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Entendido

~ ZEV ~

Antes que Sasha pudesse perguntar novamente, Zev se inclinou para frente e abriu o porta-luvas, retirando um pequeno telefone de suas profundezas sombrias. Continuando a verificar a estrada à frente e os retrovisores atrás em busca de alguém que pudesse estar rastreando-os, Zev ligou o telefone e pressionou a discagem rápida para Nick, seu controlador.

"Noite interessante." A voz do outro lado era profunda e cortante, aparentemente despreocupada com a rebelião de Zev.

"Mande eles se retirarem," ele rosnou, olhando para Sasha no retrovisor, que o encarava de volta, sua feição uma máscara de medo e confusão.

"Você deixou a caçada, Zev. Você não tem mais dezesseis anos. Eles não vão te dar um tapinha nas costas e dizer que garotos serão garotos."

"Mande eles se retirarem," ele rosnou novamente. "Eles não precisam dela. Eu vou tirá-la daqui e eu volto. Umas poucas horas, no máximo. Isso era só um treinamento de qualquer forma!"

"Eu te avisei sobre isso, Zev. Você não escutou."

"O que eles estavam fazendo rondando a casa dela?"

"Estavam te observando, e você sabe disso."

"Mentira, Nick, você tinha um homem no estacionamento."

"Porque você tinha um kit de fuga lá."

Zev tremia com uma onda avassaladora de raiva e frustração. Ele tinha certeza de que eles estavam cientes de muitos dos seus planos alternativos — ele queria que estivessem. Mas fora especificamente para distraí-los deste aqui.

Este que ele tinha certeza ser impenetrável. Merda.

Será que isso significava que eles sabiam sobre—

"Zev, leve ela para casa, volte para a caçada, depois venha me ver. Podemos resolver alguma coisa. Não precisa acabar assim. Você sabe disso."

As palavras eram tão razoáveis, tão... amigáveis. E era verdade, Nick tinha salvado sua pele mais de uma vez. Ele tinha mantido os olhos poderosos longe de Sasha quando eles eram adolescentes. Claro, ele também tinha sido o responsável por forçar Zev a abandoná-la — e seu povo.

A relação deles era... complicada.

Zev suspirou como se estivesse pensando nisso, mas por dentro sua mente girava. Ele tinha que terminar essa ligação rapidamente e deixar o telefone em algum lugar que acreditassem. Ele tinha sido informado de que os analógicos eram mais difíceis de rastrear. Ele sabia que isso era mentira.

Eles mentiam. Muito.

Mas ele só tinha descoberto exatamente quanto recentemente.

"Não sei, Nick," ele murmurou. Ele não podia parecer ceder muito rápido ou Nick perceberia que algo estava errado.

"Vamos lá, Zev. Já te decepcionei antes?"

Sim, mas Nick não sabia que Zev estava ciente disso. Zev engoliu e olhou para Sasha no retrovisor novamente.

Seu estômago se contraía literalmente só de vê-la. Suas mãos já estavam trêmulas. Suas mãos não tremiam em cinco anos. Nem mesmo após seu primeiro assassinato. Esse era o efeito que ela tinha sobre ele. E ela nem fazia ideia. Ela pensava que ele a tinha deixado porque parou de se importar.

Santa merda.

"Eu vou levá-la para casa e você vai garantir que não tenha ninguém lá, Nick. Se eu perceber sequer um sinal de um terno, nós sumimos, e você nunca mais me verá. Eu posso fazer isso. Você sabe que posso."

Nick não reagia bem a ameaças, mas Zev precisava que ele pensasse que estava à beira de um colapso.

Houve silêncio na linha exceto pelo tique-taque-tique-taque de um teclado. Nick estava no escritório naquela noite.

"Certo," ele suspirou trinta segundos depois. "Eu os chamei para sair. Mas há um perímetro, Zev. Não posso retirá-los completamente. Pareceria muito suspeito."

Zev respirou mais aliviado então, mas não podia deixar Nick saber.

"Eles não encostam nela."

"Zev—"

"Inegociável, Nick."

