9 Encontro em família

Cap 11 -- Encontro em família

Sábado, dia 7 de novembro, 7 horas da noite.

Se eu estou nervosa?

NÃO! QUE ISSO! SÓ ESTOU SUANDO PELAS MÃOS, MEU CORAÇÃO ESTÁ A MIL, E ESTOU COM VONTADE DE ENFIAR A CARA EM UM BURACO! Nada demais...

Lance avisou que chega em cinco minutos.

Por mais que ele não seja meu namorado de verdade eu ainda estou nervosa, afinal ele vai conhecer minha família.

Respira, inspira e não pira.

Estou de short, blusa com mangas longas e descalça, afinal estou em casa. Confesso que por um tempo pensei em colocar meu moletom e minha blusa de frio, mas não passaria uma boa impressão e talvez meus pais ficassem envergonhados.

Desço do meu quarto e vejo que papai já colocou a mesa e deve estar tomando banho e mamãe também.

Os meninos estão jogando na sala, algum jogo de carro.

Kenneth perdeu e ficou com muita raiva.

Me sento no sofá, Kenneth se senta emburrado no sofá.

Edward -- Quer jogar?

Edward me oferece o controle.

Dou de ombros e pego.

Me sento no chão e vamos escolher o jogo.

Escolhemos um jogo de luta, o jogo é online então somos eu ele e mais 8 pessoas.

A intenção é jogar todos para fora da arena, só que enquanto tentamos jogar um gás vai se espalhando e temos cada vez menos chance.

Derrubo três pessoas e no final fica só eu e Edward.

Katrina -- Você vai perder.

Edward -- Mas nem louco.

Ele vem para cima e eu começo a rir enquanto jogo, ele me pega e quase me derruba, mas consigo levantar antes, pego ele e vou empurrando até que ele cai, o jogo fala "Katrina_1246 é a vencedora!"

Edward se irrita e diz que foi injusto, mas depois acaba rindo junto comigo.

A campainha toca e eu volto para a realidade.

Lance está aqui!

Calma, respira, inspira e não pira.

Katrina -- Eu atendo!

Vou para a porta e giro a chave.

Quando abro encontro Lance, uma calça jeans azul claro, uma blusa com gola V, cinza, e uma flor vermelha na mão.

Abro minha boca. Se fosse um desenho animado meu queixo estaria no chão.

Lance arregala os olhos por um momento também, mas nós dois nos recompomos e ele me entrega a flor com aquele sorriso convencido.

Tem um bilhete, mas antes que eu abra escuto meu pai descendo a escada e meu coração gela.

Convido Lance para entrar tremendo um pouco.

Meu pai chega perto e abre um sorriso e estendendo a mão.

Richard -- Prazer.

Meu pai é uma pessoa muito simpática.

Minha mãe vem logo atrás e estende a mão também.

Taila -- Muito prazer. Tudo bem?

Lance -- O prazer é meu. Eu estou bem, e vocês?

Meu pai e minha mãe assentem e vão para a cozinha.

Solto o ar que estava prendendo e vejo Lance pegar na minha mão.

O olho e ele dá de ombros.

Vamos para a sala.

Katrina -- Kenneth, Edward

Eles me encaram.

Katrina -- Esse é o Lance.

Lance -- Oi. Fiquei sabendo que vocês adoram jogar.

Ele me solta e se senta do lado de Edward no chão.

Kenneth -- Esse é seu namorado?

Reviro os olhos.

Katrina -- Sim.

Kenneth sussurra algo no ouvido do Lance que sorri.

Lance -- Okay, muito obrigado.

Edward -- Quer jogar?

Ele oferece o controle e Lance pega.

Lance -- Okay. O que vamos jogar?

Edward fala o jogo, outro joguinho de luta, só que com bichinhos fofos, é meio engraçado.

Me sento no sofá para olhar a partida.

Gritamos as vezes e eu estou na torcida de Edward e Kenneth na torcida de Lance.

Lance ganha e rimos no final.

Kenneth -- Vencemos!

Kenneth e Lance batem as mãos e sorrimos.

Lance -- Viu? Deveria ter torcido para mim.

Dou um empurrão nele que acaba rindo.

Taila -- Vem comeeeer!

Minha mãe grita da cozinha.

Vamos como uma manada para a cozinha.

Meus irmãos se sentam um ao lado do outro, meus pais também e Lance se senta do meu lado.

Meus pais fizeram meu macarrão favorito.

O jantar correu bem, conversamos um pouco, meu pai fez o interrogatório dele, minha mãe também,até meus irmãos perguntaram sobre o pai dele e como era dirigir um hospital, Lance respondeu com calma e sempre com um sorriso, acho que ele não se importou.

Quando terminamos ele leva o prato e se oferece para colocar as vasilhas para lavar, eu vou junto.

Meus pais e meus irmãos vão para a sala.

Enquanto levamos os pratos puxo conversa.

Katrina -- Você sobreviveu.

Dou um riso.

Lance -- Sua família é incrível!

Katrina -- Obrigada.

Coloco os pratos na lava louça.

Katrina -- Eu sou muito feliz por ter eles...

Lance -- Parece ser incrível.

Ele fica meio triste de repente.

Katrina -- Uma pergunta. Eu vou ter que conhecer seus pais?

Tento amenizar a conversa.

Lance -- Não -- Ele dá um riso cínico -- Meu pai não está nem aí para o que eu faço a não ser minhas notas.

Katrina -- Seu pai parece até um monstro, credo...

Faço uma careta e ele ri.

