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Uma Corrida com o Diabo

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Draven apenas observava aquela figura de branco atravessar as distâncias na escuridão como um pequeno fantasma. Os terrenos do palácio eram bem grandes, especialmente as planícies que faziam fronteira com a floresta onde os elfos residiam. Se ela continuasse com a velocidade atual, provavelmente levaria mais de meia hora para chegar ao muro externo do palácio.

Mas até onde um corpo humano ferido conseguiria correr?

A figura de branco gradualmente diminuiu o ritmo até que finalmente parou ao chegar às estruturas do jardim que levavam a um dos muitos pavilhões do palácio. Parecia que ela sentou-se no chão, encostando-se a uma coluna para se esconder, mas pelo fato de não se mover mais, ela provavelmente decidiu descansar devido ao cansaço. Isso significava que seu breve entretenimento havia acabado.

"Devemos nos familiarizar com ela, Meia-noite?" ele perguntou.

A grande coruja nem sequer emitiu um único pio antes de se jogar pelo ar, voando para longe sem sequer se importar em responder à pergunta de seu mestre. Draven viu o animal se aproximando rapidamente daquela criatura feminina.

"Uma corrida com o Diabo?"

Ele deixou escapar um riso divertido e desapareceu do local onde estava, reaparecendo a poucos metros daquela garota humana.

Seu animal de estimação? Meia-noite ainda tinha que chegar lá.

Hoot!

Alguns segundos depois, Meia-noite emitiu um chamado insatisfeito ao aterrisar em uma das estátuas de mármore ao lado da humana.

Assustada, a garota humana se afastou da fonte do som, se escondendo atrás da coluna por instinto. Após acalmar sua respiração, ela deu uma espiada na coruja branca e fofa que era do tamanho de seu braço. Embora aparecesse fraca e cansada, a postura de seu corpo parecia indicar que assim que sentisse perigo, ela tentaria espremer o que restava de sua energia para correr.

Seus olhos verdes esmeralda que estavam cheios de precaução pareciam brilhar na escuridão.

Desconhecido para ela, havia uma presença muito mais forte e infinitamente mais perigosa a apenas alguns passos atrás dela.

Draven olhou para baixo, para a estranha criatura que estava agachada atrás da coluna. Do que ele podia ver, seu longo cabelo de mogno estava uma bagunça atrás dela por correr desenfreadamente, e o vestido branco que ela usava estava sujo e rasgado nas bordas.

Quando ele ouviu ela soltar um suspiro de alívio, ele abriu a boca.

"Você terminou de correr ou quer continuar?"

A voz lenta, mas dignificada, fez com que ela desse um pulo de pânico como um gato assustado. Seus olhos tremeram ao avistar um homem familiar com olhos vermelhos se aproximando dela por trás.

Seus sentidos gritavam para que corresse, mas ela não conseguia mover um único músculo.

Ela baixou a cabeça, incapaz de suportar o olhar dele, e viu que os pés do homem estavam descalços. Ela ergueu a cabeça bem devagar enquanto notava que os pés descalços do homem paravam na frente dela. Ela contemplou a visão de um corpo alto coberto por um longo robe de seda e o rosto inexpressivo que exalava uma estranha carisma mesmo com a fraca iluminação do jardim.

No momento em que seus olhares se cruzaram com os olhos vermelhos dele, ela parecia ter se esquecido de respirar.

Draven observava essa coisa que ele recolhera da montanha.

Era uma visão terrível. Seu rostinho pequeno tinha hematomas aqui e ali, e a pouca pele que ela mostrava e que não estava coberta por bandagens estava cheia de arranhões. Ela estava coberta de grama e sujeira, suas roupas em desalinho, fazendo com que parecesse uma selvagem. Ela parecia uma mendiga das ruas, não fosse por aquele par de olhos verdes esmeralda. Eles eram encantadores e ele não conseguia desviar o olhar deles.

Seu corpo fraco tremia sob o olhar dele, e ele percebeu que ela estava com medo. De repente, ele se lembrou de seu encontro anterior. Não foi ele quem a aterrorizou a ponto de ela ter que se esconder debaixo de sua cama? Faria sentido que ela se sentisse assim em relação a ele.

Draven viu seu corpo frágil recuando furtivamente, tentando se afastar mais dele. Isso o fez franzir a testa.

"Você não vai falar?"

Quando ele a viu baixar a cabeça nervosamente, aquela expressão fechada se transformou em um rictus.

Isso o fez se perguntar se essa criatura feminina era muda. Ele não tinha memórias de tê-la ouvido falar, mas novamente, ele não estava ocioso o suficiente para verificar pessoalmente a condição dela.

Para não assustá-la ainda mais, Draven baixou-se lentamente e ajoelhou-se, tentando capturar seu olhar enquanto oferecia-lhe uma palma da mão estendida, silenciosamente pedindo para que ela segurasse sua mão e fosse com ele.

Ele permaneceu naquela postura por um tempo, mas em vez de pegar sua mão, ela olhou para ela com desconfiança, como se sua mão fosse seu inimigo mortal. Talvez se não estivesse exausta, ela teria se transformado mais uma vez em outra forma e tentado arranhá-lo como fez antes.

'Isso não está funcionando.'

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