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Algumas semanas atrás...
Nora caminhava em direção ao seu lar num turbilhão de emoções, desatenta ao seu redor. Ela havia acabado de finalizar tudo com o buffet, mas o comentário da mulher a deixara um tanto abalada. Mesmo que a mulher tivesse apenas apontado casualmente que ela era muito jovem e não tinha conhecimento do mundo, Nora não conseguira dar uma resposta adequada. Desde quando a idade importava quando se tratava de amar alguém? Ela e Antonio se amavam. Eles aprenderiam sobre o mundo juntos.
Mas agora as dúvidas começaram a surgir e ela não podia deixar de se sentir um pouco insegura, questionando se eles estavam tomando esta decisão muito rapidamente. Eles tinham ficado juntos por tanto tempo e poderiam continuar juntos no futuro também, sem a necessidade de rotular a relação.
Felizmente, seu lado lógico interveio, lembrando-a que ela e Antonio se conheciam bem e que também não havia necessidade de provar nada para os outros. Já que Antonio estava pronto para levar a relação a um novo patamar, ela não tinha problema com isso.
Por que importaria se eles se casassem agora ou depois? Afinal, eles iriam para a mesma universidade para continuar os estudos, e oficializar o casamento não mudaria isso. Provavelmente ela estava sentindo tudo isso porque não tinha falado com ele na semana passada.
Deixando de lado suas dúvidas, considerou-as nervosismo pré-nupcial e respirou fundo para clarear a mente. Ela precisava relembrar todos os bons momentos que tiveram. De como tinham se apoiado durante os anos, comemorando pequenas vitórias e superando falhas.
Ela sorriu suavemente ao pensar em como ele a havia convidado para sair. Ele estava nervoso, sem conseguir olhar para ela enquanto lhe entregava uma simples rosa antes de enterrar o rosto no livro de história. Talvez ela devesse lhe fazer uma surpresa.
E se ela recriasse a cena em que ele a pediu em namoro? Ela tinha as chaves da casa dele. Tudo o que precisava era do livro didático e da rosa. E então ela o convidaria para um encontro. Ao ter essa ideia, Nora concordou consigo mesma e começou alegremente a planejar tudo.
Primeiro, ela precisava ir buscar a chave reserva na sua casa e então
***
Em breve, Nora estava em frente à casa de Antonio, seu coração palpitando de nervosismo. Ao ver a luz acesa no andar superior, ela se perguntou se estava atrasada e se ele já havia chegado. Foi só enquanto fazia os preparativos que ela percebeu que só sabia a data do retorno de Antonio, não o horário.
Imaginou se sua surpresa seria arruinada, mas sorriu. Simplesmente teria que adaptar um pouco as coisas. Inserindo a chave, ela abriu a porta e entrou devagar, a excitação correndo pelas suas veias.
Porém, mal havia dado alguns passos quando ouviu o som de alguém chorando alto. Nora parou a meio passo. Havia uma mulher na casa de Antonio, e ela estava chorando. Teria Tia Kimaya voltado com Antonio? Mas por que ela estaria chorando? A mãe de Antonio era uma pessoa alegre que estava sempre calma. Apenas algo drástico causaria uma reação assim. Talvez fosse uma amiga de Antonio que precisava de ajuda. Afinal, Antonio adorava ser o Cavaleiro de todos.
No entanto, antes que pudesse se acalmar, Nora reconheceu a voz que falou a seguir, "Antonio, por favor, você tem que contar pra ela".
Nora congelou no lugar. Era a voz de Sara. Sara, a irmãzinha dela deveria ter ido à casa da melhor amiga para estudarem em grupo. Seu coração disparou no peito enquanto ela ficava paralisada, ouvindo a revelação devastadora se desdobrar diante dela. Sua mente lutava para processar a verdade.
Através das paredes finas, ela ouviu Sara implorando, "Antonio, você tem que contar para ela. Não podemos continuar assim, escondendo nossos sentimentos. Ela merece saber a verdade, e nós precisamos ficar juntos. Eu quero contar para o mundo inteiro que estamos apaixonados. Eu quero estar ao seu lado com direito e não como um segredo sujo. Por favor, Antonio..."
Quaisquer desculpas que ela estava tentando encontrar para a presença inesperada de Sara desapareceram. Ela se aquietou e esperou pela resposta de Antonio. Ele recusaria Sara, ela sabia. Ele negaria amá-la e diria que era tudo imaginação dela.
Mas então, "Sara, não é tão simples. Terminar com Nora vai machucá-la tanto, e eu não suporto vê-la sofrer".
O coração de Nora afundou ainda mais, ao perceber que Antonio não apenas a estava traindo, mas também estava em conflito sobre se deveria encerrar o relacionamento deles. Ela prendeu a respiração enquanto o peso da situação a esmagava.
"Entendo. Antonio, eu já contei tudo para a mãe. Ela está disposta a nos apoiar. Só você precisa ser franco com a Nora...Antonio, você aguenta me magoar e me ver sofrer, a garota que você diz amar, mas..."
O silêncio de Antonio falou mais alto e naquele momento Nora entendeu. Ele realmente amava Sara e não ela. E ele estava hesitante por causa de suas próprias emoções conflitantes. "Sara, me dê um tempo..."
Nora deu um passo para trás e enxugou as lágrimas. Ela precisava sair dali e se afastar da dolorosa realidade. Todas as lembranças do tempo juntos que compartilhara com Antonio agora pareciam zombar dela.
Girando nos calcanhares, Nora rapidamente deixou a casa, os objetos que trouxera para a surpresa ainda firmemente apertados em seus braços. Enquanto o ar frio do lado de fora batia em seu rosto, Nora só se sentia sufocada. A dor da traição, a confusão e o sofrimento a desorientavam.
Errante, ela vagava pelas ruas, perguntando-se como tinha sido tão ingênua. Antonio não havia sempre dito que a amava só a ela? Ele havia prometido sempre ficar ao lado dela, no entanto, deixou que o que quer que sentisse por ele se despedaçasse sob o peso de sua decepção.
Ela era tão tola. Deveria ter lembrado que ninguém a amaria. Afinal, sua própria família...
Enquanto ela se perdida em pensamentos negativos, o toque do telefone a interrompeu. Distraída, ela pegou o telefone e olhou para o nome do chamador...
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