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Parte 3

Nota: (1) – Harry Potter e seus personagens não me pertencem. E sim a J.K. Rowling.

(2) – Essa é uma história Slash, ou seja, relacionamento Homem x Homem. Se não gosta ou se sente ofendido é muito simples: Não leia.

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No dia seguinte ao aniversário de onze anos do herdeiro de Lord Voldemort, amanhecera um maravilhoso domingo de sol. Harry e seu pai já se encontravam na elegante sala de jantar desfrutando um magnífico café da manhã. A enorme mesa retangular estava repleta de diversos tipos de pães que iam desde o tradicional pão francês até o mais elaborado croissant, também contava com uma grande variedade de queijos – fresco, prato, camembert, roquefort, gruyère – e diferentes tipos de bolos: de chocolate, baunilha, laranja, limão, morango... Todos muito bem elaborados e deliciosos. Fora isso havia também muitos tipos de geléias de diferentes frutas, requeijão, manteiga e é claro cereal de fibras, aveia, ou chocolate. Mas o que captava toda a atenção de Harry no momento era o Waffle com mel que tinha em seu prato, acompanhado de um grande copo de achocolatado, enquanto o Lord desfrutava do seu apreciado e forte café preto com torradas untadas de geléia de amora.

Sentado na cabeceira da mesa Tom lia seu exemplar do "Profeta-lixo-Diário", como costumava chamar, para se atualizar dos passos do Mundo Mágico, enquanto conversava amenamente com o lindo menino de olhos verdes sentado ao seu lado. Falavam sobre o sucesso da festa na noite anterior e sobre os planos do menor para comemorações futuras.

No entanto, se viram interrompidos por uma repentina ave que entrou voando por uma das enormes janelas que se encontravam abertas parar arejar o ambiente. A ave se tratava de uma coruja marrom com pintinhas negras e aspecto mal humorado, que trazia no bico uma carta e após jogá-la em cima da mesa – quase dentro do pote de biscoitos – saiu velozmente por onde entrara.

Ao ver seu pai pegar a carta com um semblante de poucos amigos, Harry percebe do que se tratava e seu coração acelera de imediato. Mas antes que pudesse perguntar alguma coisa o Lord começara a ler em voz alta:

Sr. Harry J. Riddle

Mansão Riddle.

Little Hangleton.

Inglaterra.

Tom estende a carta para que seu filho a abrisse, mas este nega com a cabeça, pedindo que o pai continuasse. Sendo assim o mais velho a abre e depara-se com o que já esperava:

ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA DE HOGWARTS

Diretor: Alvo Dumbledore

(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro – faz uma pequena careta que arranca um rizinho de Harry, mas logo continua – Bruxo Chefe, Confederação Internacional de Bruxos).

Prezado Sr. Riddle (outrora, Potter).

- "Hum, ele tinha que colocar isso..." – pensa com desprezo, continuando a ler.

Temos o prazer de informar que o senhor tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários.

O ano letivo começa dia 2 de setembro, segunda-feira. Aguardamos sua coruja até 1º de setembro, no mais tardar.

Atenciosamente,

Alvo Dumbledore.

Diretor.

Após dobrar o papel e colocá-lo novamente no envelope, os olhos de Tom e Harry se conectam e um repentino silêncio toma conta do local. As intensas esmeraldas do menino mostravam claro entusiasmo, porém também continha certa apreensão pelo fato de ter que ficar longe do pai. Enquanto os intensos olhos vermelhos deste refletiam claro aborrecimento por ter que se separar de Harry e deixá-lo no território daquele velho maluco, mas também continha um profundo orgulho pelo seu pequeno herdeiro que já ingressava no caminho do sucesso.

- Então... – Tom quebra o silêncio, deixando um pequeno sorriso irônico surgir no canto de seus lábios – Está esperando o que para subir e se arrumar? Ou você acha que o seu material todo aparecerá num passe de mágica?

- Está dizendo que vamos sair?

- Não, vamos comprar por correspondência... – revira os olhos – É claro que vamos sair! Agora ande logo, suba e se arrume!

- Certo! Certo! Desço num segundo, papai! – com um sorriso deslumbrante, aquele terremoto de cabelo bagunçado logo salta da mesa, planta um beijo estalado na bochecha do seu surpreendido pai e corre para o quarto entre risos divertidos.

O Lord, por sua vez, apenas balança a cabeça negativamente sem poder conter um sorriso e logo milhares de imagens da infância de Harry aparecem em sua mente. Era praticamente impossível não lembrar aquele dia em que o levou pela primeira vez a um passeio fora da mansão...

(Flash Back)

- Ele tem apenas quatro anos! Não pode deixá-lo preso na mansão como se fosse um animalzinho qualquer!

- Já disse que ele não está preso, Nagini... – suspira pela quinta vez – Só não quero expô-lo aos perigos que existem lá fora. Ele ainda é muito pequeno, não conseguiria se proteger de Dumbledore e sua ordem de idiotas.

- Mas...

- Além do que muitas vezes eu deixo que passe à tarde na mansão de Lucius para brincar com o filho dele.

- Claro, ele sai de uma mansão para ir para outra. Grande passeio... – diz com sarcasmo.

O Lord estreita os olhos, perdendo a pouca paciência que não tinha.

- Está sugerindo o que? Talvez que eu o leve para fazer uma visitinha ao Dumbledore para tomarmos uma xícara de chá? Ou quem sabe um passeio pelo Caldeirão Furado com um menino de quatro anos que esses bruxos medíocres pensam ser a salvação deles?

- Tom, você pode ser meio psicopata, megalomaníaco, frio, calculista, déspota, extremamente manipulador às vezes... – vendo a perigosa expressão que começava adornar a face do Lord, Nagini decide ser um pouco mais "objetiva" -... Mas burro eu sei que não é! Você sabe muito bem que pode levar Harry a algum lugar longe de Londres, onde não sejam tão conhecidos, pelo menos não fisicamente.

- Hum... Você sabe que Lord Voldemort e seu herdeiro são noticias mundiais.

- Certo, mas eles nunca viram o menino com quatro anos. É só esconder a cicatriz e você usar um bom feitiço "Glamour" para se disfarçar.

- Não sei não...

- Vamos, Tom! – adota um ar de melancolia – O pobre menino pode até ficar doente com essa reclusão toda...– vendo o olhar preocupado de Voldemort, a esperta cobra sorri por dentro e continua – Eu já ando notando que ele está meio apático, pálido, não quer comer direito... E é porque você não leva o pobre garotinho para um pequeno e inocente passeio...

- Será? – pergunta mais para si mesmo – Eu andei observando que está um pouco pálido, mas...

- Você não quer que o pequeno fique doente, quer? Pobrezinho... Podia ser fatal...

