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O Clã Brigada Vermelha

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Um novo reino se desdobrou diante dos olhos de Raze, um tableau de visões que ele nunca havia encontrado. Barracas de mercado transbordando com produtos frescos alinhavam as ruas e as pessoas da cidade caminhavam abertamente com armas presas aos seus lados.

Nenhum edifício era mais alto do que três andares, cada um aconchegado perto de seus vizinhos. Não se via um único veículo, um contraste gritante com seu mundo onde veículos atravessavam o céu. Em vez disso, apenas carroças carregadas de mercadorias, empurradas ou puxadas à mão, populavam as ruas. As pessoas negociavam com moedas e notas, em vez de depender da tecnologia. Era evidente que este não era o mundo que Raze conhecia. Enquanto ele caminhava pela rua atrás de Sonny, ele absorvia cada detalhe ao seu redor enquanto contemplava seu dilema.

'Será que isso é realmente outro mundo? Ou fui transportado para uma terra remota onde a sociedade e a tecnologia ainda são primitivas? Mas então, por que não há magia? Deve ser outro mundo.' Raze refletiu.

'O livro prometeu que eu habitaria um novo corpo, mas nunca especificou onde ou como. Eu deveria ter antecipado isso de um livro que requer magia das trevas. Nada é tão simples quanto parece.'

De repente, Raze parou no meio da rua, sua mão instintivamente segurando seu peito enquanto uma pesada realização se instalava.

'Meus tesouros!' ele lamentou internamente. 'Se estou em outro mundo, então tudo o que eu guardei para o meu avanço como mago se foi. Perdido para sempre... Como devo aumentar meu poder agora?'

Memórias inundaram sua mente: as provações árduas que ele tinha suportado para coletar aqueles itens, as feras míticas que ele havia lutado, escapando por pouco com sua vida. Todo esse esforço, agora em vão.

Uma lágrima ameaçou escapar enquanto Sonny, sentindo o desânimo de Raze, virou-se e notou a expressão sombria em seu rosto.

'Pobre rapaz, ele acabou de perder sua família. A realidade deve estar começando a pesar,' Sonny especulou.

'Meus itens!!!' Raze segurou um soluço enquanto se forçava a seguir em frente.

Logo que começou a aceitar a perda de tudo pelo que havia trabalhado, outro pensamento o atingiu.

'Espere, o Grande Mago! Eles não existem neste mundo. Meu propósito inteiro de ser renascido era para executar vingança. Se eles não estão aqui, qual é o sentido da minha existência?

'Não é o renascimento supostamente um código de trapaça? Frequentar a academia de magia, ser saudado como um prodígio aos cinco anos, derrotar valentões que te subestimam e provar que seus céticos estão errados?'

Sua vida dos sonhos desmoronou diante de seus olhos.

"Volte aqui, seu ladrãozinho!" berrou um homem rotundo e calvo com suor escorrendo pelo rosto enquanto perseguia uma criança pequena, que Raze adivinhou ter cerca de cinco anos de idade.

A criança, vestida com roupas esfarrapadas salpicadas de sujeira e escoriações, disparou passando por Raze, seguida de perto pelo homem grande, que parecia estar ganhando terreno sobre o infante exausto.

Raze, acessando suas reservas de magia, sentiu o núcleo dentro dele acender enquanto o poder espiralava ao redor de seu dedo.

"Pulso Negro," ele murmurou. Um feixe de energia, mais pálido do que o usual, disparou de seu dedo. Na luz do sol, era quase invisível, mas atingiu a perna do homem, fazendo-o tropeçar e cair de cara no chão.

'Ele parecia bem alimentado, enquanto a criança parecia faminta. Ele pode poupar alguns pães.'

Os espectadores se reuniram em torno do homem caído, alguns rindo, outros oferecendo ajuda. De qualquer forma, a criança tinha escapado, e ninguém tinha testemunhado a intervenção de Raze.

'Ninguém deveria ter que suportar fome,' Raze pensou, enquanto continuava adiante.

Finalmente, eles chegaram ao seu destino: um edifício grandioso cercado por um muro e ladeado por duas enormes portas vermelhas. Além do muro, o prédio erguia-se majestosamente, seu telhado adornado com ladrilhos antigos e entalhes de dragões. Padrões intrincados decoravam os pilares de sustentação, um testemunho da habilidade artesanal há muito esquecida no mundo de Raze.

Guardando a entrada estavam dois leões de pedra, regais e imponentes, como se realmente protegessem as portas. Ao lado dos pilares de pedra estavam dois homens vestidos com uniformes vermelhos, como Sonny, cada um segurando uma lança e tão rígidos quanto estátuas.

Acima da entrada, uma placa lia 'Clã Brigada Vermelha'. As letras, padrões e linhas estranhos para Raze, eram de alguma forma compreensíveis.

