Reportamos tudo que ocorreu para a diretora e voltamos às ruas, dessa vez, partindo em direção ao IML para conversar com o legista responsavel pelo caso... pelo menos era o que eu imaginava, mas ao chegar lá, o IML disse que o corpo chegou lá mas foi direcionado para outro lugar. Aparentemente alguém veio aqui pegar o corpo, e nem eu nem Clara sabiamos sobre. Preguntamos sobre a pessoa que veio buscar o corpo e se ele tinha alguma informação que poderia ser útil, já que esse era um caso de assassinato, nós precisávamos da informação para investigação.
"Eles devem ter dado o endereço errado."-Esse foi meu primeiro pensamento ao chegar ao lugar indicado pelo endereço. Uma casa velha de 2 andares, uma visão que parece ser tirada diretamente de um filme de terror. Não tinha como ser aqui. Mas era. Essa era a casa no endereço. Rua, número, tudo estava perfeito.-"Vamos ver"-Falou Clara logo antes de apertar a campainha do lado da porta, que realmente fez barulho, o que foi uma grande surpresa descobrir que esse lugar realmente tinha eletricidade.-"Podem entrar!!"-Uma voz gritou dos fundos do segundo andar da casa.
A casa era velha e não tinha iluminação, não sabia como alguém era capaz de viver aqui, parecia uma casa completamente abandonada. Subindo as escadas para o segundo andar, pudemos ver mais sujeira, teias de aranhas, ratos, mas o que mais me chamou atenção foi uma luz, uma luz que vinha da única parte da casa que parecia habitavel, uma única sala. Uma pessoa colocou a cabeça para fora daquela sala, era uma mulher, ela tinha óculos redondos, mas não como os de hoje, eles eram os óculos que eu imaginaria alguém usando para voar um avião no começo do século 20. Cabelos loiros que desciam até suas costas, um avental azul coberto de sangue que fazia quase impossível ver sua roupa.-"Entrem aqui. Só não esqueçam de colocar as máscaras."-Achei no mínimo estranho ela mencionar máscaras, já que ela mesma não usava nenhuma.
Quando entramos na sala já não conseguimos mais vê-la. Ela parecia ter saido. A sala não tinha portas para entrar mas tinha uma porta nos fundos, não tenho certeza do por que mas a entrada era proibida para qualquer um menos os funcionários, pelo menos era isso que estava escrito. O cheiro lá dentro era horrível. Os corpos que deveriam estar sendo conservados não estavam, as gavetas não parecem ser refrigeradas, provavelmente são gavetas normais porém feitas para se colocar corpos. A luz era extremamente branca, chegava a doer meus olhos. Não tinha nada além de macas e gavetas.-"Como isso pode ser um necroterio?"-Perguntei para Clara, mas não recebi nenhuma resposta.
A porta dos fundos abriu rapidamente e de lá de dentro saiu o corpo da vítima em uma maca e a mulher que tínhamos acabado de ver.-"Desculpe a demora!!"-Disse ela enquanto passava pela porta deslizando pendurada na parte de trás da maca, me lembrando de uma criança em um carrinho de supermercado.-"Meu nome é Blair. Sou uma legista, obviamente. já tenhos os resultados das digitais da faca e terminei de analisar o corpo logo antes de vocês chegarem."-"O que você encontrou?"-Perguntou Clara.-"Sobre as digitais. As únicas digitais na faca eram da vítima. Nenhuma outra. Mas essa é a parte chata, vou deixar vocês pensarem nisso. Sobre a parte divertida, o corpo foi encontrado já morto correto? Já eu não tenho tanta certeza. Depois de analisar parece que ele foi morto entre as 1:30 e as 3:30, ele acabou morrendo devido da perda de sangue. Já o machucado no braço parece ter sido causado por alguém, ou algo que possa ter apertado seu punho com muita força. Uma coisa que notei foi um arranhão no outro braço, não muito grande e até difícil de notar, estou segura em afirmar que a morte envolveu uma briga."-O tempo todo que ela falava ela estava sorrindo, era quase assustador pensar que alguém falaria sobre um corpo com tamanho sorriso.
"Tem alguma informação sobre a identidade da vítima?"-Perguntei para ela. Ela simplesmente olhou para mim confusa, quase sem entender a pergunta, quase como se ela achasse que eu sabia quem era, como se fosse uma pergunta obvia como 2+2. Ela e Clara trocaram olhares por alguns segundos, depois ela se virou para mim e falou.-"Não. Nenhum tipo de identificação em lugar algum."-Essa resposta me deixou intrigado, elas estavam escondendo alguma coisa de mim. Tinha algo que elas não queriam que eu soubesse, mas sinto que se eu perguntar não receberei uma resposta, apenas mais perguntas.-"Obrigado pela ajuda Blair. Vamos voltar para corporação agora Lary."
Voltei para corporação sem falar nada. Fiquei em silêncio o caminho todo e quando Clara terminou de passar as informações para Diretora ela olhou para mim e disse.-"Lary, você está fora desse caso. Você não fez nada errado, mas esse aqui não é pra você. O próximo caso que recebermos será seu sozinho, bom trabalho hoje. Vá descansar."-Ao escutar aquelas palavras eu tive certeza, tem alguma coisa acontecendo, e seja o que for, eles querem que eu fique longe.-"Sim Diretora!"-Respondi com o que me restava de animação. Eu estava determinado a entender o que estava acontecendo.
Saindo da sala da diretora eu fui direto para a saída da corporação para voltar para casa, lá em encontrei o Jhonny.-"Até amanhã Jhonny. Bom trabalho hoje."-"Você quer saber a verdade não quer?"-Quando eu escutei aquilo, paralisei.-"Como você..."-"Venha comigo."-Jhonny começou a caminhar para o lado direito do labirinto de containers, um lado que eu nunca havia ido. Eu não consegui controlar minha curiosidade e segui ele, tentando entender tudo que estava acontecendo nesse lugar.-"Eu vou te contar toda a verdade. Toda a verdade sobre o projeto para criação do "soldado perfeito", ou, como eles chamam, Projeto X-C."