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Um Novo Amanhecer

Entrando cada vez mais fundo na mata, Emma e Alay viram-se encurralados numa situação na qual não havia mais volta. Era caçar ou ser caçado, e eles escolheram não ser a caça. Haviam se passado cerca de três minutos desde o ataque repentino do Dragão Sabre e, mesmo vendo parte do inimigo, a garota ainda estava inquieta sobre o que eles estavam enfrentando.

A criatura parecia maior do que ela havia imaginado usando como base o tamanho das pegadas deixadas por ele. E também havia o fato de que a criatura mais uma vez provou ser inteligente o bastante para montar armadilhas para eles, mesmo que fosse algo bem rudimentar, ainda era incrível para um animal selvagem. O que diabos os desenvolvedores dessa coisa estavam pensando ao colocar uma coisa assim perto de uma vila pequena? Emma pensou enquanto se focava em seguir o rastro de sangue que o réptil havia deixado para trás.

Isso poderia ser mais uma armadilha dele? Não… mesmo sendo esperto, um animal não pensaria em um plano logo depois de ser ferido bem no olho…

— Emma, tem algo de errado com meu braço. — A voz de Alay rompeu a frágil calmaria que surgiu durante aquele intervalo de tempo.

Preocupada, a garota rapidamente se virou e forçou a vista para procurar algo diferente no braço do rapaz em meio à escuridão. Entretanto, não havia nada novo, além do machucado proveniente da mordida. Confusa, ela lançou um olhar de dúvida para ele.

— Não é algo com a ferida, é com o membro em si! Eu não consigo sentir mais ele, nem movê-lo.

— afirmou, trazendo ainda mais dúvidas para Emma.

— Você tá dizendo que não sente mais dor aí?

— Isso mesmo, mas também não consigo mexer ele, é como se fosse um…

— Veneno incapacitante? — Emma completou, chutando uma resposta para aquele novo problema.

— Se for isso, não é tão ruim assim. Eu não iria mexer meu braço de qualquer forma…

A fala de Alay foi interrompida pelo farfalhar repentino das folhas atrás deles, que foi ficando cada vez mais alto e aparentemente, próximo deles. Sem precisar dizer, ambos saíram correndo em linha reta, sendo acompanhados pelo som de passos frenéticos de origem misteriosa.

Não muito longe deles, Emma avistou um ponto onde as árvores não cobriam, criando uma clareira que estava sendo banhada pela luz do luar. Depositando todas as suas esperanças naquele local, ela gesticulou para o garoto, que logo entendeu o que era para ser feito e a seguiu. Quando chegaram, Emma pisou de mal jeito e acabou derrapando no solo, indo direto para o meio da clareira.

Aproveitando a chance que tinha, o perseguidor saltou dos arbustos e se revelou, correndo direto para a garota. Antes que ele pudesse chegar nela, Alay usou toda a força em seu braço funcional e arremessou a lança, acertando o chão na frente da criatura, que se assustou e recuou para longe deles, ficando de frente para os jovens e posando de forma ameaçadora.

Ofegante e um pouco tonta, Emma se levantou e olhou atentamente para o animal. Devia ter quase o comprimento de um Dragão de Komodo e era bem musculoso, além de ter grandes dentes projetados para fora da boca como os de um javali, que davam o seu nome. Sua coloração se mesclava quase que perfeitamente com a mata atrás dele, com combinações de verde escuro, listras verdes claras e algumas manchas marrons. Levando tudo isso em conta, o Dragão Sabre era notavelmente o topo da cadeia alimentar daquela região da floresta. Seu olhar expressava pura fúria bestial.

As sensações que Emma experimentava diante daquela situação eram opostas. O medo tentava forçar suas pernas para o lado oposto do lagarto, enquanto a ameaça iminente a colocava num ultimato. No fim, ela aceitou que a única alternativa restante era lutar, escolhendo seguir o caminho da razão ao invés de ser levada pelo medo. Com passos lentos, ela se aproximou de Alay, chamando ele pra mais perto ainda. Quando ele chegou, Emma começou a sussurrar algo, deixando a criatura que os esperava impaciente.

