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Na Comporta Zero Um    

Finalmente, a comporta número um estava aberta e iluminada. Pequenos veículos de carga estavam estacionados, alinhados em fila indiana.

— Parece que encontramos o que procurávamos — disse Kowalsk, animado com o achado.

— Poderia continuar a me dizer por que realmente mudou de ideia e decidiu não ir embora, senhor Kowalsk? — perguntou Thilláila, aproximando-se lentamente.

— Eu sempre procurei sobreviventes e falhei muitas vezes em protegê-los. No entanto, agora existem três de vocês sob minha responsabilidade, e eu não irei abandoná-los... pelo menos até estarem seguros — respondeu Kowalsk, enquanto procurava as chaves nos pequenos veículos.

— Esse lugar aqui é muito grande e, mesmo que esteja totalmente iluminado, sem conhecermos nada desse ambiente, dificilmente encontraremos as chaves dos veículos. No entanto, não podemos sair daqui sem eles.

— Eu queria chamar a sua atenção para algo mais importante, senhor Kowalsk — disse Kaminski.

— Fique à vontade, senhor Kaminski, e me diga qual é o problema.

— Pois bem, senhor Kowalsk, acredito que o mais importante no momento é impedirmos a entrada de novos e desagradáveis visitantes.

— Tem razão, senhor Kaminski. No entanto, não tenho a mínima ideia de como fazer isso. Mas, se quiser procurar uma maneira de fazê-lo, fique à vontade.

— Está bem, senhor Kowalsk. Acredito que posso encontrar uma maneira de fazê-lo. Vou precisar de algum tempo e da vigilância segura de Troy. Se por acaso Thilláila puder ajudar, com certeza será ainda mais rápido.

Kowalsk concordou. Agora, ele estava admirado pelo maquinário que encontrara ali, tudo em tamanho reduzido. Naquele setor onde ele estava, havia vários modelos de tratores que, em tempos antigos, trariam excelentíssimos resultados nas fazendas de plantio. Havia ainda outros implementos que, aos olhos de Kowalsk, eram totalmente estranhos. Até que seus olhos se depararam com um catálogo que tinha especificações de quase todos os modelos ali existentes.

De primeiro momento, tudo o que ele iria precisar, além das chaves, é claro, era de uma mini pá carregadeira e de um veículo que tivesse uma caçamba grande o suficiente para efetuar o transporte dos dragões que haviam sido aniquilados por eles. Ele ainda estava analisando qual máquina iria melhor fazer o serviço, quando, subitamente, o senhor Kaminski gritou, apavorado:

— Ei, senhor Kowalsk! Venha rápido, por favor! Estamos sendo invadidos.

Com seus reflexos super aguçados, Kowalsk já ia sair correndo para avaliar aquela nova situação quando, por acaso, seus olhos repousaram numa etiqueta de uma caixa metálica tão grande quanto uma caixa d'água de mil litros. Quase não podia acreditar que até mesmo o enorme cadeado que estava sobre a tranca daquela caixa mostrava-se destravado. Abriu a tampa rapidamente, escancarando-a com certa facilidade, e qual foi a sua surpresa ao ver que as tais ferramentas de emergência eram justamente as que ele precisava para o momento.

Rapidamente, ele pegou um fuzil, uma metralhadora e também uma pistola que estava enganchada numa bainha de uma grande faca do exército. Movimentando-se com pressa, a faca, inacreditavelmente, não caía, vindo pendurada entre as alças da bainha.

E ao passar pela comporta zero um, apressadamente, gritou:

— Eu já estou chegando, senhor Kaminski... e trouxe reforços.

 

 Se três incomodam muita gente...

 

Kowalsk chegou animado com as armas recentemente encontradas, mas, infelizmente, sua alegria durou pouco. A princípio, ele achou que o senhor Kaminski estava exagerando no alarme; afinal, eram apenas três pequenos filhotes de dragão que seu mais novo aliado, Troy, o dragão amigo, daria conta com facilidade.

