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Aleksander Petrov

Realmente, a teimosia é uma marca registrada da família Petrov. Meu pai se senta perto de mim e abana a cabeça decepcionado, parece que por mais que ele fale muito, meu irmão não vai ouvir nada, ele está decidido a tratar Sophie com indiferença, mesmo que isso no final das contas, vá provocar uma catástrofe no relacionamento deles.

— Eu não sei o que fazer com o seu irmão meu filho, fale com ele, você é o mais velho, esse tipo de situação não pode continuar assim, Sophie está grávida e não pode passar por uma coisa dessas — meu pai parece muito preocupado com Sophie, ele não está gostando do comportamento do meu irmão e para falar a verdade, até mesmo eu estou preocupado com ela.

O relacionamento deles é muito conturbado e não é nada bom ter uma criança num ambiente sem paz, eu falo por experiência própria, o relacionamento deles não era bom, e eu passei por várias coisas, eu fiquei com várias sequelas. O melhor é que eles se acertem muito antes do bebé nascer, mas como é que vamos ajudar alguém que não ouve nem mesmo o próprio pai?

— O que o senhor quer que eu faça? Ele não me escuta, ele é teimoso igual a uma mula — reclamo bastante irritado.

Eu também não tenho nenhuma moral para falar sobre casamento com o meu irmão, sendo que o meu casamento no início parecia uma verdadeira baderna. Não vejo como ajudar eles, se não fôr por trancar eles num quarto ou sequestrar eles e abandona-los numa ilha privada e isolada.

— Eu não sei seu irresponsável, você precisa ser um irmão mais velho agora — meu pai joga a batata quente em minhas mãos e sai do meu escritório.

Desde que a gravidez de Isabella entrou nos últimos estágios, toda a família decidiu morar na minha casa. Meu pai e a minha mãe, praticamente se mudaram para a minha casa, eu não durmo em paz, além de dormir no sofá velho, tenho que controlar tudo a minha volta, parece que a Yakuza está calma, mas essa calma é só uma falsa ilusão grotesca, eles estão preparando alguma coisa, com Fiorella Constantine casada com Giancarlo Rocuzzo e Giana Constantine desaparecida, as coisas não andam bem. Ygor ainda está preso no meu porão, eu sinto vontade de castigar ele todos os dias, mas se o fizer, minha esposa vai cortar as minhas bolas e comer elas. Preciso esperar o bebé nascer para que ela mesma, faça o que pretende fazer com ele.

Saio do meu escritório e decido dar uma volta no porão, só porque a minha esposa decidiu esperar o bebé nascer, para finalmente participar na brincadeira, isso não quer dizer que ele está sendo tratado como pessoa, ele sofre diariamente, ele só come o necessário para que fique vivo até o nascimento do meu filho.

— Oi Ygor, como tem passado? Os meus homens têm cuidado muito bem de você? — ele está amarrado num poste com os braços elevados no ar, ele está tão cansado que segundo os meus homens, ele tem implorado pela morte diariamente.

— Aleksander, você veio me ver, por favor me mata, eu não aguento mais ficar nesse lugar — sua voz sai baixa e cansada.

O cheiro de urina é forte e porra! Esse lugar está podre igual a alma dele, eu não consigo nem ficar alguns segundos aqui, os ratos passeiam por todo o seu corpo, reconhecendo que eles são da mesma espécie. Seus dedos estão decepados, os ratos estão comendo ele aos poucos, eu não quis fazer nada com ele mas parece que os ratos já estão fazendo isso por mim.

— Eu não vou te matar, minha esposa falou que quer torturar você pessoalmente, eu só sigo ordens — dou de ombros, observando um rato tirar seu dedo mindinho.

O cenário é assustador e grotesco, se o meu filho não nascer logo, é bem provável que ele morra antes que eu possa colocar minhas mãos nele, ele já está morto, só falta mesmo seu coração parar. Ele está tão fraco que não tem mais força para gritar ou lutar contra os ratos e as formigas que estão muito interessados em comer ele, ele está sendo morto vendo, a morte está diante dos olhos dele e ele não pode fazer nada, acho que não existe pior castigo que esse.

— Por favor, eu não aguento mais isso — ele implora mais uma vez.

Seu sofrimento é tão cativante que um sorriso escapa dos meus lábios, ele está mesmo implorando para que eu deixe ele em paz, ele acha que eu sinto pena dele, com quem ele acha que está falando? Eu sou o diabo, meu coração não bate por causa de piedade ou qualquer outro sentimento humanamente aceitável. Eu quero que ele morra aos poucos, quero que ele deseje a morte quero que ele chame pela morte, que me implore para que o mate, mas quando ele fizer isso, eu não o darei a morte, vou provocar mais dor nele até que não sobre mais nada dele além de um caco velho e sem alma.

