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Isabella Petrov

O cheiro de hospital sempre me deixou enjoada, nunca gostei da atmosfera desse lugar, mas hoje o clima não está funebre, está agradável e engraçado. Aleksander parece uma criança curiosa, nem parece o diabo insuportável de sempre.

— Doutora, esse feijãozinho é o nosso filho, como é que algo assim pode ser uma pessoa — Aleksander fala incrédulo arrancando uma risada de mim e da médica.

Estamos na nossa terceira consulta, na última ultrassom, nós não conseguimos ver o sexo do bebé, porque o pequeno diabinho não quis abrir as pernas. Ele nem nasceu ainda e já tem uma personalidade forte.

— Aleksander não fale assim do nosso pequeno príncipe — repreendo com um sorriso nos lábios.

A médica ignora a nossa pequena briga e continua com o seu trabalho, o gel frio entra em contacto com a minha pele me arrepiando a medida em que ela desliza a pequena máquina por toda a minha barriga. A tela é preenchida novamente por imagens borradas do nosso filho, junto da imagem, vem o som do seu pequeno coração. Ele bate forte, destemido, tão pequeno e já é cheio de vida. Eu escutei vários tipos de música na minha vida, mas o som do bater frenético do coração do meu pequeno diabinho, é sem igual. É a coisa mais linda que eu já ouvi na vida.

— UAU! Doutora é normal bater tão depressa? — Aleksander Indaga bobo, ele parece emocionado e sem palavras.

— Perfeitamente, o seu filho é cheio de vida e muito forte — a médica retruca com um grande sorriso.

Aleksander presta atenção na tela, seus olhos esbugalham e ele fica sem palavras. Ele está tão emocionado que nem parece a mesma pessoa.

— Oh! Olha só para ele, ele finalmente abriu as pernas, olha só isso, é um lindo menino, forte e saudável — a médica aponta o pequeno visor onde é possível ver o nosso bebé.

Aleksander olha surpreso para o visor, seus olhos enchem-se de lágrimas de forma instantânea. Ele está chorando, eu nunca vi ele chorando, eu nem sabia que o diabo era capaz de fazer tal coisa.

— Oh! Você está chorando, por quê? — passo a mão em seu cabelo, para tentar confortar ele.

Ao se dar conta do que está acontecendo, Aleksander passa a mão nas bochechas de forma rápida e desajeitada. Ele limpa as lágrimas envergonhado e sorri para mim.

— Obrigada Isabella, você não faz ideia do quão está me fazendo feliz — as palavras dele são tão sinceras que as minhas lágrimas caiem também.

Como ele pode fazer isso comigo, me fazer chorar de emoção, fazer o meu coração bater freneticamente e desejar falar as três palavras mágicas para ele.

— Ei, não chora, eu não falei as palavras mágicas ainda, poupa as lágrimas para esse dia — Aleksander sussura me provocando. Com a ajuda de um lenço, ele passa as mãos em minhas bochechas e limpa as minhas lágrimas com calma e bastante cuidado.

— Uhm! Seu velho da lancha, você vai falar primeiro com certeza — provoco acompanhando ele até o carro.

Depois da noite na boate, ele tem tomado bastante cuidado comigo, ele não quer que eu faça muito esforço, isso me enlouquece na mesma proporção que me excita, porque enquanto ele se preocupa comigo ao executar tarefas simples e executáveis, na cama ele me toma igual a um animal selvagem. Eu adoro isso nele, fora da cama, ele tenta ser um bom marido, ele tenta ser o Aleksander Petrov, quando está com seus homens, ele é o diabo e na cama ele me dá os dois, principalmente o diabo.

— Nem acredito que vamos ter um menino para chamar de nosso, UAU! Meu pai vai enlouquecer — Aleksander está tão animado que em nenhum momento desde que saímos do consultório, ele deixou a foto da ultrassom em paz.

Estamos a caminho da clínica da Bratva, onde o pai do meu marido está internado, ele está realmente mal, mas contando o tempo que ele ficou em coma, foi um verdadeiro milagre ele não ter ficado mudo ou com Amnesia, a paralisia é só um efeito colateral.

— Acha que ele vai gostar de mim? Eu sou uma Italiana, filha do homem que tentou matar vocês, filha do homem que colocou ele na situação em que está? Não acha que ele vai ficar furioso com você? — falo apreensiva ao perceber que estamos chegando na clínica.

A verdade é que mesmo a senhora Ivana, tendo me recebido bem, com bastante carinho, eu não sei como o meu sogro vai reagir a mim. Desde o nosso casamento e desde que o meu sogro, acordou do coma, eu não o vi ainda. Nem sei como ele se parece. Tudo o que sei do meu sogro, foi o meu marido quem falou para mim.

