O ar estava pesado no túnel. Eryk encarava Liora, tentando entender quem ela era e por que parecia saber tanto sobre seu pai. Ela, por sua vez, o analisou com uma expressão mista de curiosidade e desconfiança.
"Por que você estava procurando por mim?" Eryk perguntou, quebrando o silêncio.
"Porque você é o filho de Viktor", respondeu Liora, cruzando os braços. "E porque, se você herdou o que eu acho que herdou, então é a única pessoa que pode impedir o que está por vir."
Eryk franziu o cenho. "Impedir o quê? Eu nem sei o que está comemorando!"
Liora suspirou e fez sinal para que ele a seguisse. "Eu vou te mostrar."
Ela o levou até a sala no final do túnel. A iluminação era precária, mas o espaço estava repleto de mapas, diagramas e arquivos. No centro, havia um holograma projetado para um dispositivo antigo. Mostrava um símbolo familiar: o mesmo do medalhão e do diário de Viktor.
"Seu pai fazia parte de uma rede secreta de resistência contra os Primordiais", explicou Liora. "Eles acreditavam que o mundo deveria ser governado por aqueles com Signas . Viktor foi um dos poucos a se opor a eles abertamente."
Eryk olhou para o holograma, tentando absorver as informações. "E o que isso tem a ver comigo?"
"Tudo", respondeu Liora, com firmeza. "Seu pai não era apenas um membro da resistência. Ele era o guardião de Ætheris , o sinal mais poderoso já registrado. E, pelo que vejo, você é o herdeiro desse poder."
O silêncio que se abalou foi quase ensurdecedor. Eryk sentiu o peso das palavras de Liora. Ele não sabia se acreditava nela, mas algo dentro dele dizia que havia verdade no que ela dizia.
"E o que exatamente é o Ætheris ?" ele disse.
Liora deixou um livro grosso de uma prateleira próxima e o abriu em uma página marcada. Havia uma ilustração de um círculo com linhas entrelaçadas, exatamente como o símbolo do medalhão.
"O Ætheris é uma manifestação rara e assustadora", explicou ela. "Ele não é apenas um poder. É uma conexão com a própria essência da realidade. Quem o controla pode manipular o espaço, o tempo e a energia em níveis que ninguém consegue compreender totalmente."
Eryk sentiu um arrepio percorrendo sua espinha. "E por que meu pai tinha isso?"
"Porque ele foi escolhido", disse Liora. "E agora, parece que você também foi."
Enquanto Liora falava, Eryk começou a sentir uma pressão crescente no peito. Era como se o medalhão ao redor do seu pescoço estivesse pulsando com energia.
"Você está bem?" – perguntou Liora, notando sua expressão.
"Eu... não sei", ele respondeu, colocando a mão no medalhão.
De repente, uma luz intensa emanou do objeto, iluminando todo o túnel. Eryk caiu de joelhos, enquanto imagens confusas invadiam sua mente: um homem com um sorriso cruel, uma batalha em chamas, e seu pai, Viktor, lutando desesperadamente para proteger algo.
Quando a luz finalmente desapareceu, Eryk estava ofegante e suando.
"O que foi isso?" ele disse, a voz trêmula.
"Parece que o Ætheris está começando um despertar", disse Liora, com uma expressão séria. "Mas você não está pronto para controlá-lo."
Eryk declarou-se com dificuldade. "Então o que eu faço? Como eu controlo isso?"
"Treinamento", respondeu Liora. "Muito treinamento. E, para isso, você precisa de aliados."
Liora conduziu Eryk para fora do túnel, conduzindo-o por um caminho que saiu nos limites da cidade. Eles chegaram a uma antiga fábrica abandonada, que parecia ser um esconderijo improvisado.
"Bem-vindo à base dos Vigilantes", disse Liora, abrindo a porta enferrujada.
Dentro, havia um grupo de pessoas, cada uma com uma presença única. Havia um homem alto e musculoso com tatuagens que brilhavam levemente sob a luz, uma garota de cabelos brancos que flutuava a alguns centímetros do chão, e um jovem de óculos que parecia manipular hologramas com os dedos.
"Esses são os últimos remanescentes da resistência", explicou Liora. "Cada um deles tem uma Signa única."
O homem musculoso se mudou primeiro. "Então, esse é o filho de Viktor?" Sua voz era grave, mas não hostil.
"Meu nome é Eryk", ele respondeu, parecendo confiante.
"Eu sou Kael," disse o homem, estendendo a mão. "Meu Signa é a Forja . Posso moldar e manipular metais como quiser."
A garota de cabelos brancos deu um passo à frente. "Eu sou Freya. Minha Signa é um Leviatã . Eu controlo a gravidade."
Por último, o jovem de óculos acenou timidamente. "Eu sou Milo. Minha Signa é a Cifra . Sou bom com tecnologia."
Eryk os cumpriu, sentindo-se um pouco intimidado.
"E o que vocês fazem aqui?" ele disse.
"Esperamos por um líder", respondeu Kael, olhando diretamente para ele.
"Hum líder?" Eryk riu nervosamente. "Eu nem sei como usar minha Signa. Por que acho que eu posso liderar alguma coisa?"
"Porque você é o herdeiro de Ætheris ", disse Liora. "E porque, com ou sem treinamento, os Primordiais já sabem que você existe. Você não tem escolha, Eryk. Ou luta, ou morre."
Eryk passou o resto do dia conhecendo mais sobre os Vigilantes e suas habilidades. Kael mostrou como poderia transformar pedaços de metal em armas letais com um simples toque. Freya demonstrou seu controle sobre a gravidade, levantando objetos enormes com facilidade. Milo, por sua vez, mostrou como ele usava sua habilidade para hackear sistemas e reunir informações.
Embora pareça, Eryk sentiu-se deslocado. Ele não tinha controle sobre o Ætheris e mal entendeu o que estava acontecendo ao seu redor.
Naquela noite, enquanto os outros descansavam, Liora encontrou Eryk sentado sozinho no telhado da fábrica.
"Você está bem?" ela disse, sentando-se ao lado dele.
"Não sei," ele admitiu. "Tudo isso é... demais."
Liora olhou para o horizonte, onde as luzes da cidade piscavam à distância.
"Eu sei como é," disse ela. "Quando minha Signa se despertou, eu quase destruí minha própria casa. Achei que era um monstruoso. Mas Viktor me encontrou e me ajudou a entender que meu poder era uma ferramenta, não uma maldição."
"Meu pai realmente fez tudo isso?" — perguntou Eryk, olhando para ela.
"Ele acreditava que as pessoas como nós podíamos fazer a diferença", respondeu Liora. "E agora, é sua vez de acreditar nisso."
Eryk olhou para o medalhão em seu pescoço, sentindo a pulsação leve que nunca parava. Ele sabia que o caminho à frente seria difícil, mas, pela primeira vez, sentiu uma fagulha de determinação.
"Então, por onde começamos?" Disse ele.
Liora pediu desculpas. "Amanhã. O treinamento começa amanhã."