Richard ficou pensativo após a saída de Andrey e após alguns minutos sorriu e ligou para a mesa de Emma. Ninguém atendeu. Ficou preocupado. Será que ela fora embora por causa da estupidez de Andrey? Ligou para a recepção e ela não havia passado por lá, o que significava que ela não tinha saído do prédio. Seu telefone tocou quando ele já estava pensando em mandar os seguranças procurar por ela e ele viu que a ligação vinha da mesa dela. Ele atendeu.
"Vi que ligou para cá. Eu... estava no banheiro. Posso ajudá-lo?" Emma perguntou com voz fria e cortante.
"Emma, venha até aqui." Ele disse e desligou o telefone.
Emma ouviu o clique do outro lado. Ele ia demitir ela. Era quase certo que o fizesse. Qual será a relação que ele tinha com o homem? Se fossem amigos, com certeza Andrey pediu a cabeça dela. Mas não podia fugir disso, se ajeitou e entrou na sala de Richard de cabeça erguida. Não iria se humilhar. Podia se erguer novamente em outro lugar.
"Senta Emma." Ele disse apontando para a cadeira em sua frente.
Ela se aproximou devagar, o fitando desconfiada e sentou.
"De onde você conhece Andrey?" Ele foi bem direto e finalmente viu algo além de frieza e indiferença nos olhos dela. Surpresa.
"Não falarei sobre isso." Ela disse firme.
Richard ficou a olhando pensativo. Queria que fossem mais que conhecidos, mas aquela mania que ela tinha de dizer poucas palavras e sua eterna indiferença eram uma barreira. Mas ele tentaria assim mesmo.
"Sabe... Ele me pediu que a mandasse embora..."
Emma ficou em silencio e não se surpreendeu dessa vez.
"O que acha de irmos a uma boate em um bairro vizinho hoje à noite? Soube que servem um coquetel muito bom lá."
"Não."
Richard riu divertido.
"Porque não?"
"Filho." Ela disse se levantando.
"Eu o levo para minha casa. Tenho criados que vão cuidar dele..."
"Porque?"
Richard entendeu. Nesses meses aprendera a entender suas pequenas falas. Não gostava, mas acabou se habituando. Ela tinha medo do interesse dele ser apenas pelo seu corpo. Ele sempre foi devagar com ela por saber que fora abusada pelo pai de seu filho. Um detetive que contratou lhe contou. Era normal que ela tivesse criado traumas.
"Eu apenas quero conhecer você melhor... Não vou tentar nada que você não queira... Tenho uma amiga... Se quiser, ela pode ir conosco, se isso a fizer se sentir mais segura. Não pode viver isolada dessa forma. Precisa sair para se divertir e conhecer outras pessoas..."
Emma ficou pensativa. Ele era bonito e ela se sentia bem ao lado dele. Passar uma noite na companhia dele seria agradável, mas não confiava em ninguém para olhar seu menino. Não sem que antes ela pudesse avaliar o caráter.
"Jantar na minha casa." Ela disse e deu as costas, mas antes de sair lembrou de algo. "Sem amiga." Ela disse e saiu.
Richard sorriu. Acabara de vencer uma batalha. Não imaginou que ela fosse o convidar. Era surpreendente. As horas demoraram para passar. Ele foi embora antes de Emma. Queria comprar rosas vermelhas e uma pulseira para ela. Nada muito extravagante ou a assustaria. Se despediu dela e a liberou para ir para casa. Emma foi até a creche, pegou Caio e o levou em seus braços para casa. Ele fez aniversário, mas ela estava pensando em dar uma festa para ele dali uma semana. O que ela ganhava não era ruim, mas ela não tinha mais economias. Gastava tudo comprando coisas que faziam Caio feliz. Mas queria fazer uma festa para ele e os amiguinhos da creche. Pensou em fazer um empréstimo. Um que não comprometesse muito sua renda. Chegou em casa e colocou Caio no chão e ele saiu para seu quarto repleto de brinquedos. Era o lugar preferido dele. Ela não havia feito uma reforma do lado de fora e agora estava envergonhada. Richard pensaria que ela era uma pessoa fútil e vazia. Claro que ele não diria nada, mas tinha certeza que ele pensaria. Foi até a cozinha, onde ficou duas horas preparando o jantar e quando tudo estava pronto, subiu para o quarto de Caio e deu banho nele. Depois de alimentar ele, o colocou para dormir, coisa que aconteceu rápido como sempre. Ele sempre chegava exausto de tanto brincar com seus amiguinhos na creche.
