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Capitulo 47 - Voltando para Hogwarts

Dante despertou cedo naquela manhã, com o amanhecer filtrando-se pelas cortinas brancas de seu quarto em St. Mungus. Os dias no hospital tinham passado devagar, cada minuto parecendo mais longo por conta da frustração que crescia dentro dele. Ele não estava ferido fisicamente, mas Moody, sempre cauteloso, insistira que ele permanecesse ali para observação. "Precaução," dissera o auror, com seu habitual tom severo. Porém, para Dante, aquilo era uma perda de tempo precioso — tempo que ele poderia estar usando para praticar seus feitiços, aprimorar suas habilidades e continuar seus estudos. Ao invés disso, ele se viu limitado a longas horas de leitura, sem poder executar a magia que tanto ansiava aperfeiçoar.

Levantou-se da cama, seus movimentos rápidos e decididos, mostrando a impaciência que crescia em seu peito. Ele iria voltar para Hogwarts naquela manhã, e sua mente já estava inundada com os planos de retomar sua rotina. Durante os dias que passara no hospital, Dante concentrou-se principalmente nos livros que havia adquirido. Embora a frustração por não poder praticar magia o consumisse, ele encontrou algum alívio nos estudos, mergulhando nas runas e nos textos de programação que trouxera consigo.

O livro de runas que pegara na biblioteca de Hogwarts já estava completamente decorado em sua mente. Ele memorizara cada símbolo, cada significado, mas sabia que a verdadeira maestria estava além da simples memorização — ele precisava entender a essência das runas, seu poder intrínseco, e como poderia manipular aquilo para seus próprios propósitos. Agora, mais do que nunca, ele se sentia confiante de que estava à beira de criar algo verdadeiramente único.

Suas noites em St. Mungus, passadas em silêncio, apenas com a luz fraca de uma vela bruxuleante para iluminar as páginas dos livros, foram dedicadas a desenvolver sua própria linguagem de runas. A ideia o fascinava e o mantinha acordado até tarde, com os olhos fixos nas palavras e diagramas, enquanto sua mente trabalhava a todo vapor. Ele entendeu que as fraquezas das runas tradicionais estavam na sua previsibilidade. Muitos bruxos dominavam essas linguagens arcaicas, e, como tal, era fácil desativar runas conhecidas. Bastava compreender o símbolo e a palavra-chave por trás de sua criação para desfazê-la.

Dante, no entanto, não seria vítima dessa fraqueza. Ele planejava criar runas em uma linguagem própria, uma combinação de magia e programação, onde apenas ele teria o controle total. Cada runa que criasse seria uma extensão de sua vontade, impenetrável e indecifrável para qualquer outra pessoa. Isso o colocaria em uma posição de poder único, acima dos outros bruxos, capaz de moldar e manipular a magia de uma forma que ninguém jamais ousara sonhar.

Mas, mesmo enquanto suas mãos folheavam os livros e sua mente se concentrava nos estudos, um pensamento sombrio persistia no fundo de sua consciência. As imagens das crianças mortas no orfanato ainda estavam gravadas em sua mente, como uma ferida aberta que jamais cicatrizaria. Ele tinha visto a injustiça, o horror de vidas inocentes sendo ceifadas por puro ódio e desprezo. E ele sabia quem eram os verdadeiros culpados — as famílias puro-sangue. Dante tinha certeza de que aqueles que apoiavam a supremacia bruxa estavam por trás da tragédia. Ele ainda não tinha provas concretas, mas isso pouco importava para ele. Sua convicção era inabalável: eles pagariam por isso, cada um deles. Não restaria ninguém.

A vingança era um fogo que queimava silenciosamente dentro de Dante, alimentando sua determinação. Ele prometera a si mesmo que não deixaria nenhuma daquelas famílias escapar. Eles seriam destruídos, um por um. Era um plano que exigia paciência e estratégia, e Dante sabia que não podia se precipitar. Mas, no fundo, ele ansiava pelo dia em que poderia confrontá-los, quando finalmente liberaria toda a raiva que guardava em seu coração.

