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Não mais real

Foi absolutamente enfurecedor.

Daphne já não sabia se estava apenas com raiva do homem ou se tudo o que ele fazia realmente contrariava tudo o que havia de certo no mundo. No entanto, não importava o que Atticus fizesse - até mesmo respirar - fazia o olho de Daphne tremer e as mãos coçarem.

Ela havia sido levada para fora do pátio interno que estava percorrendo e levada para a saída dos fundos onde estavam os estábulos. Lá, ela esperou por alguns minutos com os ajudantes do castelo em silêncio até que, finalmente, seu cavaleiro em armadura brilhante chegou em um cavalo branco.

Só que ele não era realmente um cavaleiro nem estava vestido como um.

Atticus não parecia muito diferente de como estava vestido anteriormente, além do novo colete marrom que ele havia adicionado por cima de sua camisa de linho. Seu cabelo estava despenteado, ainda um pouco úmido pela água do banho que Daphne supunha que ele havia tomado. Os materiais que ele escolheu para suas roupas eram muito mais simples, mais próximos ao que os camponeses de verdade usariam. Mas mesmo desprovido de todo o brilho e glamour, ele ainda era uma visão para olhos doloridos.

'É bruxaria,' Daphne pensou consigo mesma, incapaz de evitar um sorriso irônico ao vê-lo aproximar-se no cavalo.

"Seu disfarce não é realista", ela disse em voz alta quando ele se aproximou. "Nenhum camponês é tão bonito. É irreal."

"Então você admite." Atticus sorriu astutamente, estendendo uma mão para ela segurar.

Daphne estava prestes a pegar na mão dele quando ouviu suas palavras, pausando. Ela lançou-lhe um olhar curioso enquanto seu sorriso se alargava.

"Você admite que eu sou bonito?"

Imediatamente, Daphne franziu a testa, afastando a mão dele ao invés de segurá-la. Para surpresa de Atticus e dos servos próximos, ela montou facilmente no cavalo por conta própria sem precisar da ajuda de ninguém. Sentada confortavelmente atrás de Atticus, Daphne bufou.

"O que quer que te agrade, Vossa Majestade", disse ela com condescendência.

"E como você saberia como os camponeses reais parecem?" Atticus continuou, ignorando os olhares mortais que ela lançava para ele. "Você tem olhado para muitos homens camponeses? Eu pensei que a princesa de vidro de Reaweth nunca tinha saído do palácio real. Princesa, você tem algo a confessar?"

Se olhares pudessem matar, até mesmo o grande rei de Vramid estaria seis pés abaixo da terra com a forma como Daphne estava lançando olhares furiosos para ele.

"Vamos. Embora."

O riso de Atticus era melodioso. Ele levantou as rédeas do cavalo, preparado para mandá-lo em um galopar. Logo antes, lançou um olhar por cima do ombro para ver a princesa emburrada atrás dele.

"Você pode querer se segurar um pouco mais apertado, raio de sol."

"Estou bem", Daphne respondeu, segurando na sela. Ela sabia o que Atticus estava insinuando e ela não queria dar-lhe essa satisfação.

"Não diga que eu não te avisei." As palavras foram cantaroladas. "Hyah!"

Assim que o cavalo saiu em disparada, Daphne foi lançada para a frente com um grito, seus braços imediatamente envolvendo o tronco firme de Atticus. Ela pressionou o rosto firmemente contra suas costas, basicamente se agarrando para salvar sua própria vida. Ela tinha cavalgado antes e era bastante habilidosa nisso também. No entanto, nunca tinham ido a tais velocidades, especialmente quando ela não era a que segurava as rédeas.

Com o estrondo dos cascos contra o chão e o vento que batia em seus ouvidos, Daphne mal ouviu a risada de Atticus.

Os servos que foram deixados na poeira, por outro lado, encaravam boquiabertos seu rei - um homem que eles nunca tinham visto sorrir tão genuinamente antes.

***

Eles alcançaram as periferias da cidade em pouco tempo, pois Atticus cavalgava como um louco. Daphne não queria se agarrar a ele, mas também não queria acabar como uma mancha feia no chão.

"Nunca mais", Daphne ofegou quando ele finalmente fez o cavalo parar em um estábulo sem descrição.

