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Capítulo 20: Até quando?

Após permanecer quase o resto do dia no quarto 'explorando' o casamento,  Yuji observava o pôr do sol, as cores quentes do céu mesclando-se enquanto o sol se despedia do horizonte. Seu olhar fixo contrastava com a inquietação que se refletia em seus gestos. 

Sukuna tinha partido para resolver assuntos pendentes, deixando Yuji junto de Uraume. Ela estava ao seu lado, transmitindo informações importantes que havia recebido do chefe do Clã Abe, revelando os eventos recentes e alarmantes que assolaram aquelas terras.

"O líder do Clã Abe está realmente preocupado com a ameaça que enfrentam." Nas terras deles, um ataque violento e inesperado ocorreu. Um clã desconhecido havia declarado guerra, fizeram um banho de sangue e deixaram um rastro de destruição."

"Famílias inteiras foram dizimadas, homens, mulheres e até crianças caíram vítimas dessa guerra."

"Esses confrontos sangrentos, formando medo, angústia e insegurança... A intensidade dessas emoções criou um portal para o surgimento de maldições de níveis elevados, alimentadas pela dor e pela tragédia que se desdobravam lá."

Uraume explicava a ele a extensão dos estragos.

"Ele disse que poucos guerreiros 'fortes' sobreviveram, dentre os que você enfrentou,  Yuji-Sama. E essa presença de maldições tem causado estragos não apenas no território deles, mas em outros clãs também", Ela continuou, mantendo um tom calmo, apesar da seriedade do assunto.

Yuji ouvia atentamente, absorvendo cada palavra com uma expressão séria, preocupação marcando seus olhos enquanto tentava compreender a magnitude da situação .

"Em relação às maldições ele citou uma específica ou são várias de grau especial, nível 1 ou inferior Uraume-San?"

Uraume abre um pouco os olhos e ele sente aqueles olhos violeta o estudando-o antes de responder:

" Ele não mencionou um nível específico ".

Ele assentiu, não muito contente com a falta de informações cruciais. Uraume continuava o olhando como se uma pergunta estivesse em sua mente. 

"Yuji-Sama,  esse tipo de rótulo a níveis de maldição, isso é normalmente usado pelos feiticeiros Jujutsu, por acaso você já… teve algum contato…?"

Itadori congela com a pergunta dela,  tendo em mente que nesse tempo os feiticeiros já tinham uma richa com Sukuna. 

'Puta merda, talvez eu deva calar a minha boca, e pensar bem no que dizer.' Ele pensou

"B-bem eu conheci um homem há um tempo e ele me ensinou várias coisas". 

Ele disse incerto,  seus pensamentos vagando pela imagem engraçada de seu sensei, dos bons momentos , e recentemente antes da batalha. 

Quando ele e seus amigos estavam prontos,  Gojo seriamente desceu as escadas, ele comentou a seu professor:

 "Sensei! Sua técnica tá na frente", Fazendo o de olhos azuis abrir um grande sorriso e desfazer o mugen para sinalizar em suas costas:

 "Bate com vontade", dando a deixa para todos o comprimentarem. 

"Ele morreu? " Uraume o acorda de seus pensamentos. 

"S-Sim. Há alguns meses ". Ele assentiu a ela. 

"Deve ter sido um grande mestre". Ela abriu um pequeno sorriso, o deixando um pouco desconfortável, porque aqui eles estavam agindo com toda amizade, mas no futuro ela mal sabe que adoraria arrancar as tripas de Satoru Gojo. 

"Isso não é brincadeira, está cada vez mais difícil..." ele pensou 

"Sukuna-Sama deve chegar ao anoitecer, amanhã bem cedo após a primeira refeição partirmos. " Ela diz e de dispensa dele.

"Ok".

Ultimamente tem sido difícil ficar sozinho com os seus próprios pensamentos, os últimos dias tem sido um turbilhão de emoções, desde que se uniu a Sukuna como um só. 

Praticamente em toda a parte ele está consigo, e vice versa, ele tem evitado pensar em seus planos para não evitar suspeitas, e quando ele tenta planejar algo mentalmente Sukuna invade seus pensamentos, emoções compartilhadas o invadem, estando presente a sua frente ou não. 