Suspirando, ele colocou os pés no chão frio e começou a se vestir. Sabia que seu tempo em St. Mungus estava chegando ao fim. "Finalmente," pensou, enquanto abotoava sua capa. Ele estava ansioso para voltar a Hogwarts, para a segurança e a familiaridade de seu próprio mundo, onde poderia continuar a aprimorar seus poderes. Mas, mesmo com esse alívio iminente, ele não podia ignorar o que o aguardava.

Ao caminhar pelos corredores do hospital em direção à saída, ele notou os olhares curiosos e até mesmo temerosos de alguns curandeiros e outros pacientes. Sabiam quem ele era. Sabiam o que ele havia passado, e isso, de alguma forma, os incomodava. Ele era o garoto que tinha sobrevivido a um inferno pessoal, e agora todos o viam como uma espécie de enigma. Mas Dante não se importava com esses olhares. Para ele, as opiniões alheias eram insignificantes. Havia algo muito maior em jogo, e ele estava determinado a não se deixar distrair.

Ao chegar à recepção, encontrou Alastor Moody esperando por ele, com sua típica expressão severa e o olhar mágico girando incessantemente, observando tudo e todos ao redor. "Pronto para voltar, garoto?" Moody perguntou, sem rodeios.

Dante assentiu, evitando qualquer conversa desnecessária. Ele não tinha muito interesse em prolongar aquele diálogo. Estava mais preocupado com os próximos passos.

Moody pareceu perceber a falta de vontade de Dante em falar, mas, como sempre, não insistiu. "Hogwarts te aguarda. Se precisar de alguma coisa, você sabe onde me encontrar." A última frase foi dita com uma ênfase que indicava algo mais profundo — talvez uma preocupação real por Dante. Mas o jovem bruxo apenas acenou, sem realmente absorver a mensagem.

Eles logo partiram para o local de aparatação e, em questão de segundos, Dante sentiu o conhecido puxão no estômago, o que indicava que estavam sendo transportados. Quando seus pés tocaram o chão firme novamente, ele se viu na plataforma 9 ¾. A familiar movimentação da estação King's Cross logo o cercou, com o vapor dos trens subindo no ar frio da manhã, e famílias bruxas dizendo suas despedidas enquanto os alunos se preparavam para retornar a Hogwarts.

Dante, porém, não se demorou em observar as pessoas ao seu redor. Ele não estava interessado nas interações familiares ou nos risos abafados que ecoavam pela plataforma. Seus pensamentos ainda estavam imersos em tudo o que havia ocorrido — tanto os eventos que presenciara no orfanato quanto o tempo que passara em St. Mungus. A sensação de impotência diante da injustiça que assolara sua infância e, mais recentemente, a vida daquelas crianças ainda latejava em sua mente. Tudo parecia um lembrete constante do quão desprotegido ele realmente se sentia em relação ao mundo.

Ele apertou o punho ao pensar nos culpados. Puros-sangues... sempre eles. Sua mente revisitou a promessa silenciosa que fizera a si mesmo de vingança — uma promessa que o alimentava cada vez mais a cada dia que passava. Eles não escaparão, pensou, com o mesmo fervor que o mantivera acordado em tantas noites.

Moody, percebendo o silêncio de Dante, deu um leve tapinha em seu ombro. "Vamos, garoto, é hora de embarcar." Sua voz era firme, mas havia um tom de compreensão ali, algo que Dante percebeu, mas ignorou. Ele não queria compaixão. Ele não queria simpatia. Ele só queria voltar para Hogwarts e retomar seu treinamento, focar em seus objetivos.

Eles caminharam em direção ao Expresso de Hogwarts, onde o grande trem vermelho aguardava os alunos, soltando baforadas de vapor enquanto os bruxos jovens embarcavam, animados para mais um semestre. Dante permaneceu calado, seguindo Moody até a porta de um dos vagões. Moody parou antes de deixá-lo ir.

"Ouça, Dante," disse Moody, com um olhar penetrante, seu olho mágico girando inquieto como sempre. "Sei que você tem muita coisa na cabeça agora. Mas lembre-se, você não está sozinho. Hogwarts pode ser um lugar seguro, se você deixar que seja. Não tente carregar o peso do mundo sozinho."

