrás das bibliotecas desse mundo e a Galateia, foi comprar tecnologia." Respondeu Dick rapidamente, quase que perdendo o fôlego.

"Bem, enquanto elas não chegam, vou lá em baixo trazer os suprimentos." Falei dando um sorriso para ele.

Foi rápido trazer os suprimentos diretamente da minha Casa, para esse lugar, infelizmente não posso fazer o mesmo em movimento, seria muito mais fácil. Após trazer várias caixas, subi e encontrei Ravena e a Galateia, Dick, já estava fechando as portas.

"Encontram alguma coisa boa?" Perguntei para as duas.

Ravena, apenas levantou alguns livros que estava segurando com uma mão e se sentou numa das cadeiras da frente do Javelin, já a Galateia, colocou seu braço na altura da cintura e abriu sua palma apontada para cima.

"Depois de passar horas analisando a tecnologia enquanto dançava disfarçando, e depois de comprar alguns aparelhos inferiores na rua, consegui descobrir como funciona." Da palma dela uma luz branca sutil se acendeu, e acima um holograma da Terra, do tamanho de uma bola de futebol surgiu, era perfeito, cheio de detalhes e textura aumentando assim seu realismo.

"Você consegue fazer isso maior?" Perguntei admirado próximo do globo.

"Com equipamento o bastante, sim." Confirmou ela.

Isso me deu tantas ideias, mas o mais importante, aumentou o leque de habilidades dela.

"Estou pronta!" Kori, voltou vestida dessa vez, e foi direto para parte da frente do Javelin, para a cadeira do piloto.

Galateia, andou na direção da parte de trás, ela vai até o motor, e o Dick, também se sentou na parte da frente próximo à Ravena.

"Bom, é isso." Comentei, sentando-me do lado da Kori, já tocando nos controles.

Foi uma boa parada para recuperar as energias antes do nosso destino, mas agora temos que resolver o problema para termos mais momentos assim.

Então, alguns vieram perguntar por que o Dio, não usou sua Casa, para fazer essa viagem imediatamente, já que ela pode ir para qualquer lugar, e isso é verdade.

A vários motivos na verdade, primeiro, eles vão para outros mundos, mundos mais avançados que a Terra, que com certeza, vão perceber uma casa aparecendo do nada no seu território, e isso levaria à briga desnecessária.

Segundo, é verdade que a Casa, pode aparecer sim em qualquer lugar, mas estamos falando aqui de lugares a milhões de anos-luz da Terra, as chances são altas deles aparecerem no meio de uma batalha ou confusão maior, eles não vão ter a chance de averiguar como o local está antes de aparecer também, e isso é outro problema.

Terceira, mobilidade, a Casa não é uma nave espacial, ela só aparece e fica no lugar, com naves espaciais em todo lugar como no espaço, eles ficariam presos ao chão.

Quarto, enredo, não nego isso, faz mas sentido para mim uma viagem espacial precisar de uma nave espacial própria.

A outros motivos, mas isso já basta.

Mais um capítulo relativamente calmo, isso vai mudar no próximo, garanto.

LordVoidcreators' thoughts
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