- NAGINI! – grita furioso, sobressaltando a pobre serpente – Não diga uma coisa dessas!

- Só digo a verdade, Tom – suspira – a triste verdade...

O Lord pensa por alguns instantes, com o olhar fixo em um ponto qualquer na parede, mas logo se levanta e segue para o quarto de Harry sem nem dirigir uma palavra à astuta serpente que o encarava com um sorriso malicioso... Bom, se as serpentes sorrissem maliciosamente, é claro.

Em questão de poucos minutos o Lord já estava no Hall de entrada, usando uma elegante túnica negra com uma capa vinho por cima. Seus olhos antes escarlates, agora se encontravam num belíssimo e menos assustador tom castanho escuro, combinando com seu impecável cabelo. O adulto sujeitava cuidadosamente no colo um pequeno menino de quatro anos que deixa um suave sorriso adornar sua face enquanto olhava em volta com curiosidade. Harry vestia um lindo conjunto de calça negra e camisa verde-clara, com uma delicada túnica negra por cima para protegê-lo do inexistente frio. Sua famosa cicatriz encontrava-se ligeiramente disfarçada com um poderoso "Glamour" que também fizera seu cabelo crescer ligeiramente e cobri-la.

- Ondi vamus, papai? – pergunta com seu característico ar inocente, fazendo um pequeno e sincero sorriso instalar-se nos lábios de Tom.

- É uma surpresa.

- Oba! – o abraça mais forte, deixando uma divertida Nagini para trás ao ver o menino desaparecer junto com o desconcertado Lord.

Logo os dois aparecem em uma enorme e arborizada praça, onde vários magos e bruxas também aproveitavam para desfrutar daquele aconchegante inicio de outono com seus respectivos amores, famílias ou apenas filhos. O lugar em questão assemelhava-se ao Central Park em NY, cheio de árvores, pessoas se divertindo, piqueniques, um grande lago cristalino ao centro e várias corujas entre outros pequenos animais completando a maravilhosa imagem. Também existiam inúmeras lojas de vestes, alimentos e artefatos mágicos rodeando todo o lugar, fazendo dali um centro comercial tão intenso e importante quanto o Beco Diagonal em Londres.

- Uau... – Harry murmura admirado, percorrendo todo o lugar com seus brilhantes olhos verdes.

- Bem vindo à Amsterdã mágica, pequeno.

- Amsti...o que?

- Amsterdã mágica. Fica na capital dos Países Baixos, situada na Holanda do Norte.

- Ahaam... – pisca várias vezes, com uma "carinha de paisagem" tão graciosa que arrancou um pequeno riso do Lord.

- Enfim, fica bem longe de casa, mas podemos nos divertir e comprar um monte de coisas.

- Brinquedus? – pergunta duvidoso.

- Claro, por que não?

- Ebaaaaa! - sorri radiante, abraçando com força o pescoço do seu amado pai. Tom, por sua vez, mesmo dizendo o contrário sempre adorava aquelas manifestações de carinho do filho e fazia de tudo para agradá-lo.

Sendo assim os dois passaram o resto da tarde entre compras e diversão, algo ainda novo para o Lord, mas que o encantava de uma forma que nunca imaginara antes. Logo que chegaram foram renovar o guarda-roupa de Harry, o que resultou em quase uma hora de paciência para escolher diferentes tipos de túnicas, camisas, calças, pijamas... Tudo de finíssima qualidade nas butiques mais caras e conceituadas da região. Depois de mandar as compras para a mansão graças à maravilhosa arte da magia, foram em busca de brinquedos. Harry parecia viver um sonho, pois sempre dizia como queria um brinquedo e caso se comportasse ganhava, ou então o próprio Lord trazia de sua escolha, mas nunca pudera ir a um lugar só de brinquedos e escolher o que quisesse. Isso obviamente resultou em mais um grande desfalque na conta de Tom, mas não importava, a fortuna do seu antepassado Slytherin era astronômica por alguma razão e ele sempre podia contar com seus de mais negócios – importantes empresas mágicas que controlava no nome de seus Comensais – o que sempre daria a Harry a oportunidade de ter tudo do bom e do melhor. Jogos mágicos de tabuleiro, um novo equipamento de Quadribol infantil, bonecos mágicos de ação, vassouras de ultimo lançamento, entre muitos outros foram adquiridos pelo jovem herdeiro de Lord Voldemort e mandados para casa num estalar de dedos também.

Após essas duas horas de compras eles pararam para um bom almoço e merecido descanso no badaladíssimo restaurante "Odessa" que atraía todos os grandes magos e bruxas de diversas partes do mundo. Um restaurante excepcional localizado a bordo de um navio que era uma réplica do navio da Escola de Magia Drumstang. Assim, sentados nas melhores mesas do terraço por sutil insistência de Harry, pois este queria ver o lago embaixo deles e o parque em volta, Tom fez os pedidos e não demorou a chegar o Ravióli recheado com azeitonas pretas, servido num delicioso molho branco de queijos para Harry e o Filé de pato grelhado com risoto de cogumelos, aspargos e molho de alcaparras para o Lord, tudo acompanhado de suco de maçã para deleite do pequeno moreninho. Uma deliciosa refeição que foi apreciada pelos dois, mesmo que de cinco em cinco minutos o atento pai parasse para passar o guardanapo na boquinha graciosamente lambuzada de seu filho.

Em seguida adotaram um delicioso passeio pelo parque, onde o jovem menino corria e se divertia pelo límpido gramado verde atraindo sorrisos daqueles que passavam e observavam o belo garotinho brincar.

- Papai, o que é issu? – os curiosos olhos verdes estavam voltados a um bigodudo mago de estridente túnica roxa que parecia alugar aqueles "estranhos" meios de transporte que tanto captavam a atenção de Harry.

- Se chama bicicleta mágica, pequeno.

Biscoito?

- Não, bicicleta... – sorri, pegando o menino no colo e o levando ao encontro do interessante objeto -... Foi inventada há muito tempo por um bruxo francês chamado Pierre Lallement, mas o filho desse bruxo era um "amante-de-muggles" e acabou expondo o invento do pai no mundo não mágico, com algumas modificações, o que acabou matando o velho Lallement de desgosto.

- Nossa... – murmura entre apenado com a sorte do pobre velho, entusiasmado com o grande conhecimento de seu pai e ansioso por andar na tal bicicleta.

Mas antes que o menino pudesse pedir Tom já comprava – preferia logo comprar a alugar – a pequena e bem trabalhada bicicleta negra com detalhes em verde e roxo. Ao contrário das muggles, estas podiam ficar invisíveis, impermeáveis, andar sozinhas e até voar. No entanto, como ainda era muito pequeno Harry podia contar com duas pequenas rodinhas, uma em cada lado da roda traseira, para dar equilíbrio.

- Papai! Mi ensina?...