Sukuna também tem sido bem sutil com suas emoções, transbordando na maioria das vezes apenas a sua necessidade, raiva ou fome. 

Ele tem se deixado viver esses sentimentos,  como se fosse um sonho, de algo que não acontece… 

" E-Eu, quase não me conheço mais,  onde está a minha vingança, a minha redenção?" 

Seus pensamentos estão sempre à solta, fazendo perguntas. 

"O que Sukuna está fazendo lá fora?  Matando pessoas? Sorrindo enquanto bebe sangue de inocentes e incendeia casas? Que tipo de coisas ele faz? "

Na maioria das vezes Sukuna age na forma de sempre, mas quando vem a estar com ele…É diferente. 

Sem acusações maldosas,  opressões… 

Ele já tentou arquitetar e quase tentar matá-lo umas três vezes, mas quando aqueles braços o envolvem e os lábios o tomam, ele se desfalece neles, e é como se o plano não importasse,  como se tudo fosse uma mentira, e a verdade esteja só naquele momento, naquele sentimento. 

Talvez algo de bom ele conseguisse fazer,  Sukuna ser bom,  para todos. 

E se ele se levanta e se dirige ao campo de treinamento,  treinar é a coisa mais sábia a se fazer agora. 

Ele fecha os olhos e tenta se conectar com sua energia amaldiçoada,  por todo o seu corpo. 

"Eu estou desconfiado de que consegui utilizar energia reversa para estar aqui, alguém disse algo, mas não me lembro quem foi". 

Ele tentou se lembrar dos gritos quando ele estava em Shinjuku. 

"Energia reversa,  com alguma coisa". ele murmurou. 

Naquele fim de tarde ele tentou várias coisas, tudo o que aprendeu, de cortes a fogo, socos enraivecido em todas as árvores em volta do campo de treinamento,  contando-as,  queimando, sua raiva era descontada sem piedade,  energia reprimida em seu corpo sendo liberada. 

"Ahhhhhhh! " Seu grito enraivecido era misturado com lágrimas de frustração e tristeza. 

"Até quando…vou continuar… Assim!"  Ele simboliza as palavras em meio aos ataques. 

"Até quando…tudo isso… Vai acabar? Até quando…vou conseguir esconder?" Ele pergunta sussurrando para o nada. 

Treinou incansavelmente até o sol se pôr completamente. Cada golpe desferido, cada técnica praticada era uma tentativa de domar a tempestade de emoções que o consumia. A escuridão chegou, mas ele continuou, a determinação iluminando seu caminho em meio à penumbra do campo de treinamento.

Sentindo o cansaço pesar em cada fibra de seu ser, ele se recostou em uma árvore próxima, deixando-se envolver pela quietude da noite. As lágrimas secaram, mas a exaustão persistia, pesando não só no corpo, mas na alma.

Ele percebeu a presença de Sukuna que havia retornado ao Santuário, mas mal notou o tempo passar. O momento de solidão e reflexão pareceu fugir-lhe, consumido pela intensidade do treinamento e pela avalanche de pensamentos e emoções.

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Ele está lá fora Sukuna-Sama, desde que saíra,  e tem treinado sem cessar."

Uraume o informou. 

"Hum". Ele mal a respondeu,  mas assim que ele chegou ela leu em seus olhos a procura por seu consorte. 

Ele estava visivelmente estressado, provavelmente devido a situação a qual foi se resolver, ou a própria necessidade de sair do santuário. 

"Parece estar agindo de forma estranha", ela observou.

"Não precisa dizer, já senti", ele respondeu, saindo com uma nota de raiva na voz.

Ele avançou, iluminando o caminho com as chamas das tochas, mas não ficou contente ao sentir solidão, raiva e tristeza vindas de Yuji, provavelmente entre as árvores. Seguiu naquela direção. 

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Itadori estava quase a beira do sono, ele estava com muita fome, e muito cansado para se levantar. 

"Yuji!" Ele ouviu a voz de Sukuna ecoando ao longe, chamando por ele. Instantaneamente, seu corpo ficou tenso, mas ele permaneceu onde estava, encostado atrás da árvore, os braços envolvendo as pernas enquanto observava os arredores.