Dante deu de ombros, sem fazer muito esforço para responder àquela declaração. Ele sabia que Moody queria ajudá-lo, talvez até genuinamente preocupado com seu bem-estar. Mas Dante não conseguia aceitar isso. Não conseguia confiar totalmente em ninguém. Não depois de tudo o que passara.

"Eu vou ficar bem," murmurou, não exatamente acreditando em suas próprias palavras. E, sem esperar por uma resposta, ele entrou no vagão.

Dentro do trem, a agitação dos alunos se intensificava. Risadas, conversas e gritos ecoavam pelos corredores, criando um contraste gritante com o silêncio sombrio que reinava dentro de Dante. Ele procurou uma cabine vazia, longe de todos os olhares curiosos e barulhentos. Encontrou uma no fundo do trem e entrou, fechando a porta atrás de si com um suspiro de alívio.

Sentou-se ao lado da janela e observou o movimento da plataforma pela última vez antes de o trem começar a se mover. As famílias bruxas acenavam, algumas lágrimas sendo derramadas por pais e filhos, enquanto o Expresso de Hogwarts lentamente ganhava velocidade, deixando para trás a estação e a vida no mundo trouxa. Dante observou tudo isso com um olhar distante. A ideia de família parecia algo distante e quase irrelevante para ele naquele momento. Ele não tinha uma para quem voltar. Tudo o que lhe restava era a solidão e a busca por justiça.

O trem avançava, e as paisagens de Londres começaram a se transformar nas verdes colinas e florestas que antecediam a chegada a Hogwarts. O cenário deveria trazer alguma paz à maioria dos alunos, mas, para Dante, era apenas mais um lembrete de como ele sempre estivera desconectado. Mesmo em Hogwarts, ele não se via como parte daquele mundo de jovens bruxos alegres e despreocupados. Ele tinha propósitos maiores, algo que o separava dos outros.

Preciso continuar meus estudos... preciso criar algo que ninguém jamais será capaz de desfazer, pensava, enquanto os rostos das crianças mortas voltavam à sua mente. A ideia de criar suas próprias runas, mesclando magia com programação, era o único alívio que ele conseguia sentir naquele momento. Ele precisava se fortalecer, e rápido. E para isso, teria que se isolar ainda mais, focando completamente em seus objetivos.

O balanço suave do trem parecia contrastar com a turbulência dentro dele. Ele sabia que, em algum momento, precisaria enfrentar tudo o que sentia. Mas não agora. Não enquanto ainda havia tanto a ser feito.

Minutos passaram em silêncio até que a porta de sua cabine se abriu abruptamente, interrompendo seus pensamentos.

Hermione entrou na cabine sem cerimônia, como se fosse algo completamente natural, embora Dante claramente não estivesse esperando nem desejando sua presença. Ela carregava vários livros, como sempre, e seus olhos brilhavam com uma mistura de curiosidade e uma certa preocupação, o que Dante achou desconcertante. Ele já estava acostumado a se isolar, e o fato de Hermione ignorar isso e invadir seu espaço sem hesitação era, no mínimo, irritante.

Ela sentou-se no banco oposto, ajustando os livros cuidadosamente ao lado dela, e, por um breve momento, houve silêncio. Dante não estava interessado em conversas, especialmente não com Hermione, e esperava que ela percebesse isso logo.

Mas ela não percebeu. Hermione raramente desistia de algo.

"Você ouviu sobre o que aconteceu em Londres, não é?" ela perguntou, rompendo o silêncio com a voz baixa, quase como se estivesse com medo de tocar no assunto. "Foi horrível... aquela tragédia no orfanato. As crianças..."

Dante congelou por um momento, seus olhos fixos na janela, embora ele não estivesse realmente vendo nada lá fora. Ele não respondeu imediatamente, seu rosto permanecendo impassível, mas por dentro, sentiu uma pontada de raiva. Claro que ela mencionaria aquilo. O incidente ainda estava fresco em sua mente, e ele ainda não conseguira processar tudo completamente, mas a lembrança daquelas crianças mortas o consumia.

