"Chegou a hora de vocês saberem a verdade", disse ele, abrindo o livro em uma página marcada por anotações rabiscadas.
Ele os conduziu até uma grande mesa de madeira. Victor apontou para uma série de mapas, arquivos e recortes de jornais que detalhavam acontecimentos aparentemente desconexos, mas que convergiam para um único ponto: a vida de Seraphin.
"Seus pais," ele começou, virando-se para Seraphin, "eram cidadãos comuns. Pessoas simples que jamais deveriam ter se envolvido com nada disso." Ele suspirou, as palavras pesando em sua voz. "Mas você... você é muito mais do que eles. Desde a sua primeira encarnação, você foi caçada. Reencarnação após reencarnação, a organização que eu ainda não sei o nome, teve sucesso em eliminar você... até a última vez."
Seraphin cruzou os braços, observando os documentos com uma expressão de tranquilidade. "Então eles falharam dessa vez," ela murmurou.
Victor assentiu. "Sim, e foi aí que eu entrei. Quando a organização responsável por te matar fracassou, consegui te resgatar antes que te encontrassem novamente. Depois, decidi te entregar à Ordo Arcana Noctis, pensando que você ficaria segura com eles. Mas o que eles não sabiam, e eu também não percebi até mais tarde, é que sua presença mudaria tudo."
Ele apontou para o mapa. "Aqui estão as datas, os locais... eu tentei traçar o caminho de seus pais, entender o porquê deles, mas... não há nada. Nada concreto sobre quem os matou ou por quê. Eles só estavam no lugar errado, na hora errada, vítimas de uma perseguição que deveria ter sido dirigida apenas a você."
Darius, que estava quieto até então, soltou uma risada incrédula. "Então todo esse tempo, tudo que sabemos sobre Seraphin... é apenas uma coincidência cósmica? Nada de destino, apenas azar?"
Victor apertou os lábios, refletindo por um momento. "Não chamaria de coincidência. Algo maior está em jogo, mas minhas pesquisas... só levam a becos sem saída. Sei que há uma força tentando apagar a existência de Seraphin, mas não tenho ideia de quem ou o que está por trás disso. E quanto aos seus pais..." Ele balançou a cabeça. "Eles eram inocentes."
Mira se inclinou sobre a mesa, observando as anotações, suas mãos deslizando pelos papéis com leveza. "Você tentou, Victor. Mas parece que essa história tem muito mais camadas do que imaginamos."
Victor olhou para Seraphin com um olhar grave. "Ainda assim, Seraphin... o que você escolhe fazer agora vai moldar o que está por vir. Não temos todas as respostas, mas sabemos quem é o verdadeiro alvo."
Seraphin assentiu, com uma expressão de determinação nos olhos. "Se querem me caçar, então vamos deixar que me encontrem. Só que desta vez, estaremos preparados." " Victor permaneceu ao lado da mesa, em silêncio, enquanto Darius e Mira digeriam as informações. O subterrâneo, com suas armas e segredos, de repente parecia pequeno diante da vastidão do mistério que envolvia a vida de Seraphin. "Então, é isso?" Darius murmurou, finalmente quebrando o silêncio. "Passamos por tudo isso, enfrentamos perigos, e no fim... não há respostas claras?" Victor balançou a cabeça. "Infelizmente, é a verdade que tenho. Existem forças trabalhando nas sombras, e a única coisa que sabemos com certeza é que Seraphin está no centro de tudo." Mira olhou para Darius de relance. "Isso não muda nada para nós, certo? Ainda estamos no mesmo ponto — a caça aos artefatos." Darius ficou pensativo por alguns instantes, observando o mapa sobre a mesa. "Sim, Mira. Mas há algo mais nisso tudo... algo que não contamos. Algo que pode mudar o rumo dessa caçada." Victor ergueu uma sobrancelha. "Do que você está falando?" Darius soltou um suspiro pesado, e seu olhar encontrou o de Mira por um momento. Ele finalmente virou-se para Victor e Seraphin, sua expressão sombria. "vou precisar contar algo que vocês ainda não sabem. Algo que venho escondendo desde o começo." Seraphin, intrigada, estreitou os olhos. "E o que seria?" Darius respirou fundo, hesitando por um breve instante. "Vocês saberão... no momento certo."