Tourm Waters não tem uma vida fácil e nunca mais será algo pra ser chamada de comum após o sonho que mudou sua vida para sempre. Ele é o dono e responsável de suas próprias escolhas. Tudo o que fizer, tudo o que acontecerá em sua vida, será por conta de se irá querer seguir em frente ou não... Isso também incluíra assombrações do passado, problemas de relacionamentos, familiares... Dominação Mundial? Colisões Hiper Dimensionais? Waifus? Harém? 'BOOOM' e 'KABOOOM'...? [Perguntando em voz alta ao fundo: "Quem foi o maluco que escreveu isso?" ............ Ah, fui eu.] [HISTÓRIA PARA MAIORES DE 18 ANOS.]
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POV's ???
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Acabou. Finalmente, acabou.
Já se passou quase mais de seis anos da minha vida que estive estudando nesse colégio que molda o preparo para ingressar para a real vida.
Eu seguia os meus estudos direto. Quer dizer, não sendo alguém que só tinha a cara fechada apenas aos livros. Mas era preciso me focar pra conseguir entrar numa boa faculdade e já garantir um emprego descente.
Havia momentos em que precisava me distrair. Nunca fará bem exagerar naquilo que faz. Por isso, graças a um encontro ao caso do senhor destino ou coisa assim, conheci "Enthan", meu grande amigo. Assim como eu, ele também era estrangeiro fazendo intercâmbio por aqui, no Japão. Sempre que minha consciência estava pesada com meus afazeres, Enthan parecia sempre saber como lidar com as coisas e saber como se divertir, deixar as preocupações de lado. Pessoas que nos viam por acaso andando por aí lado a lado, comentavam sempre que formávamos uma dupla única.
Isso devia ser por conta de nossa aparência. Além de sermos diferentes dos asiáticos, conhecidos por sua pela amarela e olho puxado e, alguns chamam assim, cabelinho de tigela, eu e Enthan também éramos opostos.
Enthan era um cara bastante alto, batendo na casa dos 1,90 cm, e tinha braços bem cumpridos e tinha atributo físico bom para um atleta do clube de basquete. O cabelo de corte fade moderno e, de certa forma, elegante combinava com sua pele negra e olhos castanhos claros. Uma vez perguntei a ele se não já pensou em usar dreadloks, mas logo respondeu que daria muito trabalho cuidar de um cabelo assim e chamaria muita atenção.
Hum, acho que faz sentido.
Já eu, como disse anteriormente sobre nós, era o oposto. Quer dizer, não totalmente. Eu era um cara alto, tendo 1,82 cm, meus braços eram quase cumpridos, eu acho, e meu porte físico era... descente. Bem, eu não era magro, mas também não era gordo. Acho que me dedicando um pouco a mais nos esportes, podia ter músculos bonitos. Só que pra isso precisava ter mais tempo livre mesmo. E... Hã... Ah, sim, sou um branco de cabelos loiros cumpridos e lisos, passando só um pouco dos ombros. Pra alguns podia ser ridículo homem ter cabelo assim, mas eu achava que combinava com meus olhos azuis. Geralmente, quando prático exercício, prendo o cabelo com um elástico.
Enfim, esses eram nós. Tão opostos, tão diferentes, mas ao mesmo tempo iguais. Sinceramente, não lembro direito como nos conhecemos. Aconteceu de forma tão... "natural"? Foi tipo, nos sentamos próximos um do outro na sala de aula e aí foi só "oi". E então, conversamos e viramos amigos! Uau, como as coisas podem ser tão simples as vezes? Quando cheguei no Japão, achei que não teria nem sequer um amigo por conta de minha figura, mas, olha só, eu tenho um!
De fato, achei que minha vida nesse país não seria nada além do abaixo do normal. Mas graças a Enthan que esteve ao meu lado por todo esse tempo, vejo que tudo tem pontos negativos e positivos.
Também foi por causa dele que... conheci Saori.
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O sol estava começando a se pôr, tingindo o céu com tons quentes de laranja e rosa. O ar da tarde estava repleto de uma calma serena, após todo os alunos deixaram as salas de aula e o edifício da escola.
"{Ah! Hah... M-Mais...}"
Quando me aproximei da porta, estranhava o fato de ouvir murmúrios abafados vindo de dentro da sala de aula. Meu coração... o que havia? Ainda estava batendo, mas parecia tão lento e tão fundo em meu peito. E... eu escutava mais de uma voz lá? Não deveria ser... apenas a Saori...?
A porta semiaberta me deu a oportunidade de ver o que estava acontecendo lá dentro. Será que eu vejo...? Mas eu posso estar apenas imaginando coisas! Não deve ser isso! Não teria como... isso acontecer...
"{Grr... Aaah... Você sempre foi tão linda...}"
Meu coração... parou. Essa voz... era de um homem. Essa voz era do... N-Não! Não, não! Não pode ser!! Eu me recuso a aceitar isso!!
Eu não acreditava no que acabei de escutar e reconhecer. Assim, sem perder tempo, observei escondido por trás da porta pra ver... o que não queria ver.
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POV's ???— Mais cedo...
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Hmm... que sensação boa. Fazia um tempo que conseguia me aconchegar assim. O travesseiro macio e cheio, meus braços e pernas aquecidos, minhas costas não doendo nem um pouco e meu lençol... Hm? Mas... cadê? Pensando bem, e o meu sono?
Abro meus olhos levantando a cabeça deixando meu suposto sono profundo de lado. Achava que estaria em meu quarto, mas não.
"Onde é que eu tô?"— perguntei confuso mantendo a calma de alguma forma.
O ar ao meu redor tinha uma qualidade, digamos, etérea, e uma suave luminosidade banhava o ambiente. Percebendo que não estava mais na minha cama, olhava para baixo e notei que estava flutuando entre um mar de nuvens macias, como se fosse um sonho.
Ou, era mesmo um sonho? Geralmente, quando se questiona o que real ou não, acorda segundos depois. Tem até mesmo tática do relógio. Se você tentar ver as horas durante o sonho, algo de errado estará muito errado. Mas... agora já deve ter se passado tempo suficiente pra acordar e ainda continuo aqui.
"Será que eu morri?"— perguntei a mim mesmo em voz alta, com um pouco de medo da suposta verdade.
{Não, sua hora ainda está muito longe de chegar.}
Eu escutava uma voz bem clara, como se viesse direto da minha cabeça invés dos meus ouvidos. No mesmo instante, uma luz ofuscante dourada surgia diante de mim. Eu estaria negando pra mim mesmo se não dissesse, mas era algo que não machucava meus olhos, era agradável e puro, na verdade. Uma luz que me fazia sentir em paz.
