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Nova descoberta

Ravina sentava-se à mesa do café da manhã, observando o café em sua xícara, que a fazia lembrar dos olhos escuros do prisioneiro. Ele manteve o olhar dela até ser arrastado para fora de vista. Ela ainda estava um pouco abalada por aqueles olhos e pela maneira como ele a havia fitado intensamente. Além disso, por que os sedativos não funcionaram nele?

— Ravina, você está bem?

A voz do tio a trouxe de volta ao presente. — Sim, Sua Majestade.

— Você deveria comer. Você não tem se alimentado bem nos últimos dias. — Seu tio apontou.

— Não a dificulte em se manter em forma. — Disse sua esposa, a rainha Meredith. — Afinal, a idade dela não está ajudando-a a encontrar um pretendente.

Ravina pegou sua xícara de café para afastar o gosto amargo em sua boca. Deus, poderia ela desgostar ainda mais dessa mulher do que já desgostava?

— Mas Sua Alteza possui uma beleza extraordinária, — começou a princesa Yvaine e Ravina preparou-se para sentir ânsia de vômito. — Ela só precisa ser mais... doce. Eu poderia ajudar com isso. — Ela forjou um sorriso.

Ravina pousou a xícara com um suspiro. — Tenho certeza que você pode ser de grande ajuda. Afinal, é uma especialista em proferir palavras gentis sem sinceridade e exibir um sorriso pretensioso que não combina com seu rosto.

— Ravina! — O marido de Yvaine levantou os olhos do prato com olhar furioso. — Fale com respeito à minha esposa — ordenou.

A princesa Yvaine exibia um sorriso satisfeito que ela tentava esconder dos outros, mas fazia questão que Ravina o percebesse. Ravina manteve-se calma e indiferente, porque sabia que isso os irritava.

— Pai, não tolerarei mais tal desrespeito. — Ele disse ao rei.

Seu tio deu uma risada. — Você não pode governar com um temperamento desses. Lembre-se, nunca mostre seus verdadeiros sentimentos. — Ele recomendou.

O primo dela, o príncipe Andrew, olhou para ela com um olhar hostil e Ravina sorveu seu café com despreocupação em resposta. Seu tio era o único ao seu lado nesta família disfuncional.

— Sua Majestade, eu vi o novo prisioneiro. — Ravina começou, pousando a xícara.

— Você não deve se meter em assuntos de homens. — Seu primo cuspiu. — Deveria se concentrar em encontrar um marido. Pai, que tal Sir Lancelot? — Ele sugeriu um de seus próprios homens leais ao rei.

Sir Lancelot era um cavaleiro respeitado, mas não o homem para Ravina. Se ela ia se casar, ela se certificaria de escolher um homem que a ajudaria a se manter firme contra seus inimigos, e seu primo era um desses inimigos. Tudo por causa das tolices que sua mãe lhe incutia e ele tão avidamente consumia. Ravina não se casaria com um dos homens do primo e se tornaria sua marionete. Ela sabia que ele estava tentando desarmá-la dessa maneira. Sendo filha do rei anterior, ele a via como uma ameaça.

Patético. Para ela ser uma governante, não poderia haver parentes homens vivos do rei. A tradição sempre passou o trono para o parente homem mais próximo do rei. Então, para ela ser uma governante, ela teria que matar ele e seu pai. Neste momento, ela estava tentada a fazer isso.

— Eu consigo encontrar um marido para mim. — Ela falou para o príncipe Andrew e depois virou-se para o rei. — Sua Majestade. se me permite a ousadia, acredito que Lorde Steele seria um bom esposo.

O príncipe Andrew fez uma pausa e olhou ao redor, visivelmente em pânico. Ravina tentou não mostrar sua satisfação com a reação dele. Lorde Steele era um comerciante rico e governador de extensas propriedades nas terras do outro lado do mar. Era confiável pelo rei, mas não tanto pelo príncipe. Principalmente porque o príncipe Andrew não podia usar seu título para intimidar o homem que já fora um pirata feroz.

Lorde Steele era conhecido por ser perspicaz e direto. Implacável em suas perseguições. Ele também havia demonstrado interesse nela, apesar da idade dela. Na verdade, sua idade nunca foi um problema, como a rainha e sua nora pareciam insinuar. A maioria dos homens não se importava, contanto que encontrassem uma mulher de seu agrado. Eram muitas vezes os membros de sua família, especialmente as mulheres, que os convenciam do contrário.

