"Desculpem pelo atraso, tive que resolver algumas coisas antes de vir." Ravena, falou aparecendo a nossa esquerda, lentamente flutuando até o chão.
Esse prédio inteiro está protegido magicamente, mas foi ela quem me ajudou a montar as defesas, por isso ela pode simplesmente se teleportar para cá, posso fazer o mesmo é claro, mas acho muita falta de educação simplesmente aparecer dessa forma na casa de alguém, pelo menos tenho que bater na porta.
Quanto a Ravena, pousou no chão arrumando seus cabelos, não posso deixar de comparar o que ela é hoje com o que já foi. Fisicamente, ela cresceu um pouco, chegando a um metro e setenta e sete, sua pele ainda continua pálida, cabelos curtos pretos com as pontas pintadas de azul soltos na altura do queixo, maquiagem pesada ao redor dos seus olhos azuis brilhantes e um batom de cor forte roxo, ela furou a parte de cima das duas orelhas colocando pequenos piercings argolas e outro no início da sobrancelha esquerda, fora isso e a pequena joia vermelha no centro da sua testa na forma de um pequeno losango, ela não usa muitas bijuterias, seu corpo ainda é magro, mas ela tem curvas nos lugares certos, isso fica evidente mesmo ela usando um casaco grosso preto e calças jeans azuis.
Todos acenderam e a receberam, Kori, estava ocupada demais montando seu prato empilhando comida sobre comida para falar, mas ela pelo menos acenou para sua melhor amiga.
"A Igreja deu trabalho?" Perguntei, puxando a cadeira do meu lado para ela se sentar.
"Sim, mas já cuidei da célula que estava crescendo na cidade antes dela se estender ainda mais." Confirmou Ravena, sentando do meu lado e já pegando minha garrafa de vinho enquanto o meu Aurae, colocava as últimas travessas de comida na mesa.
No percorrer dos anos, o controle sobre as emoções da Ravena, ficou tão assustadoramente bom, que ela literalmente pode se permitir mais descuidos, como bebida e diversão de uma forma geral, sua empatia também está no mesmo nível de controle, ela pode literalmente andar no meio de uma guerra sem perder o controle do que senti. Graças a isso, Ravena, ficou livre para se enturmar mais com os outros, mas depois de tantos anos se mantendo afastada, esse se tornou o comportamento natural dela.
"Que igreja estamos falando mesmo? Outro culto apocalítico?" Van, perguntou se sentando na ponta esquerda da mesa.
"Igreja do Sangue, com certeza é um culto, eles são bastante influentes, mesmo não sendo conhecidos publicamente." Explicou Dick, também montando seu prato.
"O que eles querem?" Van, voltou a perguntar.
"Me sacrificar e trazer o fim do mundo." Explicou Ravena, bebendo lentamente a sua taça.
"Oh, como todo outro culto então." Suspirou minha irmã, ela já foi exposta a tanta bizarrice do mundo dos heróis e vilões, que esse nível de notícia não a surpreende mais.
Sim, o maldito culto está dando problemas atualmente. Após anos em silêncio, a Igreja do Sangue, que antes não fez grandes movimentos para conseguir a Ravena, desde que a salvamos e acabamos com seu ritual, finalmente começaram a fazer pequenos movimentos, aumentando sua esfera de influência que já era grande, até mesmo abrindo igrejas nessa cidade, que foram destruídas por nós, mas eles sempre tentam abrir outra.
Nosso movimento teve que ser feito em segredo, já que não tínhamos autorização da Liga, e também não podemos dar munição para a Igreja, já que ela é vista como uma organização bem respeitada que presta ajuda a muitos, e a Liga, acha errado atacar um lugar sem provas de qualquer ato criminoso, alguns outros Titãs, também concordaram com isso, mas não nos impediram de agir, então eu, Ravena e Kori, fizéramos isso sozinhos, também mandando embora alguns membros-chave com real poder para fora da cidade.