Quando percebi, uma figura estava se aproximando de mim lentamente. Com as mãos e braços abertos, fazia gestos enquanto pude ouvir aquela mesma voz novamente em minha cabeça.
{Olá, meu filho. Que aqui possamos alcançar nosso entendimento com uma boa conversa.}
Estranhamente, à medida que a minha visão se ajustava com a luz e a voz daquela figura alcançando o fundo de minhas memórias, meus olhos se arregalavam quando...
"Vovô?!"— Quando reconheci meu avô diante de mim.
{.... O que?}
De repente, toda aquela luz doura foi convertida para uma auréola sob a cabeça daquele que era perfeitamente igual ao meu avô falecido. Eu realmente morri? Esse é pós vida?
{Não, meu filho. Esse não é o pós vida. Apenas o convoquei de dentro dos seus sonhos.}
"E consegue ler meus pensamentos!"— Afirmei em voz alta estando ainda mais surpreso.— "Mas quem é você... e por que é meu avô?"
{Ah, bem, isso?}— O senhor com uma leve risada apontou pra si mesmo.— {Me desculpe por não me apresentar. Sou o Deus da Sorte e do Amor, embora você possa me reconhecer mais facilmente como seu querido avô.}
Agora que notei, sua voz era calma e serena, mas ao mesmo tempo cheio de empatia. De certa forma, não era ruim conversar com esse... DEUS DA SORTE E DO AMOR?!
{A parte do Amor é só por tempo integral.}— Acrescentava o Deus fazendo gesto com a mão.— {Geralmente quem cuida dessa parte é a minha esposa, mas ela tá em trabalho de parto no momento.}
"Parto...? Então... você não devia, quer dizer, não sei... hã... Estar ao lado dela agora?"— Ouvindo esse detalhe, não pude deixar de questioná-lo.
{Nah, é só nossa milionésima centésima criança que está vindo para esse icônico universo. Para nós, deuses, é tipo uma galinha botando ovo.}
"Tá... e por que está exatamente como meu falecido avô?"
{Isso são só meros detalhes, mas digamos que o seu avô foi seu parente que você mais amou até agora. Acabo assumindo essas formas pra deixar meus filhos, no caso, você, mais à vontade. A última vez que trabalhei, acabei virando um ornitorrinco de chapéu.}
Nossa. Tem cada tipo de amor nesse mundo.
{Enfim, vamos para os negócios.}— Dizia enquanto com uma batida de palma surgia um papel como uma lista bem grande de suas mãos.— {Vamos ver... vamos ver... Ah, "Tourm", você!}
É... Sim, sou eu. Olá, pessoal, meu nome é Tourm. Sei que meu nome pode ser meio incomum, mas recebi de meu pai por meus olhos parecem como o azul de alguma pedra. Mas voltando para o assunto, o que é isso que ele está lendo?
{Oh, isso aqui é, digamos, seu Registro Predestinado. Aqui está escrito o que você viveria se não tivesse se esbarrado comigo ou tomasse as mesmas escolhas que toma continuamente.}— O Deus falava enquanto ficava andando para lá e para cá, quase ao ponto de ficar me rodeando enquanto mantinha seus olhos no papel.— {A propósito, que reação é essa sua? Não é todo dia em que se encontra falando com um Deus?}
"Hmm... É, mas com tanto Anime Isekai que tem por aí, se torna agora um sonho realizado ser convocado ou morrer pra viver aventuras mágicas."— Coçava minha nuca enquanto explicava.— "Falando nisso, você vai me mandar para um outro mundo?"
{Claro que não. Eu sou um mero Deus da Sorte que também trabalha de vez em quando no Amor. Isso está além das minhas capacidades em ajudá-lo. Chamei você aqui pra...}— De repente, o Deus forçava seus olhos no que lia e afastava a cara pra longe com seus orbes esbugalhados enquanto grunhia em falsa dor, eu acho.— {Ai, minha querida esposa amada!}
"O que houve?"— Questionava preocupado. Afinal, o que é que ele leu?
{Ah, nada, nada! É que por essa eu não esperava. Deixa eu ir...}— Ele esfregava a testa pra esconder um suor frio e também a suposta verdade de mim. Mas quando voltou a ler indo para a próxima provável linha...—{Nossa, e você ainda vai passar por mais isso?! Uih!! E ainda mais essa?! Mas e a outra... Oh, não! Como isso é possível?!}
"..."— Encarava com a boca aberta com ainda preocupação, mas com uma grande mistura de curiosidade.
Eu realmente iria me dar tão mal assim? Pra até um Deus que já deve ter visto de tudo nesse mundo? Eu preciso saber o que tá escrito!
Assim, com muita agitação, agarrava a lista das mãos do Deus da Sorte e Amor, por tempo integral, e lia. Havia muita coisa escrita! Tinha toda a minha vida em detalhes sobre o que eu faria no dia a dia também. Mas não pareciam serem tão importantes, então, fui pulando direto para a última folha quando... eu... li que seria...!!!!
"SEQUESTRADO E CASTRADO POR MINHA FUTURA CHEFE YANDERE APÓS UM CASAMENTO FORÇADO?!?!?!"— Eu gritava sem hesitação com o choque tomado por mim que podia fazer até as nuvens se dispersarem.
Quer dizer, foi exagero? Sim, mas com razão!! Yanderes existem mesmo?! Eu achei o tempo todo que era só um dos muitos clichês de animes de comédia ou até naquelas novelas cafonas!! E AINDA VOU SER CASTRADO?!?! TEM COMO ISSO SER PIOR?!?!
{Se você está em choque com isso, não continue a ler...}— Me alertava o Deus de antemão ouvindo meus pensamentos e vendo minhas feições de puro terror. {Pode não gostar muito.}
Só por causa do que havia dito, continuei a ler em desespero! Existia sim como piorar ainda mais meu futuro?! Dessa forma, meus olhos desciam linha por linha... e...!!!
"Minha futura esposa yandere irá me trocar por uma feminista que considera todos os homens pura escória?!?! Vou desenvolver um câncer terminal cerebral?!?! Minha ex-futura esposa terá posse de todos os meus bens?!?! Meu pai e minha mãe nem ficaram sabendo disso?!?! E... E... EU SEREI DEVORADO POR UM BODE CARNÍVORO?!?!"— Gritava incrédulo, não sendo capaz de admitir ou acreditar em um destino desses.
Logo, sentia a falta de força em minhas pernas e acabava caindo sentando nas nuvens. Como? Esse seria realmente meu fim? Um futuro desses realmente me espera? Afinal, o que eu fiz pra merecer tal final tão miserável?