"Você que a trouxe para isso, não fui eu!"

"Não dou a mínima. Se você quer um cachorro obediente, você recompensa o bom comportamento."

"Bom comportamento? Você está de sacanagem comigo agora."

"Eles fizeram contato antes de mim, Nick. Eles quebraram as regras."

"DEPOIS de você segui-la. Novamente. Não somos estúpidos, Zev. E eu não sou a sua mãe, não vou beijar seu machucado. Eu disse para você deixá-la em paz. Você não deixou. Você trouxe isso sobre si mesmo. As pessoas estão começando a prestar atenção."

"Bem, você pode dizer às pessoas para se foderem. A menos que de repente você esteja desdentado?"

Nick resmungou.

Zev fez a próxima curva em alta velocidade. Por sorte, estava ficando tarde e as ruas da cidade estavam começando a esvaziar. Sasha puxou o fôlego e agarrou-se à maçaneta "Oh Shit" acima da porta, mas não disse nada.

Ele a olhou no espelho novamente e quando seus olhos se encontraram, algo estalou entre eles — um momento de... algo. Entendimento? Alívio? Dor? Desejo?

Tudo isso.

Ele não podia contar tudo a ela. Nem mesmo poderia contar muito. Mas ele poderia deixá-la ver que nunca tinha parado de amá-la. Que, de fato, tinha ido embora apenas porque a amava.

Amor adolescente, Nick tinha dito naquela época. Apenas luxúria disfarçada de emoção. Tire-a do seu sistema e então saia.

Ele tinha sido jovem e burro o suficiente para ouvir naquela época. E ele se amaldiçoou por isso todos os dias desde então.

"Zev?"

Merda, Nick tinha estado falando e ele não tinha ouvido uma palavra. "Estou dirigindo, Nick. Vai ter que repetir isso."

"Eu disse, eles vão deixá-la por enquanto. Mas ela vai ter vigias. Se você chegar a um quilômetro dela, eles vão pegá-la. Eles querem saber como ela te tem nas mãos. Eu disse a eles que ela estava apenas segurando seu pirulito, mas eles não acreditam mais em mim."

Zev grunhiu como se estivesse agradecido, mas por dentro fervilhava.

Quanto disso era mentira? Quanto disso Nick tinha criado? E quanto era apenas a sua habilidade incrível de saber o que Zev estava pensando antes do próprio Zev?

Nick era a coisa mais próxima que Zev tinha de um pai. Um pai muito doente, muito poderoso, muito manipulador.

"Eu vou levá-la para casa," ele disse baixinho, virando a van novamente e rugindo de volta na direção de onde tinham vindo. "Mas se ela não dormir em paz esta noite, se ela ver até mesmo um terno, eu desapareço. Você me ouviu, Nick?"

"Seja muito, muito cuidadoso agora, Zev." O tom de Nick era sombrio e profundo e absolutamente inabalável. "Você não quer se meter em mais problemas do que já está."

"Você me conhece, Nick," ele disse amargamente. "Sempre um bom menino."

Nick soltou uma risada abafada, mas soou falsa. Zev se sentiu melhor. Nick não estava tão certo de si mesmo quanto gostava de aparentar.

"Você se junta à caçada em duas horas."

Duas horas. Não era suficiente. "Quatro."

"Três — e eu juro por Deus, Zev—"

"Três. Tudo bem. Eu consigo fazer em três," ele retrucou. "Não se descabele."

Nick ficou em silêncio — sem risadas, sem correções rosnadas também. Era loucura como ele podia desestabilizar Zev pelo que ele não dizia.

"Isso vai tornar exatamente duas e dezesseis da manhã, Zev. Não me foda."

"Até lá." Ele desligou o telefone e soltou um suspiro de alívio. Ele poderia fazer isso. Três horas seria apertado, mas ele conseguiria.

Ele diminuiu a velocidade da van, observando os prédios todos muito parecidos, embora conhecesse o dela como conhecia o próprio. Se apenas pudessem—

"Zev?" a voz dela estava alta e trêmula, mas cheia de convicção. "O que diabos está acontecendo?"

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