"Compreendo."
Não havia surpresa ou traços de pânico no olhar de Isla. Ela simplesmente usou sua mão direita livre para segurar a xícara de chá e tomou mais um gole.
Seu comportamento distante também deixou Spencer e Amélia atônitos. A duquesa de antes estaria feliz com essa ocasião, já que um convite do palácio imperial é algo bom, especialmente se for da Imperatriz mima e amada do Imperador.
Conhecendo a duquesa, ela iria querer informar ao duque imediatamente. Agora... ela parece indiferente, como se um convite da Imperatriz não fosse nada além de lixo.
"O que aconteceu?" Spencer queria saber para onde desapareceu a duquesa alegre e radiante, depois da descoberta da gravidez. Nem mesmo a indiferença do duque fazia a duquesa deixar de ser assim.
"A menos que..." Os olhos de Spencer tremeram com a realização que apareceu em seus pensamentos.
"Spencer, por favor, explique o motivo pelo qual Sua Majestade Imperial me chamou." Isla pousou a xícara no pires e continuou a contemplar as flores. Mas se alguém olhasse de perto, seus olhos distantes cintilavam com várias emoções, como se ela recordasse uma memória... uma de suas memórias dolorosas.
Escondendo seus pensamentos, Spencer rasgou o envelope e retirou o cartão dobrado. Amélia pegou o envelope rasgado dele, e ele abriu o cartão para ler as palavras.
"Um chá... Sua Majestade Imperial diz que faz tempo desde que o duque e a duquesa visitaram o palácio. Ela espera vê-los no seu chá com outras senhoras nobres."
Após declarar as palavras relevantes, Spencer abaixou o cartão e olhou para a duquesa.
"Hum," Isla assentiu, ainda com seus olhos distantes, e perguntou, "Quando será?"
"O chá será daqui a dois dias, duquesa," respondeu Spencer.
Isla não disse nada por um momento enquanto o vento acariciava seu rosto, fazendo seus longos cabelos prateados esvoaçarem em um movimento ondulante. Ela fechou os olhos para apreciar o consolo da natureza, já que tudo que aconteceu em sua segunda vida aconteceria mais uma vez.
E a primeira coisa foi o convite da Imperatriz. Foram as mesmas palavras, e a mesma pessoa entregou o envelope ao ducado.
O chá da Imperatriz também foi o lugar onde ela finalmente encontrou a mulher que lhe roubou o marido e seu filho.
"Parece que as coisas vão ficar barulhentas novamente," Seus olhos fechados revelaram a cor familiar similar ao céu em um dia limpo e ensolarado, e Isla voltou seu olhar para Spencer e Amélia. Suas únicas palavras para eles foram, "Preparem-se para o chá."
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"Minha Senhora, isto está lindo!" Amélia exclamou como uma fã encontrando sua celebridade favorita. Ela continuou a acenar com a cabeça enquanto andava ao redor da Isla em pé.
Isla soltou uma risada pequena enquanto se olhava no espelho de seu vestiário.
"Eles acertaram no estilo." O trabalho apressado do designer a satisfez.
No dia em que recebeu o convite da Imperatriz, foi o mesmo dia que ela chamou seu designer. Para esse tipo de evento, as senhoras nobres se embelezam com vestidos caros, sapatos e joias excessivas. Elas não fazem isso só por aparência, mas por muitas razões. Senhoras nobres solteiras querem atrair maridos em potencial, e as casadas querem se gabar de seus maridos gastando dinheiro nelas e mostrar que seu casamento é perfeito, como um conto de fadas.
Ela não era nenhuma dessas senhoras em sua segunda vida. Ela só se adornava para atrair a atenção de seu marido e esconder a vida triste de seu casamento dos olhos curiosos.
Isla colocou a mão em sua barriga ainda plana e assentiu, "Não está apertado, o que é bom."
"Minha Senhora, tem certeza que não quer usar mais joias?" Amélia ainda expressou sua preocupação.
"Não, o vestido está bom assim," Isla balançou a cabeça enquanto admirava o vestido de tule azul claro em linha A com sua alça de contas ao redor da cintura, seu cabelo enfeitado com uma tiara de flores na trança única do meio e um brinco simples.
Era um vestido e estilo simples, elegante e livre, diferente dos corsets apertados e vestidos bufantes incômodos.
"Esta sou eu da minha primeira vida," Ela girou, fazendo a cauda do vestido longo seguir seu movimento.
Vendo que tudo estava bem, Isla parou seus giros e disse a Amélia, "Vamos."
"Sim, Minha Senhora."
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"Vossa Graça... devo informar ao duque?" Spencer trouxe essa questão à Isla, que estava prestes a entrar na carruagem. Ele não sabia o que fazer, já que o comportamento dela no último mês mostrava que ela não se associava mais com o duque, e isso o assustava, porque ele conseguia ver o quanto ela realmente se importava com o duque.
Isla pausou com suas palavras, então embarcou na carruagem. "Faça o que quiser, Spencer."
Outro significado por trás dessas palavras era, 'Não me importo se você contar a ele ou não.'
Spencer sorriu com tristeza. De alguma forma, ele tinha a sensação de que o duque havia perdido algo precioso e talvez nunca o recuperasse.
Uma vez que Isla entrou na carruagem, o cocheiro fechou a porta, e Spencer, junto com os servos alinhados, se curvou, "Tenha uma boa viagem ao palácio, Vossa Graça."
A carruagem começou a se mover até desaparecer da vista dos servos agora parados.
"Será que... Sua Graça não ama mais o duque?" Um dos servos perguntou hesitante a Spencer.
"...Eu não sei," Essa foi a única resposta que ele pôde dar aos servos curiosos. Logo após, ele acrescentou, "Os assuntos de nossa senhora não são de nossa preocupação. Todos devem continuar com suas tarefas matinais."
Como os servos curiosos não conseguiram uma resposta definitiva do Mordomo, eles acataram sua ordem e se dispersaram como folhas sopradas pelo vento.
"Vossa Graça... você desistiu do duque por causa de sua aventura?" Spencer sussurrou para si mesmo, pois essa era a única razão que ele conseguia imaginar para o comportamento distante da duquesa.
Se fosse qualquer outro nobre, Spencer acharia que a esposa estava certa em desistir de seu marido por causa de sua aventura, mas a pessoa em questão é o duque. Alguém que ele cuidou desde o nascimento junto com a falecida duquesa.
"Bennett... Eu rezo para que seu filho não faça o que você fez que o levou a morrer com arrependimentos." Ele chamou o nome de um velho amigo, seu amigo próximo, e o pai do duque.
"Afinal, você foi a causa da morte da falecida duquesa."
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