Lorde Steele não tinha família que ela soubesse e não era o tipo de homem que se dobrava à vontade das pessoas ou que se preocupava com fofoqueiros. Ele era o candidato perfeito.

Seu tio deu uma risada, divertido com a sugestão dela. — A maioria das mulheres tem medo dele. — Ele apontou.

Mas elas também o desejavam. Se ele tivesse mostrado interesse em qualquer uma delas, então elas se considerariam sortudas.

— Eu não. — Ela disse.

— Bem, então, acho que ele é uma boa escolha. — O rei manifestou.

— Mas amor, aquele homem costumava ser um pirata. Eu não confiaria nele com nossa Ravina. — Disse a rainha fingindo se importar, novamente.

— Ele é um homem de confiança e se Ravina quiser se casar com ele, então que assim seja. — Disse o rei com finalidade.

Alguns olhares ressentidos foram lançados em sua direção, mas Ravina ignorou-os e continuou a comer sua comida.

Graças a Deus, o tópico mudou para o assunto que ela queria discutir quando Yvaine expressou sua preocupação sobre o novo prisioneiro. — Sua Majestade, estou assustada. E se ele escapar? Os soldados tiveram dificuldade em controlá-lo. — O marido dela deu um olhar para que ela ficasse quieta e ela baixou os olhos para o prato.

Ravina desejava ter um imortalizador. Ela não podia matar o príncipe, mas pelo menos poderia sedá-lo para que sua esposa pudesse falar livremente. Não que ela gostasse da esposa dele, mas a mulher certamente fazia mais sentido do que ele.

— Não se preocupe. Tudo está sob controle. — O rei assegurou.

— Eles não conseguiram sedá-lo. Ele pode ser um verdadeiro perigo, Sua Majestade. Por que deseja mantê-lo? — Ravina perguntou.

— Ele é raro. Ele é um katharos. Provavelmente por isso o imortalizador não foi eficaz. Precisamos mantê-lo vivo e descobrir as fraquezas de sua espécie. — Disse o rei mastigando sua comida.

Então o sangue dele era a razão? Ter sangue real tinha um significado diferente para os dragões. Os governantes eram escolhidos com base na pureza de seu sangue.

Não!

Eles assumiam o poder porque seu sangue lhes permitia. Isso os tornava mais fortes, mais perigosos e temidos. Tornava-os quase imortais. Ser de sangue puro significava estar mais próximo de seus ancestrais. As verdadeiras bestas. Aquelas que não podiam assumir a forma de um humano.

— Ele também pode nos levar a encontrar sua irmã. — Ele acrescentou.

Ravina enrijeceu. Sua irmã?

— O que — o que faz você dizer isso? — Ela perguntou.

Eles estavam procurando pela irmã dela por quase seis anos agora. Muitos haviam lhe dito para desistir e lamentar, porque muitos anos se passaram e ela não havia sido encontrada, mas seu tio havia prometido que continuaria procurando.

Eles nunca suspeitaram que os dragões tivessem algo a ver com o desaparecimento dela. Então, eles a teriam encontrado morta em algum lugar. Por que os dragões a manteriam viva quando tinham matado o resto de sua família?

Seu tio suspirou, uma expressão triste instalando-se em seu rosto como se estivesse prestes a dar más notícias.

— Ao longo dos anos em que temos caçado dragões, descobrimos que eles levam mulheres humanas como reféns. Porque matamos os da espécie deles, eles raptam nossas mulheres e as usam para procriar. — Ele disse.

O estômago de Ravina revirou-se. Ela pousou a xícara com uma mão levemente trêmula. Seus dedos estavam frios.

— Não. — Ela respirou e seu tio olhou para ela com simpatia. Sua irmã tinha apenas dezesseis anos quando desapareceu. — Com licença. — Ela disse, levantando-se apressadamente. Sentiu-se enjoada enquanto corria para fora da sala, sem querer vomitar onde o resto deles estava tomando café.

Ela apressou-se pelo corredor, seu enjoo aumentando a cada passo, enquanto imagens de sua pequena e inocente irmã cercada por aquelas grandes bestas machos preenchiam sua cabeça. Tremores de medo percorriam-na. Por favor, não!

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