Antes que a conversa dos dois terminasse, o Dragão Sabre avançou contra eles, agindo exatamente como Emma havia previsto.

— Agora! — gritou, e os dois começaram a correr na direção do animal.

Ao se ver na situação de escolher dois alvos, o lagarto obviamente escolheu Alay, que estava ferido e desarmado. Contudo, foi interceptado no meio do caminho por Emma, que era surpreendentemente mais rápida que Alay, ficando na frente do réptil e parando ali. O pouquíssimo tempo que levou para a criatura processar o que fazer em seguida e começar a agir novamente foi o bastante para que o plano de Emma se concretizasse de vez.

Abaixando subitamente, ela deu espaço para Alay pular por cima dela e, com a lança, tentar empalar o animal. Todavia, ele foi mais rápido, desviando por pouco do golpe mortal. No entanto, ele não estava esperando que, logo abaixo de Alay, Emma o estivesse esperando com a faca em mãos, pronta para atacar.

Com rapidez e força, Emma golpeou a mandíbula da fera, perfurando de um lado até o outro. Fora da escuridão da floresta, o sangue da criatura jorrou em vermelho. Pensando que ele não conseguiria reagir a um próximo ataque, a jovem retirou a lâmina da bocarra do animal e ergueu a arma para dar mais um golpe. Entretanto, sentindo novamente a liberdade em sua boca, a criatura rapidamente contra-atacou, abocanhando a perna da garota.

Pela primeira vez em sua estadia naquele mundo, Emma sentiu dor de verdade. Era como se dezenas de pequenos ganchos rasgassem e puxassem a sua carne, causando uma dor excruciante que percorreu todo o seu corpo. Tentando se livrar do ataque, Emma pegou a faca e ergueu acima da cabeça da fera, que ao perceber o perigo, soltou o membro e correu de volta para as matas insondáveis, desaparecendo em meio às trevas.

Logo quando se livrou dos dentes do lagarto, a garota caiu para trás na grama e gritou de dor enquanto agarrava sua perna ferida. Alay se aproximou dela e ajudou-a em se sentar para poder analisar melhor o ferimento. Por ter sido mais um movimento desesperado do animal para fugir, ele se preocupou mais em causar dor do que realmente causar sérios danos à ela, ocasionando um machucado mais superficial do que o de Alay. Mesmo assim, sangue quente escorria pela sua perna, manchando parte da calça.

— Quer que eu vá pegar um graveto para você fazer um torniquete? — Alay questionou.

— Não vou precisar… não é tanto sangue a ponto de precisar fazer isso, mas vou precisar de alguma coisa pra fazer uma bandagem improvisada, qualquer coisa limpa pra colocar sobre a ferida e estancar o sangramento.

Vendo que poderia ser útil, Alay pegou a faca das mãos da garota e cortou um pedaço de suas vestes, entregando para ela em seguida.

— Da última vez foi você que rasgou parte de sua roupa por mim — disse, dando-lhe o tecido timidamente — Agora estamos quites. — respondeu, pegando a lança do chão e empunhando-na.

Emma sorriu brevemente e fez um curativo improvisado, conseguindo evitar a maior parte do sangramento. Com a faca em mãos, ela se levantou com certa dificuldade e encostou-se de costas em Alay, ambos cobrindo uma direção da mata ao mesmo tempo em que se davam apoio para continuar de pé.

— Então, o que a gente faz agora? — Alay questionou, sentindo a sensibilidade em seu braço ferido retornar.

— Bom, em alguns minutos, minha perna vai ceder e eu vou ficar no chão, e você vai ser o único que vai conseguir enfrentar aquela coisa.

— Conclusão?

— Eu tenho um plano, mas acho que você não vai curtir muito a ideia.

— E que escolha eu tenho? — falou, se desencostando de Emma e dirigindo seu olhar para ela. Seus olhos transmitiam confiança e fé, tudo o que a garota precisava para se sentir motivada — Vai de uma vez, eu vou estar te esperando aqui.

Com suas últimas forças, Emma decidiu apostar tudo o que tinha e saiu em disparada floresta adentro, sem medo e dúvida, carregando consigo um grande sentimento de determinação.

