[Time Skip de 3 Anos]
Já se passaram três anos desde o ataque da raposa de nove caudas.
No início, toda a vila estava em estado de nervosismo devido ao incidente. Aqueles que sofreram algum tipo de perda, seja de propriedade, amigos ou familiares, passaram seu tempo lamentando as suas desgraças.
Os que, por sorte, não perderam nada estavam, de alguma forma, ajudando a manter a vila de pé, ou se mantendo alertas para qualquer invasão de vilas inimigas.
Afinal, com a morte do Quarto Hokage e de vários outros shinobis e kunoichis, a Vila da Folha estava mais enfraquecida do que nunca.
Mesmo tendo saído da guerra como vencedores, após o ataque da Nove Caudas, as forças entre as Vilas da Folha, Nuvem e Pedra agora estavam no mesmo patamar de poder.
Mas isso já não importava mais, pois, depois de três anos sem incidentes, Konoha estava de volta em toda a sua glória.
E agora, com quase um quinto da vila completamente reformado.
Em um orfanato qualquer...
Uma criança que aparenta ter cerca de três anos está sentada em sua cama, absorta na leitura de um livro.
Seu nome é Sekiro, um menino adorável com cabelos e olhos pretos, e bochechas tão gordas que parecem pedir para serem apertadas, aumentando ainda mais seu fator de fofura.
Ele está vestido com uma vestimenta tradicional japonesa, para ajudar na imaginação dos leitores. E, para aqueles que se interessam, o livro que ele lê se chama:
[A História da Fundação de Konoha por um Figurante sem Importância.]
"Então, Madara Uchiha e Hashirama Senju formaram uma aliança entre os clãs Uchiha e Senju.
E no local onde os dois clãs moravam juntos, a vila escondida nas folhas, Konoha, foi criada.
No início, foram apenas esses dois clãs que formavam a vila, mas com a notícia do surgimento de um 'porto seguro', a atenção de todos foi atraída.
Para aqueles clãs que já não estavam mais interessados na guerra, Konoha era um paraíso com portões abertos, onde qualquer um poderia entrar e descansar.
E para aqueles com más intenções, Konoha era uma superpotência em ascensão, levando a vários ataques contra a vila.
Mas, graças aos esforços dos membros do clã Uchiha e do clã Senju, principalmente de Madara e Hashirama, nada aconteceu com Konoha."
"Uhm, o texto se alinha exatamente com aquelas memórias estranhas."
Desde o seu nascimento, Sekiro nunca foi uma criança comum, isso já era óbvio para todos. No entanto, o que ninguém sabia era que algo estranho estava acontecendo em sua mente desde seu terceiro aniversário.
Toda vez que ele dorme profundamente, imagens começam a surgir em sua mente. Imagens de um mundo sem chakra, mas com tecnologia tão avançada que conquistou até mesmo os céus. Nesse mundo, havia uma série animada de TV que aquele garoto gostava muito de assistir: Naruto.
No início, Sekiro não deu muita importância a essas imagens, até que elas começaram a se tornar mais claras, e as peças começaram a se encaixar, até ele perceber que essas imagens eram, na verdade, memórias.
Memórias de uma vida passada? Não sei. Memórias de uma realidade paralela onde este mundo não passa de um desenho animado centrado na história de uma criança loira que só fala em volume alto? Não sei. E, para ser sincero, quem se importa?
Mas, mesmo sem se importar muito com isso, Sekiro sentiu curiosidade em saber se as informações que aquelas memórias estranhas carregavam eram verdade. Então, apenas por desencargo de consciência, pediu à matrona do orfanato se poderia comprar um livro sobre a história da vila.
E, como uma boa cidadã de Konoha, a matrona ficou mais do que disposta a gastar alguns ryos para ajudar uma jovem criança a saber mais sobre sua tão amada casa.
Para a surpresa dele, tudo batia perfeitamente, bom, para ser honesto, quase tudo, pois havia alguns pontos que não foram mencionados nas memórias. Talvez porque não importassem muito para a trama principal da obra.
"Bom, já que isso prova que aquelas memórias são verdade, então eu acho que devo me preparar para o que está por vir, né? Por exemplo, um Uzumaki sádico que quer fazer o mundo entrar em paz através da dor, controlando o corpo morto de seu melhor amigo para esmagar Konoha da forma mais épica possível. Tão épico que dá vontade de deixar acontecer só para ver de perto como seria."
