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Capitulo 22

Leon

Acordo e verifico que já era de noite. Sento na cama rápido e acabo fazendo barulho. A Vanessa me olha assustada.

— Oi! — ela diz.

— Oi. Fiquei muito tempo fora de área?

— Um pouco — ela diz, triste.

— Nada de encontrarem a Duda?

— Nada.

— Vane, por favor, chame a doutora que me atendeu.

— Ela já foi embora, e entrou outro médico no lugar dela — dou graças a Deus por isso.

— Sem problema, eu quero falar com ele.

Olho para o celular e vejo um monte de chamadas perdidas, entre elas da Laura, da minha mãe e da Vanessa.

— Leon, o que você pretende fazer?

— O que deveria ter feito antes de me doparem, vou atrás da minha namorada — ela concorda e sai do quarto.

Verifico que já estou sem aqueles fios do soro, e no lugar deles, um curativo redondo. Reviro os olhos ao sentir uma leve fisgada quando dobro o braço. Desço da maca devagar e vou me segurando. Sigo para o banheiro, lavo o rosto, e fico chocado com a minha aparência.

— Droga, Leon, o cara acabou com você! — resmungo, ao ver que estava com curativos na cabeça. Ouço me chamarem e saio do banheiro, dando de cara com um médico que me olhava meio desconfiado.

— Então, Senhor Vitorino, como o senhor está agora?

A vontade que eu tenho é de dizer que eu não estava nada bem, por causa da minha namorada, e que ele deveria se foder por estar me fazendo perder tempo com besteiras.

— Eu estou bem, doutor…?

— Ah, me desculpa! Eu me chamo Lucas Leão — me cumprimenta estendendo a mão, e vejo que a Vanessa fica corada. Então descubro que é o namorado dela.

— Então você é o namorado da minha secretária e cunhada?

— Ah, sim, ela me contou que você tinha sido internado na mesma unidade em que trabalho.

— E ela também te disse que quero ir embora para procurar a minha namorada?

— Sim, ela me contou, só que não posso te liberar ainda.

— E por que não? — pergunto, louco para estrangular o doutorzinho, mesmo sendo o meu futuro cunhado.

— Eu preciso que você faça dois exames para te liberar.

— E esses exames demoram?

— Leon… — Vane me alerta.

— Leon… Posso te chamar assim, não? — aceno que sim, e ele continua: — Eu não posso te liberar sem fazer esses exames, porque não queremos que você desmaie.

— OK, vamos fazer esses benditos exames, e quanto mais rápido fizer, mais rápido eu saio daqui! — resmungo, e vejo o alívio no rosto da Vanessa. Entendo a sua preocupação.

— Então vamos, que vou te levar para fazer uns raios-X e depois vamos fazer uma tomografia, só para desencargo de consciência.

Pego o meu celular, a carteira e as chaves do carro e entrego para a Vanessa, pedindo:

— Caso a minha mãe ligue, avise-a que logo entro em contato.

— Pode deixar — ela diz, e me acompanha até a sala de exames.

Não demora muito, faço os dois, o bom de ter um médico conhecido é que consigo fazer os exames logo.

Depois seguimos novamente para o meu quarto, e ele diz:

— Bom, dá para ver que não teve nenhuma fratura e não há manchas nos exames, e isso é muito bom!

— Então posso ir embora?

— Leon, quero que você sente na cama só para verificar os seus olhos, e depois sim você vai poder ir — sento rápido na cama, e ele começa a me examinar e fazer perguntas, e eu respondo que estava tudo bem.

— Agora sim!

— E então, agora estou mesmo liberado?

— Sim, está — dou um suspiro de alívio.

— Ótimo, agora posso ir embora.

— Leon, toma cuidado, OK?

— Pode deixar, doutor, eu vou me cuidar — agradeço, e ele escreve algo em uma prancheta e me entrega.

— Esse é o papel de sua alta. E você não vai poder dirigir.

— Por que não?

— Porque você sofreu uma pancada na cabeça e não é bom dirigir.

Mas isso para mim não serve de nada.

— Tudo bem, eu vou chamar um Uber.

— É melhor.

Estendo a mão e agradeço:

— Obrigado, doutor, por ter me liberado!

— Se eu não tivesse feito isso, você teria fugido?

Respondo sem pestanejar:

— Sim, com toda a certeza.

— Eu imaginei. E agora, o que você vai fazer?

— Vou até a faculdade ver se consigo obter o endereço do tal Pedro.

— E você não acha que a polícia já não foi lá?

— Se foi, eu não sei, só sei que vou até lá e vou fazer de tudo para descobrir o endereço daquele filho da puta!

— Então você acha que foi ele?

— Ah, sim, ele parecia surtado de manhã. Eu vou fazer questão de acabar com a raça dele.

— Então, meu amigo, boa sorte! Traz a minha cunhada de volta!

— Nem que seja a última coisa que eu faça nesta vida!

— Leon, quero ir com você! — a Vanessa me olha.

— Vane, eu prefiro que você fique aqui com seu namorado, ou mesmo vai para sua casa.