{Ok, ok. Não precisa entrar em pânico.}— O velho Deus dizia se aproximando e sentando ao meu lado. Ele estalava os dedos e o papel do meu futuro se dissipava, assim como minhas esperanças.— {Agora deixa de lado o que acabou de ler e escuta atentamente o que estou a dizer.}
"E o que é?"— O questionava sem entusiasmo e sem encará-lo, apenas olhando para baixo.
{O que você viu foi o Registro Predestinado seu. Todos os seres mortais carregam um consigo. Um registro desses, como falei antes, está anotado o que seria suas supostas escolhas quase certeiras previstas assim que sua alma se formou. Assim, quando a luz foi concedida a você, no caso, seu nascimento, havia um percentual por cento de chance de mudar o rumo de sua vida. Afinal de contas, você mesmo, Tourm, é o dono de sua própria vida.}— Ele falava com uma mão em meu ombro e apontando para meu coração, para minha vida, com a outra mão livre.
"Então... Quando um ser vivo nasce, dependendo de suas ações... não seguirá o que está escrito no registro?"
{Exatamente! Você entendeu bem rápido pra algo que nem eu mesmo sei explicar direito, meu filho.}
"E em meu caso, nenhuma das escolhas que tomei mudaram coisa alguma. Mas por que?"
{Ora, desafiar o destino não é uma tarefa que qualquer mortal consiga fazer. Sem a minha ajuda, apenas uma pessoa na história conseguiu fazer tal façanha.}— Dizia se levantando e se afastando pra ficar parado de costas diante de mim.
Apenas uma pessoa, desde o começo de tudo, conseguiu ir contra o destino por conta própria?! Então isso era impossível pra mim. Quem quer que fosse, deve ser alguém e tanto. E eu ainda terei a ajuda... Calma... O Deus vai...?
{Isso mesmo.}— Ele estalava os dedos novamente. Desta vez, uma espécie de contador de porcentagem aparecia repentinamente a frente dele. Cálculos eram feitos com os inúmeros números rodando como roleta sem parar.— {Eu concederei a chance de seu destino mudar.}
".....!!!"— Meus olhos se arregalavam e junto de minha respiração que parava por um instante pra depois voltar com tudo.
O Deus da Sorte e do Amor, por tempo integral, vai me salvar do meu terrível futuro?! Isso é muita esperança pra conseguir suportar em meu coração!! Me certificarei de rezar todos os dias, no café da manhã, no almoço, jantar, quando dormir e quando acordar no dia seguinte!! Até o beijaria nesse momento agora!!
{Não faça isso. Eu sou compromissado.}— Comentava com desgosto vendo os números ainda diante dele.
"Ah, desculpa! Mas muito, muito, muito obrigado mesmo!!"— Disse envergonha por ainda ouvir o que penso, mas muito entusiasmado que até levantando do chão e permaneço do seu lado o encarando com admiração.— "Ter meu destino mudado e meu futuro salvo por um ser divino, isso é coisa que somente sonhando mesmo pra acontecer."
De repente, estendendo a mão para a frente, com um dedo o Deus, igual ao meu avô, parava um dos infinitos dígitos amarelos o segurando pra que logo os outros seguissem o exemplo. Um por um, cada digito parava e se revelava como o número '0'.
A infinidade da porcentagem também diminuía. As casas dos números ficavam mais organizadas e juntas até que todas parassem e o Deus dissesse...
{Eu não vou mudar seu futuro.}— Sua voz saia num tom calmo e tranquilo para meus ouvidos que traziam de volta minha confusão.— {O que eu vou fazer é te conceder a chance pra você mesmo mudá-lo.}
Junto de suas palavras, acabei virando a cabeça pra olhar para o suposto valor da porcentagem. Seja lá o que era, os números são extremamente baixos! Nossa, será que isso era a tal porcentagem mudar o destino? Se for, faz sentido o quão impossível era realizar tal coisa...
{Esta porcentagem é a que representa o seu nível de sorte, meu filho.}
"..... Hein?"— Virava minha cabeça de volta para ele.
{Isso mesmo. Esse valor representa o tanto de sorte que você tem.}
"..... Hã?"— Volta minha cabeça de volta para a porcentagem.— "Isso era... a minha sorte? Então... significa que eu tenho cerca de... 0,00000000000000000000000032% de sorte."— Lia cada número, cada digito, com meu dedo e depois voltava minha atenção para o Deus.— "Essa é... a minha sorte?"
O Deus da Sorte e do Amor, por tempo integral, com a aparência do meu avô, sorria simpaticamente balançando a cabeça em concordância. Sem nenhuma hesitação em responder. Não demorou nem sequer um instante após eu questionar.
"..... Eu realmente vou ser forçado a casar com uma yandere que me castrará, ser trocado por uma feminista inimiga de qualquer homem, desenvolver um câncer terminal, ter todos os meus bens tomados e ainda... ser devorado por um bode carnívoro..."
{E ainda sem que seus pais soubessem disso.}— Ele acrescentou.
"É.... Isso também..."— A minha esperança morreu novamente. Eu estava acabado.
Enquanto isso, me afundava novamente no vazio sem fim da desesperança. Tinha certeza que o Deus continuava meu encarando com o mesmo sorriso. E antes que pudesse pensar em mais uma coisa...
[PLICK!]
"Eh?!"
{Hehehe... Adoro essa parte.}
O Deus da Sorte e do Amor, por tempo integral, deu um peteleco bem dado abaixo do último digito que fez com que o número rodasse para cima rapidamente, aumentando seu próprio valor. Por consequência, os outros dígitos em diante também mudavam de ordem crescente. Eles subiam tão rápido quanto uma roleta e o som deles se batendo era igual ao som de moedas colidindo entre si era tão viciante.
{Todo mortal tem a mesma cara quando vê o nível de sua sorte. Acontece que é bem normal ter tantas casas consecutivas para baixo. Mas devo admitir que você já deve ser um dos mais sortudos. Pelo que me lembro, a pessoa com maior sorte que peguei chegava a '22' nos últimos dois dígitos.}— Ele dizia também acompanhando o aumento da porcentagem, até balançava a cabeça de um lado para o outro como se o som fosse uma espécie de música.— {Hum, já deve estar bom.}
Depois que o tamanho negativo da porcentagem havia desaparecido, o Deus da Sorte e do Amor, por tempo integral, com a aparência de meu avô, parava a dança dos números novamente.
Meus olhos poderiam soltar para fora agora. Eu já nem me importava mais! Afinal, a minha sorte... a minha sorte miserável aumentou para...!!
"60%!!!"— Eu gritava em pura felicidade! Minha sorte definitivamente mudou!