"E outras coisas, como um Uchiha que foi enganado pelo próprio mestre e agora quer controlar todo o mundo em uma ilusão chamada... Tsukuyomi—dane-se o nome dessa coisa—por todo o mundo em um genjutsu infinito onde todos são felizes, sem guerras ou qualquer tipo de conflito, onde os sonhos de todos se tornam realidade."
"Para ser sincero, até acho que deveria ajudar esse cara um pouco. Talvez assim eu possa viver em um mundo feito completamente de doces! E a melhor parte: sem nenhuma tia chata querendo apertar minhas bochechas sempre que chego perto só porque elas são grandes."
Uma coisa boa é que, mesmo recebendo todas essas memórias de outra vida, Sekiro continua sendo o mesmo de sempre, talvez não exatamente igual, mas ainda é a mesma pessoa. Apenas agora, armado com o conhecimento de várias coisas que acontecerão no futuro que, sinceramente, ninguém se importa.
"Esse tal de Naruto vai resolver tudo mesmo, então por que eu deveria me importar? Tenho coisas muito mais importantes para fazer na minha vida, como por exemplo—"
Sekiro fechou o livro em suas mãos e olhou para os lados, verificando se havia alguém observando. Após ter certeza de que não havia ninguém por perto, jogou o livro de lado e correu para debaixo da cama.
Embaixo da cama, havia uma caixa com a inscrição: "Não abra! Se eu descobrir que você abriu, vai apanhar! Assinado: Sekiro."
Sekiro, com o maior cuidado do mundo, abriu a caixa. Um brilho dourado místico surgiu pela abertura, revelando uma coleção de action figures de várias figuras importantes do mundo ninja, outra coleção de cartas shinobi no estilo Yu-Gi-Oh, fotos que Sekiro tirou com vários outros ninjas que encontrou toda vez que saía do orfanato para brincar. Até mesmo um livro com imagens que uma tia kunoichi lhe deu depois de ele deixá-la apertar suas bochechas.
"Admirar minha coleção secreta, montada com cada centavo da minha mesada!" Sekiro exclamou, fazendo uma expressão de felicidade ao olhar para seus tesouros.
Ele estava tão focado nos itens que nem percebeu que, depois de um tempo, um outro garoto se juntou a ele para observar o que Sekiro estava fazendo embaixo da cama.
"O que você está fazendo aqui?" Sekiro cochichou irritado para o garoto ao lado.
"Já é hora do almoço. A senhora Yumi mandou eu te chamar."
"E por que você não me chamou então?"
"Eu chamei, mas ninguém respondeu. Foi quando percebi o brilho estranho debaixo da sua cama. Aí eu te encontrei olhando para essa caixa feito um idiota."
Foi então que a ficha caiu e Sekiro percebeu que seu segredo não era mais tão secreto assim.
Rapidamente, com a destreza de um jonin de elite, ele fechou a caixa e a escondeu atrás de si.
"Escuta aqui, você, nenhuma palavra sobre o que tem dentro dessa caixa, ouviu? Se alguém descobrir que ela existe por sua culpa, pode ter certeza: sua vida acaba." Sekiro fez uma expressão intimidante, mas ainda assim fofa, enquanto tentava ameaçar Ren.
Ren, no entanto, permaneceu em silêncio e simplesmente deu um sorriso que só um verdadeiro danadinho poderia dar.
"Bora logo comer." Ren saiu de debaixo da cama e correu para fora do quarto.
Sekiro ficou um pouco desconfiado de Ren por causa daquele sorriso maroto e, apenas por precaução, decidiu esconder a caixa em outro lugar, desta vez, debaixo do travesseiro.
Um tempo depois, quando Sekiro voltou do almoço, ele entrou no quarto para admirar sua tão amada coleção, apenas para ser recebido pela visão do inferno.
Várias outras crianças de diferentes idades estavam brincando com suas coisas, sem se importar com o estado delas. O resultado disso foi uma pilha de estátuas quebradas, cartas rasgadas e kunais que uma vez foram usadas por um ninja famoso, agora jogadas no chão. Fotos que ele tirou com outros também estavam rasgadas e empilhadas no canto.
"Uá!" som de choro cuja onomatopeia eu desconheço.
Sekiro caiu em prantos instantaneamente, chorando tão alto que chamou a atenção de todos os adultos do orfanato para ver o que estava acontecendo.
*barulho de passos rápido*
Quem está chorando? O que houve?"
Uma senhora que aparenta estar na casa dos trinta entra correndo no quarto, o olhar preocupado, após ouvir o barulho vindo de dentro. O som de soluços e fungadas a leva rapidamente até a cena.
