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capítulo 1:Hanni hero parte 1

A deriva num espaço vazio, uma alma vagava sem rumo ou qualquer objetivo. Estava totalmente consciente e sabia onde estava e porque estava ali.

Seu nome era Hanni Hero.

Apesar de seu nome ser obviamente do gênero oposto, isso não lhe acarretou bullying na escola ou em outros ambientes.

Ele ganhou esse nome por um simples motivo: sua mãe queria uma menina, coisa que nunca aconteceu.

Então, lhe deu esse nome e todos os luxos que uma garota poderia ter em sua vida: quarto rosa, roupas de meninas, exceto as íntimas.

Isso não caia bem nem um pouco nele, quero dizer nada caiu bem. Com todos os acontecimentos, ele teve uma vida boa.

Aos dez anos, ganhou seu primeiro kit de maquiagens, completo, com espelho embutido. Uma verdadeira princesa, diga-se de passagem.

Seu pai, um homem trabalhador, nunca se opôs aos tratamentos que o filho recebia. Como ele poderia fazer tal coisa?

Até no jantar, seu apito era mudo. Nem sabia o que comeria, por sorte tinha sua filh- quero dizer, seu filho - para lhe contar todos os cardápios do dia.

Apesar de não ter voz dentro de casa, sua mulher sempre preparava o que ele desejava.

Voltando para Hanni, aos quinze anos aderiu a esse costume digamos que singular, andar sempre com as meninas mais belas das escolas e participar das festas secretas não era para todos.

O que também acarretou outra coisa, andar com os meninos mais afamados.

Isso tudo para se aproximar das moças que até conseguiram não todos os grupos, mas alcançaram.

Sua vida foi boa, sem problemas familiares, sem registro na delegacia local por bater na mulher ou abuso infantil.

Também sem histórico no manicômio.

Era um homem exemplar, alguém que você realmente poderia se espelhar um pai para se gabar com aqueles amigos que não tinha um pai presente.

Diga-se de passagem uma coisa imoral de se fazer, mas crianças não ligam para ética ou muito menos para modos a única coisa que se importavam no final do dia era colocar o amigo para chorar.

No final de sua vida, morreu sem nenhum pesar ou rancor.

Havia algo martelando em sua mente sem parar, e se pudesse ouvir esse martelo, o chamaria de irritante e incômodo.

"Que porra estou fazendo no espaço? Quero dizer, as únicas opções eram céu e inferno. Dizem que o nome inferno deu porque é uma punição infinita. Então, esse é um inferno? O espaço... esperava algo mais, mas estou decepcionado."

Seu corpo agora era uma alma completamente translúcida, podendo até observar o vácuo do espaço. Não havia nada, nem rosto, cabelos ou qualquer parte de um humano normal.

Ele estava num espaço morto, onde não havia sinal de luz ou planetas por perto. O vácuo era absoluto, e tudo o que podia ser visto era a escuridão infinita.

A escuridão era tão densa que parecia que ele podia tocá-la. Ela era fria e opressora, e fazia ele se sentir pequeno e insignificante.

"Quer saber? Nunca pensei que pararia no inferno… Se esse lugar realmente for um inferno pequeno, claramente estava faltando algumas decorações. Cadê o fogo, as lamentações ou até mesmo o tinhoso?... Que lugarzinho mixuruca, hein?" Hanni não pôde deixar de zombar daquele lugar. Achava que era o tal inferno.

Até que de repente uma tela tomou completamente sua visão.

A tela era quadrada e translúcida com uma tonalidade azul claro nas portas que era algo lindo de se admirar. As portas eram altas e estreitas, e pareciam feitas de um material desconhecido. A tonalidade azul claro era brilhante e vibrante, o que era mais impressionante é que ela tinha uma luz própria que refletia igual o sol de forma deslumbrante.

No entanto, no centro da tela, a tonalidade azul claro era diferente. Ainda era brilhante e vibrante, mas estava quase puxando para o translúcido. Isso dava à tela uma aparência de profundidade e mistério.

Além disso, havia algumas letras com uma tonalidade de vermelho vibrante. As letras eram grandes e grossas, e pareciam estar escritas em um idioma desconhecido.

Hanni tentou decifrar o que diziam, mas foi incapaz de entender. Era como se estivesse em um idioma desconhecido ou em um código secreto, como os espiões da URSS usavam na Guerra Fria.

— Já não bastava estar num inferno sem luz, agora tenho que ficar com essa coisa no meu rosto igual a um parasita louco…mereço mais respeito aqui! Gritou ele, erguendo a mão esquerda. Se tivesse mãos ou até mesmo dedos, estariam fechados como se fosse desferir um soco.

Mal sabia que aquele idioma incompreensível ou até mesmo ininteligível na verdade era sua chave para o novo mundo.

[BEM-VINDO AO SISTEMA DE ADMINISTRADOR DE MASMORRA, ANFITRIÃO]

[ANALISANDO E BUSCANDO O PLANETA QUE ESTAVA PRÓXIMO…]

[POR FAVOR, ESCOLHA SUA RAÇA…]

[QUANTIDADES DE MOEDAS Z: 0]

[LOJA DO SISTEMA DE MASMORRA…]

[O ADMINISTRADOR PODE ESCOLHER UMA DAS TRÊS ESPÉCIME ABAIXO…]

[STATUS DO ANFITRIÃO…]

[MISSÕES PARA O ANFITRIÃO…]

Após deixar de acreditar que tudo era inferno ou algo parecido, ele voltou sua atenção para a tela flutuante.

Como todo humano curioso, ele tentou de todas as formas tocar a tela.

Primeiro, e o mais óbvio, ele contornou a tela e tentou colocar a mão por trás dela.

Se alguém estivesse ali, pensaria que ele estava abraçando o vazio do espaço por causa da solidão.

Foi frustrante, pois não conseguiu nenhuma resposta. Sua mão simplesmente atravessou a tela.

"Talvez essa abordagem tenha sido um pouco bizarra... Quero dizer, quem em sã consciência faria isso? Bom, eu sou o único aqui com um corpo desse jeito, se é que podemos chamar isso de corpo... Não importa muito, vamos tentar outra coisa", pensou ele, um pouco envergonhado ou até mesmo aborrecido com sua burrice pelo jeito que tratou a tela

"Se fosse uma mulher, ela me teria acusado de assédio, e minha ficha limpa estaria no beleléu." Hanni morreu um idoso nas casas dos sessenta anos, então esse tipo de pensamento era algo comum..

Mas, logo esqueceu aquele assunto sórdido e se concentrou.

A todo momento o sistema buscava algum mundo aleatório para que pudesse estabelecer a masmorra.

Ainda com a mesma mão, Hanni colocou na parte superior da borda e fez o gesto que seu neto lhe ensinou para ampliar a tela no Google.

Naquele dia ele buscava por algo interessante, mas as letras eram muito pequenas para ler, e na página inicial do site do Google seu neto explicou como funcionava.

Misteriosamente, a tela reconheceu o gesto, o que foi algo surpreendente até mesmo para ele.

"Bom, eu não tenho dedos, nem mesmo uma mão. Talvez essa tela flutuante seja maluca ou tenha algum tipo de tecnologia avançada que a permita reconhecer meus movimentos estranhos"

Agora que estava duas vezes mais alto e percebeu que o comando tinha que ser dado pela frente e não por trás.

Sua cota de vergonha esgotou-se quando começou a se maquiar na infância.

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