Emma abriu seu armário e só então se lembrou que não tinha nada muito... Especial para vestir. Escolheu seu vestido de luto, que era sua melhor opção e foi para o banho. Lavou os cabelos e depois os secou e os deixou soltos. Não sabia como se maquiar e não tinha nada de maquiagem. Apenas fez as unhas e passou uma base e sentiu que fez o melhor possível que podia, quando ouviu a campainha. Desceu descalça e abriu a porta. Sabia que seu rosto havia ficado vermelho, pois ela pôde sentir a ardência. Richard estava com rosas e vinho nas mãos, vestido informalmente, como se adivinhasse que ela não teria como se vestir para uma noite especial. O perfume dele era agradável. E ela o achou mais lindo do que no escritório. Ela recebeu as flores e sem dizer nada, mas deixando a porta aberta, foi colocar elas em um jarro. Achou que ficariam bem na mesa e as colocou no centro. Ele veio atrás dela e quando ela já ia para a cozinha para pegar o jantar ele a segurou pelos ombros com firmeza e ela ficou com medo. Estavam sozinhos e ninguém lhe ouviria os gritos se ele resolvesse machucar ela. A casa era afastada dos vizinhos.
"Emma... Pelo menos essa noite... Converse comigo." Ele disse e a soltou pegando o a garrafa de vinho e mostrando para ela. "Tem um abridor?" Ele perguntou e assim que ela foi em direção a cozinha, ainda desconfiada e um pouco arrependida de o ter convidado, ele a seguiu.
Para surpresa de Emma, ele ajudou a servir a entrada, depois de abrir o vinho e procurar por taças que ela não tinha e pegar dois copos comuns.
Eles se sentaram e a conversa começou a fluir depois do segundo copo de vinho de Emma, contudo ela não falava quase nada sobre ela e fazia perguntas sobre a vida dele. Era muito interessada nas viagens que ele fizera e fazia perguntas especificas sobre cada lugar.
"Qual desses lugares você gostaria de conhecer?"
"Partenon."
"Grécia? Boa escolha. Se você se casar comigo, poderemos passar a lua de mel lá..." Ele disse sorrindo e pela segunda vez na noite viu Emma corar. Será que ela fazia ideia do quanto ficava excitante quando ficava vermelha como uma virgem?
Ele a ajudou a limpar a mesa para o prato principal e iniciaram outra conversa e ele só não via o sorriso dela, mas parecia que ela estava gostando. A garrafa de vinho acabou e ele usou o celular para pedir que o motorista trouxesse outra. Ela não reagiu contra. Ele a ajudou a lavar a louça e depois se sentaram na sala para terminar o vinho. Richard estava se sentindo muito confortável ali e assustou quando viu o adiantar da hora. Já eram quatro horas da manhã. Ele se levantou para se despedir e viu que ela pareceu aborrecida. Tirou a caixinha com a pulseira do bolso e a entregou. Ela abriu e o fitou sem dizer nada e a colocou no pulso.
"Emma... Não vai mudar nada entre nós se disser não. Vou entender. Mas... Você quer ser minha namorada?"
Emma o fitou com olhos arregalados e depois para os lados antes de responder sem o encarar.
"Quero." Era algo que ela queria já há muito tempo. Havia aprendido a gostar daquele homem. Ele não era mau.