"A funga minhaecjsl funga cofwqlenvisão UAAAAA!!!" Sekiro tenta falar, mas as palavras saem em meio a uma mistura de lágrimas e catarro escorrendo pelo nariz. Ele aponta para as crianças que estão brincando com suas coisas, um caos de brinquedos espalhados pelo chão.
O que saiu da boca de Sekiro, na verdade, parece uma mistura de russo e gritos de desespero. O desespero de um garoto que viu sua coleção, seu mundo, sendo destruído.
Por sorte, a mulher que chegou está nesse ramo há tanto tempo que reconhecer o que uma criança fala enquanto chora se tornou uma habilidade passiva para ela. Ela se agacha na altura de Sekiro, olhando em seus olhos vermelhos e marejados.
'A minha coleção?' pergunta ela, o coração apertado ao notar a expressão de dor na face do menino.
A mulher olha em volta, tentando entender a situação. O quarto está desordenado, brinquedos quebrados e outros espalhados por todo o lado, até que a ficha finalmente cai.
'Ah, eles destruíram a coleção dele. Sigh. Coitado, passou a vida inteira juntando dinheiro para comprar cada pedaço dessa coleção.'
Ela se levanta, um olhar de desapontamento no rosto, mas também um resquício de compaixão. "Crianças, o que vocês estão fazendo? Isso não é justo com Sekiro!"
Os outros meninos, percebendo a gravidade da situação, ficam em silêncio. A matriarca, uma mulher de olhar firme e voz suave, sabe que precisa agir. Depois de perceber a situação, ela repreendeu todos presentes por terem mexido e quebrado o brinquedo de outro.
E Ren, que se destacou por dedurar para todos sobre a coleção, foi severamente punido pela matriarca do orfanato. A culpa a atormentava, mas ele não podia deixar de relatar o que aconteceu.
Na comunidade shinobi, atos como traição ou ceder informações ao inimigo são considerados seriamente mal vistos pela população. Ren sabia disso, mas o impulso de se proteger fez com que ele agisse de forma egoísta.
"É só um brinquedo", murmurou um dos meninos, mas as palavras mal saíram de sua boca antes de serem interrompidas pela mulher.
"Não é só um brinquedo. É a coleção dele! Cada peça conta uma história, uma lembrança que ele guardou com carinho. Vocês não têm ideia do quanto isso significa para ele."
O silêncio tomou conta do ambiente. As crianças, que antes estavam rindo e brincando, agora se entreolhavam, sentindo-se culpadas.
Como resultado, Ren teve que ser transferido para outro orfanato, pois estava sofrendo por estresse pós-traumático toda vez que olhava na cara dos adultos do orfanato. As lembranças daquela tarde o perseguiam, e ele não conseguia escapar delas.
Além disso, todas as crianças se distanciaram de Sekiro depois desse incidente, pois não queriam mais se envolver com ele. O medo da punição pairava sobre todos, como uma nuvem escura que não se dissipava.
Mas a pior parte de tudo foi que Sekiro perdeu toda sua coleção, sobrando apenas uma bandana usada que um shinobi bondoso lhe deu de presente de aniversário. Era a única coisa que restava de um mundo que havia se despedaçado.
Ela está velha e arranhada; o símbolo da folha na bandana está praticamente imperceptível depois de tanto tempo sendo usada. Cada desgaste da bandana contava uma história de amizade, esperança e perda.
O shinobi que deu isso de presente disse que iria trocar por uma nova mais tarde. Sekiro, ouvindo isso, pediu se podia ficar com a bandana para adicionar à sua coleção.
O shinobi em questão ficou muito feliz em saber que a bandana velha significava tanto assim no coração de uma criança. O gesto simples fez com que ele se sentisse importante, sabendo que havia deixado uma marca na vida de Sekiro.
Secretamente, ele deu a bandana nas mãos da matrona. Ela guardou a bandana para Sekiro por vários meses em segredo, um pequeno tesouro escondido, até o aniversário de três anos dele, quando entregou o presente com um sorriso acolhedor.
Agora, isso é a única lembrança que Sekiro tem daquele shinobi, pois não muito tempo depois ele foi morto em missão, em uma batalha que poderia ter sido evitada.
'Eu prometo que não deixarei nada acontecer com sua bandana, senhor shinobi.' O menino faz uma pequena reza, suas mãos trêmulas segurando a bandana como um símbolo de esperança.
Um olhar resoluto aparece em seus olhos. 'Agora, só preciso esconder isso melhor.'
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