"Ah, quase esquece de perguntar, como foi a entrevista com sua ex?" Van, perguntou achando a ideia da minha entrevista bem divertida desde que contei a ela sobre isso durante nossas ligações.
"Entrevistas, Batman, morreria antes de fazer uma, ele também não me deixou fazer, algo sobre o inimigo poder fazer uma análise psicológica mais detalhada de nós." Suspirou Dick, bebendo do seu vinho.
"Foi calmo, mas como um jogo de perguntas e respostas, tive que mentir em algumas perguntas, mudar alguns detalhes em outras, mas no geral, acho que não vão me atacar mais do que já fazem quando ela sair."
Minha irmã, quase se engasgou tomando sua bebida, agora segurando sua risada.
"Atacar? Você!?" Perguntou ela rindo, limpando seu rosto com um guardanapo.
"Não há como uma pessoa ser amada por todos, é claro que tem alguns que me odeiam!"
"Ah, por favor!" Ela voltou a rir, agora em voz alta e de forma descontrolada, não ajudou o fato dos outros também estarem rindo, até mesmo a Ravena, só que forma mais controlada, apenas movendo sua baca para os lados.
"Não vejo qual é a graça."
Ravena, a mais controlada, respondeu minha dúvida.
"É verdade, que muitos homens não gostam de você por ciúme postando coisas ruins na internet, mas na maioria das vezes, eles são completamente enterrados pela sua legião de fãs femininas e masculinos, elas são um exército leal, e sempre a postos."
"HaHaHaHaHa!" "HaHaHaHaHa!" "HaHaHaHaHa!"
"Por favor, eu não sou o único super herói bonito que tem uma pequena legião de fãs, o Superman, com certeza tem mais do que eu."
"Na verdade não, a maioria vê o ele como o escoteiro dos escoteiros, um santo, isso meio que faz parecer feio demostrar tanto afeto por ele abertamente." Explicou Dick.
"Muitas das minhas amigas modelos o vem como um grande guerreiro, e todas elas mostraram interesse num encontro sexual, mas como o amigo Dio, não gosta de tal coisa, não falei nada." Até Kori, a menos socialmente integrada aos nossos costumes, parece aceitar isso.
"Não ajudou você ter pousado naquela foto quase que sem roupa." Lembrou Van.
Ah sim, a foto.
Foi pego numa foto enquanto estava sem a parte de cima da armadura durante uma luta contra o Crocodilo, o motivo de eu estar sem minha armadura naquele momento é bem ridículo, não vou negar. Durante nossa luta, Crocodilo, rasgou a parte de cima da sua camisa numa demonstração clara de querer lutar um a um sem truques ou armas, aceitei esse duelo, e feliz por finalmente lutar dessa forma que não tinha acontecido já um tempo, acabei me jogando contra ele.
Resultado, uma foto minha sem camisa todo molhado no meio da rua com um pé em cima do peito do Crocodilo, sorrindo de alegria.
"Tá, aquilo foi culpa minha, mas não fui o único que teve um momento vergonhoso, Dick, você também teve aquele momento com a Hera Venenosa." Lembrei, tirando aquele sorrindo da cara dele o forçando a olhar para Kori.
Sim, o Menino-Prodígio, teve um encontro nada agradável com a Hera, que tomou controle de metade das pessoas que vivem em Gotham, usando seus feromônios, criando um exército de zumbis, demorou uma semana para cuidar dessa bagunça, que acabou com metade da cidade tomada de plantas, uma floresta melhor dizendo. Robin, ficou sobre o controle dela por dois dias, um controle agradável, que foi postado online pela Arlequina, amiga da Hera, que estava acompanhando seu plano naquele momento por pura diversão.
Isso feriu um pouco o orgulho dele, como também o fez ficar com medo da reação de sua namorada, acreditando o que ele fez durante o tempo que ele estava sobre controle era traição a sua relação, mas Kori, realmente não ligou muito para isso, entendendo que ele estava sendo controlado, mas ele ainda se sente culpado, por isso mesmo, gosto de trazer esse evento a mesa quando Dick, está me irritando durante suas brincadeiras.