Richard sorriu feliz. Era o dia mais feliz de sua vida. Sem resistir a puxou para si e a beijou. Não era um beijo suave como ela esperava, era um beijo possessivo e dominador. Quando ele a enlaçou pela cintura para que ficassem mais próximos, ela rodeou seu pescoço e correspondeu a seu beijo. Ele se afastou dela e ambos estavam ofegantes. Ele percebeu que ambos queriam a mesma coisa. Dormir juntos. Mas ele sabia que se fizesse isso naquele momento, em que ela havia bebido e estava mais solta, ela se arrependeria e era capaz de não voltar mais para trabalhar. Tinha medo que ela fugisse. Então ele resistiu a todos os seus impulsos e foi embora. O motorista estava dormindo no carro quando ele entrou e o acordou se desculpando.
Quando Richard entrou no escritório já era onze horas. Cumprimentou Emma com um sorriso e ela apontou com o queixo um homem de cabelos negros e olhos puxados esperando na poltrona da sala dela.
"Mr. Yong." Emma apresentou friamente.
Richard o fitou com surpresa. Havia se esquecido completamente da visita dele. Ele só foi a empresa, para roubar mais um beijo de Emma e planejar um final de semana com ela, não para tratar de negócios. Ele se voltou para Emma.
"Pode me esperar para almoçarmos juntos?" Ele perguntou e ela acenou afirmativamente com a cabeça. Isso o tranquilizou, pois acreditava que ela estaria arrependida, mas não havia sinais disso.
Cumprimentou o homem e o convidou para seu escritório. Apontou a cadeira para ele e sentou se em sua frente.
"Vim negociar os trinta por cento restante da minha tecnologia. Andrey comprou setenta por cento ontem. Disse que você concordou com essa forma de serem sócios."
"É verdade." Richard disse e pegou o talão de cheque. "Quanto quer pelos trinta por cento restante?"
O homem falou o montante e Richard sorriu e largou a caneta, se recostando de volta a cadeira confortável.
"É exatamente a quantia que deixei escapar que equivalem a todo meu patrimônio." Ele balançou a cabeça sorrindo. "Duvido que os setenta por cento de Andrey tenha ultrapassado esse valor."
"Não sei do que está falando."
"Por favor. Não insulte minha inteligência. Sou alguém que gosta de curtir a vida sem me preocupar com dinheiro sim, mas antes disso, sou um homem de negócios muito bem informado. Andrey achou mesmo que esse valor vai me deixar falido? São dois tolos." Richard disse e mexeu em seu computador. "Tenho aqui o valor dos setenta por cento que vendeu a Andrey. Um valor bem inferior pelo que está me pedindo pelos trinta por cento, não acha?"
O homem ficou vermelho e se levantou.
"Se sair daqui agora, não vou impedir você. Mas vou garantir que você seja o detentor desses trinta por cento pelo resto da vida. Pode não ser algo tão ruim... Eu só aceitei esse acordo para resgatar a minha amizade com Andrey. Então, não tenho interesse real nos trinta por cento, apesar de poder pagar sete vezes a quantia expansiva que me pediu, sem sofrer um abalo em minhas finanças. Creio que foi um teste de Andrey."
"E quanto está disposto a pagar?"
"O valor dos trinta por cento, considerando o valor dos setenta por cento que vendeu a Andrey. Nem um centavo a mais."
O homem voltou a se sentar.
"Não vou entrar na briga de vocês. Eu aceito."
Richard fez o cheque e assim que o homem saiu, sorriu e ligou para Andrey.
"Acho que acabamos de nos tornar sócios, meu amigo."
"Isso é muito bom."
"Sim... Considerando que você fez o homem me cobrar uma quantia exorbitante, acreditando assim que eu ficaria falido. Paguei o preço justo e agora temos um motivo para nos corresponder e nos encontrarmos."
Richard ouviu a risada de Andrey.
"Trinta por cento não te garante uma voz ativa para decidir o que fazer com a tecnologia. Mas quero almoçar com você. Está livre hoje?"
"Não. Tenho compromisso para esse almoço."
"Então jantaremos juntos." Andrey disse e desligou.