Agora que notei, pude sentir também minha respiração ficando melhor! Meu corpo se tornava mais leve sem peso algum quase! Me sentia tão cheio de energia! Era como se minha vida tivesse transcendido para um nível muito mais acima de uma pessoa qualquer! Eu... Eu...!!!
"EU GANHEI PODERES DE NÍVEL DE PROTAGONISTA DE ANIME ISEKAI!!"
{Que? Não. Eu não te dei poder algum.}
"..... Ah... que pena..."
{Quer que eu diminua um pouco?}
"NÃO, NÃO, NÃO!"
Eu protestava enquanto o Deus da Sorte e do Amor, por tempo integral, me provocava usando a aparência e a personalidade do meu falecido avô de propósito.
Mas, de fato, eu sentia uma sensação tão boa. Era como se meus pulmões nunca haviam respirado um ar de verdade antes! Me sinto tão leve e solto! Sem peso nenhum na cabeça!
{Isso é por causa da consequência de suas escolhas nos dias anteriores.}— Ele dizia explicando levantando o dedo indicador.— {Em seu registro dizia que você se alimentou perfeitamente na semana passada inteira, absorvendo todos os nutrientes necessários. Assim, com seu aumento de sorte, seu corpo se tornou mais saudável e disposto. Com isso, seu futuro problema com o câncer, também poderá se resolver sozinho.}
Sério?! Então basta continuar tendo uma vida saudável que meu câncer nunca nascerá?! Farei questão de comer todas as verduras possíveis que encontrar no mercado! E arranjarei tempo pra praticar exercícios todos os dias!
{Certo, então é isso. Agora tenho mais um trabalho cumprido. Muito bem, assim que eu bater minhas palmas, você voltará ao mundo mortal e viverá sua vida como queira. Alguma pergunta antes disso?}
"H-Hã? A-Ah, sim! Eu tenho!"— Tava tão fascinado com a notícia que quase ia me esquecendo.— "E o meu Azar? Se minha boa sorte teve um aumento gigantesco, minha má sorte é inferior a isso?"
{Hm? O que...?}— O Deus parecia me olhar confuso por alguns instantes. Só depois de coçar o queixo, parecia compreender.— {Veja bem, Tourm, não culpo você por pensar dessa forma. A questão aqui é... não existe uma má sorte, conhecida como Azar.}
"Não... existe?"— Já perdia a conta de quantas vezes fiquei confuso e curioso.
{A Sorte nada mais é do que a definição que os homens mais inteligentes encontraram há muitos anos atrás. 'Cada ação, tem reação'. Dependendo de como você agir, o mundo e as pessoas a sua volta reagirão a ti. As suas escolhas é o que definem sua vida e seu destino. Nesse momento em diante, Tourm, o seu Presente moldura seu Futuro. Tudo o que eu fiz foi elevar as chances pra escolher atravessar a rua ou não.}
"...."— Eu apenas o observava em silêncio, tentando encontrar o sentido.
{Bem, acho que você terá a compreensão conforme segue a vida.} — O Deus da Sorte e do Amor, por tempo integral, levantava as mãos preparado pra bater nelas.— {Agora, eu me despeço. Desejo tudo de bom pra você, meu filho...}
"E-Espera, espera! Tem mais uma coisa!"— O interrompia quando as palmas de suas mãos estavam prestes a se tocar.
{E o que mais seria?}
"Com toda minha sorte aumentada, também é garantido eu não me encontrar com nenhuma Yandere, não é?"
{.....}
[CLAP!]
Ele bateu as palmas e logo acordei, com certeza, muito inseguro agora.
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POV's Tourm— 07h30
Sonho ou não... algo definitivamente aconteceu comigo.
Sempre que acordava, reclamava da luz do sol batendo em minha cara. Só que desta vez não. Os raios do sol faziam me sentir cheio de energia e revigorado, como se meu sono tivesse sido perfeito.
Não sei se foi por ter agido inconscientemente ou por ter lembrado das palavras da divindade que se parecia com meu falecido avô, mas o primeiro passo que dei ao sair da cama foi com o pé direito. Isso foi bom, pois, se tivesse sido com o esquerdo, teria pisado acidentalmente em meu cachorro que ainda dormia pacificamente.
Será que era impressão minha? Quer dizer, tudo parecia mais vibrante ao meu redor. As cores do meu quarto, banhada com o sol da manhã vindo da janela, eram tão quentes e bonitos.
Conforme andava pelo piso pra abrir a porta, cada movimento meu era tão suave e fluído, como se eu estivesse quase que dançando. Acho que nem me toquei que tinha um sorriso no rosto. Só vi isso quando cheguei no banheiro pra lavar meu rosto e fazer minhas higienes básicas.
Logo, já havia vestido as roupas do meu colégio. Esse seria meu último ano e faltava apenas alguns meses pra acabar. Acho que os jovens se sentiriam apreensivos em relação a isso, mas eu... não sentia isso. Mesmo que minha vida como estudante do ensino médio não tenha sido grande coisa, ainda terei muito pela frente. Então, só resta aceitar e continuar lutando, como diria minha avó. Ela era uma pessoa cheia de vida.
Agora, saía do meu quarto junto de minha parceira, Gold, que acabou de acordar e me seguia após bocejar. Sendo um costume, ela sabia que ia descer as escadas e chegar a cozinha, então, lá encontraria comida e água. Dessa forma, minha mãe junto de meu pai esperava por nós lá e, nossa, o café da manhã estava literalmente quase divino?! A gente sempre comia coisa boa pra começar o dia sem fome, mas desta vez tinha tudo de bom mesmo! Como tava boa! Não consigo nem descrever a sensação!
E após abastecer o meu combustível, sair de casa já que não queria me atrasar pra aula. Bem, eu nunca nem sequer me atrasei ou faltei um dia sequer desde que vim a morar em Tóquio. Diferentes dos outros dias, o ar fresco aqui fora parecia que envolveria meu corpo e me levaria para longe. Era uma sensação estranha de liberdade, mas, claro, era boa. Meu otimismo tava nas alturas agora.
Pelas ruas, notava algo de diferente. Geralmente, acabava me esbarrando com sinais de trânsitos tudo vermelho e teria que esperar parado em pé em cada travessa. Mas hoje não foi isso! O trânsito ficava liberado assim que me aproximava! Haviam alguns pássaros cantando nas poucas árvores na calçada, uma coisa bem rara por aqui! Pessoas simpáticas se desculpavam comigo quando nos esbarrávamos no meio do mar de gente ou quando ficávamos no caminho um do outro, isso também era raro!
