Mas Dylan não era nenhum desses. Ele era mais como um arranha-céu ou uma pirâmide. Sua base estava escancarada. Você poderia caminhar entre os aspectos mais comuns da vida dele sem qualquer impedimento, mas à medida que subia, entrando nas partes mais importantes, de repente encontrava portas fechadas e becos sem saída e ele não se recusaria a responder, ele apenas respondia de uma maneira que não era realmente uma resposta.
Isso tudo o tornava bastante misterioso para ela.
Depois que ele saiu, ela decidiu finalmente dar uma ligação para Kevin porque sua noite havia se tornado estranha depois daquele ato.
Ele atendeu. Sem oi. "Você voltou para a casa do seu tio?"
"Bem, quero dizer, eu voltei, sim." Disse ela, "não foi grande coisa."
"Ah, que bom." Ele fez uma pausa. Eles estavam perdendo tempo, ela sabia. Havia algo mais que ele queria perguntar. Algo muito mais importante do que tornar a conversa fiada insuportável. Finalmente, ele disse. "Savannah, eu quero te ver."
"Agora?" Ela disse. Ela esperava que ele quisesse, mas ainda assim a surpreendeu.
"Você não quer me ver?" Ele perguntou. Ela podia ouvir a dor se enrolando nas bordas salpicadas de sua voz.
"Claro!" Savannah exclamou, "Quer dizer, sim, eu adoraria."
Eles concordaram em se encontrar em um café no centro da cidade, onde ela nunca tinha estado antes, e desligaram. O coração dela estava acelerado, e ela pegou um momento para se acalmar na cama. Ela caiu de costas no edredom e puxou um travesseiro sobre a cabeça, respirou fundo, respirações quentes, e gemeu.
Ela estava mais do que um pouco em conflito. Ela queria tanto que ele ligasse, mas agora que ele tinha, ela estava assustada. Ela tinha -gulp- sentimentos. Seu coração disparou quando ele perguntou, e por um momento, ela ficou eufórica. Então bateu em um muro de tijolos. Dylan havia proibido ela de encontrá-lo. Ela tinha assinado um contrato, pelo amor de Deus.
Ela ficou lá por um tempo que parecia longo, sua mente remoendo as coisas. Dylan estava beijando a testa dela; seus sentimentos em relação a Kevin e pairando sobre ambos, Dylan. Um Colosso pairava sobre ela, com seu grande pé sandalado ameaçando esmagá-la na terra. O que tudo isso significava? O que diabos estava acontecendo?
Dylan não descobriria se ela fosse, ela supôs, e mesmo que ele descobrisse, ele entenderia, ela imaginou. Afinal, ela estava encontrando ele em um espaço público. Não era como se algo fosse acontecer. Mas mesmo enquanto ela dizia isso para si mesma, as palavras soavam vazias.
Ela se virou e revirou na cama, finalmente decidindo que estava tudo bem. Ela desceu para a cozinha. "Judy, eu pensei sobre isso, e quero ir às compras agora."
Judy sorriu gentilmente para ela, "Tudo bem, volte cedo."
Ela assentiu e subiu as escadas para pegar suas coisas. Era melhor pedir perdão do que permissão, ela disse a si mesma. Mas quando pensou em Dylan, ela não tinha tanta certeza.
* **
Levou uma hora de ônibus. Ela desceu sozinha em um ponto de ônibus sombreado, com a bolsa presa debaixo do braço e o vestido azul balançando em torno dos joelhos. Estava escaldante lá fora. Ela puxou os óculos escuros e partiu pela estrada em direção ao café.
A rua era uma mistura eclética de música independente, arte, lojas de flores, barbearias e pet shops, e uma multidão de californianos bronzeados lotava a calçada. Ela se esquivou entre eles, desejando ter usado um chapéu enquanto o sol batia na nuca dela, olhando várias vezes sobre o ombro para ver se Garwood havia seguido ela. Ela não conseguia ver ele. Ela andou um pouco mais rápido.
Ela avistou Kevin antes dele. Ele estava sentado do lado de fora de um pequeno café com mesas e cadeiras de metal montadas do lado de fora, e com Santhanams pendurados abaixo da placa do café, Barfly. Ela fez sinal para ele do outro lado da rua, apressou-se até lá e sentou com ele.
Uma xícara de café vazia e vários cigarros apagados estavam espalhados sobre a mesa.
"Você fuma?" Ela sorriu, puxando uma cadeira oposta.
"Não, se eu puder evitar," ele sorriu. "Suco?"
Ela assentiu.
Kevin pediu um suco fresco para ela.
Ela engoliu e limpou o lábio superior. "Você lembrou?"
"Como eu poderia esquecer?" Ele brilhou. Ele se lembrava de que ela amava suco de laranja. Quando eles viviam no orfanato, ele costumava comprar cartões de suco, balas, chocolates e batata frita para ela com o dinheiro que ganhava desenhando retratos na calçada sob o sol escaldante. Ele estendeu a mão e segurou a dela. "Savannah", ele disse, soando nervoso. "Devin me deixou ir porque você fez algo, certo?"
Savannah engasgou com o suco. "O quê? Não! Eu não iria- "
A expressão de Kevin endureceu. Ele sempre conseguia ver através dela.
Ela suspirou. "Eu fui e pedi para ele parar. Só isso."
"Como você fez isso?"
