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Capítulo -005: O Espadachim Demônio

Em uma grande noite de lua cheia, em uma floresta, em meio às grandes árvores que formam essa floresta, um homem corre por elas. Esse homem, que aparenta ter meia idade, possui roupas simples; sapatos, camisa e calça de couro, uma jaqueta pequena e um capuz, que mesmo cobrindo sua cabeça, ainda daria de ver seu rosto.

Sua respiração ofegante demonstra que sua corrida começou há bastante tempo. Seus passos aleatórios e acelerados desviam dos troncos largos e finos das árvores que em sua frente se mostram.

Enquanto o homem corre, um grande barulho — parecendo o uivo de um lobo — ecoa por toda a floresta. O homem solta um leve e pequeno gemido de susto ao escutar o som que se propaga há alguns metros de distância de onde ele acabara de passar.

— Merda!!! Essa desgraçada já descobriu minha localização! — disse o homem, em um tom de voz baixo e trêmulo. — Tenho que escapar daqui. Eu não posso morrer aqui!

Duzentos metros à frente do homem, a floresta que por muitos é conhecida como "Floresta do infinito'', chega ao fim. E depois dela, uma grande e longa estrada de terra se inicia, e até o horizonte ela se estende.

Mesmo tendo uma lerdeza e dificuldade ao correr por causa de seu cansaço, o homem consegue chegar ao fim da floresta. O uivo que tinha escutado agora a pouco, se repete, porém, com muito mais intensidade. Passos pesados e rápidos são escutados pelo homem, junto com grunhidos.

O homem consegue chegar à estrada, e nela, suas pernas o levam até mais de vinte metros, até que o olhar dele se direciona rapidamente no horizonte, e lá, ele vê a ponta de cima de uma muralha.

— Meu Deus! Eu estou tão perto! Eu não posso morrer aqui! Eu não vou morrer aqui pra esse demônio! — grita com fervor o homem, arregalando-se os olhos e cerrando os punhos.

Um ar de alívio passou pelo rosto do homem, mas antes que ele consiga soltar um sorriso, algo pula da floresta, do mesmo lugar onde ele saiu. Quando a criatura pousa no chão, um grande barulho e fumaça se formam, assim, alertando o homem de que talvez ele não esteja tão perto de fugir da morte.

— Hã? Não!! Por favor, não. Eu imploro — grita o homem, virando-se na direção do monstro. O homem volta a ficar com um olhar banhado de medo.

Ao se virar, o homem vê uma grande cortina de fumaça que se estende até cobrir todo o corpo da criatura. E no meio da cortina de fumaça, ele vê os dois olhos dela. Olhos brilhantes da cor vermelha carmesim, olhos esses que olham fixamente a cara do homem. Nesses poucos segundos dos dois se encarando, a criatura solta uma calma risada. O homem ao escutar aquela risada grossa e imponente, se joga no chão, sentando-se com as pernas abertas, olhos incrédulos e cheios de lágrimas, de sua boca apenas pequenos gemidos são pronunciados.

Ele, aquele que correu da morte, aquele que tentou escapar de uma criatura sobre-humana, tenta se movimentar para trás, usando as duas mãos e os dois pés, enquanto olha os olhos aterrorizantes do monstro.

A criatura se movimenta para frente, dando dois passos lentos, porém imponentes e pesados. Ao fazer isso, ela sai da cortina de fumaça — que já estava assentando-se no chão — se mostrando para o homem; uma criatura bípede, de quase quatro metros de altura, seu corpo cheio de músculos está repleto de pelos negros, o focinho se assemelha a de um lobo, orelhas pontudas e as presas superiores e inferiores tão grandes que não cabem na boca e por isso se destacam na face do monstro. Suas unhas escuras e longas aparentam ser bastante mortais, e por último, uma corcunda enorme que ultrapassa até a altura da cabeça de si próprio. Assim mostrando-se ser um licantropo.

— Está indo para onde? Pensou mesmo que conseguiria fugir de mim, humano? — pergunta o monstro, falando com certa calma, um tom de voz grosso e alto. Sua cabeça se mexe para os lados enquanto conversa, porém seus olhos não param de observar o homem.

— Droga! Por favor, me deixe em paz, eu imploro, em nome de Deus — grita o homem, chorando de medo.

O grande monstro solta uma pequena e curta gargalhada, um suspiro profundo e logo depois fala: — Seu Deus não te ouvirá, apenas aceite sua morte, criatura.

Sem prolongar mais, o licantropo parte para frente, dando um pulo alto. Ele corre em linha reta, de quatro, imitando um lobo perseguindo sua presa.

Poeira sobe a cada passo dado pelo monstro, a boca aberta da criatura espuma uma grande quantidade de saliva. Seus olhos emanam terror e ódio imensurável.

