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Capítulo 73 de 7 - Onde você está, Mito?

Após subjugar Camion, Miguel formou um chicote de sangue em sua mão. Ele começou a se afastar, e o chicote foi se alongando até atingir a marca de cinco metros.

— Sabe, eu nunca realmente achei que pudesse vencer. Você é forte, sem dúvida, mas já vi pessoas mais fortes que você.

Com um balançar, o chicote acertou Camion e essa sequência repetiu várias vezes.

— Como seu corpo é de um humano, sua pele ainda deve doer com isso, não é?! — disse e continuou chicoteando.

O demônio estava caído no chão, seu corpo marcado pelas chicotadas. Cada golpe fazia-o contorcer-se de dor, um misto de sofrimento e raiva estampado em seu rosto. Lentamente, ele ergueu a cabeça e fixou seus olhos em Miguel, um olhar sério e carregado de uma fúria silenciosa. Miguel sentiu um arrepio correr por sua espinha.

— Sempre soube que isso não ia te matar, e mesmo esse chicote não seria suficiente se eu usasse no início. Mas, de qualquer forma, você morrerá.

— Argh!

— Tentando levantar? — Camion recebeu mais algumas chicotadas e caiu. — Ainda és refém de mim. 

Os chicotes não faziam tanto efeito nele, mas como ele estava enfraquecido, esses ataques, que de outra forma seriam ineficazes, começaram a descontrolá-lo.

— Diga alguma coisa, se é que consegues dizer.

— Cale-se…

— Quê?

A aura de energia negativa começou a sair do seu corpo, parecia uma fumaça densa que subia aos céus. Com um resplendor, seus músculos começaram a se fortalecer, e a energia negativa que antes se dispersava começou a retornar, como se algo estivesse se acumulando dentro dele. 

Seu cabelo ficou preto, e sua pele se transformou em um tom roxo. Os cristais que adornavam seu corpo desapareceram, e dois chifres emergiram em sua cabeça. Seus olhos mudaram para um vermelho intenso, com pupilas roxas.

Miguel, observava a cena e ficou preocupado. Desesperado, ele começou a chicotear freneticamente, mas sem sucesso. Camion já não se importava mais com aqueles ataques. Sua transformação o tornara imune às chicotadas que antes o afetavam, e agora ele se erguia, mais poderoso e ameaçador do que nunca.

— Este é o meu…

Algo começou a surgir nos dentes dele. À primeira vista, parecia seu próprio sangue escorria, mas, na verdade, era uma sombra negra que saía entre seus dentes. Ele levantou as duas mãos, como se estivesse se livrando da preguiça, e gritou:

— Shape!!!

A túnica havia sido destruída pelos ataques e restava apenas sua calça. Seus músculos estavam mais tonificados e ligeiramente maiores do que o normal e emanava uma força renovada. Seu cabelo havia crescido, agora batia até a cintura, conferindo-lhe uma aparência ainda mais imponente e ameaçadora.

— O que é isso? — disse, sem acreditar no que via.

— Devo agradecer, humano. Você conseguiu me colocar em uma situação de vida ou morte, algo que poucos conseguiram. Preciso saber o seu nome.

Miguel hesitou em dizer, mas sentiu que devia fazê-lo, pois acreditava que isso lhe daria mais tempo. Com a voz trêmula, mas determinada, ele declarou:

— Miguel.

— Miguel, foi um prazer te conhecer. Meu nome é Camion. É uma pena, mas infelizmente terei que te matar. Saiba que você foi um adversário digno.

— Tente se pud… — Antes mesmo de terminar a frase, Camion já estava na cola dele.

Ele percebeu tarde demais e tentou usar seu casulo de sangue como defesa, mas o soco atravessou a proteção como se fosse uma bolha d'água e penetrou em sua barriga. Miguel cuspiu sangue e segurou o braço do seu inimigo enquanto Camion o erguia pelo punho e fazia-o gritar de dor. Com um movimento brusco, Camion arremessou-o ao chão.

— Que pena. Achei que você pudesse aguentar um pouco mais, mas parece que era só isso mesmo.

Ele estava perdendo muito sangue, incapaz de controlar a hemorragia. No entanto, de repente, todo o seu sangue começou a se reunir dentro do seu corpo.

— O que é isso? — disse ao ver o sangue escorrendo de seus punhos até o corpo de Miguel.

Eu vou te salvar! disse Kritina desesperada.

— Interessante, você ainda pode lutar, mas é perda de tempo.