Ao correr pela mata, o cheiro de seu sangue foi sentido pelo predador que espreitava, que começou a correr atrás da jovem, determinado a acabar com tudo de uma vez. Ao perceber que capturou o interesse de seu perseguidor, Emma começou a dar meia volta em direção de onde saiu, sentindo sua perna começar a falhar. O suor escorria pelo seu rosto e sentia que seus pulmões estavam quase chegando ao limite.

Ao alcançar a clareira, correu na direção de Alay, que lhe jogou a lança. Utilizando de toda sua força, Emma jogou sua faca no chão e pegou no cabo da arma, sentindo sua perna ceder ao efeito da toxina. Assim, girou o seu corpo para o lado oposto ao que corria antes de cair no chão. Após isso, o Dragão Sabre pulou dos arbustos na direção da jovem, que ergueu a lança na direção do animal, que, consequentemente, acabou por ser empalado pela ponta do armamento, atravessando-o

O animal gritou de dor e se contorceu para tentar se livrar do ataque, o que o fez entrar ainda mais fundo na ponta de metal. Por não aguentar o peso que o corpo da fera exercia sobre a lança, Emma largou-a e a deixou cair no chão.

Mesmo sem o movimento de uma das pernas, ela se arrastou até chegar na criatura, que continuou a debater-se freneticamente, tentando de forma desesperada escapar da morte. No entanto, já era tarde demais.

Para enfim acabar com aquilo, Emma pegou a sua faca do chão e golpeou o pescoço do réptil, rasgando-o de uma só vez. Muito sangue esguichou nas roupas da garota, que recuou, observando de longe o Dragão Sabre agonizar até a morte.

Ao perceber que tudo havia acabado, a garota deixou-se cair de costas no chão, sentindo a grama dar um frio e confortável abraço. Para a sua primeira batalha real em Yharag, aquela não havia sido uma experiência tão ruim. O tempo que eles haviam passado no interior do bosque não fora tanto, mas, para Emma, pareceu uma eternidade. Após todo o calor da batalha, o mero passar da brisa fria pelo seu corpo era como um milagre recompensador.

Nesse misto de sensações, ela ouviu os passos de Alay se aproximando dela. Quando chegou, ele se ajoelhou e lançou-lhe um sorriso calmo e alegre.

— Como você sabia o que eu pretendia fazer? — a garota indagou, retribuindo o sorriso com outro.

— Pra ser sincero, eu só imaginei a coisa mais imprevisível que você poderia acabar fazendo. No fim, eu só joguei minha lança pra você por acreditar que era a coisa certa.

— Um chute que salvou minha vida. Valeu.

— Mas… qual a parte do plano você disse que eu não gostaria?

— A parte em que você vai ter que me carregar até sua casa, porque desse jeito eu não consigo andar. — disse, rindo em seguida. Ao contrário de suas expectativas, Alay não reclamou, mas também riu e a ajudou a se levantar.

— Vai me dizer que até isso foi planejado?

— Bem que eu gostaria de dizer que sim.

Após essa fala, Emma cedeu ao cansaço e fechou os olhos, cochilando ali mesmo

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Emma abriu os olhos lentamente, piscando várias vezes pra se acostumar com a repentina iluminação do local. Ao retomar sua visão normal, viu-se deitada numa cama em um quarto no qual ela nunca viu antes. A luz áurea do sol adentrava pela janela do cômodo, inundando todo o ambiente de luz e revelando os salpicos de poeira que pairavam pelo ar.

Suas roupas da noite anterior foram trocadas por um pijama fofo e aconchegante, que tinha um conjunto de bordados de flores que iam do início da gola da blusa até o fim de sua extensão. Na calça, o mesmo estilo de costura, mas dessa vez sem bordados. Seja lá quem foi que fez isso, é muito bom no que faz.

Olhando ao redor, notou que não estava sozinha. Sentando num banco ao lado da cama, encontrava-se o senhor Paul, que estava olhando para a porta do quarto. Perto dele, pendurado num cabideiro de madeira, encontravam-se seu sobretudo e sua calça, totalmente limpos e costurados. Além disso, a roupa que ela usava por debaixo do sobretudo fora trocada por uma blusa simples de cor preta.

