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Como Colocar Meu Marido Do Meu Lado

Fantasie
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Zusammenfassung

Me tornei ‘Rudbeckia’, uma coadjuvante em uma história de fantasia, uma vilã que morre pelas mãos de seu marido. O pior pai do mundo me achou outro parceiro para um casamento político. O problema é, essa pessoa é o marido que vai me matar! Primeiro, preciso achar uma forma para viver. Preciso parecer o mais inofensiva possível para o povo do norte e proteger a irmãzinha do meu marido que matei na história original. Não seria capaz de salvar minha vida se fingisse estar apaixonada pelo meu marido? “Me apaixonei por você à primeira vista!” “Então, por favor, me poupe!”

Chapter 1Cap. 01

"Finalmente encontrei um noivo digno para você, querida", anunciou meu pai, enquanto limpava os lábios com um guardanapo.

Sentada sobre o colo de meu irmão mais velho Cesare, senti a vontade de correr de volta para meu quarto e vomitar toda a comida que tinha acabado de comer.

Meu segundo irmão, Enzo, que estava ocupado com uma quenelle fedorenta, jogou o garfo no chão e gritou em protesto.

"De novo não! Pai, quantas vezes foi?"

"Enzo."

"Não se passaram nem três meses desde que seu último compromisso foi cancelado! Independentemente do que nossa família ganharia com este casamento, você não deveria ao menos tentar considerar os sentimentos dela?"

"Que surpresa vê-lo ao lado de sua irmãzinha. Então você prefere lutar contra os bárbaros em vez de aceitar o apoio de Britannia?"

"Do que você está falando? Aqueles bárbaros selvagens do norte não teriam chance contra alguém como eu, o maior e mais nobre soldado que tem__"

"Cale essa boca, rapaz."

O grande nobre soldado pegou o resto da quenelle em seu prato e a enfiou em sua boca, mastigando agressivamente em protesto.

Mas a proposta de casamento não foi nenhuma surpresa para mim. Eu sabia que ela viria mais cedo ou mais tarde.

"Quem é, pai? Eu perguntei alegremente."

Meu pai, que havia olhado com desaprovação para Enzo, olhou para mim e sorriu.

"Ele é o herói de Britannia. O querido sobrinho do rei e famoso cavaleiro do Sul. Ele é muito bonito, tenho certeza que você vai gostar dele."

"O quê! Pai, você sabe quão ruim é sua reputação?!"

"Rapaz, eu estava falando com você?"

Enzo ficou calado novamente.

Nenhum deles tinha ideia de que este belo cavaleiro um dia massacraria sua família inteira. Pobres e miseráveis criaturas deste mundo…

"Rube?"

Enquanto eu hesitava por um momento, Cesare, que estava acariciando minha cabeça, chamou por mim novamente. Desta vez, seus longos dedos apalparam a parte de trás da minha cabeça. Eu estremeci de repulsa. Parecia uma cobra fria enfiada no meu pescoço.

Levantei lentamente minha cabeça e fechei os olhos para Cesare. Depois de olhar para seus olhos azuis estranhos, desviei meu olhar para Enzo, que estava franzindo a cara de descontentamento, e depois para Lady Julia e meu pai ao seu lado, ambos sentados, em posição e dignos como sempre.

"Obrigado, pai. Sou grata por poder ao menos ser útil a você com este casamento."

Cesare enrolou seus lábios em um raro sorriso suave e os pressionou contra a parte superior da minha testa.

"Perfeita como sempre, nossa doce anjinha", ele sussurrou.

Agora eu queria muito vomitar.

Mas eu tenho assuntos mais urgentes a tratar do que vomitar. Afinal de contas, o belo cavaleiro do Sul também pretende me matar.

***

Pensei que com aquele acidente inoportuno de helicóptero minha cansativa vida tinha finalmente chegado ao fim e que eu poderia finalmente descansar. Mas se eu soubesse que seria reencarnada como uma personagem de um romance na Era Renascentista que eu tinha lido há muito tempo, e, para piorar a situação, forçada a sobreviver em um ambiente tão vil quanto minha vida anterior, eu ainda teria pensado da mesma maneira?

Já que eu reencarnei como uma personagem neste romance, não poderia ao menos ter nascido em uma família decente?

"Ugh!"

Eu podia sentir meu estômago tenso e meus olhos começando a lacrimejar. Tinha me tornado boa o suficiente para vomitar silenciosamente que não precisava me preocupar em ser pega pelas empregadas, mas, mesmo assim, era sempre doloroso.

Uma coisa em comum entre minha antiga e nova vida é a anorexia, ou como as pessoas a chamam hoje em dia, um distúrbio alimentar. Antes de me tornar Rudbeckia de Borgia—quero dizer, antes de morrer—eu era filha adotiva de uma família de classe alta na Espanha. Acho que se pode dizer que eu era uma filha de caridade.

Tendo sido adotada ainda muito jovem, eu não sabia nada sobre a chamada "Península Coreana" onde nasci. Como meus irmãos adotivos, frequentei uma prestigiosa escola particular em Madri e vivi uma vida cheia de aulas de balé, clube de tênis, equitação e eventos beneficentes.

Acho que a primeira vez que me senti diferente das crianças ao meu redor foi por volta da 4ª série, quando um menino da minha turma riu de mim enquanto puxava seus olhos para trás. No início eu não entendia o que significava, então eu apenas ri junto com o resto das crianças da minha turma. Pensei que meus olhos eram redondos como os de todos os outros, então não tinha ideia de que ele estava zombando de mim.

Com o passar do tempo fiquei entorpecida com o racismo que enfrentei na escola, mas quanto à minha vida em casa, apesar da fachada sofisticada e acolhedora da minha família adotiva, sempre havia uma regra não dita, em que eu deveria ser tratada de forma diferente, pois eu era uma forasteira.