- Er... Melhor pedir para seu tio Rodolphus mais tarde...

- Por favooor, papai! – pede com suas intensas esmeraldas quase lacrimejantes, fazendo o coração do Lord praticamente se quebrar em pedaços.

- Tudo bem, tudo bem... – suspira, seguindo com ele ao centro do gramado, onde colocou o menino sentado no banquinho e segurou firmemente na parte de trás, destinada ao carona – Agora você vai pedalar enquanto eu te seguro, certo?

- Certu! Mas num solta!

- Não se preocupe... – sorri sem conseguir evitar – Eu não vou soltar.

Com um pouco de insegurança a principio, Harry começou a pedalar, fazendo o guidão tremer um pouco, mas nada fora do normal.

- Está indo muito bem, Harry.

Tom não conseguia deixar de pensar na bizarra cena que esta pareceria a qualquer um que conhecesse o temível Lord das Trevas, o mago mais cruel e obscuro de todos os tempos. No entanto, era impossível não sentir seu coração bater mais rápido de alegria ao ver o sorriso no rosto de seu filho no decorrer daquele ato que desde pequeno, ainda naquele desprezível orfanato, sempre quis compartilhar com um pai. Porém a vida o privara disso, mas oferecera uma nova oportunidade a Harry. Oportunidade esta que trouxera uma nova chance a ambos.

- Tô conseguindu, papai! Tô conseguindu! – grita entusiasmando, vendo como passava a pedalar sem a ajuda do mais velho. Sendo auxiliado apenas pelas rodinhas extras que impediam qualquer possível queda.

- Muito bem Harry! – corresponde ao sorriso, encarando-o com orgulho.

A divertida experiência com a nova bicicleta durou por quase uma hora, quando finalmente o menino deixou que o Lord a mandasse para casa junto às roupas e aos demais brinquedos enquanto desfrutavam do resto da tarde com um delicioso sorvete às margens do lago. Tom apreciava um picolé de morango enquanto Harry saboreava, ou melhor, lambuzava-se com um picolé de chocolate quando uma desconhecida mulher se aproximou dos dois.

- Com licença? – pergunta educadamente. Sem sombra de duvidas tratava-se de uma bela e sofisticada mulher, pois seu corpo esguio e de admiráveis curvas estava coberto por um bem trabalho e suave vestido pérola que chegava à altura de seus joelhos. Uma elegante túnica azul marinho caía pelos delicados ombros, completando o "look" e combinando com seus penetrantes olhos da mesma cor. O cabelo castanho caía por suas costas como uma bela e suave cascata movimentando-se no ritmo do vendo e acompanhando o sensual sorriso que tinha em seus lábios, dirigido unicamente ao imponente Lord que a encarava com indiferença.

- Pois não, senhorita?

- Oh, sinto muito incomodar, mas não pude deixar de notar como o senhor cuidava tão zelosamente do pequenino – tanta acariciar os cabelos de Harry, mas este se afasta na hora, com um olhar de poucos amigos.

Afinal, quem aquela mulher pensava que era para olhar o SEU pai como se fosse devorá-lo?

- Claro, ele é meu filho – responde como se fosse obvio.

- Mas que impressionante! Um pai tão dedicado assim não se vê sempre – sorri ainda mais, jogando os cabelos para trás num ato lascivo – Meu nome é Anya Levinson, muito prazer.

- Igualmente... – diz impassível e antes mesmo que pudesse continuar ela interrompe:

- Oh, que menino tão lindinho! – comenta com pura falsidade, sorrindo de igual ou pior forma para Harry – E se parece tanto a você... Completamente encantador...

- Eu sei.

- Papai? – Harry interrompe – Vamus imbora?

Diante dessa possibilidade a insuportável mulher – na opinião de Harry – se desespera.

- Mas já, coisinha fofa? – diz entre os dentes – Deixe o seu papai conversar um pouquinho mais com a titia...

- Você num é minha tia e eu num gostu di você. Vamus imbora, papai? – agarra o braço do pai num ato possessivo, encarando-a com fúria.

Tom, por sua vez, tentava se segurar para não rir da graciosa atitude de seu filho e da cara completamente desconcertada da pedante e intrometida mulher.

- Certo, pequeno, vamos embora. Com licença, senhorita.

- Mas... Como? Eu... Mas... Já?

Vendo que aquela mulher horrorosa pensava seguir seu pai enquanto este caminhava com ele para fora do gramando, Harry não pensa duas vezes e com uma impressionante mira joga seu picolé bem no meio do desconcertado rosto da bruxa, fazendo esta gritar de susto e indignação.

- Harry, você acaba de fazer o que eu penso que fez? – Tom pergunta seriamente, mas sem deixar de andar.

- Num fiz nada, papai... – responde com sua melhor e mais cativante carinha de anjinho inocente que acabara de descer do paraíso.

- Sei, sei... – um inevitável sorriso toma conta do Lord e naquele mesmo instante os dois desaparecem dali, ainda podendo ouvir os gritos ultrajados da "pobre mulher".

Desde então o Lord passara a sair mais com seu filho, pelo menos umas duas ou três vezes ao mês, levando-o a muitos parques e cidades mágicas espalhadas pelo mundo onde raramente eram reconhecidos. E quando isso acontecia, com seu frio e amedrontador olhar, ninguém se atrevia a entrar em seu caminho mesmo sabendo do "Tratado de Paz".

(Fim do Flash Back)

Agora, onze anos após este tratado, Lord Voldemort estava prestes a acompanhar seu filho nas compras escolares em nada mais, nada menos, que o Beco Diagonal. O que levava um brilho cruel aos seus belos olhos com o simples imaginar das amedrontadas reações que presenciaria naqueles inúteis bruxos e bruxas amantes de sangues ruins e seguidores de Dumbledore.

- Está pronto, papai? – Harry pergunta, encarando-o com curiosidade desde a porta da sala.

O menino usava uma elegante calça social negra feita sob medida assim como a bela camisa gola rolê também na cor negra. Caindo suavemente pelos delicados ombros estava a caríssima e bem trabalhada túnica verde-esmeralda, cravejada de diamantes, acentuando o lindo brilho de seus olhos. Olhos estes, intensos e expressivos, que eram sua marca registrada juntamente com a cicatriz em forma de raio e o bagunçado cabelo que caía levemente pelos olhos dando um ar gracioso e infantil. Um perfeito anjo, ao contrário do homem que se levantava elegantemente da mesa do café para acompanhar o menino. Diferente de seu filho, Tom jamais se permitia descer do quarto em pijamas – ainda que fossem da mais pura seda que o dinheiro pode pagar – e, por tanto, já estava impecavelmente arrumado esperando seu herdeiro. Assim como Harry, o "look" do Lord era completamente negro, uma elegantíssima e cara calça social fazendo jogo com a camisa do mesmo estilo. Obviamente não podia faltar a imponente túnica vinho com pequenos rubis cravejados que enalteciam ainda mais sua bela e temível imagem. Os olhos frios, vermelhos como sangue, o cabelo impecável, delineando sua figura aristocrática e é claro seu porte de "Lord Inglês" que fazia jus ao título. Simplesmente de tirar o fôlego, seja por medo, ou por sua estonteante beleza.