Agora sendo justo, nem mesmo eu, poderia escapar do controle da Hera, seu veneno é biológico, uma substância forte o bastante para burlar os anticorpos de um semideus, Batman, falou que nem mesmo o Superman, poderia escapar desse controle, por isso mesmo, ninguém super poderoso foi aceito como ajuda nessa batalha para não cair no controle dela. Isso foi a desculpa dele, mas, na verdade, todo mundo sabe que o Batman, odeia pedir ajuda, ainda mais quando o problema é na sua cidade.
De qualquer forma, meu ataque deu certo de novo, Dick, ficou calado enquanto eu comia minha comida com um sorriso no rosto.
"Agora que esse assunto foi acabado, como vão às coisas com nosso projeto mais ambicioso?" Perguntei para Dick, enquanto levava a taça cheia de vinho a boca.
"Ainda vou precisar de mais alguns meses, é difícil conseguir todas as peças de vários lugares do mundo enquanto fazemos o máximo para ninguém perceber o que estamos fazendo, mesmo usando o Wally, como transportadora nos pequenos casos." Respondeu ele, ainda um pouco irritado por levantar aquele evento para ele.
"Do que vocês estão falando? Dio, por favor, isso não é outro golem assassino, não é?" Perguntou Van, um pouco preocupada.
"Não, e só foi um pequeno erro que não se repetiu." Falei, voltando para defensiva mais uma vez.
"Seu pequeno erro, destruiu um parque de diversões sozinho." Lembrou Ravena, achando graça disso.
"Um parque vazio, que foi devidamente pago pelas suas perdas, em dobro!" Enche minha taça.
"Foi uma boa luta!" Falou Kori, ela é a única feliz com meu erro.
Aprender por meio das memórias de uma alma não é fácil, mas meu problema real foi a confiança, por isso, acabei construindo um golem de metais preciosos, que sua principal função seria defender a Torre, ele ficaria escondido no chão até uma ameaça aparecer com o poder de controlar o próprio solo para atacar o inimigo, para aumentar seu poder, usei um pouco de sangue de Titã na mistura, o mesmo que peguei na minha luta no Submundo, e um pouco da carne de Dragão, do filho de Ares.
O golem nasceu completamente descontrolado, e para evitar que ele afundasse a ilha em que a Torre fica, o agarrei voando para longe, acabamos caindo num pequeno parque em reformas do outro lado do país. Os outros Titãs, vieram ajudar na luta que acabou rápido, mas levou consigo o parque inteiro que foi enterrado.
Fiquei feliz pelo poder de destruição mostrado pelo Golem, afinal, fui eu quem o criei, mas a sua falta de controle me fez desistir da criação alquímica por dois anos, claro, que meus companheiros também ficaram de olho no Cientista Louco, como Wally, voltou a me chamar.
Sabe o pior disso tudo?
Eu ria várias e várias vezes do clichê dos HQs, quando o herói, criava um monstro que quase o destruía, isso é tão clássico, e aqui está, cometi o mesmo erro, graças aos deuses que não fui direto para o projeto máximo, em vez disso, comecei aos poucos, se não fosse por isso, em vez de um golem de terra, eu seria o criador do Ultron, dessa realidade.
"Estamos montando nosso próprio transporte." Expliquei para minha irmã.
"Vocês não têm aquele carro voador, e não podem se teleportar?" Perguntou ela.
"Estamos montando um transporte digno, que não exija que nem eu ou a Ravena, precisarmos abrir portais." Explico melhor.
É ótimo poder se mover de um ponto a outro com um simples passo, mas a lugares ou situações que isso não funciona, e mesmo que o carro voador seja rápido, ele não é o bastante, temos que ter um transporte que seja muito mais veloz.