— Ela é minha irmã! — ela insiste.

— Sei disso, só que vou ficar mais tranquilo com você em segurança.

— Traz a minha irmãzinha, Leon! — ela pede, quase chorando.

— Eu vou trazê-la, Vane!

Pego as minhas coisas, coloco a carteira no bolso da calça, desbloqueio o meu celular e chamo um Uber, colocando o endereço da faculdade. Despeço-me dos dois e sigo para fora do hospital, entregando a minha alta na recepção.

O Uber já estava me esperando, e eu não queria me demorar. O motorista me cumprimenta e pergunta se eu gostaria de ir orientando-o ou se ele poderia seguir o aplicativo.

— Pode seguir o aplicativo.

— OK, daqui a pouco estaremos lá.

Eu não via a hora de encontrar a minha rainha. Sinto tanto a sua falta! De uma coisa eu tinha certeza: ela estava com aquele Pedro. Por que ele fez isso com a minha rainha? Será mesmo que ele tinha a ver com o caso do estupro?

Eu mato aquele desgraçado se foi ele mesmo que fez isso com a minha rainha! Ele vai pagar tão caro! Agora o mais importante era encontrar a minha Duda, e só assim eu me vingaria daquele desgraçado.

Meu Deus, traga a minha rainha para mim, nunca pedi nada! Só a quero do meu lado para podermos constituir família um dia. Afinal, ela é a única mulher que conseguiu me prender, e morro se ela não aparecer. Por isso vou fazer tudo o que precisar para trazê-la de volta.

Eu a quero mais do que tudo na minha vida! Não sou mais um garoto que não sabe o que quer.

— Minha rainha, eu vou te encontrar! — falo comigo mesmo.

— O senhor falou algo? — o motorista pergunta.

— Sim, falei comigo mesmo.

Como ele mesmo disse, não demoramos muito e chegamos à faculdade.

— Obrigado! — agradeço, e saio do carro.

Enquanto ando até a porta, vou me lembrando da minha rainha em meus braços, e nesse momento eu juro:

— Eu vou te trazer de volta, minha rainha!

Entro no prédio e pergunto onde é a recepção. Lá, encontro uma senhora, que logo me atende:

— Pois não?

— Boa noite, meu nome é Leon Vitorino e gostaria de saber como faço para pegar o endereço de um aluno — ela me olha desconfiada, no mínimo achando estranho um homem com curativos na cabeça ali na faculdade.

— Senhor, não temos autorização para passar nenhum endereço de qualquer aluno.

— Senhora, a minha namorada foi sequestrada por um aluno de vocês!

— Mesmo assim, senhor. Não podemos passar nenhuma informação.

— Senhora, é a minha namorada, e ela foi sequestrada por um aluno de vocês, e não podem me passar a porra de um endereço?

— Não podemos, sinto muito.

— E se eu pedir para a polícia vir aqui?

— Mesmo assim, só poderíamos passar para eles, e não para o senhor. Sinto muito.

— Senhora, é caso de vida ou morte!

— Me desculpa, senhor, mas sem ordem não podemos.

— Obrigado, vou pedir para a polícia vir aqui, então — aviso, e me despeço. Estava ali desesperado para achar a minha rainha, e o medo de não a encontrar com vida me deixava horrorizado.

Saio da faculdade pensando se havia outra forma de achá-la. Ouço passos atrás de mim e me viro, encontrando a mesma senhora.

— Senhor Vitorino, vou te passar o endereço, mas peço que não conte a ninguém que fui eu que te forneci — ela pede, nervosa.

— É claro que não! — agradeço-a e chamo novamente o Uber. Assim que ele chega, sigo em direção à casa do Pedro, pensando em várias formas de me controlar.

— Obrigado! — agradeço, e saio correndo para a casa onde o tal Pedro morava.

Sigo até o portão, que estava aberto, e entro sem fazer barulho. Vou até a porta de entrada e verifico se estava aberta. Não. Tento olhar para dentro, e estava tudo escuro, chego a pensar que a minha Duda não estava lá dentro.

Não desisto e vou andando para ver se tinha outra entrada. Fico procurando, até que encontro uma porta do lado do quintal. Estava encostada, e fico aliviado, no mínimo ele deve ter se esquecido de trancar. Isso foi a minha sorte.

Vou verificando se havia cachorros, e não vi nenhum. Abro a porta com cuidado e entro sem fazer nenhum barulho. Fico olhando para ver se o Pedro iria aparecer, e nada de encontrá-lo.

Encontro um corredor e vou andando, vendo que há mais portas. Fico curioso e abro bem devagar, e nada. O mais estranho é que a casa parece ser tão pequena por fora, e por dentro é enorme.

Ouço um barulho que parecia vir do andar de cima e vou em direção a ele. Quando chego lá, ouço duas vozes, e uma delas eu sabia que era da minha rainha.

Abro a porta bem devagar e encontro o Pedro apontando a arma para ela. Vê-la ali sendo ameaçada fez meu sangue ferver e mais ainda querer matá-lo de várias formas.