Meus passos leves e confiantes faziam com que fosse criada uma conexão entre mim e ao mundo ao redor. De certa forma, não literalmente, via como se meu caminho fosse quase dourado. Droga, eu estava sorrindo que nem um bobo sonhador.
Sem perceber, havia chegado na plataforma do metrô, esperando pelo próximo trem que me levaria até o colégio. Eu não queria correr o risco de perder meu celular estando distraído, logo, observava as pessoas apressadas ao redor, perdidas em seus próprios pensamentos. E não demorou muito pra que meus olhos a encontrassem, Saori, não muito longe de mim.
"Aaahhn..."
Não pude evitar, eu soltava um suspiro estando com um sorriso mais bobo ainda. Para mim, Saori era a personificação da perfeição. Seria perda de tempo mudar minha mente. Seus cabelos sedosos caíam em cascata sobre os ombros, seus olhos brilhavam com uma luz cativante, e sua aura irradiava uma beleza e graça incomparáveis.
Se ela fosse um quadro moldurado em um museu, eu poderia observá-la o dia todo e minha alma estaria sempre linda. E se o quadro fosse animado, como se estivesse caminhando até mim, poderia ficar ainda mais feliz exatamente como agora... .....Espera, ela me viu? Ela... ela... ELA ESTÁ VINDO ATÉ AQUI?!?!
Sim, era isso mesmo! Ela estava se aproximando! Talvez seja porque estou coincidentemente em um lado do metrô onde desceria ou entrasse menos gente do trem, mas ela está vindo para cá! Ai, meu Deus! Ai, meu Deus! Calma, calma, seu idiota! Não tenha um ataque no coração agora!
Eu tenho o hábito de me apaixonar pelas mulheres mais bonitas, mas o pior, é que eu não me apaixono pela pessoa que todo mundo concorda que é a mais perfeita de todas! No caso da Saori, é... diferente... eu acho. Ela seria de fato a garota mais popular do colégio, mas algo fez com que meus olhos se prendessem nela assim que a vi pela primeira vez no primeiro ano do ensino médio.
Apenas a admirava de longe, sem quase nunca trocarmos algumas palavras e nunca pude tomar coragem para...
"....."
"....."
Me desculpem por isso. É que agora, nesse exato momento, Saori acaba de parar ao meu lado. Nossos braços quase se tocaram. E vocês devem estar supondo que iria surtar por dentro agora, não é? Bem... não. Isso porque... Saori, na verdade, não me notou. Ela literalmente não me viu mesmo eu estando literalmente ao lado dela!! Ela realmente não me viu?! Como isso é possível?! Tem mais algum outro cara branco loiro de olhos azuis por aqui?! Hein?! Oh, espera, tem um outro cara loiro logo lá no fundo da plataforma do metrô lá do outro lado... Oh..... Tá, mas ele não tem olho azul! ..... Eu acho.
Logo agora, o trem finalmente chega e uma das portas dos vagões parou exatamente onde estávamos. Conseguia ver que lá dentro já tinha bastante gente e se mais pessoas entrassem, iria com certeza ficar difícil até pra se mover nem que seja um pouco.
Eu estava pensando em esperar o próximo trem, porém, assim que as portas automáticas abriram, fui empurrado para dentro pela multidão atrás de mim. Não havia como evitar. Era como se uma onda me atingisse e me jogasse direto pela força da correnteza do mar.
Sendo sincero, onde que eu vim parar? Por onde olho, só vejo um mar de cabeças pra lá e pra cá. Por ser alto e a maioria dos japoneses serem baixos, consigo sim ter uma boa localização. E adivinha, estou no meio do vagão não podendo mexer um único músculo. Tem pessoas de costas atrás de mim me empurrando um pouco pra usar o telefone, outras me pressionando só pra coçar a nuca na direita e na esquerda e logo a minha frente... está a Saori.
A Saori está de costas e quase como se estivesse usando meu tronco como apoio pra não perder o equilíbrio e cair. Pelo visto ela também foi levava pela multidão e nem sabia direito como foi que entrou e parou aqui no meio. E eu... podia ver de perto a nossa real diferença de tamanho. Nossa, a cabeça dela nem alcançava meu queixo, mas, de alguma forma, ainda podia sentir uma leve fragrância de flores. Será que era seu shampoo ou perfume?
Foi nesse momento que o trem fez a curva e fez todos os passageiros desequilibrarem. E por causa disso, pode sentir. O traseiro de Saori acabou colidindo contra meu quadril! Ai, meu Deus! Tocou, tocou mesmo! Mesmo com sua saia longa, era inevitável ter a sensação de seu bumbum macio batendo em mim.
Por causa do trem sacolejando, tanto eu quanto Saori não havíamos recuperado o equilíbrio e assim ficamos desajeitados. O quadril, o seu traseiro, acabou se esfregando na minha cintura. Deslizando para baixo e para cima, fazendo com que sentisse um leve calor contra mim. Droga, nem era verão, mas isso já me fez suar! E o pior é que o bumbum de Saori era realmente macio! Isso era um grande desejo realizado! Quer dizer, quem nunca já quis dar um tapa na bunda de seu crush ou algo assim? De fato, essa era uma sensação maravilhosa... que durou apenas alguns segundos.
Imediatamente, recuperamos a compostura. Eu, por vergonha, e Saori, bem, acho que bem mais que isso. Mas com isso, ela finalmente se virou e finalmente me viu arregalando seus olhos com a surpresa estampada. Era real. Ela não tinha notado minha presença em momento algum até agora.
"T-Tourm-kun?"— Suas bochechas coradas indicava que sabia o que havia feito por acidente. "D-Desde quando está aí?"
"O-Oi... Saori-san..."— Coçava minha nuca enquanto desviava o olhar.— "Já faz um tempo, na verdade."
"Eu não acredito... Estava tão alheia que nem pude cumprimentar um colega meu ao meu lado. Me desculpa por isso e... agora a pouco também."— Desviava os olhos sem jeito.
"N-Não se preocupa. Não há muito com que pode se fazer em relação a isso..."— Eu a acalmava tentando fazê-la esquecer, bem, pelo menos ela.
Agora, minha chance finalmente chegou. Estou tendo a chance de ter uma conversa normal com a Saori! Por ela ser tão famosa e estar rodeada sempre por pessoas tão importantes quanto e por minha falta de coragem, nunca tive isso, uma conversa descente.
Desde que me lembro, Saori havia anunciado a todos que gostaria de ser chamada pelo primeiro nome, assim como também desejava chamar todos os seus colegas de classe da mesma forma. Então, nunca perguntamos seu sobrenome e ela nunca perguntava o de ninguém. Não lembro exatamente o motivo, mas era algo que a fazia ser sentir familiarizada com todos. Sendo sincero, fico surpreso por ela recordar do nome de até de alunos que sejam do fundamental.