— Senhor Paul? — ela disse, com a voz um pouco rouca.

Surpreso, o homem se virou para ela e suspirou de alívio. Ele se levantou do banco e ficou encarando-a com um sorriso que lembrava muito o de Alay.

— Bom dia, senhorita Adams. Aproveitou o sono?

— De certa forma, sim. O que aconteceu? Por que eu estou aqui?

— Bem, você e meu filho chegaram ontem de noite, feridos e completamente exaustos, principalmente você, que já estava dormindo antes mesmo de chegar aqui na fazenda. Ao ver isso, eu e minha esposa nos mobilizamos para ajudar vocês o máximo que a gente podia. No fim, eu tratei os ferimentos dos dois e depois nos dividimos para ajudar ambos, com a Trish cuidando de você e eu cuidando do Alay. Ela também costurou suas roupas, como cortesia.

— Obrigado, eu não sei como poderia retribuir.

— Você não precisa, já fez o bastante. Matou a criatura que devorava minhas aves e ainda trouxe meu filho para casa são e salvo. Você fez o bastante por nossa família. — O homem deu um breve cafuné na cabeça da garota, bagunçando ainda mais o já despenteado cabelo dela. — Qualquer coisa, peça para mim ou para a minha mulher, estaremos mais que felizes em te ajudar. — disse, virando-se e indo em direção da porta — Estamos te esperando na cozinha, vista-se e leve o tempo que precisar para sair do quarto. — Dito isso, ele abriu a porta e saiu, fechando-a em seguida.

Emma levantou o cobertor que estava sobre seu corpo e olhou diretamente para sua perna, que estava coberta pela calça do pijama. Removendo-a por um momento, viu que sua ferida estava enfaixada e sem muita dor. Ela tentou movimentá-la, e ela respondeu perfeitamente ao seu comando. Suspirando de alívio, ela levantou-se da cama, revigorada e apaziguada.

Em seguida, vestiu suas roupas e pegou sua faca, que encontrava-se em cima da cabeceira da cama e saiu do quarto, sendo recepcionada por um agradável cheiro de tempero e comida recém preparada. Guiada pelo aroma, ela chegou à cozinha, onde encontrou toda a família que a hospedou sentada na mesa, vivendo como se fosse um dia qualquer. A mãe e o pai estavam divididos em cuidar das crianças menores que comiam das tigelas de madeira, enquanto Alay ria da situação casualmente. Ao perceberem a presença da garota, todos sorriram para ela, o que a encheu de paz e alegria. Mesmo depois de passar por várias experiências tensas e duvidosas, ela enfim havia sido recompensada com a paz que tanto sonhava. Aquela atmosfera familiar a trouxe mais fragmentos das memórias de sua infância, o que a encheu de um sentimento nostálgico e bom.

— O que está esperando, Emma? Venha comer com a gente! — disse Trish, convidando-a com um sorriso ainda mais radiante que o anterior.

Com certo hesito e timidez, Emma se aproximou da mesa e se sentou na cadeira vaga. À sua frente encontrava-se uma tigela fumegante do que aparentava ser uma sopa com carne e legumes. A fumaça dançava pelo ar, entrando nas narinas da garota, que apreciava o odor com prazer.

— Obrigado, à todos vocês. Não sabem o quão bem estão fazendo por mim.

— É só um jeito de retribuir o que você fez por nós. Agora não precisa ser tímida, prove um pouco da sopa! — Trish disse alegremente, enquanto aninhava um de seus filhos em seu colo.

Com a colher de madeira que estava disposta ao lado da tigela, Emma pegou um pouco do líquido alaranjado com alguns pedaços de legumes e levou até sua boca. Mesmo com a aparência simples, uma surpreendente explosão de sabores recheou a boca da garota, que se derreteu ao sentir o suave gosto da sopa mesclado ao acentuado sabor da carne diluído no líquido.

— Isso tá muito bom! Muito bom mesmo! — afirmou, dando mais uma colherada.

— Fico lisonjeada que tenha gostado tanto do que fiz, as vezes eu tento ensinar o Paul a fazer essa sopa, mas sempre fica com um sabor diferente.