- Claro. Podemos ir, pequeno.

- Certo! – sorri animado, segurando a mão de seu pai enquanto este dava sinal aos seis homens encapuzados que fariam sua escolta – não que precisasse, mas Lord Voldemort sempre gostava de manter as aparências, ainda mais se fosse para amedrontar pessoas inúteis – e após as ordens precisas, Tom logo desaparece em direção ao Beco Diagonal segurando firmemente a mão do seu entusiasmando filho.

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O lugar era definitivamente enorme e cheio de gente. Harry conhecia centros comerciais iguais e até maiores que aquele, mas possivelmente devido ao fato de nunca ter visitado o famoso Beco Diagonal antes, aos seus olhos parecia incrível. Bruxos e bruxas de todos os tipos, com túnicas estridentes, chapéus engraçados, carregando crianças, conversando entre si, caminhavam por entre as lojas comprando e admirando os belos artefatos que as inúmeras exposições ofereciam. Ao lado encontrava-se uma loja de Caldeirões, logo mais a frente murmúrios suaves indicavam o "Empório das Corujas", seguido de perto da abarrotada livraria "Floreios & Borrões". As pessoas pareciam ora apreçadas, ora tranqüilas... Ora entusiasmadas, ora cansadas... Ora aterrorizadas...

E definitivamente aterrorizadas foi como permaneceram.

O Lord teve que se conter para não rir diante da típica cena de filme de terror muggle que aquilo pareceu, deixando um sorriso cruel brotar no canto dos seus lábios para intimidar ainda mais os pobres bruxos e bruxas que imediatamente já se encolhiam e começavam a murmura baixinho, tremendo de medo. O ensolarado céu pareceu até tornar-se nublado diante daquela histórica e aterrorizante cena. Lord Voldemort encontrava-se parado na entrada do Beco Diagonal sendo rodeado por seis "demônios negros" que usavam suas habituais máscaras de prata, ocultando seus rostos como fantasmas sem coração. Porém os olhares logo se voltaram à criança que sujeitava tranquilamente a mão do "Terror-do-Mundo-Mágico" e observava tudo ao redor com seus brilhantes olhos verdes destilando curiosidade, mas com sua bela face infantil completamente impassível, daquele jeito que seu pai lhe ensinara desde cedo para se portar em lugares com pessoas desconhecias.

Harry Potter...

Agora mais do que nunca: Harry Riddle...

A esperança de salvação do Mundo Mágico encontrava-se de mãos dadas com "Aquele-que-não-deve-ser-nomeado" e todos sabiam que podiam apenas entregar suas preces a Merlin e rogar que quando chegasse à hora aquele lindo menino seguisse o carinho da luz. O caminho oposto ao do ser que segurava sua mão com... Proteção? Não, impossível... Mas de fato os inúteis - de acordo com Tom – bruxos e bruxas não percebiam que Lord Voldemort tinha outras prioridades agora. A dominação do mundo, nunca descartada, passara à segundo plano, pois antes de tudo viria Harry.

- O que devemos comprar primeiro? – Harry pergunta finalmente, cansando-se dos olhares amedrontados e das pessoas trêmulas se afastando rapidamente.

- Vejamos... – tira elegantemente a lista do bolso que dizia:

ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA DE HOGWARTS

Uniforme:

Os estudantes do primeiro ano precisam de:

1. Três conjuntos de vestes comuns de trabalho (pretas)

2. Um chapéu pontudo simples (preto) para uso diário

3. Um par de luvas protetoras (couro de dragão ou similar)

4. Uma capa de inverno (preto com fechos prateados)

As roupas do aluno devem ter etiquetas com seu nome.

Livros:

Os alunos devem comprar um exemplar de cada um dos seguintes:

- Livro padrão de feitiços (1ª série), de Miranda Goshwak

- História da Magia, de Batilda Bagshot

- Teoria da magia, de Adalberto Waffling

- Guia de transfiguração para iniciantes, de Emerico Switch

- Mil ervas e fungos mágicos, de Fílida Spore

- Bebidas e poções mágicas, de Arsênio Jigger

- Animais fantásticos e seu hábitat, de Newton Scamander

- As forças das trevas: Um guia de autoproteção, de Quintino Trimble.

Outros equipamentos:

Uma varinha mágica

Um caldeirão (estanho, tamanho padrão 2)

Um conjunto de frascos

Um telescópio

Uma balança de latão, aço carbono ou inoxidável.

Os alunos podem ainda trazer uma coruja, um gato ou um sapo.

LEMBRAMOS AOS PAIS QUE OS ALUNOS DO PRIMEIRO ANO NÃO PODEM USAR VASSOURAS PESSOAIS.

Harry escutava atentamente e logo sorriu, recebendo um olhar desaprovador do Lord por fazer isso diante de tantas pessoas inferiores e desqualificadas que só faltavam se jogar de joelhos no chão, aos prantos, implorando que não os machucassem. Mas Harry apenas deu os ombros e logo puxou seu pai em direção a loja mais próxima que ostentava a placa: "Caldeirões: Todos os Tamanhos - Cobre, Latão, Estanho, Prata, Ouro - Automexediço – Dobrável".

Ao entrarem na loja a reação que se seguiu foi à aguardada. Uma senhora baixinha e roliça agarrou na mão do filho e saiu correndo mais do que suas pobres pernas agüentavam, enquanto os outros clientes se afastavam aos poucos, olhando com curiosidade para Harry, mas obviamente temendo por suas vidas ao se encontrarem na presença daquele temível ser. Conforme o esperado pelo divertido Lord, em questão de poucos segundos a loja estava vazia e o vendedor, um bruxo italiano de meia idade, bigode maior do que a boca e que se encontrava nos fundos da loja providenciando os pedidos, logo apareceu atordoado com o sumiço de seus fregueses.

- Mas o que está aconte... – no entanto o pobre homem empalideceu e teve que sujeitar firmemente a bancada para não cair para trás.

- Um caldeirão de estanho, tamanho dois, uma balança de prata com aço inoxidável, um conjunto dos seus melhores frascos e o mais sofisticado telescópio que você tiver.

A voz fria e intimidadora de Lord Voldemort ressoou como uma sentença de morte para o pobre homem que sentiu um ataque cardíaco se aproximar a galope.

- Madonna mia... – murmurou finalmente, contendo a respiração.