Aquele japonês idiota deixou que Richard entendesse o que estava acontecendo. Mas ainda não estava tudo perdido. Naquela manhã havia conseguido finalmente, ter em suas mãos a verdadeira situação financeira de Richard. Sabia agora que ele não estava falindo. Que todas as informações obtidas foram para o distrair da realidade e isso não o importava mais. Mas o detetive o seguiu até a casa da vadia que cobrou cem mil dólares dele e só saiu de lá quase amanhecendo o dia. Descobriu também o nome do mandante da morte de seu pai e decidiu entrar para essa gangue e vingar ele. Mas isso teria que esperar. Primeiro tinha que se casar para cumprir o pedido de seu pai adotivo. E tinha decidido que Emma seria sua esposa. Ainda mais agora que sabia que só tinha a ganhar com aquele casamento. Se vingaria de Richard e teria em sua cama uma mulher excepcional e ao seu lado uma dama linda que arrastaria multidões de olhares invejosos. Ele já tinha contratado os melhores contadores para conseguir o que queria. Ainda estava pensando nisso quando o telefone tocou. Era o detetive.
"Ela simulou um empréstimo no seu banco aqui da cidade. Pelo aplicativo de celular." O detetive que colocou atrás de Emma informou.
Andrey sorriu. Foi uma boa ideia clonar o celular dela.
"Qual o valor?"
"Vinte mil dólares."
"Facilite para ela. Mande que ofereçam mais. A casa precisa de uma reforma e ela vai ficar tentada a aceitar se fizer uma boa proposta."
"Outra coisa. Richard está almoçando com ela neste momento."
"Observe eles e depois me diga. Tente se sentar em uma mesa discreta, mais próxima deles. Seria bom saber sobre o que estão falando."
"Farei isso." O detetive disse e desligou.
Andrey ligou para Elena e a convidou para almoçarem juntos. Ela aceitou. Ele precisava estar com alguém ainda aquela tarde. Não tinha tempo para galanteios. Elena sempre aceitava se deitar com ele depois de uma garrafa de vinho caro. Ele pegou a chave de seu carro na mesa e saiu.
Richard pegou na mão de Emma por cima da mesa e ela não rejeitou o contato. Ele lhe sorriu. Ela não retribuiu, mas ficou vermelha, o que para ele era até melhor.
"O que fazem?" Ela perguntou de repente.
"Costumo decifrar suas pequenas frases, mas dessa vez... Não entendi."
"Namorados. O que fazem?"
Ele se recostou na cadeira enquanto o garçom servia a mesa com a testa franzida.
"Você... O pai de Caio. Você não namorou com ele?"
Ela ficou com os verdes cortantes e retirou a sua mão.
"O que você espera de um namoro?"
Richard entendeu. Ela só queria saber o que ele esperava dela.
"Não vou apressar você, Emma, nem a pressionar de forma alguma. Espero conquistar sua confiança em breve. Espero que você fale mais comigo e que me diga também o que espera de nosso namoro. Não existe uma regra para namorar. As coisas vão acontecendo em seu devido tempo. E quando... Se o casal perceber que se ama, podem vir até a se casar..."
Ela suavizou a expressão.
"Devagar é bom." Ela disse e começou a comer.
Enquanto almoçavam, Richard começou a lhe dar mais detalhes sobre sua viagem a Grécia o que fez os olhos dela brilharem de interesse.
Assim que terminaram o almoço, ele se despediu dela, dizendo que ia para casa mais cedo, pois tinha um compromisso para o jantar e precisava descansar. Aconselhou ela a fazer o mesmo, pois sabia que ela também não devia ter dormido nada, e depois que voltaram ao escritório, ele lhe deu um beijo rápido nos lábios depois de pegar suas coisas e foi para casa. Ele tomou banho e foi dormir.