— É porque ninguém consegue fazer algo tão bom como você, querida. — Paul respondeu, dando um beijo na testa de sua esposa.

Após engolir mais um pouco do alimento, Emma dirigiu seu olhar para Alay, que também estava focado em seu prato até se ver encarando a garota também.

— E você, como tá? Deve ter passado por um perrengue ontem me carregando. — Emma disse, rindo.

— Na verdade não, você não é tão pesada assim.

— Ei! Eu devo ter uns 70 quilos no máximo!

— Não fale sobre o peso de uma mulher, meu filho, você pode se arrepender depois. Eu descobri isso por experiência própria. — Paul falou, rindo enquanto Trish o lançava um olhar ameaçador.

O resto do almoço em família foi algo que fez Emma esquecer tudo o que viria pela frente por um tempo, deixando-se levar pelo sentimento feliz que envolvia aquele lugar. As conversas, as risadas e a sopa da senhora Trish eram algo que Emma jamais poderia esquecer. Infelizmente, não tardou muito para que o almoço acabasse e a hora de se despedir chegasse. Antes de passar pela porta da casa, a jovem deu tchau para todos da casa, menos para Alay, que havia sumido por um momento. Quando fechou a porta atrás de si, ela sentiu que estava deixando para trás algo muito bom, mas lembrou de seus objetivos e o que deveria fazer.

Entretanto, já no pé da escada, ela foi surpreendida por Alay abrindo a porta, equipado com sua armadura e lança e portando seu sorriso calmo de sempre.

— O que você pensa que está fazendo, Alay? — ela perguntou, preocupada com o que poderia decorrer.

— Eu finalmente achei o meu lugar nesse mundo. E esse lugar é do seu lado, tendo aventuras e experiências novas. Eu sei disso, eu nasci pra isso! Você não concorda? — ele questionou, ansioso por uma resposta positiva.

No entanto, o que recebeu foi um triste suspiro da garota, que o encarou com um olhar tristonho

.

— Não.

— O que?

— Eu disse que não, você não vem comigo no meu caminho.

— Mas por que não?! Você viu do que eu sou capaz de fazer, viu que eu posso ser útil pra você!

— Mas isso não importa agora, droga! — afirmou, deixando-se levar pela emoção. — Eu não posso deixar você vir comigo, eu não posso garantir que você vai voltar pra casa!

— E qual mal tem nisso? Eu não ligo de enfrentar perigos e esse tipo de coisa, nós já enfrentamos uma fera perigosa ontem!

— O mal é que eu não posso garantir a minha vida, quem dirá a sua — Essas palavras chocaram o rapaz, que não esperava tamanha seriedade vinda de alguém que ele considerou como companheira. — E, se você morrer, eu nunca poderia encarar sua família outra vez.

Um breve silêncio se instalou entre os dois. O clima de repente se tornou pesado e tenso.

— Entenda isso, por favor.

Depois de pensar em tudo o que tinha acontecido e o que poderia acontecer, Alay só conseguiu dizer uma coisa:

— Então você promete que vai voltar? Me promete que vai me levar pra muitas aventuras algum dia? — A pergunta dele fez o coração de Emma pesar, pois ela sabia que o caminho que ela iria trilhar poderia nunca mais ter volta. No entanto, mesmo sabendo que ele entenderia, resolveu responder.

— Sim, eu prometo. — respondeu, com o mesmo sorriso que Alay já havia visto antes. O sorriso de um mentiroso.

Assim, Emma voltou a caminhar e foi embora da fazenda dos Morgan, um lugar que marcaria sua vida para sempre. Saindo pelos portões da fazenda, uma brisa fria fez seus cabelos negros voarem para trás. Seu olhar diante o caminho exibia determinação e vontade, coisas que ela nunca poderia sentir se não fosse por Alay e seus pais.

Assim, o segundo dia dela em Yharag havia começado. Entretanto, ela não estava sozinha nesse caminho. Havia não algo, mas alguém espreitando nas sombras, observando atentamente cada passo da garota.

E assim, ela partiu com o vento em suas costas.

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