Ela olhou para o colo. Uma imagem de Devin passou diante dos olhos dela, ajoelhada, colocando as mãos na parte dura dele, e ele explodindo para cima e para baixo nas mãos delicadas dela. Se contorcendo em um flanela suja e enxaguando as mãos várias vezes. Lágrimas.
"Savannah?"
Ela levantou a cabeça e fixou o olhar dele. "Eu- Eu só comprei alguns presentes para ele - uma cesta de frutas e um relógio caro. Pedi que ele te deixasse em paz como um favor para mim, sua noiva, e ele concordou." Ela estava determinada que ele acreditaria nela.
Kevin permaneceu em silêncio, seu olhar penetrante nela. "Você está mentindo, não está?"
"Não, eu-"
"Diga a verdade!" Exasperado, ele apertou a mão dela fortemente. "Dylan intermediou no meio, não foi?"
Ela piscou em rápida sucessão, surpresa por ele ter descoberto o arranjo dela com Dylan, mas decidiu dar-lhe algo, para mantê-lo longe dos segredos que ele poderia desenterrar.
Ela assentiu.
"Por que Dylan te ajudaria? O que você ofereceu a ele?"
"Nada. Eu não dei nada!" Ela estava em pânico agora. Isso não era como deveria ser. Ele deveria se importar com ela, cuidar dela, não questioná-la e fazer com que ela se sentisse assim – culpada. "Eu só disse a Dylan que não ficaria bem. Eu-Se Sterling- Se a mídia pegasse a história. Ficaria mal para eles." Ela gaguejou, construindo a mentira enquanto falava. "Ele concordou e- e decidiu te ajudar!"
Kevin bateu na mesa com o punho. "Droga, Savannah, pare de mentir para mim!" Ele engasgou. Lágrimas se acumularam nos cantos dos olhos dele. "Ele nunca faz nada por ninguém a menos que possa ganhar algo em troca. Apenas…" Seus olhos eram piscinas cintilantes de azul, implorando para que ela se abrisse com ele. "Por favor, seja honesta comigo." Ele disse baixinho.
Ela não sabia o que fazer. Ela não podia contar a ele. Ele nunca mais falaria com ela. Ela olhou ao redor, pegou sua bolsa. "Eu tenho que ir, esqueci, tenho que estar em casa para ajudar meu tio."
Antes que Kevin pudesse responder, ela se levantou e apressou-se pela rua.
"Savannah!" Kevin a perseguiu pela multidão de pessoas.
Savannah correu para o lado da estrada e acenou para um táxi quando seu braço foi pego por Kevin. Olhando para trás, ela viu o rosto ansioso de Kevin.
"Savannah, lembra do que eu te disse no orfanato? Você não tem que passar por tudo sozinha. Eu estou sempre aqui. O que diabos você fez para me ajudar? Me diga!"
Alguém a empurrou, forçando-a para os braços dele. Olhando para o rosto de Kevin, ela estava quase a ponto de contar tudo quando viu a dor e a tristeza nos olhos dele.
Justo então, o motorista pressionou, "Ei, vai entrar ou não? Não perca meu tempo."
Savannah se afastou e subiu no táxi. Ela fechou a porta e forçou um sorriso para encarar Kevin, "Não é o que você pensa. Por favor, não me pergunte sobre isso de novo." Então ela pediu para o motorista ir antes que Kevin pudesse dizer uma palavra.
O táxi entrou no trânsito e foi perdido de Kevin, e ele se amaldiçoou. Ele só queria ajudar, e agora, ela se foi.
* * *
Estava escuro quando ela voltou para a vila.
Savannah se sentia horrível, como se um vazio tivesse se aberto em seu peito e engolido seu coração. Ela subiu a entrada e entrou sorrateiramente. O corredor estava escuro e apenas o relógio de parede perturbava o silêncio. Ela olhou o horário no seu telefone. Eram apenas nove horas. Judy não deveria ter ido para a cama tão cedo. "Judy?" Ela sussurrou. Ninguém respondeu. Ela tateou em busca do corrimão e começou a subir as escadas quando uma figura alta e escura bloqueou seu caminho. Ela deu um grito abafado. Era Dylan.
"Você... O que está fazendo aqui?" Ela disse, se recompondo. Por que não acender a luz? Ela estava realmente assustada. Era necessário ser tão econômico?
"É a minha casa," disse Dylan, seus olhos capturando o luar.
"Mas por que você está parado no escuro como algum tipo de louco!" Ela disse, batendo o pé.
Ele a levou de volta para o corredor e puxou a cortina, enchendo o espaço com a luz pálida do luar. Virou-se para ela e levantou o queixo dela, examinando seus olhos no escuro. "Por que você está tão assustada? Fez algo errado?"
"Não! Você pode perguntar para a Judy."
"Onde você foi hoje?" Ele sussurrou, sua palma na pele macia da bochecha dela e o polegar traçando o arco dos lábios dela. Ela podia sentir a ameaça por baixo da superfície.
"Fui fazer compras com o cartão de crédito que Garwood me deu. Eu avisei a Judy antes de sair."
"Você foi sozinha?" A inquisição continuava, e seus dedos continuavam esfregando contra a pele dela, rodando e rodando.
Ela começou a suar frio, "Na loja de departamentos do centro. Sozinha."
Um sorriso lupino se espalhou no rosto dele.