Tom, por sua vez, revirava os olhos interiormente enquanto Harry apenas olhava ao redor com sua habitual curiosidade, ignorando completamente o bruxo que estava prestes a ter um ataque. Era sempre assim. O menino sabia que seu pai causava esse "impacto".

- Será que foi rápido de mais para você? – diz com puro veneno – É melhor entender logo, pois Lord Voldemort não repete a mesma coisa duas vezes.

- Nã... Não... se... senhor... Num... Num instante...

Para grande deleite do Lord o pobre homem não pensou duas vezes após ouvir o próprio "não nomeado" nomeando-se e imediatamente seguiu por entre as prateleiras para providenciar seu melhor material. O que em poucos segundos resultou em belíssimos pacotes zelosamente guardados por Harry sob um feitiço de redução no bolso de sua túnica e 6 galeões 15 sicles e 27 nuques deixados pelo Lord em cima do balcão do amedrontado homem que não queria nem cobrá-los.

Vendo-se finalmente do lado de fora Harry e Tom percebem que a situação ainda continuava a mesma, provavelmente pelo fato dos Comensais estarem espalhados em pontos estratégicos e dos Aurores que acabavam de chegar permanecerem quietos, a espreita, respeitando o Tratado de Paz para não incendiarem uma prematura guerra. Mas a expressão aterrorizada de todos logo deixou de captar as atenções de Harry, pois este acabara de avistar aquele interessante prédio que conhecia apenas de livros.

- O Banco Gringotes... – murmura embelezado, afinal era uma estrutura invejável feita de mármore no estilo grego-clássico e contava com uma das mais sofisticadas seguranças do mundo. Perdendo apenas para Hogwarts e para a Mansão Riddle, é claro, pois nem Dumbledore e seus seguidores conseguiriam invadi-la se tentassem.

Tom segue o olhar do menino e logo balança a cabeça negativamente, contendo um sorriso pela sempre implacável curiosidade de Harry.

- Sim, o famoso Banco dos Bruxos, mas nós não precisamos visitá-lo hoje e lidar com aqueles insuportáveis duendes, pois o dinheiro dá e sobra.

- Você disse...

- ...Que o levaria para ver o cofre da nossa família, mas não hoje, já conversamos sobre isso.

- Certo, certo – Harry suspira, seguindo com seu pai para a loja de penas e pergaminhos.

De fato Tom pretendia levar Harry para conhecer a herança deixada por Salazar Slytherin, que se encontrava na parte mais profunda e segura do banco, pois ao lado de Helga Hufflepuff, Rowena Revenclaw e Godric Gryffindor era a maior e mais inigualável fortuna do mundo. Ocupava mais de cinco câmaras guardando milhares e milhares de pilhas de galeões, sicles e nuques. Além de jóias, armaduras, túnicas bordadas, taças, espadas, entre outros milhares de artefatos em ouro, prata, bronze, pedras preciosas... Razão pela qual o Lord poderia esbanjar o quanto quisesse, pois precisaria de mais de dez vidas inteiras para gastar tudo aquilo. Harry, por sua vez, precisaria de ainda mais quando chegasse à idade certa já que era herdeiro do Lord – portanto de Salazar Slytherin também – e herdeiro original de Godric Gryffindor. Mas Tom sabia que ainda era muito cedo para o menino começar a lidar com tudo aquilo, mesmo Harry sabendo de suas verdadeiras origens, era melhor poupá-lo de experiências mais concretas até chegar a hora.

Afinal uma criança de onze anos, no momento, se preocupava mais com as caríssimas penas em conjunto com os mais detalhados pergaminhos que usaria em seu primeiro ano escolar do que com o fato de ser a pessoa mais rica do Mundo Mágico.

- Gostou? – O Lord pergunta após saírem da loja onde uma pobre e pálida mulher agora tomava um copo de água com açúcar para acalmar seu velho coração.

- São perfeitos! – comentava animado – Pena de pluma de ganso austríaco? Eu nem sabia que existiam... Mas essas penas auto-copiadoras também são o máximo! E a de repetição rápida, não encontrei uma assim nem quando fomos a Madrid e Barcelona!... Esses pergaminhos auto-corretores também são os melhores! E...

- Sim, sim... Que bom que você gostou... – tentava conter o tom divertido, mas era simplesmente impossível diante do entusiasmo de seu filho – Só tome cuidado, porque alguns desses não são exatamente "legalizados" em Hogwarts.

- Hahahaha não se preocupe, papai!

Com aquele característico andar imponente e orgulhoso os dois seguiram para a próxima loja deixando um rastro de aflição nos rostos das pobres pessoas que ousavam encarar o Lord, pois este as fazia permanecer trêmulas e encolhidas com apenas sua presença e ninguém, nem mesmo o mais habilidoso Auror, se atrevia a cruzar seu caminho, já que tinham em mente os "rumores cuidadosamente implantados" da invencibilidade daquele cruel e inescrupuloso homem.

Madame Malkin foi à próxima comerciante a se ver pálida diante de seu novo freguês, pois sua loja: "Madame Malkin - Roupas para todas as ocasiões" era a seguinte no caminho do Lord e de seu herdeiro. Obviamente as outras quatro pessoas que se encontravam a espera de suas vestes saíram às pressas. Uma garotinha até foi arrancada do provador pela mãe, com o vestido ainda por amarrar, o que causou graça em Harry.

- "Eles não podiam ser menos exagerados?" – pensava distraidamente enquanto apreciava alguns tecidos sob o atento olhar de seu pai que se encontrava elegantemente sentado em uma das confortáveis poltronas de couro.

No entanto seus pensamentos logo foram interrompidos pela nervosa senhora trazendo a túnica para ele provar. Harry podia ver que mesmo com um sorriso intranqüilo nos lábios a pobre bruxa tentava se manter firme para atender seus ilustres clientes.

- Obrigado – diz educado e friamente, daquele jeito que fazia os olhos do Lord brilharem de orgulho, seguindo para o provador indicado pela mulher.

Já em cima do banquinho, observando Madame Malkin marcar a altura da barra com as mãos trêmulas e o rosto pálido, Harry ouviu uma fria e conhecida voz a suas costas:

- Espero ver o escudo Slytherin nessas vestes, ouviu bem mocinho?

- Padrinho!

De fato Lucius Malfoy encontrava-se atrás dele com sua conhecida expressão gélida, mas oferecendo aquele olhar de puro orgulho e certo afeto que apenas sua própria família e seu afilhado conheciam. O patriarca dos Malfoy usava uma custosa túnica azul marinho e uma detalhada capa gris por cima, acentuando seu olhar e os cabelos loiro-prateados que caiam com puro charme pelas costas. Sua mão direita sujeitava com pura elegância a conhecida bengala de prata com a cabeça em forma de serpente e seu porte aristocrático deixava claro quem era: Um Malfoy.