— Não se preocupe, o meu pai parece assustador, mas ele é a pessoa mais mole que conheço, sem contar que nesses meses todos, eu expliquei o que aconteceu entre nós, ele entendeu Perfeitamente — Aleksander fala com um sorriso.

Continuamos a nossa viagem até a clínica, em nenhum momento Aleksander largou a minha mão ou a foto da ultrassom, ele parece radiante com isso, parece uma criança que ganhou um prémio que a muito tempo esteve esperando. Ele não é mais o diabo que conheci há meses atrás. Ele não me ama ainda ou melhor, não se confessou ainda, mas eu consigo ver em cada acção sua que ele sente mais do que desejo por mim.

— Deixe-me ajudar você Zayka, não quero que caia — Aleksander estende a mão de frente para mim.

Ele parece um verdadeiro cavalheiro, se ele continuar assim, eu vou me apaixonar por ele, completamente e totalmente, de corpo e alma e acho que no final a minha alma vai arder no inferno, junto da alma dele.

— Obrigada querido, você é um amor de pessoa — dou a mão para ele e desço do carro.

A minha barriga nem sequer está grande o suficiente e eu já estou sendo tratada igual a uma rainha, nem quero imaginar quando ela ficar maior, acho que nem sequer vou poder levar a comida até a boca por conta própria. Nós dois entramos de mãos dadas no interior da clínica, o lugar está calmo, não tem muitas gente, acho que por ser da Bratva, por isso é discreto, mas ela está tão Calma que parece até que o meu sogro é o único paciente aqui, se fôr realmente isso, o meu marido não é só um diabo soberbo mas também um diabo exagerado.

— Pakhan! Seja bem vindo — o soldado na porta cumprimenta com o rosto cheio de medo, acho que o meu marido andou aprontando no conselho, conhecendo ele, como eu conheço, certeza que não foi algo pequeno — Primeira dama — o segurança faz uma reverência em minha direção, já um pouco mais calmo.

Parece que na presença do meu esposo ele estava segurando a respiração, quando ele percebeu que Aleksander não é nenhum tipo de cachorro louco, ele ficou mais calmo e pode finalmente respirar.

Com um aceno cumprimento o soldado e acompanho o meu marido, até o interior da clínica. Não nego que o meu coração está pulando feito um louco em meu peito, não nego que estou nervosa, mas como o meu querido marido disse, não vai acontecer nada comigo, ele falou com o pai dele e vai dar tudo certo.

— Isabella Massimo, há quanto tempo? Deixe-me dizer que os anos não passaram para você — o pai do meu esposo me recebe com um sorriso tão amigável, como se nós já nos conhecessemos, como se ele soubesse quem eu sou.

Ele não estava com raiva, não expressa nojo ou qualquer outro tipo de sentimento negativo, muito pelo contrário, ele parece alguém que foi o meu amigo na vida passada, como se dois amigos de infância estivessem se recontrando. Olho para o meu marido pedido ajuda, eu não sei quem é essa Isabella Massimo, mas parece ser alguém que o meu marido e minha sogra conhecem.

— Pai essa não é Isabella Massimo, ela é Isabella Petrov, minha esposa e sua nora — Aleksander me apresenta ao pai dele constrangido.

Meu marido parece nervoso, parece assustado, como se estivesse escondendo algo muito grave de mim. Eu nem sequer sei quem é essa Isabella Massimo, mas seja quem for ela, eu me pareço muito com ela. Talvez uma parente minha, talvez uma tia, avó ou quem sabe, minha verdadeira mãe. Pode parecer loucura, mas eu sempre senti que não fazia parte da família Constantine. Minhas irmãs são loiras de olhos verdes, esguias e postura de modelo. Eu sou o contrário delas, morena de olhos castanhos e não sou grande coisa, por vários anos, eu pensei que fosse parecida com o meu pai, mas algo me inquietava muito, meu pai tem olhos castanhos claros, quase mel e eu simplesmente tenho olhos castanhos café, pode parecer uma diferença simplesmente e insignificante, mas somando as nossas diferenças físicas e o tratamento diferenciado que eu sempre recebi da minha mãe, eu sempre desconfiei que fosse uma bastarda.

— Oh! Que bom minha querida, como está sua mãe? Você se parece muito com ela, sem contar que têm o mesmo nome — meu sogro parece realmente feliz por saber que seu filho único casou com a filha de sua suposta amiga.

Olha para o meu marido de forma interrogativa, para que ele explique o que está acontecendo. Ele sabe tudo, como ele mesmo disse, o diabo sempre sabe das coisas que acontecem no inferno, ele sabe do que o pai está falando.

— Uhm! Pai eu preciso contar algo, Isabella está grávida, veja é um menino — Aleksander muda de assunto de forma rápida, fugindo de sua culpa, mas isso não ficará assim, ele vai explicar o que está acontecendo.

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