'Este não é o meu mundo. E o que é um Clã? Não é uma guilda ou uma facção. Que tipo de mundo eu entrei? Se a magia não existe aqui... poderia eu ser reverenciado como um deus?'

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Raze se encontrava em um quarto de hóspedes do complexo da Brigada Vermelha, um termo mais adequado do que 'edifício', dado a sua natureza expansiva com várias estruturas espalhadas e grandes pátios nas extremidades. Um fluxo constante de indivíduos, todos vestidos com uniformes idênticos, transitava entre os edifícios.

O sol poente sinalizava que muitos dos vários centenas de residentes já tinham se recolhido para seu sono. Raze estava acomodado em um canto do quarto de um prédio afastado do maior que tinha encontrado.

O quarto era espartano, equipado apenas com uma cama de solteiro, uma mesa e uma lâmpada a óleo para afastar a escuridão que avançava.

'Está tão escuro aqui. Eu poderia usar minha magia para amplificar minha visão, mas isso desperdiçaria meu mana. Os desafios de um mago 1-estrela ressurgem. Seria ótimo aumentar meu mana. Amplificar meu atributo trevas é fútil sem mana para conjurar feitiços.'

Raze estimou que atualmente ele poderia conjurar apenas cinco feitiços em rápida sucessão. Além disso, a recente perda de sua nova família pairava em sua mente. Sem conhecimento dos acontecimentos, qualquer um poderia ser potencialmente um perseguidor.

O clã Brigada Vermelha parecia ser um tipo de santuário, possuindo alguma influência neste reino.

Ao se aventurar até o banheiro, Raze fez uma descoberta surpreendente. A ausência de uma porta separadora revelou que o banheiro era, de fato, parte do único quarto. Seu desalento aprofundou-se ao descobrir que o banheiro era apenas um buraco no chão.

'Não... por favor, não me diga que o banheiro é apenas um buraco!' Raze suspirou de resignação. 'Eu suportei as favelas de Alterian, mas isso é demais.'

Essa revelação galvanizou sua resolução. Se ele tinha sido transportado para este mundo, deve haver uma maneira de retornar.

Segurando a lâmpada a óleo, Raze examinou seu reflexo no espelho do quarto, a primeira visão de sua nova forma.

Como suspeitava, sua pele mantinha uma radiância juvenil, desprovida de rugas, alinhando sua idade com a adolescência tardia. No entanto, seu físico era alarmantemente delgado.

Seu antigo eu também era magro, mas comparado à população que observou nas ruas, ele parecia esquelético. Seus dedos roçaram seu cabelo, que, embora principalmente liso, enrolava nas pontas e estava selvagemente desalinhado. De forma marcante, era de um branco puro.

'Isso... meu cabelo também era branco em meu corpo anterior. Eu carecia da fortaleza para magia 5-estrelas e me submeti a um procedimento proibido. Ele teve êxito, embora ao custo de um declínio gradual na saúde e o embranquecimento do meu cabelo.'

Raze lembrou-se da reação inicial de Sonny ao vê-lo.

'Será que o ocupante original deste corpo não tinha cabelos brancos? Será que minha chegada provocou essa transformação?'

Um bater à porta interrompeu seus devaneios, seguido pela entrada de Sonny.

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"Desculpas pelo atraso, Raze," expressou Sonny. "Entendo sua ansiedade e curiosidade sobre as atuais circunstâncias. Estamos ansiosos para aprender quaisquer detalhes que você possa fornecer que possam esclarecer esta situação."

Era evidente que eles não o percebiam como suspeito, apesar de ser o único sobrevivente. Raze aproveitou essa oportunidade para revelar parcialmente sua situação.

Ele relatou seu despertar em meio a um confronto ameaçador à vida com um agressor, culminando finalmente em um ato fatal de autodefesa. Dada a ubiquidade de civis armados, ele duvidava que esse ato fosse considerado escandaloso, particularmente nas circunstâncias.

No entanto, Raze confessou então sua amnésia total, abrangendo não apenas o mundo e sua localização, mas também sua idade. Essa admissão serviria como um amortecedor para qualquer comportamento futuro incomum.

"Não posso imaginar sua agitação emocional," Sonny se solidarizou. "Você tem alguma lembrança de mim?"

Infelizmente, Raze balançou a cabeça negativamente. O corpo original retinha poucas memórias, mais parecidas com sensações vagas do que recordações concretas.

"Entendi, só um segundo." Sonny saiu da sala, fechando cuidadosamente a porta atrás de si. Não demorou muito para ele retornar, desta vez com uma adolescente a tiracolo. Ela tinha cabelos negros rebeldes, bem espessos, que cascavam para além dos ombros.

Sua roupa espelhava a de Raze - uma camiseta cinza simples e calças - mas seus olhos, sombreados por baixo, insinuavam um mundo de fadiga.

Assim que Raze pousou os olhos sobre ela, uma torrente de emoções o inundou, e um sorriso involuntário se espalhou por seu rosto.