"Estamos tentando fazer isso separados da Liga, achamos que eles não vão ir contra essa ideia, mas queremos fazer isso sozinhos." Falou Dick.
A Liga, talvez já saiba sobre isso, com certeza o Batman, já sabe.
"Mas para que fazer tudo isso? Vocês já são independentes da Liga, a muito tempo." Lembrou Van.
A Liga, que agora não era tão constante nas nossas vidas, se tornou mais uma organização aliada do que nossos mestres.
Foi a Ravena, quem explicou por que tudo isso.
"Agora que somos adultos, eles nos dão espaço, mas uma vez mentores, sempre mentores, se o Flash, de acordo o Wally, souber desse pequeno projeto, ele com certeza, vai querer se envolver, muitos outros também acham que algo assim pode acontecer, até mesmo o Kaldur, por isso, esse segredo todo."
"Diana, sairia da ilha para me propor o uso de alguns materiais ou ofereceria algumas ferreiras amazonas." Ri disso.
Acho que já faz dois messes desde que vi a Diana, foi algo passageiro, a Giganta, uma das suas inimigas, estava fazendo uma pequena confusão que ela resolveu rapidamente, cheguei para dar apoio, mas a batalha já tinha acabado naquele momento, depois disso, nos falamos por horas, e quando o dia nasceu, ela voltou para casa.
Quanto o assunto da conversa, era basicamente sobre a reconstrução da Ilha e suas vidas nela. Como eles tiveram a chance de construir tudo do zero, de acordo Diana, a cidade está dez vezes mais bela e fortificada, já que sua arquitetura anterior foi erguida a mais de dois mil anos, e estava um tanto desatualizada, vale lembrar que isso é do ponto das vistas das Amazonas, uma cultura avançada que mistura quase que perfeitamente magia com tecnologia.
O segundo assunto da conversa foi Steve Trevor, ele se adaptou muito bem a sua nova casa logo depois de um curto período de testes imposto pelas Amazonas, agora ele treina elas nas formas de combate militar desse século, principalmente técnicas de guerrilha e conhecimento das armas do mundo moderno, tenho até pena do exército que conseguir atravessar a barreira e pousar nas areias, antes eles teriam alguma vantagem por conta da inocência das Amazonas sobre as armas modernas, isso despareceu agora.
O único problema que Steve, teve desde que foi para ilha, foi causado por ninguém mesmo que a Amanda Waller. Quando Steve e os outros Oddfellows, pediram demissão, desaparecendo da A.R.G.U.S, eles não saíram de mãos vazias, levando com sigo a chave e local da Sala Negra, o cofre secreto da organização recheado de itens místicos de grande poder.
Amanda, queria muito isso, então ela primeiro tentou conseguir colocar suas mãos nos outros membros do Oddfellows, mas eles são agentes talentosos com grande acesso a recursos e com uma lista enorme de nomes que devem a eles, todos os membros desapareceram completamente do radar dela, e agora estão curtindo sua quase aposentadoria espalhados pelo mundo, por isso, Amanda, abaixou o nível ainda mais, indo atrás da família deles, mas só Steve, tem família viva.
Não foi bonito.
Uma mensagem tinha que ser dada, ir atrás da família é passar dos limites, até mesmo os vilões, sabem disso, os racionais é claro.
Por isso, enquanto Diana e Steve, recuperavam a meia irmã que ele nem sabia que tinha das garras de um Esquadrão Suicida 2.0, fui direto para a cabeça da cobra. Já que meu antigo aviso pareceu ter perdido a validade, dei outro, com mais ênfase dessa vez.
Por dois dias, depois de uma conversa acolhedora com Amanda, na frente dos portões do Tártaro, atormentei sua vida com as piores coisas que pude tirar da cartola, não foi agradável, a mulher tem tanto sangue inocente nas mãos que foi fácil conjurar um pequeno exército de mortos para a infernizar mentalmente, garanto, que ela possou esses dias sem dormir um segundo. Enquanto isso acontecia, conjurei alguns mortos de grande importância para ela, divulgando alguns secretos para a média, desenterrando operações que o governo queria manter enterradas.