Emma trabalhou sua carga horária normal. Não queria que as pessoas começassem a falar que ela estava tendo privilégios, mas não se importava com o que pensavam. Apenas não queria que falassem dela e nem lembrassem que ela existia. No fim do expediente, pegou Caio na creche e foi para casa. O celular deu sinal de mensagem. Ela deixou que Caio fosse para seu quarto e averiguou a mensagem. O banco estava lhe oferecendo uma quantia maior, para o caso de ela ter interesse em comprar um carro novo e reformar a casa. Ela se surpreendeu. Não sabia que o banco era tão pouco burocrático. Respondeu imediatamente que aceitava a proposta, após ver que as parcelas não fariam tanta diferença em seu salário. A resposta veio em seguida. Ela devia estar no banco as oito horas para assinar o contrato e pegar o dinheiro que precisava. Emma ficou feliz. Poderia fazer a festa de Caio. Gastou um tempo considerável escolhendo os convites, para levar eles no dia seguinte para os amiguinhos de Caio. Olhou também a loja de artigos para festas. Tudo por aplicativos. Caio gostava do homem aranha e ela decidiu que a festa teria esse tema. Pelo celular gastou quase o montante que pegaria emprestado. Mas tinha que comprar um carro e comprou com o que seria o restante do dinheiro que pegaria emprestado e fez uma dívida grande. Mas não se importou. O empréstimo sairia no dia seguinte, e quando terminou agradeceu silenciosamente pelo gênio que inventara aquela maravilhosa tecnologia e foi tomar banho. Estava tão contente que nem jantou. Se deitou e dormiu depois de ficar imaginando o rosto feliz e surpreso de Caio e a sua sorte por estar namorando alguém tão agradável e compreensivo.
Andrey aguardou por cerca de uma hora no restaurante antes que Richard chegasse. Não que seu rival estivesse atrasado, mas porque ele gostava de preparar as coisas em seus mínimos detalhes. O detetive passou todas as negociações que Emma fez e ele sorriu. Ela usara exatamente cada centavo que o banco ofertou a ela. Como era tola. Já tinha dado as novas instruções ao detetive e agora só tinha que esperar. Ela não tinha nenhum conhecimento de sua herança, mas ele podia apostar que ela gastaria cada último centavo na primeira semana. A quantia que ela gastou aquele fim de tarde era bem generosa. Entendia que ela quisesse surpreender o filho, mas ela tinha que entender a sua classe social e viver conforme o que ganhava. Iria descobrir isso da pior forma. Ela parecia uma adolescente esbanjadora. Pelo menos pensou em fazer uma reforma em sua casa velha adquirida com o dinheiro que cobrou ele pela noite que passaram juntos. Richard estava certo que já tinha ganhado, e queria ver o rosto dele quando a casa perfeita que construiu em seus sonhos desmoronasse. Viu quando Richard entrou no restaurante. Os olhares das mulheres o acompanharam e ele as ignorou. Assim que o avistou se aproximou e estendeu a mão para Andrey. Andrey se levantou e o cumprimentou educado. Eles se sentaram e fizeram os seus pedidos. Começaram a falar sobre amenidades até ser servida a refeição.
"Tentou puxar meu tapete Andrey." Richard disse com um sorriso. "Creio que te surpreendi dessa vez. É bom estar um passo à frente para variar."
"Acha trinta por cento um passo à frente?" Andrey perguntou sorrindo debochado.
"Não foram os trinta por cento. Foi a sua tremenda estupidez de pensar que poderia me ver falido. Eu não herdei só os negócios de meu pai. Herdei também sua habilidade. Como pode acreditar que eu estivesse falindo? E como pode desejar me ver arruinado?"
"Posso levar você a falência se assim desejar, eu soube que tinha algo errado e muito antes do Yong te procurar com a oferta, já sabia que tinha dinheiro mais que suficiente, mas não é isso que está em questão agora. Para começar, quis jantar com você para dizer que quero que se ausente do país por pelo menos três meses. Sozinho."
Richard riu.
"E porque eu faria isso?"
"Por favor?" Andrey disse rindo confiante.
"Eu não vou fazer o que você quer, Andrey. Porque quer que eu saia do país?"
Andrey tirou sua carteira do bolso e jogou uma foto em cima da mesa. Richard a olhou e depois fitou Andrey sério.
"O que significa isso?"
"Uma charada para você. Onde será que está essa linda menininha de cabelos cacheados louros e doces olhos azuis? Você a escondeu do mundo e eu a escondi de você."
"Está passando dos limites Andrey. Sequestro é crime."
"Não a sequestrei. Apenas a escondi."