Os passos se aproximaram, cada vez mais audíveis, até que Sukuna surgiu. Havia uma aura de raiva e estresse ao redor dele, mas também algo sutil, uma preocupação que escapava por entre as expressões carregadas. Sukuna se aproximou, chegando perto de Yuji. "O que está fazendo aí garoto?"

Yuji olhou para ele, seus olhos refletindo a exaustão e a tormenta de emoções que o consumiam. 

"Eu... eu só quero um tempo sozinho", murmurou, com a voz um tanto fraca, mas firme.

Sukuna estudou-o por um momento, um misto de incredulidade e uma pitada de entendimento passando por seu rosto. A raiva ainda pulsava em sua expressão, mas ele não disse nada, olhos vermelhos decifrando suas palavras e sua expressão antes de responder:

"Não, venha comigo!" ordenou Sukuna, sua voz soando firme e inquestionável. 

Ele estendeu a mão para Yuji, como se insistisse para que o acompanhasse.

"Não!  Eu não vou!" Ele disse se virando de costas. 

"Eu fiz alguma coisa"? Ele ouviu a voz dizer impaciente. "Me diga!".

"Não, você não fez nada!". Ele disse. 

"Ainda não." Ele pensou. 

O ambiente silvestre exibia uma sinfonia natural, com o murmúrio das árvores e o canto dos insetos criando uma harmonia serena. Em meio a essa tranquilidade, um som inesperado ecoou, rompendo o silêncio quase sagrado da floresta: 

Um ronco audível da barriga de Yuji. Um som tão alto que poderia competir com a serenata da própria natureza.

O instante pareceu interminável. Até Sukuna, com sua postura tensa e resoluta, não pôde evitar um esboço de sorriso diante desse momento inusitado. A atmosfera séria que pairava entre os dois pareceu suavizar por um instante, enquanto Yuji, envergonhado, esfregava a barriga num gesto involuntário de desconforto.

Aquela barriga faminta, que traiu a pretensão de um ambiente denso e silencioso. 

"Vamos garoto,  você tem que comer. " Sukuna puxa seu braço para o levantá-lo, porém quando ia pegá-lo no colo o que já estava virando costume Yuji empurrou a sua mão para fora de si e começou a caminhar na frente.

" Eu posso andar sozinho", murmurou Yuji, mantendo-se firme apesar do cansaço evidente.

Sukuna observou a teimosia de Yuji, um brilho de animação atravessando brevemente seus olhos vermelhos, embora sua expressão permanecesse séria. Ele hesitou por um momento, mas decidiu acompanhar Yuji, seguindo-o a certa distância, permitindo-lhe espaço e autonomia naquele momento de desabafo silencioso.

"Garoto teimoso, mas isso me excita mais ainda". Ele disse murmurando. 

"O que você disse?" Yuji perguntou com raiva em sua voz. 

"Nada." Sukuna respondeu rapidamente enquanto andava,  olhando para a bunda dele. 

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Após a recusa clara de Yuji em compartilhar um banho e fugir para outro banheiro, eles se encontram para jantar.

Durante toda a refeição, Sukuna tenta se aproximar de Yuji, que recusa até mesmo sentar-se em seu colo ou permitir que segurasse sua mão. Ele consome a comida com uma mistura de raiva e avidez, enquanto Yuji, consumido pela gula, evita olhar para ele, claramente chateado consigo mesmo e com seus próprios pensamentos. Naquele momento, ele não quis ceder a Sukuna.

Uraume perguntou sussurradamente a Sukuna: "Sukuna-Sama, me perdoe mas... que o senhor fez? "

Ele a olhou com incredulidade de sua pergunta: 

"Nada, o pirralho está com algum problema." Ele diz a ela enquanto a observam. 

Uraume murmura: "Não parece que não fez nada".

"Mas então… O que o Senhor vai fazer?" Ela o pergunta.

"Mais tarde..". Ele murmura em meio a comida. 

Atentamente, ele observa as expressões de Yuji, sentindo uma miríade de emoções confusas vindas dele. Yuji tem se recusado a ceder, mas claramente está próximo do limite, como se lutar contra a ligação entre eles estivesse exaurindo suas forças.

"Garoto", ele chama quando terminam a refeição, percebendo que Yuji está prestes a sair sem ele.

