— Espera, não, espera um pouco — Ele acaba pedindo tentando mantê-lo sob controle.
Ele não esperou que surgisse muito efeito, mas ao contrário do que esperava, Richard se aproximou e olhou para a sua boca que Kolin sentiu ficar ressecada, e em seguida para o seu pescoço, se demorando nele.
— Alguém estava usando isso para te controlar. — Ele explica.
— O que? Pare de mentir, isso nem é possível.
— Essa pessoa estava ouvindo toda a nossa conversa, e tirar o Contentor foi a melhor forma de cuidar disso, mas é apenas uma solução temporária.
Kolin olha para o Contentor em sua mão e nota como ele havia aberto tão facilmente.
Não importa quão forte ele houvesse tentado tirar antes, o contentor só saia com alguma explosão de poder que ele tinha.
Então porque Chard conseguia tão facilmente?
Ele fecha novamente o contentor omo se fosse um simples e maleável brinquedo.
Antes que Kolin pudesse perguntar, Chard segura a sua mão, ele pensa em esquivar mas de repente sente curiosidade pelo o que ele vai fazer. Ele olha em seus olhos mas Richard coloca o contentor na sua mão.
— Aqui. — Ele diz pegando seu dedo indicador e o polegar e pressionando algumas vezes em dois botões minúsculos nas laterais da coleira.
Com o movimento o Contentor abre novamente.
— Como? — Ele pergunta surpreso.
— Na verdade é um segredo para os demônios, apenas algumas pessoas da assembleia sabem, mas quando estamos sem nenhum poder divino, se abre com essa combinação. — Ele explica ainda segurando as mãos.
Ele engule em seco.
— Por que...
— Por que estou te contando isso? — Ele se adianta.
— Eu agradeceria parasse de terminar minhas frases. — Kolin responde revirando os olhos.
Ele dá um sorriso charmoso.
— Por que é o que você queria saber não é? — Ele diz brincando com o polegar de Kolin.
— E desde quando você me dá o que eu quero? — Ele retruca.
Chard volta a segurar a palma da sua mão e pressiona com força o meio da palma com o polegar.
— Nós nunca estivemos do mesmo lado. — Ele começa. — E eu sei que você me odeia, também sei que tem bons motivos para isso.
Kolin ergue as sobrancelhas.
— Você também não é inocente, não fale como se eu fosse o único com ódio aqui, todo mundo sabe que você me odeia. — Ele dispara.
Ele puxa a mão de volta tentando se afastar, mas Richard aproveita a oportunidade e passa a mão para o seu ombro.
— Isso é apenas o que você acha.
Seu cenho se franze, a mente de Kolin ficou confusa por um segundo, era óbvio que o ódio era mútuo então porque ele não admite.
— Você me odeia.
— Eu nunca disse que te odiava.
Kolin quase dá um tapa na cabeça dele.
Desculpa alecrim dourado, finalmente entendi que você me ama, agora me abraça.
Ele revira os olhos para esse absurdo.
— O que você quer afinal?
Ele pega novamente na sua mão e a levanta na frente do rosto, Kolin sente suas bochechas esquentarem mas o olha irritado.
— Uma trégua, ao menos até eu achar o assassino do meu irmão, e no caminho você também vai se beneficiar.
— Não vejo como posso me beneficiar disso.
Ele se desfaz do seu toque fixando os olhos verdes nas mãos enluvadas.
— É fácil, você vê isto?
Ele indica com a cabeça apontando para o chãolho. Tudo passa em câmera lenta.
Ele olha para o chão e vê o contentor ali, e arregala os olhos.
Em que momento ele havia jogado o Contentor no chão?
Ele faz menção de se abaixar para pegar mas Chard coloca o braço na frente e pisa em cima. Ele contém um grito abafado quando vê o Contentor novo em folha que ele havia conseguido destruído no chão.
— Seu.. seu.. eu odeio você.