— Miserável!… 

— Somente me diga uma coisa. Tem alguém mais forte que você por aqui?

— Hahaha! Há muitos.

— Interessante!

Quando Izumi vir, você perecerá, hahaha!

Camion agarrou-o pela cabeça e começou a apertar com força. Miguel gritava de dor, sentindo como se sua cabeça fosse explodir a qualquer momento.

Kritina, adeus.

Amor…

Lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, enquanto sangue escorria do lado esquerdo. Alguns poderiam pensar que ele estava com problemas nos olhos, mas, na verdade, sua amada estava chorando com ele.

Camion, ao ver isso, não demonstrou nenhuma emoção e continuou apertando até que parecesse que a cabeça iria explodir. Diante de todas aquelas lágrimas, Miguel sorriu e disse:

— Você não vai vencer… Minha força vem do amor… e ele me fortalece até o fim.

Sim…

— Adeus, Miguel. Foi um prazer lutar com você.

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Depois que Karma usou sua habilidade, nenhum humano conseguia ver nada além das chamas de Carmine e Zetiel. Ela percebeu que a situação havia mudado. Em uma luta de demônios, eles não precisavam necessariamente de visão para lutar. Com seus instintos aguçados, podiam detectar e atacar qualquer ser vivo, independentemente de conseguirem vê-lo ou não.

— O que vais fazer? O seu grupinho está perecendo lentamente — disse com um sorriso.

Carmine, ao perceber a situação, não se desesperou. Em vez disso, ela intensificou suas chamas, aumentando sua luminosidade para iluminar o local. No entanto, mesmo com seu esforço, a luz ainda era insuficiente para alcançar todos os soldados.

— Não perca seu tempo! A sua luz não é nada aqui!

Ela se aproximou rapidamente e tentou perfurar Karma, mas ele desapareceu e reapareceu em outro canto. Ela percebeu que ele havia ido para aquele lugar, mas algo era um pouco diferente; só depois que ele reapareceu, é que ela notou.

Agora que ele havia entrado totalmente em sua outra dimensão, ele podia simplesmente se teleportar para qualquer outro canto, ao invés de correr até lá. Antes, ele não tinha essa capacidade de teleportação total, mas agora era possível.

Anteriormente, Carmine podia saber exatamente onde ele estava quando corria, mas agora era totalmente diferente. Ela só poderia detectar onde ele estava quando ele reaparecesse no local, após se teleportar.

— Estou aqui!

Ela continuou correndo na direção dele, mas ele sempre conseguia escapar. Ele sabia que, se continuasse assim, acabaria cansando-a, e seus soldados seriam mortos.

— Droga.

Ela ficava cada vez mais estressada, sabendo que se a luta se prolongasse, todos os seus soldados poderiam ser mortos. Seus nervos tomaram conta dela, seu sangue fervia mais intensamente e suas chamas se tornaram mais intensas. Como uma fogueira que recebe gasolina, ela queimou repentinamente com mais intensidade.

Com um golpe de sua espada, ela enviou várias chamas para os céus e iluminava intensamente o local o suficiente para que todos pudessem ver claramente o que estava acontecendo.

— De nada adianta, suas chamas vão desaparecer logo, logo.

— E daí? É só fazer de novo.

Ela avançou atrás dele como uma estocada, seus passos rápidos que ecoava pelo ambiente tenso. Ela podia sentir a adrenalina pulsando em suas veias enquanto perscrutava cada movimento do adversário. Karma desapareceu novamente, mas desta vez Carmine estava preparada.

Com sua percepção aguçada e conhecimento dos padrões de fuga dele, Carmine antecipou seu próximo movimento. Em um movimento fluido e decidido, ela liberou corte de chama impressionante em vários pontos estratégicos, criando uma cortina de fogo que englobava os possíveis locais onde ele poderia reaparecer. As chamas brilharam intensamente, iluminando o ambiente e revelava cada detalhe da batalha para todos ao redor.

— Argh! Como soube?

— Aleatório — disse sorrindo.

— Orgulho!!!

Enquanto isso, os soldados estavam ganhando vantagem novamente, mas infelizmente metade deles já havia sido derrotada. Agora, restavam apenas meia dúzia, incluindo Ui e Mito.

— Mito, estás bem? Mito?

Ui começou a olhar ao redor, preocupada. Ele estava ao lado dela até pouco tempo atrás, mas de repente desapareceu sem deixar rastro.

— Onde você está, Mito?

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