O homem sente seu fim se aproximando. Ele leva a mão esquerda para frente com a palma aberta, sua boca — trêmula — gesticula palavras, tão baixas que não são possíveis de escutá-las. O lobisomem se aproxima em questão de poucos segundos, ele ligeiramente leva a mão esquerda ao peito do homem, fazendo assim, a costa dele se chocar ao chão com uma pressão tão forte que faz da boca do rapaz, sangue sair.

O sangue do homem cai sobre a mão do monstro. Um sorriso sádico se forma na cara do lobisomem. Ele leva seu focinho o mais próximo da cara do rapaz, toma uma profunda expiração por alguns segundos, logo depois, o ar preso em seus pulmões é solto completamente na cara do homem, o calor daquele ar faz o homem fechar os olhos e virar à cara para o lado enquanto solta soluços de medo.

— Não temas a mim, pois eu sou aquele que fará você se encontrar com Deus… o mais rápido possível!

Depois de falar, o lobisomem eleva sua cabeça para cima, sua boca se abre o máximo possível, seus dentes se mostram. O homem abre seus olhos, e com muito pavor, fala: — Por… favor, não…

Antes que o homem pudesse dizer mais alguma coisa, o monstro movimenta sua cabeça em uma velocidade aterrorizante, a boca dele arranca a cabeça do homem em uma mordida. O barulho dos ossos do pescoço e da cabeça se quebrando ao ser arrancado do corpo, se formam. O monstro eleva novamente sua cabeça, enquanto mastiga fervorosamente o pedaço do homem que em sua boca agora está. Gotas de sangue saem da boca do monstro, banhando o redor de seu focinho. O som dos ossos se quebrando se tornam o único barulho que neste local permanece.

Do corpo do homem, sangue jorra igual a um chafariz em meio à praça de alguma cidade, mesmo sem cabeça, aquele corpo se debate até mais forte de quando a tinha.

O monstro, ao terminar de mastigar a cabeça do homem, a engole, olha para o corpo se debatendo; solta um pequeno revirar de olhos e fala com um tom de voz debochado: — Intrigante. Se debatendo assim, até parece um verme.

O lobisomem não perde mais tempo, ele, com a pata que pressiona o peito do homem, agora segura à lateral dele, dá dois passos para trás e com muita calma vai elevando a carcaça para cima, enquanto se levanta até ele ficar só com as duas patas no chão.

— Não é de primeira categoria, mas você será meu jantar, sinta-se honrado, verme!

Ao terminar de falar, o monstro leva sua outra mão na lateral do corpo da carcaça, bem acima das costelas, bem lentamente. Ele faz mais um movimento rápido, às veias em seus braços são saltadas e mesmo com os pêlos, elas se destacam. Esse movimento faz com que a carcaça do homem seja repartida ao meio. O sangue do corpo é explodido para fora, banhando o rosto, peito e pernas da criatura. Um grande sorriso sádico acompanhado logo depois por um suspiro de alívio é outorgado pelo monstro.

Seus olhos vermelhos carmesim fixam na carne vermelha e suculenta do homem, uma grande quantidade de saliva cai do canto da boca do monstro. Sem prorrogar, o lobisomem leva imediatamente sua boca na direção de seu jantar. Sua total atenção está direcionada aquela carne, nem mesmo um ataque o faria parar de se alimentar.

***

A noite está chegando ao seu término, uma grande friagem surge por toda à Floresta Infinita. E o lobisomem, repousa em meio às vísceras de seu último jantar, seu sono pesado o faz roncar alto, sua língua para fora pulsa tanto que parece respirar no lugar da narina.

Um floco de neve cai do céu, seu movimento lento o deixa bastante gracioso. Ele pousou lentamente na língua do licantropo, fazendo assim, derreter-se rapidamente. Ao sentir algo estranho em sua língua, o monstro acorda assustado, passando a ponta da mesma no nariz. Seus olhos cheios de remelas se abrem e ficam piscando várias vezes. Dois segundos depois de acordar, em pé o monstro fica. Sua face se mostra preguiçosa. A criatura abre a boca e solta um barulhento bocejo. Logo depois, se vira, e com lentidão caminha em direção a floresta.

Se aproximando das primeiras árvores que dão início a grande floresta, as duas orelhas pontudas do lobisomem se mexem alopradamente, um barulho estranho é ouvido. Ele solta um pequeno gemido de surpresa e logo depois se vira na direção do barulho. Sua visão turva por causa das remelas, o fazem não enxergar nada na estrada. O monstro leva a palma da mão esquerda e em um movimento rápido, remove as remelas. Seus olhos se movimentam para cima, e lá ele vê algum tipo de espada vindo girando em sua direção.

— Mas que…

Antes de terminar de falar, a espada se aproxima e corta a ponta da narina do animal, o sangue jorra da ferida formada. Um grande barulho se forma junto com uma poeira de fumaça, quando a espada se choca ao chão. Um barulho fino e alto continua mesmo com a espada já fincada. O som se torna um grande incômodo ao monstro, que fecha seus olhos e com as duas mãos tenta cobrir os ouvidos, ele tenta dar alguns passos para trás — desengonçado — tentando se afastar da espada. Um uivo de dor ecoa da boca da criatura.