Ele não acha palavras boas o suficiente para amaldiçoa-lo e se sente sem palavras por um momento, nenhuma palavra expressaria o suficiente a raiva que ele sente nesse momento.
— Antes que me mate, saiba que este Contentor estava grampeado.
Ele ergue as sobrancelhas.
— O que?
— Você está fazendo uma expressão muito tonta, quero dizer, tinha algo de estranho, eu já vinha percebendo isso há algum tempo, mas nunca tive provas, ou um modo de parar isso.
— Tonta é o caralho, e o que vem acontecendo? Explica direito.
Ele dá um empurrão no seu ombro se sentindo impaciente.
Chard se encolhe um pouco, escondendo completamente o seu rosto com a manga e em seguida ele levanta fazendo uma expressão estranha e balançando a cabeça negativamente, quando parece finalmente se recompor ele continua:
— Os anjos em geral não tem só a capacidade de curar, você deve saber.
— É, aprendi da pior maneira. — Ele diz revirando os olhos.
— Então, além de criar barreiras, também podemos realizar outras medidas de proteção, como a mental.
Kolin tenta raciocinar mas sente como se mil coelhos procriassem ao mesmo tempo na sua cabeça.
— Então... está falando que protegeram a minha mente?
Por que perto de Chard ele sempre se sinto sentia tão burro, mas ele ao menos poderia ser mais claro.
— Estou dizendo que manipularam sua mente. — Ele explica devagar.
Isso é sequer possível?
— Não seja ridículo.
— Não estou dizendo que todos os anjos são capazes de fazer isso, ser possível é uma coisa, ter capacidade é outra.
— Fala minha língua porra, o que? Me fizeram lavagem cerebral? Hipnose? Eu saberia se fosse verdade. — ele revira os olhos verdes.
— É justamente esse o ponto, você não saberia, não teria como saber. Estou dizendo que posso te ajudar com isso, vai ver a diferença em pouco tempo, por que sem a influência dessa pessoa, vai começar a ser você mesmo inconscientemente.
Kolin franze o cenho.
Ele? Não estava sendo ele mesmo?
Imediatamente ele abre a boca para protestar mas Richard continua:
— Escureceu, você nem ouviu o sinal certo? todos devem ter ido embora, não precisa se preocupar em ser visto sem o contentor, coloca a touca, vamos para casa.
Ele anda na frente e destranca a porta.
Kolin arregala os olhos, eles nunca vão para casa então por que do nada. Óbvio que se tivesse alguma oportunidade para ficar longe de Richard, ele ficaria, mas ele não pode recusar ir com ele, era isso ou dormir lá mesmo.
E Richard era como uma criança, se não fosse vigiado nunca se sabe o tipo de coisa que ele faria, e ele ainda se sentia um pouco receoso por tê-lo perdido de vista nesse meio tempo.
Mesmo morando na mesma casa no momento, ainda era estranho. Desde que ele se lembrava por gente eles nunca haviam tido uma conversa decente, ele sempre seguiu Richard discretamente, de modo que ninguém soubesse.
Tanta interação de repente era estranho.
Ele vai até ele automaticamente mas se lembra do Contentor partido ao meio jogado ao chão.
— Se tem mesmo um assassino psicopata super inteligente, a solta, e não é você, então tudo bem deixar isso no chão? Quero dizer, ele vai encontrar, nós não teríamos mais vantagem se ele não soubesse? — Ele pergunta.
Ele percebe algo e nota que está passando tempo demais com Richard para dizer esse tipo de coisa.
— Eu já pensei nisso, não se preocupe, é melhor se ele encontrar, isso vai o forçar a tomar uma atitude.
Richard desce as escadas sem olhar para trás crente de que o outro lhe seguiria, ele realmente o segue e fecha a porta atrás de si.
— E se ele não tomar?
Chard para por um momento e Kolin percebe o quão largas são as suas costas, e compara a distância se as dele próprio seriam maiores.
— Nesse caso, seremos nós, e vai ser catastrófico.