"Pirralho, não vire as costas para mim, não vou tolerar esse comportamento", adverte Sukuna rigidamente, enquanto Yuji continua sem responder ao seu chamado.

Ele suspira e o chama pelo nome: "Yuji".

Yuji para de andar e responde ao ouvir seu nome. "Estarei no meu quarto. Uraume-San me informou sobre amanhã. Estarei pronto para irmos", responde apressadamente e sai.

Uraume, ciente da tensão entre os dois, permanece discreta, atenta à situação, sem interferir, enquanto seu mestre fica em silêncio, claramente tramando algo.

A noite avança com um clima pesado, a refeição transcorrendo em silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos e emoções. 

Sukuna, ao chegar no quarto que agora dividia com Yuji, notou imediatamente a ausência do garoto. Concluiu que Yuji havia se retirado para o quarto que costumava usar anteriormente.

Seus olhos vermelhos, que geralmente transbordavam uma aura forte e dominante, refletiam uma ira contida. No entanto, mesmo sentindo-se furioso, ele decidiu não ir atrás de Yuji naquele momento.

A tensão pairava no ar do quarto, a meia luz das velas trazendo um clima sombrio e reflexivo. Sukuna permaneceu ali, seu olhar se perdendo nos detalhes do quarto. A cama, agora vazia, parecia ainda carregar o calor residual de Yuji, e isso só alimentava mais a frustração de Sukuna.

No desenrolar da madrugada, de forma surpreendente, Sukuna, incapaz de encontrar o sono, estava prestes a se erguer e buscar Yuji, não importando onde ele estivesse. 

A cama, normalmente acolhedora e capaz de abrigar seu grande corpo, parecia ainda mais vasta e gélida, evidenciando o quanto ele ansiava pela presença do pequeno corpo ao seu lado.

À medida que se preparava para se levantar, um leve ruído da porta se abrindo chamou sua atenção. 

Yuji, timidamente, espiou pela porta, o olhou o que parecia estar silenciosamente esperando a sua permissão para adentrar.

 Ele vestia o que parecia ser um manto de dormir, branco e delicadamente fino, e mantinha os braços cruzados em volta de si para se proteger do frio.

Sukuna se moveu para um dos cantos da cama, dando espaço e aprovação para Yuji entrar. O garoto, com passos cautelosos, subiu na cama. Sukuna ergueu o cobertor quente ao seu lado, oferecendo espaço para que Yuji deitasse junto a ele. 

Mas, surpreendentemente, ao invés de deitar ao seu lado, Yuji veio sobre o seu grande corpo e subiu em seu colo, aconchegando-se em seu peito e fitando-o, aguardando sua reação.

Sukuna ficou momentaneamente surpreso com a atitude inesperada, mas o olhar de Yuji transmitia uma vulnerabilidade que o intrigava. Ele permaneceu quieto por um momento, sentindo o coração de Yuji batendo contra seu peito, um contato íntimo que o deixou em silêncio.

Ele permitiu que Yuji se aconchegou em seu peito, envolvendo-o com um dos braços enquanto o outro se estendeu suavemente para acariciar os cabelos de Yuji. 

Seu toque era delicado, expressando uma compreensão silenciosa e um gesto de aceitação diante daquela inesperada aproximação. Ambos ficaram ali, em um silêncio acolhedor, a respiração de Yuji começando a se acalmar à medida que se aninhou confortavelmente contra Sukuna.

Não só Sukuna mas Yuji tinha a necessidade de estar perto de seu companheiro,  não aguentava mais permanecer longe como ficará toda a tarde. 

Observando-o dormir, um pensamento fugaz atravessa a mente de Sukuna. Ele se questiona sobre a relação entre ambos, sobre como algo tão complexo e conflituoso poderia, por vezes, ser tão simples e humano.

Num momento raro de contemplação, ele percebe algo incomum: Uma sensação de paz, algo que há muito tempo não sentia. Aquela presença ao seu lado, mesmo no âmago da escuridão, parecia trazer uma calma que ele relutava em admitir.

Mas a noite não é eterna. Conforme o sono se aprofunda, as pálpebras de Sukuna pesam gradualmente. Ele se entrega ao descanso, mantendo um abraço protetor em torno de Yuji, selando temporariamente uma trégua silenciosa entre suas essências conflitantes.

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