"Está tudo certo, raio de sol?" Atticus perguntou, desmontando facilmente do cavalo e amarrando suas rédeas no poste. Ele olhou para ela com um sorriso malicioso e ofereceu uma mão para ajudá-la a descer. "Você está pálida."

"Estou. Bem." Daphne disse entre dentes, ignorando intencionalmente sua mão estendida. Mas suas tentativas de se descer sem ajuda foram infrutíferas. O cavalo era mais alto do que ela estava acostumada, e seus membros ainda estavam trêmulos. Atticus riu, e simplesmente a tirou da sela e a plantou no monte de neve, ignorando seus ruídos indignados.

"Se eu esperasse você descer, a primavera chegaria. Vamos, raio de sol."

Antes que Daphne pudesse responder, Atticus deslizou seus dedos entre os dela. Ela congelou, não acostumada com a sensação. Sua mão era grande, muito mais do que ela havia imaginado só de olhar. E o calor que emanava rivalizava com o frio gélido do inverno. Era aconchegante ter seus dedos congelados enfiados em sua mão, protegidos do vento.

Ela não saiu do lugar, com medo de que, se o fizesse, o encanto seria quebrado. Quem sabia que o mero toque de uma mão poderia ser uma coisa tão reconfortante? No entanto, Atticus não percebeu como a princesa estava paralisada em seu lugar. Ele simplesmente a puxou para o caminho da vila, onde se juntaram aos casais e famílias a caminho da feira.

As tendas coloridas que Daphne avistou do castelo logo vieram à vista. O nariz de Daphne farejou; o ar de inverno era fresco e frio, mas Daphne estava focada nas fragrâncias agradáveis. Uma rápida olhadela mostrou que havia vendedores vendendo comida e bebida. Batatas assadas cobertas de molho, carne grelhada temperada com especiarias, doce açucarado em palitos...

Sua boca encheu de água.

"Você está com fome?" Atticus perguntou. "Você passou uma hora vagando pelo labirinto como um pato contundido."

"Não, está tudo bem, estou perfeitamente bem, obrigada", disse Daphne primorosamente, não querendo dar-lhe a satisfação de estar certo.

Seu estômago roncou, alto o suficiente para ambos ouvirem. Daphne corou de vergonha.

"Acho que seu estômago está falando mais verdade do que sua boca". Atticus assoviou alegremente. "Vou escolher algo para você experimentar."

"Vou pegar eu mesma!" Daphne declarou. Esta era sua primeira vez em uma feira, e ela seria danada se deixasse Atticus arrastá-la sem qualquer input dela.

"Como você quiser, esposa." Atticus se inclinou galantemente, fazendo alguns espectadores rirem de suas teatralidades. As mulheres, especialmente, riam às escondidas.

"Quem é ele? Um viajante?"

"Quero saber de qual aldeia ele é!"

"Tão bonito!"

"Ah... que pena que ele já está casado."

"É sempre com os bons que são comprometidos..."

Daphne revirou os olhos diante das fofocas enquanto se dirigia para a barraca de carne grelhada. Se essas mulheres o quisessem, ela o entregaria sem pensar duas vezes. Já que ele havia se dado ao trabalho de sequestrá-la, ela até o embalaria em um saco de serapilheira como pagamento.

Enquanto isso, Atticus caminhava despreocupadamente atrás da esposa, as mãos nos bolsos enquanto assobiava uma melodia animada. Sua pequena esposa era hilária quando tinha birra.

"O que você quer?"

"Um... presunto adocicado com especiarias, por favor. E um pão defumado assado. E um pedaço de porco grelhado!" Tudo parecia delicioso, e Daphne queria um de cada.

"Certo! Serão 50 cobres."

Daphne meteu a mão nos bolsos e parou.

Ela se esqueceu de trazer algum dinheiro com ela. E não é como se ela tivesse algum dinheiro, sendo uma prisioneira.

"Você não pode pagar?" O rosto do comerciante escureceu. "Então saia da fila!"

"Querida, por que você caminhou tão rápido?" Atticus exclamou em voz alta, atraindo a atenção de todos. Ele tilintava sua bolsa de moedas na frente dela provocativamente. Ela soava pesada.

"Esquecendo algo?"

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