— Ygor, Ygor, nós dois crescemos juntos, mas parece que você não aprendeu nada sobre mim, você não me conhece né? Acha que eu tenho esse título de diabo porque sou bom demais ou porque tenho compaixão? Eu vou fazer você implorar pela morte e quando fizer isso, eu não te darei ela, você vai chorar e vai implorar para que eu o faça — pego em seu cabelo e o ergo para que ele me encare.

Seus olhos estão arregalados mas sem vida, ele já está morto por dentro, ele é só um caco, em uma única sessão de tortura, ele vai morrer, sem muito esforço, acho que a minha esposa não terá muito trabalho para acabar com ele.

— Reduzam a porção de comida dele, meu filho vai nascer em poucos dias, não falta muito para que eu faça ele desejar a morte — solto seu cabelo e me retiro de perto dele.

Antes de voltar para o interior da minha casa, lavo as minhas mãos, não posso contaminar a minha esposa com cheiro nojento dele, ele não merece nem sequer ter seu cheiro perto da minha casa.

— Isabella não está aqui — a irmã de Isabella informa, ela não vai com a minha cara, ela tem toda a razão em me odeiar.

Eu fui o responsável por estragar a vida dela, ela é uma jovem muito bonita, parece um anjo, ela estava começando com os seus sonhos, ela estava prestes a se tornar alguém livre e alguém com uma certa independência, mas eu tive que fazer merda e acabar com todos os sonhos dela.

— Onde ela está? — desde que a gravidez chegou nas últimas semanas, ela não tem saído muito de casa, acho estranho que ela não esteja na estufa lendo um livro ou no interior da casa ajudando Caty na cozinha.

Sophie Cassano anda muito triste, quando eu pesquisei sobre ela, ela exalava pureza e alegria, agora ela só fica triste, porra! Eu sou o responsável pelo fim do sorriso dela, eu tenho que resolver esse problema logo ou se não, vou passar todo o ano no quarto de hóspedes. Eu preciso fazer com que Mikhail e ela, se entendam logo de uma vez.

— Ela está no jardim de inverno com a minha mãe — ela parece muito nervosa por estar perto de mim.

Ela fecha o livro totalmente nervosa, pronta para se retirar de perto de mim, parece até que ela sente medo de mim.

— Escuta Sophie, eu sinto muito, eu não quis fazer você sofrer com a minha atitude egoísta, mas eu estava desesperado, eu não sabia o que fazer, eu precisava mesmo da ajuda da Camorra, seu pai nunca ajudaria um russo, a única forma que encontrei foi essa — eu estou envergonhado por estar assumindo uma coisa dessas, se eu tiver uma filha um dia, espero que o carma não se volte para mim e me faça pagar pelo que fiz com essa moça.

Ela abaixa a cabeça totalmente envergonhada, como é ela pode estar envergonhada? Eu é que devia me envergonhar aqui, pelo que fiz com ela e o meu irmão, eu os condenei a um casamento sem amor e fadado ao fracasso, nem todas es pessoas do mundo são loucas iguais a mim e Isabella, nem todos têm a capacidade de transformar um casamento sem salvação, num casamento que é usado como exemplo.

— Eu não quis acabar com os seus sonhos, a única saída que encontrei para salvar a minha esposa e filho foi essa, realmente sinto muito — me curvo me desculpando ainda mais.

Sophie não fala nada, apenas me encarar como se estivesse buscando as palavras certas para se dirigir a mim, ela tem razão de estar assim, a minha fama pelo mundo não é uma das melhores do mundo, eu sou bem assustador quando estou falando com outras pessoas além da minha esposa. Ela movimenta as mãos nervosa, ela está bastante assustada e amedrontada. Preciso ganhar a confiança dela para que ela e o meu irmão se acertem logo.

— Está tudo bem senhor Petrov, o senhor só quis salvar a sua família, não usou os caminhos certos, mas foi necessário — ela não está certa de suas palavras, na verdade, suas palavras saiem trémulas e incertas, ela só está falando isso para que eu a deixe em paz, parece que terei que sequestrar ela e o burro do meu irmão para que os dois façam as pazes.

— Tudo bem Sophie, você não precisa me chamar de senhor, nós somos da mesma família agora, não precisamos de toda essa formalidade — forço um sorriso e parece que funciona porque a expressão tensa logo se suaviza.

Como é que eu pude fazer isso com alguém tão bom e puro? Ela é uma pessoa tão boa e cheia de luz, ela é uma menina tão boa que não vê maldade em ninguém, não me espanta que Mikhail tenha conseguido enganar ela. Mas isso não importa mais, ela da minha família agora e eu vou fazer os dois se acertarem, por bem o por mal, eu provoquei esse problema e eu vou concertar ele, custe o que custar, se Mikhail acha que já viu de tudo nessa família, ele não viu ainda o que significa ser o irmão de Aleksander Petrov. O diabo.

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