No final, voltando a guerra fria de antes, com apenas ameaças, e nada de ações um contra o outro.
Ah, a irmã do Steve, foi resgatada com sucesso, ela aceitou com prazer visitar Themyscira, e está lá desde então.
"É divertido também criar algo só nos mesmos, dá uma sensação única de realização." Terminou Dick, me fazendo voltar a atenção para a conversa.
"Concordo….." Parei no meio da frase, escutando algo próximo, mas não próximo para os outros.
Quatro, não, seis ruas de onde estamos.
"O que foi?" Perguntou Ravena, ela já me conhece a bastante tempo, para notar o que acontece quando escuto algo a distância.
Antes de responder, escutei com um pouco mais de atenção tentando entender o que estava acontecendo, enquanto os outros, ficaram calados para não me desconcentrar.
"Alguns conhecidos nossos estão de volta causando confusão próximo daqui." Respondi para eles.
"Onde estão os outros?" Perguntou Ravena, se referindo aos nossos amigos que deveriam estar cuidando da cidade hoje.
"Do outro lado da cidade, cuidando de uma pequena briga entre gangues." Dick, respondeu.
Não sei como ele consegui acompanhar o que os outros estão fazendo enquanto come do lado da sua namorada, mas o cara foi treinado pelo Batman, então a resposta é clara.
"Deixa que eu cuido disso." Falei me levantando e pegando a minha taça meio cheia.
"Quer ajuda?" Perguntou Ravena.
"Se eu precisar, chamo você." Falei para ela, para logo esvaziar minha taça num só gole a colocando de volta na mesa.
"Eu também quero lutar!" Falou Kori, com a boca cheia de comida e muito mais dela presa ao seu garfo.
"Amor, você só pode comer ou lutar, não os dois." Brincou Dick.
Kori, ficou meio confusa, olhando para sua comida e depois para a vista da cidade, sua cara estava fechada, ela parecia realmente presa num complexo problema sem solução, no final, ela abaixou a cabeça e voltou a comer.
"Me chame se for um bom oponente." Falou ela.
"Tome cuidado!" Pediu Van, mas ela não parecia preocupada comigo.
Sorri para eles, e caminhei para o parapeito de frente para a vista da cidade iluminada e movimentada abaixo. Sem cerimônia, subi no muro com um pequeno pulo, e me deixei cair.
A muitas sensações novas que um semideus pode sentir na própria pele que um mortal comum raramente pode, cair de um lugar alto sem paraquedas sem qualquer medo da morte, é uma delas. Sentir a gravidade te puxando fortemente para baixo enquanto seu corpo parece estar sem nenhum peso e o vento batendo contra ele, é algo a ser apreciado.
Não tive medo de ser visto, conjurei as sombras para me esconderem assim que subi no muro, durante minha queda livre, minhas roupas foram trocadas pela minha armadura preta feita com o metal do submundo com o símbolo da arma do meu pai, o bidente dourado, cobrindo todo o meu tronco. Minhas armas também apareceram nas minhas costas, uma Xiphos grega negra com o punho cinza na forma de uma caveira com olhos de rubi, e meu escudo circular cinza, que tem esculpido em alto-relevo na frente dele Cerberus, o cão de três cabeças rosnando.
Minha armadura cresceu para acompanhar meu corpo, assim como meu escudo e arma, mas não houve mudanças nela, é difícil mudar algo que já chegou quase na perfeição, sendo forjado pelo próprio deus da forja, mas tenho planos é claro, só me falta habilidade para chegar lá.
Não precisei tirar a ilusão da cor do meu cabelo e rosto, já tinha feito isso ao entrar no apartamento, também não estou vestido com o golem das sombras, que sempre está na forma de uma longa capa de fumaça negra quando não está trabalhando em outra tareja, hoje ele está trabalhando.