Lance -- Sei lá, Ele só é ocupado demais, eu acho... Falta tempo para o filho.

Katrina -- E sua mãe?

Lance -- Minha mãe era quem dava vida aquela casa. Ela morreu tem três anos.

Passo as mãos nas costas dele como um aconchego e faço uma cara de sinto muito.

Lance -- Papai sempre foi focado no trabalho, mas quando ele chegava em casa, QUANDO CHEGAVA, porque a vida dele era o hospital, ele ainda ficava feliz por nos ver, ou pelo menos demonstrava isso.

Um silêncio se faz, mas sei que é o que ele preciso para absorver as próprias palavras.

Katrina -- Quer conhecer meu quarto?

Lance -- Claro.

Ele me encara e dá um sorrisinho.

Pego em sua mão e o guiei até meu quarto.

Quando abro a porta,ligo as luzinhas do meu mural de fotos e minha luz do quarto, acho que nunca tinha parado para notar o quanto meu quarto fica bonito a noite.

Lance -- Uau!

Ele passa os olhos pelo meu quarto encantado.

Eu dou um sorriso.

Entramos e ele vai para a minha estante de livros.

Lance -- Quantos livros tem aqui?

Katrina -- Não sei ao exato, mas da ultima vez que contei 65.

Lance -- Uol! Você já leu tudo?

Katrina -- Sim. Eles são basicamente meu tesouro mais precioso. "Acumulo" livros desde os meus treze.

Lance -- Você é uma leitora variada.

Chego mais perto enquanto ele analisa meus livros.

Katrina -- Sempre li de tudo e um pouco, mistério, aventura, até ficção científica. Mas meus preferidos são os romances... Sou o tipo de romântica incurável quando se trata de livros.

Lance -- Percebi. Para todos os garotos que já amei, Teto para dois, Barraca do beijo, A seleção, Triologia de verão... Impressionante.

Katrina -- Sei lá, é só algo que eu gosto. Romance na vida real não parece ser meu estilo então vou para os livros.

Dou de ombros.

Lance -- Como assim?

Katrina -- Se eu te contasse metade da "minha vida amorosa" -- Faço aspas no ar -- Você entenderia.

Lance -- Estou aqui. E estou louco para ouvir uma história.

Ele se senta na minha cama, eu me sento na minha cadeira da escrivaninha.

Katrina -- Okay... Mas se você rir ou achar bobo no final eu te mato!

Ele levanta as mãos em sinal de rendimento.

Katrina -- Bom, para falar a verdade tenho "vida amorosa" desde os meus treze anos, foi quando eu comecei a ler de verdade e acho que tantos romances acabaram me fazendo imaginar coisas demais... Comecei a gostar de um garoto, Luke, e sabe, as vezes ele falava comigo e eu ficava tão nervosa que sentia que ia desmaiar -- Dou um riso e ele me acompanha -- Bom, acontece que nem tudo são flores... Me declarei por uma carta para ele antes das férias de verão, esperei uma mensagem e nada, dois meses martelando aquilo na cabeça foi horrível, quando faltava um mês para voltar as aulas ele finalmente me mandou a mensagem... Foi péssimo, ele me iludiu disse que queria algo comigo, me fez pensar que gostava de mim e depois fez questão de mostrar toda a baboseira que eu escrevia para a turma. Mas foi quando conheci Gabi... Enquanto toda a turma ria da minha cara ela me defendeu, disse que aquilo era errado e me ajudou. Óbvio que eu peguei um trauma disso, minha auto estima e meu pessimismo eram insuportáveis, eu era insuportável. Depois dele, aos meus quinze me apaixonei de novo, dessa vez foi correspondido, mas não era um lindo e romântico, mal nos tocamos, éramos dois tímidos e terminamos com três meses, e nesse tempo comecei a me apaixonar pelo Josh, mesmo sem perceber. -- Começo a brincar com as minhas mãos para não ver o rosto de Lance -- Bom, depois tentei namorar outro, que gostava de mim, e eu até gostava dele, mas já estava apaixonada por Josh e foi tudo um desastre... Ele era outro que mal me tocava, não saímos quase nunca, e depois acabei descobrindo que ele me traiu... Mas depois aceitei que estava apaixonada por Josh, e não falei nada com medo, tanto de estragar nossa amizade, quanto por falta de coragem. Bom, acabou que eu demorei demais e Ísis chegou primeiro.

Meu coração aperta e sinto uma lágrima brotar.

Olho para cima tentando conter o choro, esses traumas são cicatrizes que eu carrego, sei que parecem bobos mas essas pessoas deixaram marcas.

Lance chega até mim e me abraça. É um abraço meio desconcertado mas é fofo.

Me levanto e continuo no abraço.

O cheiro de Lance me invade, sempre tive um fetiche por homens cheirosos.

Ele encosta o queixo na minha cabeça.

Meu coração esquenta um pouquinho com o ato e eu o aperto um pouco mais.

Ficamos assim por um tempinho até nos separarmos e ficarmos perto demais.

Muito perto... sinto a respiração dele estamos a milímetros.

Encaro sua boca e ele faz o mesmo.

Os lábios dele são...

Antes de concluir meu pensamento escutamos uma batida na porta e nos separamos no susto.

Kenneth -- Querem assistir com a gente?

Katrina -- Claro! Já, já descemos.

Ele desce as escadas.

Lance já está distraído com outra coisa.

Lance -- Seu mural de fotos é incrível...

Vou para mais perto dele tentar explicar algumas das fotos.

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