"Vou denunciar você!"
"Mesmo? E o que vai dizer a polícia? Que eu sequestrei sua filha que você não reconheceu e nem registrou que mora em outro país? Não parece muito coerente."
Richard o fitou irado. Pegou seu celular e ligou para Adele.
"Richard? O que houve?"
"Onde está a garota?"
"Dormindo em casa."
"Você não está com ela agora?"
"Não. Ela ficou com uma babá. Estou no meio de um jantar de negócios, então se você não tiver algo de importante para..."
"Vou ligar para casa." Richard disse e desligou o celular e logo ligou para a casa de Adele. O telefone tocou algumas vezes. Ele não reconheceu a voz da pessoa. Devia ser um garoto ainda.
"Onde está Caroline? Já dormiu?"
"Quem é essa pessoa? Quem está falando?"
"Chame a babá, por favor." Richard pediu.
Ouviu o garoto chamar por sua mãe e de repente uma voz enfadada de mulher o atendeu.
"Alô?"
"Onde está Caroline?"
"Não sei do que está falando. Tem certeza que discou o número certo?"
Richard ficou lívido e encarou Andrey que o fitava tranquilo e desligou. Voltou a ligar para Adele. Ela demorou mais para atender dessa vez.
"Você se mudou de Miami?"
Ela riu.
"Mudei sim. Tive uma oferta imperdível de uma empresa em outro país. Já tem uma semana que estou aqui."
"E onde é aqui?"
"Desculpe Richard. Não posso lhe dar essa informação. Vai ter que nos encontrar." Ela disse rindo e desligou.
Richard tentou por várias vezes ligar para ela novamente e por fim desistiu e voltou a encarar Andrey.
"Esse é um golpe baixo!"
"O que nós CEOs temos que fazer para conquistar o que queremos não é mesmo?"
"Jamais machucaria uma criança para conseguir algo, seja lá o que fosse!
"Não a machuquei. Dei oportunidade para a mãe da menina. Ela é muito competente. E ela aceitou. Só disse a ela que não podia dizer a você onde estava, por enquanto."
"Sabe que vou rastrear a ligação."
"Não esperava outra atitude de você."
Richard passou a mão pelo rosto suado.
"Vou me vingar Andrey. Um dia vai ter alguém tão importante em sua vida, quanto Caroline é para mim e nesse dia eu vou roubar essa pessoa de você."
"Nunca vou deixar alguém ter essa importância em minha vida, Richard. Terá que pensar em outra forma de se vingar. Não entendo como foi se apegar tanto a essa criança."
"Quando tiver filhos vai entender." Richard disse pensativo. Tinha que ligar para Emma.
"Richard, a sua única participação foi fazer uma doação para a bolsa de esperma. Porque você voltou atrás?"
"Porque... Não queria um filho meu crescendo sem o pai."
"E olha só o que fez? O senhor todo correto subornou todos que precisou para saber onde tinha sido colocado sua contribuição, já que chegou tarde para a resgatar. Devia ter esquecido disso. Adele queria um filho sem pai e é uma ótima mãe solteira."
"Não me importo com sua opinião." Richard disse e se levantou. Tirou algumas notas de cem da carteira e jogou na mesa. "Pode ficar com o troco."
"Tem que sair ainda essa noite se quiser encontrar ela ainda nesse país que vai rastrear. Vou convocar ela para administrar outra de minhas empresas se não tiver informações que você partiu."
"Porque está fazendo isso?"
"É apenas um jogo de interesses, Richard. Nunca se esqueça que consigo tudo que desejo. E nesse momento, quero você longe. E também não se esqueça que não esqueci de nossa recente amizade reatada e pedi por favor primeiro."
Richard o fitou irado e se retirou. Sabia que Andrey não facilitaria e Adele não diria onde estava a criança enquanto ele não autorizasse. Odiava ele. Não entendia como pôde querer a amizade dele novamente. Ele ligou para Emma, que não atendeu e deixou um recado para ela na caixa postal. Tentaria ir falando com ela quando chegasse ao país onde Adele estava.