Outra coisa que me chamou atenção foi ver que a minha rainha estava machucada, e a vontade de entrar e acabar com a raça dele era mais forte. Mas não podia agir de cabeça quente.

Tento verificar se havia como distraí-lo e lembro que a porta da frente estava trancada. Penso mais um pouco e logo me lembro de que na cozinha deve ter algum copo ou prato, e volto para baixo. Eu tinha de trazê-lo ali.

Quando chego à cozinha, procuro algo que faça barulho bem forte e começo a jogar tudo no chão, fazendo um ruído enorme. Não demora muito, aparece o Pedro, armado. Quando ele acende a luz e me vê, fica surpreso, e não tem tempo de agir, pois lhe dou um soco, fazendo-o cambalear e cair no chão. Chuto a sua mão, fazendo a arma disparar.

— Seu maldito filho da puta! — grito, e chuto-o.

— Quem é aqui o filho da puta? — ele ri.

— Você vai pagar caro! — o ameaço, e fico em cima dele socando-o, até ele parar de rir e começar a sangrar.

— Eu tenho que te contar uma coisa!

— Não quero ouvir nada!

— Ah, mas eu quero contar! Sabe quem tirou a virgindade da sua namoradinha?

— Não quero saber! — e lhe dou mais um soco forte, e mesmo tonto ele ria. O cara gostava mesmo de apanhar.

— Fui eu que tirei a virgindade da sua namoradinha, e uma coisa eu te digo: ela é deliciosa até hoje! — ele ri, e dou-lhe um soco tão forte, que acabo deixando-o desacordado.

Antes de ir atrás da minha rainha, consigo pegar uma faca e saio correndo. Volto para a minha rainha, e quando a encontro eu estou tremendo tanto, que acho que vou desmaiar. Quando ela me vê, o seu alívio é tão grande, que ela começa a chorar.

— Ei, não chora! — eu a consolo dando um beijo nela e passo a faca com força na corda.

— Leon, graças a Deus você conseguiu me achar! — ela diz, chorando, e me abraça dizendo: — Você está machucado?

— Eu estou bem, e se acalme, você está salva! Vamos sair daqui!

— Sim, vamos! — mas antes de sairmos ela me pergunta, com medo: — Cadê o Pedro?

— Minha rainha, eu não quero que você se preocupe com mais nada.

— Leon, ele pode vir atrás da gente!

— Ele vai ficar algumas horas desacordado — aviso, e sinto o seu corpo relaxar.

Levo-a embora dali, e quando estamos andando vejo um táxi passar e o chamo, dando o endereço do hospital.

— Eu não quero ir para o hospital!

— Sinto muito, minha rainha, mas temos que ir, para ver esses ferimentos, e também vou ligar para a sua irmã e ver se ela ainda está lá.

— Sabe do que senti mais falta?

— Do quê?

— De ser chamada de sua rainha.

— Mas você é e sempre será a minha rainha! — aviso, e ela me abraça com força. Então me lembro do que aquele lunático disse sobre tê-la violentado novamente e pergunto, sem jeito: — Ele te machucou em mais algum lugar?

Seu corpo fica tenso e se retrai, e a seguro em meus braços, com medo de que ela fugisse.

— Então ele te contou? — ela pergunta, com vergonha.

— Sim, e você não precisa ter vergonha, quando chegarmos ao hospital quero que faça um exame.

— Que exame? — ela sai dos meus braços, percebe o que estou querendo dizer e então ri: — Você acha que eu fui violentada?

— Você não foi? — e é quando o alívio me inunda.

— Graças a Deus, não! Seria muita falta de sorte eu ter sido violentada duas vezes, não? — ela ri, mas então começa a chorar, e choro junto com ela.

— Eu vou matar aquele cara!

— Não!

— Ele merece morrer por ter mentido para mim, dizendo que te violentou duas vezes. Eu tenho vontade de voltar lá e matá-lo! Por que você não quer que eu o mate?

— Ele vai ter o que merece, e sei que ele apanhou, e muito!

— E por que você acha isso?

— Porque as suas mãos estão machucadas, e também não quero você preso por matar aquele verme.

Chegamos ao hospital, pago a corrida e a levo direto para dentro do prédio. Assim que chegamos ao andar, ligo para a Vane avisando que a tinha encontrado e logo depois para a polícia. Desligo assim que ouço a voz da Vanessa gritar o nome da minha rainha, e ver as duas se abraçando foi a melhor coisa que aconteceu.

Elas se separam, e a Vane me olha e diz:

— Você cumpriu a sua promessa!

— Eu sempre cumpro o que prometo — brinco, e a Vane me dá uns tapinhas e me solta. Puxo a Duda para os meus braços e falo: — E agora estou precisando dos seus beijos novamente, minha linda rainha.

— Eu também preciso dos seus beijos novamente — ela diz, e, com plateia e tudo, ataco a sua boca com fúria, mostrando a todos a quem essa mulher pertencia: somente a mim.

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