De todas as vezes que conversamos, nunca durou nem sequer um minuto. Então... não posso perder tempo mais! Faltam poucos meses pra o fim do colegial e nem ao menos pude ser sincero comigo mesmo. Eu... tenho que ao menos contar. Sei que as chances de ser rejeitado são muito altas. Mesmo assim, desejo fazer uma confissão de amor uma vez na vida, poxa!
Nós ainda estávamos frente a frente, um olhando para o outro. Quando percebi, Saori estava quase que se aconchegando em mim. Talvez por eu ser um conhecido, faz ela se sentir mais segura em meio a tantos estranhos muito próximos a ela. Se acalmem! Não é como se ela estivesse literalmente se esfregando em mim agora! Saori só se aproximou mais um pouco de mim! Apenas isso!
"Acho que já faz um bom tempo que não trocávamos palavras, não é?"— Ela disse, puxando assunto mantendo a compostura e um sorriso amigável.
Droga, o rosto dela de perto é exatamente como uma estátua esculpida pelo melhor artista! Seus cílios eram longos, seus olhos, face e longos cabelos pretos que iam até as costas, era a definição de beleza japonesa! Isso que é sorte por estar vendo isso tão de perto! Ah, eu tenho que responder!
"É-É! Acho que faz um tempo sim. Normalmente, só nos cumprimentamos e nos despedimos quando as aulas acabam."— Tentei soar natural, mas acabei soltando um gaguejo.
"Hm? Sério?"— Confusa, piscava os olhos algumas vezes seguidas e falava se recordando.— "Mas e aquela vez em que te encontrei limpando a nossa sala?"
"Hã?"— Agora era a minha vez de piscar os olhos várias vezes.
"Não lembra? Foi no começo desse ano. Você havia sido deixado para trás pelos outros colegas e teve que assumir a responsabilidade em limpar tudo."— Ela explicava de maneira calma e tranquila, como se fosse ontem.
Bem, é verdade que muitas vezes eu era deixado de lado pelos outros colegas. Acho que foi aquela vez em que o Enthan havia faltado por ter pego um resfriado. Normalmente, somos eu e ele que limpamos sempre a sala. Afinal, se ninguém fizesse, os professores iriam dar uma bronca e sermões sobre responsabilidades. Mas... a Saori estava lá? Acho que... sim... Ela apareceu quando eu estava sozinho!
"Eu havia chegado momentos depois. Infelizmente, tenho aulas particulares em dia de limpeza, mas aquela vez foi uma exceção. Então estava um pouco animada em ajudar a todos. Porém, não havia ninguém além do nosso 'loirinho'. Limpando e limpando até tudo brilhar.
"....."— Fiquei com vergonha de ter sido chamado de 'loirinho'.
"Eu até ofereci a minha ajuda assim que entrei na sala. Mas você protestou tanto dizendo que estaria tudo bem e que trabalhava melhor e mais rápido sozinho. Sinceramente, aquela foi a primeira vez que alguém dispensou uma ajuda minha. Fiquei até sem jeito quando deixei a sala."— Se lembrando, uma pequena risada escapava de sua boca.
"..."— Fiquei com mais vergonha ainda ao saber disso.
Eu fui o primeiro a rejeitar ela? Sério?! Quer dizer, todos iriam querer receber ajuda da garota mais popular do colégio! Ainda mais se ela fosse sua crush e ter a oportunidade de conversar. Eu não acredito... a primeira lembrança que ela tem de mim é a dispensando dessa forma.
Se for assim, nada mais justo do que eu acabar sendo rejeitado, não é? Não é? Arrh... Droga, fiquei depressivo por alguns instantes. Me desculpe por isso. Mas... mas...
"Saori-san..."
"Hm?"
Eu a chamei e ela rapidamente ficou atenta com aquele sorriso simpático e gentil. Era a coisa mais doce e pura que podia se ver.
"Eu gostaria... de falar com você depois."
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Sim... era a coisa mais doce.
Naquele momento, eu havia combinado de me encontrar com Saori novamente na nossa sala após o fim das aulas.
Desde que cheguei no colégio, os segundos se tornavam uma tortura. Eu estava ansioso, mas também com medo. Não conseguia prestar atenção ao que o professor dizia, ou melhor, em ninguém. Apenas ficava batendo meu dedo indicador constantemente na mesa e minha perna esquerda ficava inquieta.
Eu precisava fazer algo! Precisava me distrair ou as horas não iriam passar! E quando chegou a hora da educação física, nossa, me dediquei a essa aula mais do que tudo! Esse tempo todo precisava expressar ou desgastar minha ansiedade de alguma forma e não havia nada melhor do que fazer uma prática de exercícios pra isso!
Lembro que até o Enthan ficou mais do que chocado ao ver eu a todo o vapor na pista de atletismo! Eu realmente corria igual um louco, quer dizer, quase um, não era pra tanto. Acho que por causa dessa motivação o Enthan decidiu me acompanha e, de certa forma, estava animado em me ver assim. Logo, vai provocações de desafio ou algo do tipo, não sei, não tava realmente prestando atenção no que ele dizia durante todo esse tempo.
Só depois da corrida, no final da aula, pude estar menos sobrecarregado e voltei a prestar a atenção ao redor. O professor até me disse que quebrei o recorde do Enthan! Uau! Tipo, uau mesmo! Pude conquistar um feito que não conseguiria normalmente.
Enthan via que agora eu estaria de volta ao normal e ficou curioso de onde eu queimava tanta gasolina. Será que eu conto? É claro! Ainda estava ansioso pra não contar ao menos para ele! Assim expliquei que me encontrei com a Saori mais cedo na estação de trem e pudermos conversar um pouco. E também disse... que iria finalmente admitir meus sentimentos e contaria a ela hoje após as aulas do dia.
Estranhamente, não pude ver qual foi a reação dele, pois foi nesse momento que senti que deveria virar para trás. Sentia como se algo me atraia. Acho que era... a voz que escutava de longe da Saori conversando com suas amigas. Sempre que ela usava o uniforme de educação física, prendia seu cabelo longo num rabo de cavalo com algumas mechas soltas. Era tão linda e impecável.
Foi aí que ela havia me notado a encarando e... acenou para mim. Nossa, sentia meu rosto esquentando de vergonha. Fazia tempo que não acenava de volta para alguém. Mas... eu não fiz. Eu não acenei de volta. Por que... eu não fiz isso? Eu... não sei.
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O sol estava começando a se pôr, tingindo o céu com tons quentes de laranja e rosa. O ar da tarde estava repleto de uma calma serena, após todo os alunos deixaram as salas de aula e o edifício da escola.