O orgulhoso responsável por aquela família que era uma das mais tradicionais e nobres do mundo mágico. Lucius estava fazendo compras com Draco e se surpreendeu ao notar a presença de alguns Comensais e os murmúrios aterrorizados de todos, mas se surpreendeu ainda mais ao entrar na loja de túnicas com seu filho e deparar-se com Lord Voldemort sentado tranquilamente em uma das poltronas, folheando sem interesse um ou outro jornal que se encontrava em cima da mesinha de centro, enquanto era observado pelas trêmulas e amedrontadas jovens que trabalhavam no local.

Após uma discreta, porém efetiva reverência, Lucius e Draco seguiram para onde Harry e Madame Malkin se encontravam, surpreendendo assim o moreninho.

- Também estão fazendo compras? – Harry pisca graciosamente para Draco, fazendo este sorrir no mesmo instante e Lucius suspirar interiormente, afinal era impossível que seu filho permanecesse com sua habitual "pose Malfoy" estando na presença de Harry, mas o adulto entendia o porquê e logo sorria intimamente também.

- Sim, mas me surpreende que você e o Lord também estejam.

- Pois é! Nem acreditei quando ele falou hoje de manhã, mas não é o máximo, padrinho? – sorria daquele seu jeito único que só fazia na presença de pessoas queridas.

- Com certeza, Harry... – o pobre Comensal tentava não sorrir – Bom, aproveite que Madame Malkin está aqui e veja suas vestes também, Draco, estarei esperando com o Lord.

- Pode deixar pai – o jovem loiro logo assente, vendo com certo divertimento como a podre mulher tentava providenciar tudo rapidamente sem nem atrever-se a levantar o olhar.

Mas logo suas atenções foram todas voltadas para o seu melhor amigo ao ver seu pai ir juntar-se ao Lord - provavelmente para organizar alguma nova missão ou questões de uma das empresas – enquanto subia no banquinho ao lado de Harry, pois a apressada bruxa também já trazia suas vestes para ajustar.

- Então, Draco, o que já fizeram? – Harry parecia ainda mais animado com a presença do amigo.

- Bom, já comprei o caldeirão, os pergaminhos e acabei de vir da loja de varinhas!

- Não acredito!

- Verdade – sorria com aquele característico ar arrogante - é de Pilriteiro e pêlo de Unicórnio, exatos vinte e cinco centímetros. Razoavelmente flexível.

- Unicórnio? Achei que seria algum Dragão... – comenta pensativo.

- Poderia, mas o Unicórnio possui força, magnetismo e grande poder mágico, como eu, é claro.

- Esqueceu de mencionar sua incrível modéstia, Draquinho... – sorri ao ver o amigo franzir o cenho com o apelido.

- Haha. Muito engraçado – arqueia uma sobrancelha – você está andando muito com o Nott, Harry, já anda pegando o terrível senso de humor dele.

- Oh, não me diga que você ainda está aborrecido por causa da festa de ontem?

- Eu? Não, de jeito nenhum, nem sei do que você está falando.

- Vamos Draco... Você sabe muito bem que eu gostei dos dois presentes e não podia deixar que tentasse atirar o Theo pela janela, papai me mataria... Ai! – reclama ao sentir a Sra. Malkin espetá-lo sem querer com um pequeno alfinete.

- Per...Perdão... se...senhor! – diz quase entre lágrimas, fazendo Harry apenas assentir, com uma sobrancelha elegantemente arqueada e voltar a ignorá-la.

- Sei! – Draco replica – Mas o meu foi melhor... – murmurando consigo.

- Claro, claro... – balança a cabeça negativamente, sem conseguir conter o sorriso sincero que aparecia em seus lábios. Aquele tipo de sorriso que muito poucos tinham acesso, sendo Draco um dos sortudos a sempre presenciá-lo.

Assim, entre conversas amenas e brincadeiras, os dois finalmente puderam ir ao encontro de seus respectivos pais enquanto a bruxa entregava as vestes com suas mãos ainda trêmulas, sem atrever-se a olhar nos olhos do Lord, contemplando apenas as belas esmeraldas de Harry com o coração apertado de esperança. Esperança de que um dia aquele lindo menino salvasse a todos de um destino cruel.

Porém Harry estava completamente alheio a esse pensamento e dessa forma, segurando tranquilamente a mão de seu pai, seguiu com Draco e Lucius para a livraria "Floreios & Borrões" que ficava em frente à loja. O fato de Lucius Malfoy seguir logo atrás de Lord Voldemort com um andar orgulhoso e satisfeito, apenas aclarava sua posição como Comensal da Morte, porém as "modestas" doações de centenas de galeões que fazia mensalmente ao Ministério, o isentava de qualquer suspeita, colocando sua atitude como apenas uma forma de garantir o bem-estar de Harry.

Ao entrarem na livraria o lugar abarrotado de gente ficou em silêncio e todos os olhares se voltaram a eles. Harry sentia-se até em uma cena da novela que sua tia Narcisa adorava ler na revista Coração de Bruxa: "Essências De Uma Poção". Mas logo adotou seu costumeiro semblante frio e imponente, indicado para situações como estas, e apertou a mão de seu pai deixando-se guiar para o centro da loja. As demais pessoas, após o impacto inicial, não pensaram duas vezes e logo foram deixando o local discretamente, algumas correndo, outras se esgueirando pelas paredes e uma ou outra permanecendo na livraria, mas mantendo-se o mais afastadas e silenciosas possível. Este era o caso de uma mulher baixa com estridentes cabelos ruivos que abraçava protetoramente quatro meninos – dois exatamente iguais, um que parecia ser o mais velho e outro da mesma idade de Draco e Harry – enquanto encarava o herdeiro de Voldemort fixamente, com seus olhos lacrimejantes inundados de tristeza e martírio.

- Quem é? – Harry pergunta discretamente ao Lord, estranhando aquela mulher que a qualquer momento parecia disposta a correr para abraçá-lo, aos prantos.

Tom, por sua vez, estreita os olhos e abraça protetoramente o ombro de seu filho.

- Cabelos ruivos, expressões vazias, vestes surradas e de segunda mão. Estes, Harry, são os Weasley. Os mais fieis capachos de Dumbledore que não agem como sangues-puros que são. Hum, completos amantes de muggles.

Diante da taxativa resposta de seu pai, Harry lança um olhar frio e superior à família, voltando suas atenções aos livros que deveria buscar.

Não demorou mais de quinze minutos para o amedrontado atendente providenciar todos os livros que Harry e Draco precisavam então estes logo os guardaram junto com as demais coisas e seguiram para o próximo e ultimo destino do dia. Draco e Lucius já haviam terminado suas compras, porém não deixariam de acompanhar Harry e o Lord, a menos que este desejasse, mas Tom parecia não se importar com a presença de seu subordinado, pelo contrário, lhe agradava o fato de Harry estar feliz com a presença de seu amigo e do padrinho. De fato, a felicidade do jovem herdeiro do Lord intensificou ainda mais ao ver a loja que os esperava.