Cruzei a cidade usando uma combinação do feitiço de voo original criado por mim junto da viagem das sombras, encobrindo meu corpo no meio da noite me movendo mais rápido que se poderia se mover numa cidade, o efeito etéreo do meu teleporte evita a destruição dos meus arredores. Dois segundos depois, aparece no meio de uma rua bem movimentada passando por cima de um pequeno grupo de civis correndo pelas suas vidas indo para todos os lados, deixando o meio da rua cheio de carros parados com as portas abertas, alguns já estão virados de cabeça para baixo ou de lado fumaçando, enquanto isso, no centro desse vazio de destruição, um gigante levantando com as duas mãos um carro acima da cabeça.
O Mamute, um homem medindo mais de dois metros de altura, com um corpo e ombros largos, parecendo um tanque gigante de músculos com cabelo longo marrom, que se assemelha a uma juba de leão, olhos azuis e braços da grossura do meu corpo, está vestido com seu macacão preto só com os braços amostra, acima do seu tronco e ao redor dos ombros, algo que se parece uma amadura dourada com esferas, o mesmo está sendo usado como braceletes nos pulsos.
Antes de me permitir ser visto, ele jogou com um rugido o carro popular preto como se ele fosse uma bola na direção da multidão correndo para ficar o mais longe possível dele, foi aonde aparece, segurando a frente do carro com minhas duas mãos. Não era pesado, mas é difícil de se levantar por conta do seu formato, mesmo assim consegui o colocar no chão sem fazer confusão.
"Mamute, já fez algum tempo." Falei para ele, pulando por cima do carro que acabei de colocar na minha frente.
Finalmente, ele pareceu me perceber, o cara pode ser um tanque de destruição vivo, mas seu intelecto não era muito desenvolvido, não por ele ser naturalmente burro, isso é um efeito colateral que surgiu no momento que ele despertou suas habilidades metahumanas, presumindo que o Robin, ou o ex Robin agora, acertou na sua teoria.
"Você!" Rugiu Mamute, segurando um carro do seu lado com apenas uma mão pelo teto, o metal se torceu e seus dedos afundaram nele, e com facilidade, ele girou seu corpo jogando o carro de lado contra mim.
O carro girou descontrolado com um arremesso perfeito, mas antes dele ir mais longe, o segurei no ar usando telecinese bem no alto do seu arco, e com um movimento rápido da minha mão, o devolve o jogando de volta para ele.
"TRUMMMMMMMMMMMMMMMMMM!"
O carro acertou a cabeça do Mamute, bem no seu centro, a cabeça dele venceu, perfurando a parte de baixo do carro até seu teto, o partindo ao meio numa confusão de metal, bancos e fluidos. Mamute, segurou os dois lados do carro por dentro, o rasgando para sair, jogando pedaços de metal e rodas para todo lugar.
Minha telecinese, não é tão avançada quanto a da Ravena, mas aprende a usar de forma eficiente, não posso ter o poder bruto para levantar um carro sozinho usando ela, mas consigo me aproveitar da situação de forma inteligente e fazer o mesmo, como aconteceu agora.
"Por que você está aqui? O que está acontecendo dessa vez?" Perguntei para ele me aproximando lentamente por meio dos carros e pedaços de metal ao meu redor.
Mamute, e outros dos seus amigos poderosos são um time, mas eles não são supervilões, eles não vão por aí tentando conquistar o mundo, em vez disso, são mais como um grupo de mercenários superpoderosos, aceitando trabalhos pelo mundo de pessoas comuns, e até mesmo de outros vilões, de qualquer forma, o motivo padrão deles para atacar uma cidade de forma tão chamativa como a que está acontecendo agora, já foi usado e parado pelo Time muitas vezes, e o motivo é sempre o mesmo, uma distração comum, chamar atenção dos heróis na cidade para encobrir o acontecimento de outro crime acontecendo no mesmo momento em outro lugar. O pior disso, é que dá certo.