"{Ah! Hah... M-Mais...}"
Quando me aproximei da porta, estranhava o fato de ouvir murmúrios abafados vindo de dentro da sala de aula. Meu coração... o que havia? Ainda estava batendo, mas parecia tão lento e tão fundo em meu peito. E... eu escutava mais de uma voz lá? Não deveria ser... apenas a Saori...?
A porta semiaberta me deu a oportunidade de ver o que estava acontecendo lá dentro. Será que eu vejo...? Mas eu posso estar apenas imaginando coisas! Não deve ser isso! Não teria como... isso acontecer...
"{Grr... Aaah... Você sempre foi tão linda...}"
Meu coração... parou. Essa voz... era de um homem. Essa voz era do... N-Não! Não, não! Não pode ser!! Eu me recuso a aceitar isso!!
Eu não acreditava no que acabei de escutar e reconhecer. Assim, sem perder tempo, observei escondido por trás da porta pra ver... o que não queria ver.
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Mas aconteceu. O que eu tinha visto... era Enthan junto de Saori... próximos demais para serem amigos.
Saori estava sentada sobre a mesa do professor, suas pernas estavam abertas para Enthan, que logo era preso por elas assim que se aproximou e se esfregava contra ela. Os gemidos de Saori eram abafados por Enthan, que batia seus lábios contra os dela.
Quando meus olhos ficaram mais atentos e viram mais detalhes do que somente aquilo, notei que as calças de Enthan estavam jogadas ao chão e, o que deveria ser a calcinha de Saori, pendurada em sua perna de porcelana.
'Ah, isso está realmente acontecendo.'— Eu pensei, meus olhos e pálpebras congelados, não conseguindo desviar a atenção até a aceitar aquilo.
Enthan estava... transando com Saori. Sim, meu melhor amigo, aquele que sempre pensava ser um dos que mais podia contar, estava praticamente fodendo a garota pela qual gostava sem se conter no meio da sala de aula.
Pude ver o rosto vermelho de Saori após seus lábios se separem, recuperando a falta de ar, ela estava definitivamente gostando daquilo. Dava pra ver um sorriso derretido em sua face. Não era o mesmo sorriso doce e gentil que estou acostumado a ver sempre. Aquela... não era a pessoa pela qual tive uma queda. Era... uma outra pessoa.
"{E-Enthan! V-Você é tão...!! Grand-- Ahhh!!}"— Gemia Saori tentando encontrar palavras, mas logo era interrompida quando Enthan acelerava seus quadris e agarrava rudemente seus seios ainda escondidos pela camisa.
Sim, definitivamente, uma outra pessoa.
Eu... não preciso mais ver isso.
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O tempo seguiu voando.
Já havia me formado, prestado vestibular em três das melhores faculdades da cidade e fui aceito por duas delas. Meu pai havia ganhado na loteria e conseguido uma boa grana. Não nos tornamos ricos, mas pobres definitivamente não somos. Tenho um emprego de meio período em uma pequena loja de conveniência pra ganhar uns trocados pessoais meus. E agora, moro sozinho em uma casa alugada pra começar a ser mais responsável e saber lidar com uma casa só pra mim. É, que sorte, né?
Sempre que penso nisso, acabava sempre me recordando daquele sonho com aquele Deus. Sabe, se fosse literalmente apenas um sonho, eu não teria como me lembrar de cada detalhe como se tivesse sido noite passada.
Foi aí que as palavras do Deus ressoaram em minha cabeça como lembrança. Ele tinha explicado que não existe azar, assim como não existia a boa sorte. Apenas a ação e a reação. Incialmente, eu não havia entendido. Mas após aquele dia... comecei a entender melhor.
Quando me esbarrei com a Saori na estação de trem e a chamei pra conversar, não havia nada de errado. Parecia que tudo estava indo bem. Então, me pergunto, e se eu não tivesse falado ao Enthan que me encontraria com a Saori? Será que aquilo não teria acontecido?
Eu o conhecia já fazia um bom tempo, mas ele nunca comentou nada em ter uma queda pela Saori ou... querer tanto ela daquele jeito. Desculpem, a cena ainda não saia de minha cabeça. Saber que seu melhor amigo havia tido tal intimidade com a pessoa que você mais gostava, era difícil de se esquecer e seguir a vida, além do fato de ter visto tudo de camarote. Aqueles dois... pareciam quase dois loucos, mas também tão felizes. Sexo é tão bom assim...? Igual como é mostrado em filmes, animações adultas ou em quadrinhos?
Sinceramente, não sei se vou descobrir isso tão cedo.
Eu só... queria... um amor, sabem? Talvez... um verdadeiro amor.
Eu sei, eu sei. É estúpido de se pensar. A vida não é como um faz de conta. Mas se eu tive um encontro com um Deus da Sorte e me deu uma pequena mudança, o que impede de aparecer uma garota bonita na minha frente, não é? Quer dizer, eu acho que só devo me aproximar e dizer 'oi' e pronto. Vida que segue.
"Aaahn..."— Eu suspirava sentado na cadeira do caixa em que trabalhava na loja.— "Que dor de cabeça."
Já era quase onze da noite. Faltava dez minutos para meu turno acabar e assim ir para casa. Por essa hora, praticamente, ninguém vinha a loja, a não ser alguns estudantes que desciam de seus condôminos ao lado comprar um sanduiche ou algo assim pra passar a noite por não ter nada pra fazer.
Mas hoje, não havia ninguém mesmo. Vazio. Completamente vazio. Era uma tortura ficar olhando para prateleiras e geladeiras, cheias de seus produtos intactos e não poder pegar ao menos uma água. Bem, eu posso pegar, mas aí teria que pagar depois, claro. E eu não quero pagar. Então eu só ficava batendo meu dedo contra a bancada esperando o tempo passar.
"Arrhn! Mas que coisa chata, viu!"
Com a porta dos fundos sendo aberta, vinha o meu chefe, o dono da loja, coçando a bunda após reclamar da conversa que teve no telefone fixo.
Ele era um cara legal, quando estava de bom humor. Por eu sempre me dedicar e aceitar as coisas sem protestar, nunca levantou a voz comigo. Se bem que se fizesse, não mudaria nada mesmo.
Enfim, meu chefe se aproximava pelo outro lado do balcão, provavelmente me mandando outro trabalho de última hora, nada com que já não estivesse acostumado.