Em cima das portas da loja de aspecto estreito e desgastado encontrava-se a placa: "Olivaras - Varinhas de Qualidade desde 382 A.C" e o coração de Harry parecia bater mais rápido a cada passo que dava em direção a ela. Por fim teria sua varinha. Não precisaria mais treinar com a varinha de Bella ou de Rodolphus, pois teria uma destinada especialmente a ele.

O pequeno sino em cima da porta tocou anunciando a chegada dos novos clientes, Harry, o primeiro a entrar, foi logo avistado pelo dono do local.

- Sim, sim, achei que ia vê-lo em breve, jovem Harry. Lembro-me muito bem quando seus pa... – porém a palavra "pais" morreu na boca do pobre velho de olhos grandes e claros que brilhavam na penumbra e que depressa adquiriam um brilho de puro temor ao avistar o imponente homem que entrava logo atrás de Harry. Aquele que agora era o pai do menino -... Err... Pensando bem, não me lembro de nada não...

- Olivaras – Tom "cumprimenta" com ironia, colocando a mão sobre o ombro de Harry num ato protetor e orgulhoso.

Lucius e Draco se encontravam alguns passos atrás do Lord e encaravam a cena em silêncio, com expressões frias e sem sentimentos, dignas de perfeitos Malfoy.

- Senhor – Olivaras cumprimenta temeroso, mas sem se deixar fraquejar.

- Vim por uma varinha para o meu filho.

- Sim, senhor. Vejamos... – respira lentamente tentando se acalmar e não pensar que estava diante do "Terror-do-Mundo-Mágico" – Estique a mão, por favor, Harry... Qual o braço da varinha?

Imediatamente Harry esticou a mão direita e a longa fita métrica com números prateados que o bruxo tirou do bolso passou a medi-lo por todos os lados. Após alguns instantes sob o olhar atento de todos, Olivaras ordenou que a fita parasse e entregou uma varinha a Harry.

- Experimente esta. Faia e corda de coração de Dragão. Vinte e três centímetros. Boa e flexível.

- Certo... – Harry apanhou a varinha como quem pega um pedaço de madeira qualquer e fez alguns movimentos com ela, mas o Sr. Olivaras a tirou de sua mão quase imediatamente trocando-a por outra.

- Bordo e pena de fênix. Dezoito centímetros. Bem elástica. Experimente...

Harry experimentou, mas mal ergueu a varinha quando, mais uma vez, esta foi tirada de sua mão.

- Não, não. Tome, ébano e pêlo de unicórnio, vinte e dois centímetros, flexível. Vamos, vamos, experimente.

Mas nada.

Cabe dizer que o Lord já estava impaciente e torcia levemente o lábio a cada prova. Lucius e Draco também suspiravam mentalmente, pois para o jovem Malfoy não tinha sido tão difícil a chegada da varinha certa.

Porém, ao tirar a varinha indevida da mão de Harry, o Sr. Olivaras olhou fixamente para o Lord e ao contrário do típico temor que os demais comerciantes sentiam, mostrou-se pensativo.

- Por que não? – pensava consigo mesmo, dirigindo-se a prateleira mais alta – Isso poderia selar muitos destinos, mas... Quem sabe?... Talvez...

Logo ele voltou com a bela caixa de veludo e entregou a varinha a Harry. Este a apanhou e sentiu um repentino calor nos dedos. Ergueu a varinha acima da cabeça, baixou-a corando o ar empoeirado com um zunido, e uma torrente de faíscas douradas e prateadas saíram da ponta como fogos de artifício, atirando fagulhas luminosas que dançavam nas paredes.

Lucius e Draco até se aproximaram, entusiasmados.

- Azevinho e pena de fênix, vinte e oito centímetros, boa e maleável – Olivaras dizia – Mas é realmente curioso...

- O que é curioso? – Harry perguntou.

O velho bruxo encarou Harry e logo encarou o Lord, vendo como este estreitava os olhos astutamente.

- Lembro de cada varinha que vendi, jovem Harry. De cada uma. Acontece que a fênix cuja pena está em sua varinha produziu mais uma pena, apenas mais uma. É muito curioso que o senhor tenha sido destinado a essa varinha, pois a irmã dela está aqui mesmo nesta sala e foi ela que produziu sua cicatriz, marcando-o como herdeiro com um antigo e poderoso feitiço.

Harry imediatamente voltou-se ao Lord e este, por sua vez, tinha seus frios olhos vermelhos brilhando intensamente e um discreto sorriso apareceu no canto daqueles finos e mortais lábios.

O destino realmente mostrava-se eficaz.

Agora era mais do que fato. Ele e Harry tinham suas magias entrelaçadas. Ele e Harry tinham seus destinos cruzados. Ele e Harry eram parte um do outro, pois mesmo não sendo seu filho biológico, o menino provava que era destinado a ser seu único e glorioso herdeiro.

Olivaras sabia que aquilo poderia trazer muita desgraça ao Mundo Mágico, mas tinha esperança de estar enganado. No entanto uma coisa era certa: Poderia esperar grandes feitos daquele jovem mago.

Lucius e Draco mostravam-se evidentemente emocionados com a notícia. Até para um Malfoy era difícil esconder. Mais uma vez a grandiosidade do poder de Harry expunha que estava intimamente ligada ao poder do Lord, e Lucius tinha certeza de que os demais Comensais enalteceriam ainda mais o menino. Só faltariam fazer uma estátua de ouro em homenagem àquele que era o símbolo do poder e da eminente vitória do seu senhor.

Após Tom deixar os sete galeões na bancada, voltou a abraçar o ombro de seu filho, apertando-o com evidente orgulho, mas que apenas Harry podia perceber e sorrir interiormente, deixando-se guiar para fora da loja sem dizer mais nada e sem perceber a leve reverencia que o Sr. Olivaras fazia à saída deles.

- Bom, agora para casa... – o Lord diz ao se verem novamente na rua.

Harry sorri, tocando levemente a nova varinha guardada no bolso da túnica e estava prestes a concordar quando um suave piado chamou sua atenção. Logo à frente estava uma bagunçada loja, escura, cheia de ruídos e brilhos de olhos que cintilavam como jóias devido às dezenas de corujas.

"Empório das Corujas"... Sem duvida a empoeirada placa não chamava muita atenção, mas foi a bela coruja que o encarava fixamente com seus olhos âmbar desde uma grande gaiola onde se encontrava sozinha, ao contrário das outras, que atraiu Harry fazendo este praticamente puxar seu pai em direção ao local.