"Talvez seja para manter todos nós longe da pequena guerra de gangues acontecendo?" Perguntei, a quatro metros de distância dele agora.
Guerra entre organizações criminosas rivais é algo que não acontece todo dia, não com heróis voando sobre a cidade, as gangues se mantêm vivas vendendo seu produto de forma discreta, mas sempre vai haver atritos, acho que a confusão de hoje é uma tentativa de tomada de poder que não daria muito certo sem essa distração, infelizmente para eles, já não deu certo, ou a pequena confusão acontecendo do outro lado da cidade também é uma distração.
"RURNURHURHU!" Mamute, rosnou para mim, uma confirmação, como eu disse, sua mente não é lá essas coisas.
Com raiva, ele abaixou o corpo e se jogou na minha direção com o ombro apontando para frente, uma posição que me lembrou um jogador de futebol americano se jogando contra a defesa do outro time. Ainda parado casualmente na frente dele, esperei quase que o último segundo para depois pular. Dei uma cambalhota por cima dele, e assim que estava no ponto mais alto reto acima do seu corpo, com os pés para cima e cabeça para baixo, movi minhas mãos as abrindo, dos meus dedos, um fio cinza desceu no ar envolvendo o pescoço dele, o fio se esticou o bastante para eu não ser puxado pelo trem descontrolado, mas assim que minha cambalhota estava acabando, puxei esse fio criado pelo meu ectoplasma, o efeito foi imediato, o fio ficou preso na garganta do Mamute, o fazendo esticar seu corpo para trás caindo de costas no chão.
Não gosto de usar armas dessa forma, mas tenho que o manter no centro da estrada, ele sempre causa destruição demais, e estamos numa das zonas mais ricas da cidade, aonde ficam as lojas caras próximo das residências, local perfeito para chamar atenção dos heróis, como também da força policial sem colocar em risco também os figurões.
"Ehhhh!" Mamute, virou seu corpo no chão tirando o fio fino de ectoplasmas do seu pescoço que desapareceu logo depois no ar, ele começou a se levantar, olhei para o local onde estava o fio antes, a uma linha branca marcando sua pele, ele tem invulnerabilidade, se não fosse por isso, não arriscaria usar essa coisa nele, humanos perderiam a cabeça facilmente, até mesmo monstros, já testei.
"Lute comigo como um homem, odeio quando você faz esses truques ridículos!" Gritou ele para mim, se preparando para outra investida.
Ele está certo, também não vou vencer agindo dessa forma, mas eu tinha que manter sua atenção em mim, o atacando dessa forma, sua raiva aparece, e como sempre, é focado num só ponto.
Mamute, avançou mais uma vez contra mim, como, bem, um mamute, com os braços abertos do lado do seu corpo, de cabeça baixa apontada para frente, pisando tão forte no asfalto, que seus pés deixavam marcas amassadas nele. Em vez de recuar, avancei, ele reduziu a velocidade e tentou me agarrar com as mãos abertas, passei por de baixo do seu braço esquerdo e fui para a direita, saindo da frente do seu outro braço, deixando seu rosto desprotegido, acertei um soco no queixo de lado, que pareceu não o afetar muito, ele girou seu corpo balançando seu braço da grossura de um tronco me forçando abaixar, e logo depois levantou sua perna mirando o joelho no meu corpo, toquei o topo do joelho o usando como apoio saindo do chão e girei meu corpo no ar acertando um chute no mesmo ponto que atingi quando dei o soco.
Nenhum dos dois golpes pareceu afetar ele, por isso mesmo, Mamute, se aproveitou da situação avançando contra meu corpo no ar, atingindo seu ombro contra meu peito tirando meu folego, e depois continuou indo em frente como um trem sem controle.
"TRINI!"