"Tourm, escute, vai vir um caminhão entregar uma das caixas dos fundos que faltou. Eles acabaram esquecendo e por isso estão vindo de última hora."— Enquanto ainda falava, me entregava a chave reserva da loja.— "Gostaria que você ficasse aqui e arrumasse as coisas e fechar tudo quando sair. Pode tirar o dia de folga amanhã pra compensar."
"Entendido."— Afirmava pegando a chave de sua mão sem hesitar.
"Então é isso. Boa noite e bom descanso amanhã."
Meu chefe se despedia saindo pela porta da frente. Assim que vi pela janela ele ligando o carro e deixando o local, pegava desinfetante por baixo da bancada e passava na chave. É, ele me entregou a chave com a mão que usou pra coçar o traseiro. E agora tive que ficar mais tempo dentro daquele lugar. Que sorte, não é mesmo?
Mas isso já era normal mesmo. De vez em quando acabo virando a noite sempre que ele precisa de ajuda. Meu chefe pode ser um cara chato à primeira vista, mas é alguém que realmente trabalha duro. Se não me engano, ele já se casou duas vezes, tem quatro filhos e no fim é ele que tem que pagar por tudo. Não sei o que a esposa dele faz, nunca perguntei. Mas sei que os dois filhos mais velhos estarão ingressando pra faculdade em breve.
Agora, não demorou tanto assim pro caminhão chegar. Eu conheço os caras, então pude assinar a papelada em nome do chefe. Só faltava pegar a caixa e arrumar as coisas.
Nesse momento, via o caminhão de entregas partir enquanto acenava despedindo e desejando um bom fim de turno. Eles também são boa gente, bom, pelo menos pra mim.
Só restava a mim agora e caixa no meio da rua de trás dos fundos. Tudo estava tão quieto. Uma das coisas que odeio, é o silêncio. Não gosto de ouvi-lo. Não gosto de escutar ele. Porque sinto como se eu... estivesse sozinho. Se talvez tivesse feito ações diferentes no passado, eu não estaria aqui, sozinho.
"Não adianta reclamar por isso."— Eu dizia pra mim mesmo se agachando e levantando após pegar a caixa e carregá-la nos braços.
Meus passos era a única coisa que ouvia pra me fazer companhia e voltar para dentro da...
[zzzzzt!] [crack!]
"Hm?"
O que foi isso? Estranho, jurei ter escutado algo. Olhava em volta, mas não encontrava nada. Será que tava tão distraído que pensei em ter ouvido coisas? Mas parecia algo como eletricidade... será que era o disjuntor?
Curioso e aproveitando que estava do lado de fora, eu repousava a caixa no chão e ia até a caixa de força ao lado. Abri a tampa, mas...
"Não tem nada queimado ou solto. Acho que eu realmente estava..."
[ZZZZZT!] [CRACK!]
"Eeh?!"
De repente, o som mais uma vez veio. De fato, era o som de eletricidade estática, mas sendo mais agudo que antes e, dessa vez, percebi que estava vim por trás.
Eu me virei, achando que tinha sido em algum estabelecimento do lado ou em algum poste elétrico, porém...
[ZZZZZT!] [CRACK!]
Também não era isso. O som da eletricidade estava vindo a poucos metros mais adiante de mim e os próprios raios elétricos dançavam pelo asfalto, rondando um lugar especifico.
"O que...?"
Eu esfreguei meus olhos, não estava delirando. Eu realmente estava vendo o que via. Um círculo de eletricidade pura estava se formando diante de mim. Isso era possível?! Claro, haviam cabos de força por baixo do cimento da rua, mas não haveria como passarem e subir para a superfície.
Quanto mais eu demorava para pensar sobre o que poderia ser, a eletricidade que correria ficava mais forte, mais densa e agitada. Em um instante, surgiam três anéis de força correndo sem parar e, no próximo instante seguinte, se comprimiram em uma grande esfera.
Meus olhos se arregalavam, uma bola de energia elétrica pulsava logo na minha frente! Ela crepitava e sibilava, lançando faíscas brilhantes em todas as direções. O ar ao redor dela parecia vibrar com uma tensão elétrica palpável.
Isso realmente estava acontecendo! Alguma coisa maluca estava acontecendo comigo mais uma vez! Primeiro, foi eu me encontrando com um Deus! Segundo, foi meu melhor amigo me traindo! O que caralhos vai acontecer agora?! Eu vou morrer?! É isso?! Esse é, de fato, meu fim?!
Antes que eu pudesse reagir, a esfera de energia começou a se contrair, sugando todo o ar ao seu redor. E assim...!
[ZZZZZT-BOOOOMMMM!!!]
"Aaaaaahhh!!!!"
Com um som estrondoso, ela implodiu, deixando uma cortina espessa de fumaça cinzenta no ar.
Meu coração estava batendo a mais de mil por hora. Por um instante, achei que iria realmente morrer sem deixar vestígios da minha própria existência! Era como se eu fosse sugado, mas consegui resistir e ficar em pé rapidamente.
"Cof! Cof! Cof!"
A fumaça era bem densa, mas não demorou muito para começar a se dissipar. O vento levava a poeira para longe e... tinha algo a mais lá na frente? Parecia... a figura de uma pessoa baixinha... Não, talvez estivesse caída no chão mesmo. Mas o que...
"Meu... Deus..."
Meus olhos não estavam arregalados. Pelo contrário, minhas pálpebras relaxaram assim que a informação foi recebida em meu cérebro.
Assim que a fumaça praticamente clareou, eu via uma pessoa. Não qualquer pessoa, mas uma mulher. Mas também, não qualquer mulher. Ela estava sentada no chão com seus olhos faixados por uma venda preta, mas, mesmo assim, dava pra ver que se encontrava confusa. Sua pele tinha um brilho suave e pálido, quase etéreo, que contrastava com a escuridão ao redor. Assim como seu cabelo curto, branco. Um branco tão lindo e tão puro, era algo incomum para alguém tão jovem.
Eu... estava paralisado, meus olhos não podiam olhar para outra coisa a não ser para aquela pessoa. Eu não estava imóvel pela situação bizarra, mas pela beleza cativante da mulher diante de mim. Ela estava nua, com a pele reluzindo à luz da lua, criando uma cena que parecia saída de um sonho surreal. Seu corpo, esguio e elegante, estava levemente inclinado, uma perna dobrada enquanto ela se apoiava com a outra mão no chão.
A cabeça dela que virava de um lado para o outro, parou direcionada a mim. Mesmo com a venda, era como se ela me visse, seus lábios entreabrindo-se como se estivesse prestes a dizer algo, mas sem palavras da primeira vez que mexeu a boca, mas na segunda vez...
"Onde... onde estou?"
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Essa pergunta... sentia que só poderia responder no futuro.
Tudo dependia da sorte... ou do amor.
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