"Sim, eu ouvi," respondeu ele finalmente, sua voz seca e sem emoção. Ele não ofereceu mais nada, esperando que aquilo fosse o suficiente para encerrar o assunto.

Hermione franziu o cenho, claramente percebendo que ele não queria falar sobre aquilo, mas, como sempre, ela persistiu.

"É terrível pensar que algo assim pode acontecer, não é? Eu... eu me pergunto o que pode ter causado isso. Foi como se uma força sombria estivesse lá, não acha?"

Dante sentiu seus punhos se apertarem involuntariamente ao ouvir as palavras "força sombria". Ele sabia que aquilo não era apenas uma tragédia aleatória, e a raiva começou a ferver dentro dele novamente. Ele tinha suas suspeitas — famílias de bruxos puro-sangue que ele acreditava serem responsáveis, mas não podia compartilhar isso com Hermione. Ela não entenderia. Não poderia entender.

"É o mundo em que vivemos," disse ele de forma evasiva, tentando controlar a irritação. "Coisas assim acontecem o tempo todo."

Hermione olhou para ele, surpresa com a frieza de suas palavras. Ela parecia lutar para encontrar uma resposta adequada, mas, como sempre, sua vontade de entender prevaleceu.

"Mas... isso não significa que devemos aceitar, certo? Não podemos simplesmente... ignorar o que está acontecendo. Precisamos fazer algo para evitar que isso aconteça de novo."

Dante virou-se lentamente para olhar para ela, seus olhos escuros encontrando os dela. Por um breve momento, ele viu a genuína preocupação em seu rosto, e, por mais que quisesse afastá-la, não pôde deixar de sentir uma pequena faísca de algo que ele há muito reprimira: empatia.

"Você realmente acha que pode mudar algo?" perguntou ele, sua voz baixa, mas carregada de uma amargura que Hermione não esperava. "Acha que um discurso ou uma ação vai impedir que mais tragédias aconteçam? Pessoas como nós... não temos esse poder. O mundo é controlado por aqueles que estão no topo, e eles decidem quem vive e quem morre."

Hermione ficou em silêncio por um momento, chocada pela dureza das palavras de Dante. Ela sempre acreditou no poder do bem, na capacidade de as pessoas mudarem o mundo com pequenos atos de bondade e justiça, mas agora se via diante de alguém que parecia ter perdido toda fé nisso.

"Eu... eu não concordo," disse ela finalmente, sua voz firme, embora suave. "Eu acredito que podemos fazer a diferença, mesmo que seja pequena. Cada um de nós tem o poder de mudar algo, Dante. Você não precisa fazer isso sozinho."

Dante desviou o olhar novamente, irritado consigo mesmo por ter permitido que a conversa fosse tão longe. Ele não queria aquela conversa, não queria que alguém tentasse se conectar com ele. Ele estava acostumado a lutar sozinho, e não precisava — ou queria — da ajuda de Hermione Granger.

"Você é ingênua," murmurou ele. "E sua crença nesse tipo de coisa vai acabar te destruindo."

Hermione o olhou por um momento, seus olhos brilhando com uma mistura de tristeza e determinação. Ela se levantou, pegando seus livros e, antes de sair da cabine, lançou-lhe um último olhar.

"Talvez você esteja certo," disse ela suavemente. "Mas prefiro acreditar que ainda há esperança, Dante. E, quem sabe, você também pode descobrir isso um dia em fim eu já volto vou ver se encontro Neville."

Ela saiu, deixando Dante sozinho com seus pensamentos. Ele olhou para a porta fechada por um momento, sentindo um misto de frustração e algo que ele não conseguia identificar completamente. Hermione, com sua teimosia e idealismo, conseguira o fazer pensar — algo que ele não estava disposto a admitir.

Com um suspiro pesado, Dante voltou a olhar pela janela, o rosto endurecido enquanto o trem continuava seu caminho para Hogwarts. O que Hermione não sabia, e talvez nunca saberia, é que ele já havia decidido. Ele sabia quem eram os culpados e, de um jeito ou de outro, ele faria justiça. Mas não era a justiça que Hermione acreditava — era a vingança que o mantinha de pé.

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