"Graças aos céus," Sonny suspirou aliviado. "Parece que você se lembra de sua irmã, Safa."

'Espera, minha irmã? Ele disse... minha irmã?'

De repente, as peças começaram a se encaixar, assim como quando ele viu seus pais. Memórias, há muito esquecidas, ressurgiram, ligando-o a esta menina.

"Ela estava escondida nos armários durante a confusão. Quando vasculhamos a casa, a encontramos tremendo lá dentro. O fato de vocês dois terem sobrevivido é nada menos que um milagre," Sonny elucidou. "Vou deixar vocês dois se reconectarem."

Com isso, Sonny saiu da sala mais uma vez. Safa, olhando para cima, para o irmão, ofereceu um sorriso tímido. Ela parecia ter a mesma idade de Raze, mas ele se lembrou de que ela era na verdade alguns anos mais nova.

Quase imediatamente, ela correu até Raze e agarrou-se ao braço dele, seu corpo se inclinando contra o dele. O coração de Raze começou a acelerar, e imagens começaram a inundar sua mente.

"NÃO ME TOQUE!" ele berrou, sacudindo-se violentamente para soltar o aperto dela e dando um passo para trás.

Safa recuou, assustada. Seus olhos se fixaram em Raze por alguns momentos antes de se encherem de lágrimas. Ela rapidamente recuou para trás de uma cadeira na sala, quase desabando no chão.

Raze ainda estava ofegante, seu coração batendo forte. Ao testemunhar sua reação, uma onda de culpa perfurou seu peito.

'Este corpo maldito... ainda está reagindo a ela... e minhas emoções são uma completa bagunça.'

Aproximando-se de Safa, que estava claramente ainda aterrorizada, Raze lutou para encontrar as palavras certas para remediar a situação.

"Eu... peço desculpa," ele gaguejou. "Algo está errado na minha cabeça. Eu meio que perdi a noção e não suporto ser tocado. Você entende isso?"

Safa, embora ainda um pouco apreensiva, assentiu lentamente com a cabeça.

'Ótimo, simplesmente ótimo. Ela perdeu toda a família, e o único que restou, seu irmão, agora é um lunático que grita com ela por simplesmente tocá-lo. Isso também não deve ser fácil para ela.'

Gradualmente, Safa recuperou a compostura e se levantou. Ambos ficaram lá, olhando um para o outro de forma constrangedora.

"Você se escondeu em um guarda-roupa, certo?" indagou Raze.

Safa assentiu mas permaneceu em silêncio. Raze começou a suspeitar que sua irmã pudesse ser muda. No entanto, à medida que certas memórias ressurgiam, ele percebeu que ela de fato era.

'Espere, se ela estava escondida no guarda-roupa... Ela testemunhou o que eu fiz? Ela me viu usar Magia? Se viu e contou às pessoas, haveria problema... Não, ela deve ter visto nada. Caso contrário, ela teria saído depois que o assassino foi neutralizado, ou quando a Brigada Vermelha chegou.'

Sonny reentrou na sala, batendo palmas juntas alegremente.

"Certo, tenho boas notícias para vocês dois. Descobrimos onde vocês vão ficar por enquanto. Eu sei que é uma situação difícil, mas explicarei tudo a seu tempo. Por agora, é só me seguir."

Eles saíram do prédio e caminharam pelo extenso pátio da base. Raze seguia atrás de Sonny, enquanto Safa permanecia atrás, com a cabeça baixa.

"Mesmo que eu não esteja com vocês dois, vocês serão bem cuidados. Se precisarem de alguma coisa ou apenas quiserem conversar, venham me visitar. Claro, também vou checar como vocês estão amanhã para ver como estão se saindo."

De repente, Sonny parou no meio da frase e virou a cabeça para a direita. Rumando em direção a eles vinha outro homem, vestido de forma idêntica àquela com que Raze havia se encontrado anteriormente. Ele parecia materializar-se do nada.

Em um único e poderoso passo, ele encurtou a distância entre eles.

'Magia de aprimoramento!' Raze supôs. 'Então Magia realmente existe neste mundo?'

O homem misterioso empunhou um punhal, mirando diretamente em Raze. Na palma de sua mão, energia das Trevas girava ameaçadoramente.

'Eu não queria usá-la publicamente porque levantaria muitas perguntas. Mas se a minha vida está em jogo...'

"Punho Relâmpago Vermelho!" Sonny desferiu um soco, acertando o homem em cheio no peito e o lançando pelo ar até que ele batesse em um prédio do outro lado.

Testemunhando tal poder bruto, Raze ficou atônito, com a boca aberta.

"Que... tipo de Magia foi essa?" ele exclamou.

"Magia?" Sonny repetiu, confuso. "Aquilo não era Magia; eram artes marciais."

Raze havia adentrado um mundo onde as batalhas eram travadas não apenas com armas, mas também com socos.

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