Minhas costas acertaram vidro brindado, dá para perceber a diferença pela resistência, ele parou de avançar nesse momento subitamente, jogando meu corpo para frente que rolou no chão branco, olhei ao redor, estou numa joelheira com uma forte luz piscando no teto, o alarme.
Mamute, tentou levantar sua perna para entrar pelo buraco que fiz na vitrine com meu corpo, não deixei ele fazer isso, pulei com meu corpo esticado na sua direção, agarrando seus dois ombros e usando meu voou para me dar impulso o bastante o fazendo torcer seu corpo para trás, no ar, girei minhas pernas na direção do chão das costas dele segurando a parte de baixo do seu queixo enquanto falava um feitiço em voz baixa, o joguei de volta na direção da estrada com facilidade que só um força aumentada por magia, pode fazer.
"TRUNUNU!" "TRUMMMMMMMMMMMMMMM!"
Não foi sutil, ele pesa uma tonelada, seu corpo amassou duas motos que estavam no chão rolando sobre elas e destruiu mais um carro que conseguiu parar seu corpo, mas não antes de ter a traseira totalmente destruída.
Antes do Mamute, conseguir se levantar, dei uma arrancada aparecendo bem na sua frente, desferindo rapidamente, e agora com força de verdade, um soco acertando sua bochecha esquerda.
"BLAW!"
Uma pequena onda de choque ecoou durante o golpe, que o fez cair de joelhos de novo, só para ser acertando por uma combinação de esquerda, direita e esquerda no rosto, que o jogou para trás, fazendo suas costas acertarem de volta o carro, Mamute, tentou segurar as duas laterais do veiculo para se levantar, foi quando acertei um chute bem no meio do seu rosto o enfiando ainda mais dentro do metal, isso não foi o bastante para o derrotar é claro, ele rugiu para mim e tentou me agarrar, mas eu já tinha recuado um passo, espaço o bastante para desviar da sua mão, como também disparar uma rajada Eldritch, a queima-roupa.
"BLOMMMMMMMMMMMMMM!"
O feixe concentrado de mana mais negra que a noite, saio da minha mão acertando o tronco do corpo dele em cheio, a força do disparo foi assustadora, empurrando seu corpo contra o carro, e depois o explodindo num breve lampejo de fogo e metal.
"TUMM" "TRUMMMM!"
Mamute, foi jogado para trás como um boneco, acertando mais dois carros nas suas laterais, os amassando até finalmente cair de costas no teto de uma van branca, afundando nela. Olhei para seu corpo me aproximando, ele não está muito ferido, seu corpo está fumaçando pela rajada, mas não há nenhum ferimento exposto. É difícil lutar contra invulnerabilidade, só minha espada e alguns dos meus feitiços mais explosivos podem romper esse poder, mas claro, a carne não pode ter sido ferida, isso não quer dizer que ele não foi ferido.
Mesmo assim, tenho coisas para cuidar, por isso levei a minha mão para minhas costas puxando a espada.
Dei um passo para frente em direção do Mamute, ainda deitado em cima do carro, mas quando meu pé pisou no chão, ele afundou até o tornozelo como se eu tivesse pisado numa poça funda, olhei para baixo, e o asfalto negro ao meu redor mudou, e meu outro pé também começou afundar, o asfalto se transformou em piche negro borbulhante com um cheiro terrivel.
Flutuei alguns centímetros acima do piche para sair de dentro dele.
"Irmão, você com certeza está passando vergonha agora!" Falou outra voz.
Olhei para esquerda, e vi uma adolescente sentada em cima do capô de um carro com as pernas cruzadas, do lado dela em pé, outra mulher vestida com um longo vestido branco, reconheci ela, mas não a adolescente.
"Parece que o assunto de hoje não é apenas uma pequena distração." Falei em voz alta.
Se fosse apenas uma distração simples, Mamute, seria o bastante, não havia por que a Jinx, estar presente junto de outra mulher que não conheço, mas que claramente alterou o chão de alguma forma.