Cada um de meus pais adotivos tinha um amante, e meu segundo irmão, que era uma estrela em ascensão do tênis, foi exposto publicamente por sua vida privada promíscua e pelo vício em drogas. A única em minha família adotiva que às vezes me tratava bem era minha irmã mais velha, e ela se suicidou aos 21 anos de idade. Quanto ao meu irmão mais velho, aprendi rapidamente que ele era um monstro como seu pai.

Assim, tornou-se um hábito para mim desempenhar o papel de uma filha inteligente, alegre e obediente, pois se eu alguma vez trouxesse a menor vergonha para minha família ou os ofendesse minimamente, seria um inferno para pagar. E quando acordei aqui, foi exatamente a mesma coisa.

No início eu pensava que estava apenas alucinando antes de falecer. Mas quando me olhei no espelho, ao invés de ver meu rosto, havia uma bela garota ocidental me encarando de volta.

Levei alguns dias para perceber que tinha me tornado Rudbeckia de Borgia, uma personagem do romance de fantasia Sodoma e o Santo Graal que costumava ler quando adolescente.

O romance foi ambientado na Era Renascentista e girava em torno da história de um papa vil e corrupto que abusava de seu poder para subjugar os outros. Era uma história sobre os países do Norte e o clero se levantando corajosamente e se unindo para derrubar o papa malvado, sua família e toda a casa de Borgia.

O nome "Sodoma" no título se referia ao povo da região norte da Romagna da Itália, e "Santo Graal" era uma metáfora para o local sagrado da Cidade do Vaticano. E, por sorte, fui reencarnada como Rudbeckia—a única filha do papa.

Eu, Rudbeckia, estou destinada a morrer, e a morrer nada menos do que nas mãos do meu futuro marido.

Meu pai e meu irmão mais velho, em uma tentativa de ganhar ainda mais influência política, estavam muito interessados em casar Rudbeckia, e depois de três compromissos fracassados e outro cancelamento de última hora, ela acabou se casando com Izek van Omerta da Britânia.

Quanto ao porquê de alguém tão nobre e rigoroso como Izek perder a cabeça e decidir assassinar toda a família de sua esposa depois de estar casado apenas por seis meses, foi porque Rudbeckia o fez enlouquecer.

Não foi o amor que o fez perder o juízo, foi ódio—ódio pela Rudbeckia, que envenenou sua irmãzinha. Cesare havia calculado mal a intensidade da raiva de Izek.

Mas quando penso nisso, mais do que estar louco pelo fato de Rudbeckia ter matado sua irmãzinha, parece que Izek acabou se cansando da v*dia traidora de sua esposa e acabou a matando.

Independentemente disso, é claro que Rudbeckia estava seguindo as ordens de Cesare, e, se minhas vagas memórias estão corretas, Rudbeckia também não tinha exatamente a melhor das personalidades.

De fato, lembro que depois que ela se mudou para o Norte, ela era conhecida como a espiã má do papa, e era notoriamente antipática por desconsiderar a etiqueta básica e tratar outras mulheres como empregadas domésticas. Isso incluía a preciosa irmãzinha de seu marido e até mesmo seus amigos de infância.

Mas agora que eu vivo como Rudbeckia há três anos, comecei a entender porque ela agiu da maneira que agiu. "A Princesa Amada de Romagna", "O Anjo de Sistina'—tudo isso foi apenas uma encenação, exatamente como minha antiga vida na Espanha.

"Rube?"

Ao ouvir a batida na porta, coloquei minha bolsa de doces de menta em uma gaveta e me levantei. Ele abriu minha porta antes mesmo de eu ter respondido, como sempre fez.

"Cesare."

Cesare, conhecido formalmente como Cardeal Valentino, ainda estava com as vestes pretas que usava no jantar. Ele tinha os cabelos pretos de seu pai e olhos azuis profundos, e embora as pessoas o descrevessem como diabolicamente bonito, para mim ele parecia mais próximo do diabo. Foi um pequeno conforto para mim que nós dois não éramos nada parecidos.

"Você parecia chateada antes, então fiquei preocupado e vim ver como você estava".

Eu atuei como sempre.

"Oh Cesare, você me conhece tão bem".

"Você está triste com a proposta de casamento? Você pode ser honesta comigo".

Quando Cesare se aproximou de mim, ele fez uma pausa, virando sua cabeça em direção à pequena estátua de tartaruga na minha mesinha de cabeceira. Ele parecia olhar para ela com uma espécie de profundo afeto. Era um segredo meu muito bem guardado que eu desprezava totalmente as tartarugas.

"Não é isso... não sei, é que o Norte é tão longe. Não poderei vê-lo muito enquanto eu estiver lá, estou com medo de ficar sozinha".

"Por que você se sentiria sozinha? Você estará com seu marido".

"Isso não significa nada para mim. Se eu pudesse escolher, eu ficaria aqui e viveria com você para sempre, Cesare".

"Sinto-me honrado que a mulher mais bonita de Romagna se preocupe tanto comigo".

Cesare veio ao meu lado colocou sua mão em minha cabeça, e seus lábios se curvaram em um sorriso de satisfação. Eu havia lhe dado a resposta que ele queria ouvir.

Ele encostou sua mão na minha bochecha e eu continuei atuando, fechando os olhos como um gatinho perdido sendo acariciado.

Não tinha como dizer quando a mão que me acariciava tão suavemente se tornaria violenta. Embora eu tenha conseguido manter ele e o resto da família do meu lado até então, eu sabia melhor do que ninguém que, se eles o vissem, as pessoas ao meu redor se voltariam contra mim em um instante.

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