Apesar de serem poucos e de tamanho não muito intimidador para Troy, os três pequenos oponentes se mostraram muito rápidos e extremamente resistentes às mordidas de Troy, que pareciam não ser muito eficazes. Ainda assim, Troy conseguiu finalizar com os três, deixando-os vivos, mas em estado lastimável.

— Se você quer que eu faça as honras, por mim tudo bem, Troy — disse Kowalsk, enfiando o cano de sua arma na boca de um dos animais derrotados por Troy, que aparentava estar sangrando.

Click! Tchunc! Clic! Nada. A arma não disparou uma única bala sequer, deixando Kowalsk em estado de choque, enquanto o animal tentava mastigar o cano da arma, que foi rapidamente tirado de sua boca.

— O que está acontecendo aí, velho soldado? — gritou Gareno, vindo em sua direção.

— Esqueci de verificar se essas armas estavam municiadas e... não estavam. Por sorte, eram apenas esses pequenos filhotes.

Thilláila veio rapidamente em direção aos tais filhotes e, sem que ninguém a pudesse impedir, tocou cada um deles com sua mão e não foi mordida por nenhum.

— Sinto lhe dizer, senhor Kowalsk, mas nenhum deles são filhotes.

— E como você sabe? — perguntou Kowalsk, ao notar que Thilláila ainda tocava um dos filhotes, e esse não esboçava nenhuma reação.

— Infelizmente, não sei lhe explicar, senhor Kowalsk. Pode lhe parecer estranho, como parece a mim também, mas ele me contou — disse Thilláila, apontando para uma das pequenas feras que ainda estava em contato.

— E o que são? — perguntou Kowalsk, sem acreditar nem um pouco naquela resposta.

— São dreikis, senhor Kowalsk — respondeu Thilláila.

— Drinks? — brincou Kowalsk, fazendo alusão a bebidas que há muito não sentia seus efeitos.

— Eu disse dreikis, senhor Kowalsk. Não são filhotes e, assim que matarmos esses aqui, virão mais em busca deles.

— Thilláila, faça-me o favor de não me chamar de senhor. E não importa o que você sabe ou acha que sabe a respeito desses animais fedidos, nem me importa se são dez ou vinte, pois não vou poupar nenhum deles. Gareno, Troy, vocês já sabem o que fazer.

Simultaneamente, os três deram cabo dos dreikis já derrotados. Kowalsk, com uma rápida facada que alcançou o cérebro do bicho, que emitiu um som grotesco ao morrer. Troy, com uma mordida de efeito de prensa, cravou seus enormes dentes no crânio de um dreikis, aniquilando-o quase instantaneamente. E, por fim, Gareno, com sua mão direita sempre calçada de sua luva especial, deu um soco super forte que o dreikis sequer teve reação, talvez por não acreditar que um ser humano pudesse causar algum dano simplesmente com as mãos ou com qualquer cobertura que as envolvesse.

O senhor Kaminski, que até então estava distante, já que combater dragões não era o seu forte, veio correndo até seus companheiros, gritando:

— Não façam isso!

Mas já era tarde demais. Os dreikis agonizavam em seus últimos espasmos enquanto os três que os haviam aniquilado se afastavam, sem se importar com o que haveria de acontecer.

— Por que esse escândalo todo, senhor Kaminski? Esses aí já eram. Não farão mal a mais ninguém. Por que essa cara de preocupado?

— Estava conversando com Thilláila e chegamos à conclusão de que essas feras não nos oferecem risco, desde que nós não as ataquemos.

— Não vou dizer "sinto muito, senhor Kaminski", porque não sinto. E aqueles tais dreikis não nos oferecerão perigo nunca mais.

— Eu não estou preocupado com esses daí, senhor Kowalsk. Mas e aqueles? — disse Kaminski, apontando para a abertura à frente, de onde, além dos raios de sol que invadiam parte daquele recinto, numerosos dreikis pareciam brotar, despencando do alto e já se posicionando para um eventual ataque aos matadores de dragões.

 

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