Alguns segundos depois, o som se acaba, o monstro volta a si próprio. Ele balança a cabeça freneticamente até seus ouvidos pararem de doer. Olha para baixo e logo depois, volta a olhar na direção oposta da floresta, e lá ele vê, a uns cinquenta metros de distância, duas luzes azuis pequenas, parecendo pequenas estrelas que caíram do céu. Essas luzes parecem se aproximar cada vez mais a cada segundo.

— Mas quem diabos é esse?

À noite enfim chega ao seu fim. O grande sol se ergue por cima das cordilheiras de montanhas no horizonte. Os raios solares, por fim, banham toda a Floresta Infinita. As pequenas luzes azuis mostram os olhos de um homem. Esse homem caminha lentamente na direção do monstro, sem esboçar nenhuma hesitação. O monstro — que já tinha regenerado a ponta de seu nariz — arqueia uma de duas sobrancelhas e faz uma cara de curioso. Seus olhos olham com afinco todo o corpo do homem.

Os primeiros raios de sol chegam ao corpo daquele misterioso homem, fazendo revelar mais detalhadamente do que ele veste; uma armadura de placas toda preta, ajustada em todo o corpo. Uma capa escura, botas feitas de couro misturadas com algumas pequenas placas de ferro. Luvas também escuras, misturadas com uma cota de malha preta, duas correntes negras amarradas uma a cada braço, as pontas delas balançam, e a cada passo batem nas laterais das coxas, pontas essas que carregam duas massas de ferro puro; uma tem o formato de uma pequena bola e a outra carrega um formato triangular com uma ponta bem afiada. Usa uma pequena bolsa marrom amarrada em sua cintura e uma espada pequena dentro de uma bainha preta amarrada no outro lado de sua cintura. Os cabelos brancos pontudos se destacam na visão do monstro.

Em seu rosto — empalidecido — um pano escuro cobre desde o queixo até a parte inferior dos olhos, olhos esses que estão repletos de olheiras. O monstro, de pé, tenta entender o porquê esse homem não fugiu até agora.

— Você… poderia, gentilmente, jogar a minha espada de volta? — pergunta o homem, com um tom de voz alto e despretensioso. Ele eleva a mão esquerda para frente, com a palma para cima.

O monstro solta um sorriso de raiva, logo depois dá dois passos para trás. Os olhos carmesim dele são direcionados para a espada, e lá ele vê o formato dela; Uma espada de dois gumes, da lâmina cor vermelha e o cabo da cor negra, tem 170 centímetros ao todo, sendo o cabo de 30 centímetros e a lâmina 140 centímetros de comprimento e 15 centímetros de largura No meio da lâmina, uma palavra brilha da cor branca, essa palavra escrita, é: RAGNAROK .

Uma pequena gargalhada do monstro é liberada ao ver a espada com mais detalhes. A atenção volta a ser direcionada para o homem que se aproxima, ele dá dois passos para frente, e logo em seguida grita: — E se eu não quiser devolvê-la?

Seus olhos se reviram de tédio ao escutar oque o monstro fala. Um suspiro lento é feito pelo homem. A boca dele se abre e uma palavra se forma em um som baixo: — RAGNAROK!

Ao terminar de falar, a espada volta — em alta velocidade — para as mãos de seu portador.

— Que belo truque de mágica, criatura. Por um breve momento, pensei que serias um Orelha Pontuda. — disse o lobo.

— Não me rebaixe tanto, besta.

— Sinto cheiro de… homem e mais alguma coisa. — O homem solta uma pequena gargalhada. — Não consigo decifrar qual sua raça, mas sei que tem a ver com humanos.

— Incrível! Você acertou! — diz o homem, levando a mão esquerda no pescoço e fazendo um movimento rápido, o estralando. — Bom, quer tomar um chazinho?

O lobisomem solta uma leve risada, logo depois se levanta, ficando sobre as duas patas. Seu olhar imponente direcionado para o homem faz ele perguntar: — Não temes a mim, verme?

— Sabe, criaturas como você, eu estou acostumado a matar — fala o homem, com uma face séria.

— Vou adorar ver se isso é verdade ou não… mas antes, me diga seu nome, humano.

— Não sou de falar meu nome, mas farei uma exceção para você. Meu nome é, kam.

— Que nome simples. Kam, sinta-se digno de morrer pelas minhas mãos. Prometo que vou mastigar lentamente suas entranhas.

— Você fala demais, besta. — Kam grita.

O lobisomem leva as duas mãos ao chão, flexiona os dois joelhos e toma um impulso para frente. O homem faz o mesmo movimento. A velocidade dos dois é alta, ao ponto de que, se tivesse alguém ali, nem conseguiria ver os dois correndo.

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