- Ainda falta um item da lista... – comentava inocentemente, fazendo Draco e Lucius se entreolharem, pois ambos conheciam muito bem aquele tom.

- Posso saber qual?

- Uma coruja, um gato ou um sapo. E eu já sei o que quero – sorria encantadoramente.

- Harry... – diz com seriedade – Você já está levando a Morgana.

- Eu sei – faz um gracioso biquinho – Mas ela não conta, já que nem está no regulamento.

- Mas...

- Além do que... – interrompe, cosa que só mesmo Harry poderia fazer sem perigo de levar um "crucio" -... Como mandarei cartas para você toda semana sem uma coruja de confiança?

Tom apenas o encarava, pensativo.

Harry, assim como Lucius e Draco que observavam a cena com diversão – sem demonstrar, é claro – já sabiam que o jogo estava ganho.

- Por favoor, papai... – o encara com seus lindos olhos verdes brilhando intensamente –... Eu mereço, não mereço?

Algumas poucas pessoas que se escondiam do Lord, encolhidas em algum canto ali por perto, pareciam em estado de choque com a cena.

- Certo – Tom suspira – vamos ver sua bendita coruja.

- Êba! – sorri, logo puxando o mais velho para dentro do local.

Draco, por sua vez, trocava um significativo olhar com Lucius e este apenas assentia levemente, pois sabia que seu filho ainda não havia escolhido nenhum animalzinho também.

Dentro da loja a conhecida cena se repetiu. O pobre vendedor quase engasgou com a água que tomava ao ver o Lord entrar com seu herdeiro e os poucos clientes que estavam no local instantaneamente desapareceram.

- Vou levar aquela coruja ali, por favor – Harry diz com a elegância nata herdada do pai, indicando a bela coruja que ainda o encarava profundamente, sozinha em sua enorme gaiola.

- Uma...Uma... Excelente eleição, se... senhor... – diz com a voz trêmula, apressando-se em providenciar o pedido de Harry – Ela é muito rara, por isso está sozinha... É uma coruja das neves.

Harry apenas contemplava o belo animal branco como a neve, com profundos olhos âmbar.

- Edwiges – a nomeia e esta pia contente, parecia ter gostado. Lembrava-se de ter visto esse nome em algum livro de História da Magia e não sabia por que, mas parecia perfeito para sua nova coruja.

O Lord o encarava com satisfação, pois sempre se deleitava com as expressões de felicidade de Harry. Não lhe importava nem um pouco gastar 25 galeões apenas em uma coruja, já que esta levava um brilho de puro prazer aos olhos de seu filho.

Após finalizar a compra, já tendo firmemente sujeita a gaiola com sua coruja, Harry sorri para Draco que observava uma outra coruja com curiosidade e absorção.

- Está esperando o que para levá-la?

- Não sei, é muito bonita, mas...

- É linda! Com certeza ela e Edwiges serão grandes amigas – sorria divertido.

- Na verdade... – o vendedor os interrompe – Este belo e igualmente raro exemplar é um macho.

- Ops... – Harry coloca rapidamente a mão sobre a boca, como se tivesse ofendido a coruja, o que causou grande divertimento em todos.

- Ele é muito inteligente e genioso – trazia com certa dificuldade a bela coruja completamente negra para uma gaiola de transporte – é uma coruja do crepúsculo.

No entanto o belo animal completamente negro, de olhos safira, logo se acalmou ao ter sua gaiola sujeita por Draco. Ainda que não fosse possível saber se era devido ao novo dono, ou por estar ao lado de Edwiges, porém o olhar fixo que as duas corujas trocavam e o iminente estufar de peito do macho para chamar a atenção da fêmea logo deram uma noção.

- Hummm... Vejamos – Draco murmura pensativo, mas logo sorri – Edward.

- Combina com Edwiges!

- Exatamente.

Ambos não podiam conter o sorriso nos lábios ao sujeitarem suas novas corujas. Tom e Lucius apenas balançavam a cabeça negativamente, divertidos com a atitude infantil e aliviados, pois, por fim, acabava o dia de compras.

Vendo-se novamente na vazia rua, Lucius faz uma profunda reverência ao Lord, seguido por Draco.

- Nos retiramos, Mi Lord.

- Não se esqueça de providenciar os papéis que mandei Lucius.

- Buscarei imediatamente, senhor.

- Ótimo. Jovem Malfoy – despede-se elegantemente de Draco, recebendo uma nova e educada reverencia em troca.

Harry, mais expressivo, logo abraça o pradinho.

- Até amanhã, padrinho!

- Até amanhã, Harry – deixa um leve sorriso escapar, bagunçando ligeiramente o cabelo de seu afilhado.

Em seguida, Harry lançou-se no pescoço de Draco – coisa que sempre fazia – e plantou-lhe um estalado beijo na bochecha.

- Até amanhã, Draco! E é claro, Edward! – sorria.

- Até amanhã, Harry... Edwiges... – sorria também, abraçando a estreita cintura de seu amigo – Nos vemos na estação de trem.

- Sim! Hogwarts que nos aguarde!

- Com certeza!

Após esta calorosa despedida, sob o olhar divertido de Lucius e Tom, todos voltaram para suas respectivas casas – mansões, no caso – deixando o Beco Diagonal respirar aliviado. Afinal não era sempre que Lord Voldemort aparecia para fazer compras com seu herdeiro, àquele que continha a chave de salvação do Mundo Mágico.

Aquele que na manhã seguinte embarcaria em direção a mais uma etapa de seu glorioso destino.

Aquele que logo, logo, estaria em Hogwarts sendo selecionado para uma das quatro casas.

Aquele que possuía a magia Gryffindor e Slytherin correndo por suas veias.

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Longe dali, um ancião de comprida barba branca encarava a mesa de seu escritório com os profundos olhos azuis brilhando misteriosamente por trás dos característicos óculos em forma de meia lua.

- "Falta pouco... – pensava – Não permitirei que você siga com seus truques, Tom. Essa guerra logo tomará o rumo certo".

Continua...

Próximo Capítulo: Chegada à Hogwarts! Seleção das casas...

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IMPORTANTE: Nesta história o sobrenome de Tom, "Riddle", corresponde a sua falecida mãe (Mérope Gaunt, então se torna Mérope Riddle. E o pai do Lord agora se torna Tom Gaunt). Portanto, "Riddle" representa a família Slytherin e ao contrário da versão original ele não tem problemas com este, tem ''problema'' apenas com "Tom" por ser herança de seu pai muggle. Dessa forma o sobrenome Riddle é conhecido, antigo e muito conceituado no mundo mágico – mais até do que os Malfoy, os Black e os Potter – o que no decorrer da história ficará ainda mais claro com o orgulho de Harry ao ser chamado de Riddle.

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